Unkiss Me escrita por Carol Munaro


Capítulo 23
What is going on?




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– Chefe! - Gritei enquanto corria até ele. O coitado me olhou com uma cara de "mais uma não, pelo amor de Deus!". - Carly deu a entender que vai eliminar o restante das provas. A gente ainda não tem ideia do lugar que eles armazenam tudo.

– E como ela vai fazer isso?

– Ela fazia engenharia química. - Meu chefe parecia prestes a ter um colapso nervoso.

– Atenção! Eu preciso de todas as unidades vasculhando cada canto da NYU e quadras próximas! E tomem o maior cuidado possível! Pode ter uma bomba no caminho. Principalmente esvaziem os quarteirões num raio de três quilômetros da Universidade!

– Não seria óbvio demais na NYU? - Morgan falou baixo perto de mim.

– Exatamente por isso que eles esconderiam lá. Ninguém procura nos lugares óbvios. - Respondi.

– Morgan, entra em contato com o esquadrão anti-bombas e depois vá investigar quem quer que seja que tenha uma rotina perto da faculdade. Pergunte se a Carly passava por lá frequentemente. Parker, você fica na sala de interrogatórios. Faça aquela menina abrir a boca ou ela não vai gostar nem um pouco se eu resolver entrar naquela sala. - Com toda aquela movimentação, nem tinha visto a mensagem do Isaac perguntando como estava tudo. Pedi pra ele não sair de casa e que ligava quando tudo se acalmasse.

– Isso aqui tá parecendo uma ameaça terrorista. - Resmunguei enquanto pegava café e depois voltei pra sala de interrogatórios. - Conheço sua rotina, Carly. - Ela me olhou com cara de "e daí?". - Você não saía muito da faculdade. Na verdade, era bem raro. Acordava 10 minutos antes da aula, saía correndo da república todo santo dia. Almoçava junto com outras duas meninas, depois voltava pras aulas... Depois você tirava um cochilo, talvez ia pra biblioteca... O máximo que ficava fora era uma hora e meia, quando dizia que ia malhar. Mas nós duas sabemos que você não ia malhar porra nenhuma. A noite você não saía. Só se fosse pra comer alguma coisa. E sempre voltava comendo, e com a embalagem, pra casa. - Ela me olhava emburrada. - Com uma hora e meia você não teria tempo de ir pra um lugar tão longe e fabricar drogas.

– Você não sabe como era a fabricação.

– Sim, mas eu não sou burra, né, meu amor. - Estendi um mapa daquela lado da cidade em cima da mesa. Ela ficou olhando parecendo curiosa. - Vamos lá... O lugar tem que estar perto da faculdade. Ou até mesmo nela própria! NYU tem várias salas vazias. - Falei olhando pra ela. A expressão dela vacilou um pouco. - Te falei que eu não era burra.

– Você nunca vai saber onde eu deixo tudo. Fora que vocês não tem tempo. - Meu coração palpitou um pouco, mas fiz a atriz e dei um sorriso de canto.

– Eu já sei onde fica. Você não consegue esconder quando tá perdendo e eu chegando perto. - Saí da sala pra causar um impacto. Adorava fazer isso. Parecia coisa de seriado. Me sentia a Olivia Benson da narcóticos. Observei pelo vidro e ela estava completamente revoltada. Jogou a cadeira e tudo. Cansei de ver o show e fui até o chefe, repassar pra ele todas as informações novas.

O departamento estava uma loucura. Queria ver como estava a NYU. Provavelmente todos os alunos do lado de fora, praticamente desesperados sem saber o que estava acontecendo. E alguns que não estavam lá no momento também. Como o Isaac, que me ligava de cinco em cinco minutos.

– Oi! - Resolvi atender de uma vez. Sabia que ele não pararia de me ligar mesmo.

– O que tá acontecendo?

– Não dá pra falar agora, Isaac.

– O pessoal tá me ligando achando que sei alguma coisa. Dizem que esvaziaram os prédios.

– A gente não tem certeza do que a Carly planeja. Melhor esvaziar.

– É grave? - Se você considera tudo explodindo pelos ares algo grave...

– Talvez. Não precisa se preocupar. Não sai de casa.

– Não vou sair. Toma cuidado, pelo amor de Deus! - Sorri.

– To tomando. Mais tarde te ligo.

– Hm... - Ele pareceu querer falar alguma coisa.

– O que?

– Eu ia falar um eu te amo. - O mundo ficou rosa pra mim. Com pôneis, flores e cascatas de chocolate por todo lugar. Eu achava que iria ter um surto adolescente, mas até que reagi bem.

– Eu também te amo, Isaac. - O telefone ficou mudo por uns segundos. - Eu tenho mesmo que ir.

– Tudo bem. Me liga quando puder. - Desliguei a ligação. Eu sei que eu sorria que nem uma idiota, mas ninguém pareceu ligar.

– O que tá fazendo, Parker?! - Meu chefe me chamou de volta pra realidade. - Vá pra NYU ajudar a acalmar os ânimos.

– Pegaram a relação das salas vazias, certo? - Perguntei e ele fez que sim com a cabeça. Peguei um copo com café e entrei no carro, dirigindo até a Universidade. No caminho, liguei pro Adam.

– Tem alguém no prédio de vocês? - Perguntei.

– Não. O que tá acontecendo? Tá todo mundo do lado de fora.

– Relaxa. Isso é por precaução. Não deixa ninguém entrar. To confiando em você.

– Ninguém vai estar lá. Prometo.

– Daqui a pouco to chegando aí. - Falei e desliguei. Quando cheguei nos portões, vi uma multidão de festival do lado de fora.

– Tenta conter a multidão, por favor. - Um dos policiais me pediu.

– Vim aqui pra isso. Como tá indo tudo?

– Diria que estamos no controle. O esquadrão entrou faz uns 10 minutos. Pelo que parece, tudo certo. Só espero que eles não demorem muito. - Esperamos um tempo do lado de fora. Eu tentava acalmar alguns alunos que estavam por perto. Na verdade, eles estavam mais impacientes do que assustados.

– Não vou mais te impedir de entrar. - Falei brava. A menina queria chegar perto e já tinha tentado mais de três vezes. - Se você for lá e acontecer alguma desgraça, não vai ser problema meu. E eu não vou te ajudar. - Ela torceu o nariz, achando ruim. Respirei fundo. Vi o esquadrão voltando com um sorriso, sorri também. Eles estavam chegando perto da gente, quando alguma coisa explodiu lá atrás. Mas uai... Aí começou uma correria. Os bombeiros que estavam lá, caso desse algo errado, já correram pra dentro do prédio. Eu tentava conter a multidão de alunos, mas não estava adiantando muito. Meu telefone não parava de tocar. Com certeza era o chefe, mas eu não tinha como atender com aquele bando de gente se desesperando. E eu me irritando cada vez mais. Demoramos pra acalmar todo mundo. E graças a Deus não tinha ninguém ferido. Aí sim liguei pro chefe.

– Eu não pude atender. Desculpe. - Falei pra ele.

– Tem alguém ferido?

– Todos estão incólumes. Nós fechamos a área, mas pra onde eu envio toda essa gente?

– As férias começaram faz duas semanas já. Eles devem ter casa fora daí.

– Não é tão simples.

– Manda eles morarem na rua, então. O prédio tem que ser interditado. - Mereço...

– Tá. Vou desligar. - O local foi esvaziado pelos estudantes aos poucos. Mas a medida que eles foram saindo, a mídia foi chegando. De longe, avistei um cabelo meio caramelo. Fui até ele.

– Isso tá, tipo, em todos os jornais! Ninguém fala de outra coisa! - Isaac disse quando me aproximei.

– Não sabíamos que teria uma segunda. - Ele me deu um selinho.

– Quando você vai poder ir embora?

– Quando isso aqui esvaziar. Creio eu que vá demorar um pouco.

– Eu vou te esperar.

– Não precisa. Tá frio aqui. Vai pra casa. Depois te ligo.

– Não. Fico aqui. Amanhã você não vai trabalhar o dia todo, né?

– Não faço ideia. Provavelmente.

– Amanhã é véspera de natal!

– Meu trabalho não enxerga feriados, Isaac. Você sabe disso. - Ele fez uma carinha de chateado. Dei um beijo na bochecha dele. - Vem. Vou te levar pra dentro de uma das bases móveis pra você não passar frio.

(...)

Demorou um pouco mais de três horas pro lugar ser esvaziado por completo. Isaac resolveu me levar pra comer alguma coisa. Quase dormi no banco do passageiro enquanto ele dirigia meu carro pra sei lá eu onde.

– Quer um Mc? - Ele perguntou.

– Acho que qualquer coisa serve. To morrendo de fome.

– Vamos comer comida, então. - E lá fomos nós. Parecia que tinha comido um boi inteiro. Mas também... Eu estava com uma fome de umas duas mil pessoas!

– Acho que tá tudo resolvido agora. - Falei. - Amanhã tenho que ir cedo pro trabalho porque provavelmente vou ser eu quem vai colocar no sistema de provas o que conseguiram salvar do incêndio.

– Carly parecia tão normal.

– Muitos parecem. Acho que com ela vai ser pior do que com o Scoot.

– Não acha que ele pode estar no caso da bomba também?

– Pouco provável. Sem contar que ela colocou a vida de várias pessoas e vários policiais em risco. Sabe como é... Já é ruim o suficiente com civis. Com algum de nós a coisa fica bem pior. - Isaac não falou nada. Tomei um gole de Coca e voltei a olhar pra ele. - Vai passar o feriado na cidade?

– Vou. Você vai ficar na casa dos seus pais, né?

– Vou sim. Comprou presente pra mim? - Perguntei sorrindo e ele riu baixo.

– Talvez. - Ele deu aquele sorrisinho de quem tá com vontade de dar risada e eu quase suspirei.

– Comprei um Star Wars pra você.

– Sério?! - Ele perguntou empolgado. Ri.

– Não. Não vou te falar o que é. Ben me ajudou.

– Eu devo me preocupar ou...?

– Lógico que não.

– Meu presente vai ser melhor. - Revirei os olhos. Depois parei pra pensar.

– Pensando bem... Espero que seja mesmo. Vai ser meu. - Ele deu risada.

– Não parei pra pensar nisso. Meu presente tem que ser tipo... Foda.

– Interesseiro. - Continuamos sentados à mesa. Isaac fazia carinho na minha mão.

– Isso conta como encontro?

– Hm... Depende do ponto de vista. Se você não vê problema em eu estar fedida, cansada e com a roupa do serviço, acho que sim.

– Você não tá fedida.

– To me sentindo horrível. Ainda mais porque o cheiro do seu perfume tá ficando no ar.

– Espero que isso seja bom.

– É.

– Como isso vai terminar? Assim... É um encontro, né? - Olhei bem pra cara dele.

– Você é muito tarado, sabia? - Ele fez cara de indignado.

– O que?! Mas eu não falei nada!

– Tem essa cara de santinho, mas sei suas intenções. - Isaac gargalhou.

– Que mentira! - Levantei a mão, pedindo a conta pro garçom. - Pra onde vamos?

– Pro meu apartamento. É meio constrangedor na casa dos meus pais ou da sua tia.

– Então, vamos mesmo transar?

– Eu vou tomar banho primeiro. Já aviso.

– Eu tomo banho também. Pode ter certeza de que isso não será um problema. Cadê esse cara com a conta, pelo amor de Deus?!


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