Se eu viver para ver as sete maravilhas, vou achar um pote no final do arco-íris.
Meus cinco meses na academia me fizeram ter amigas, inimigas, e poderes que eu nunca pensei que teria. Já fui capaz de mostrar que consigo adivinhar onde objetos estão escondidos, me deslocar instantaneamente de um lugar para outro, ir e voltar do inferno, mexer com os movimentos de outras pessoas, e ressuscitar outras, além de mover e queimar coisas com minha mente. Sete maravilhas. Sete maravilhas tão cobiçadas por bruxas de trinta anos, agora, eu, com dezesseis anos, tendo que provar cada uma delas para que eu seja "coroada" a Suprema. O quadro de Cordelia está lindo. Ainda bem que ela pediu para ser pintada em seu melhor estado. Em pé,ao lado da escada, olhando para nós, sendo pendurada na parede da sala principal nesta manhã de uma semana depois do Lauren. Cordelia está cotada para receber o prêmio Nobel da paz pelo seu sacrifício em prol da nação. Claro que é simbólico, mas se ela receber, já temos uma estante para homenagea-la. Olho para janela ao lado do seu quadro recém pendurado por Kyle, enquanto estou ao lado de todas as meninas da academia, e vejo destruição. Mas também vejo perseverança dos moradores e voluntários para reconstruir New Orleans. As estrangeiras já voltaram para seus respectivos países. E agora, está na hora das...
– Sete maravilhas! - fala Zoe, na frente do quadro de Cordelia, para mim. - Dessa vez, Serena, já que a última suprema anunciou sua preferida como sucessora, somente você vai passar pelos testes, apesar de ao longo da sua estadia na academia, você já ter tido a oportunidade de mostrar suas sete maravilhas, por favor, nos mostre as mais rápidas aqui e agora, de forma sincronizada, por favor.
Agora? Aqui e agora? Na frente de todas? O que eu vou fazer? Eu tenho que ter alguma ideia, e rápido. As mais simples: Telecinese, Pirocinese, Transmutação, Concilium. Sincronize, Serena, sincronize...
– Já sei - falo em voz alta, apesar de Zoe não ter me pedido para falar.
– Ótimo - diz Zoe. - Mostre-nos.
Está na hora. Vamos.
Transmutação. Pense no outro canto da sala, Serena, ao lado do quadro de Mimi Delongpre. Pense.
Meus pés se soltam do chão e os sinto de volta em uma fração de segundo no outro lado da sala, Mimi Delongpre com seu vestido preto e longo olhando com seus olhares penetrantes para mim, olhares de suprema.
– Transmutação - falo.
Todas fazem cara de satisfeitas.
Agora, levanto minha mão á lareira apagada, somente com carvão, e faço força.
Já era de se esperar que eu fosse conseguir acendê-la.
– Pirocinese - falo de novo. E todas colocam um sorriso nos rostos.
Está na hora de animar este lugar depois de uma semana depressiva com até enterros simbólicos á Cordelia.
Levanto minha mão ao aparelho de som que está em cima da lareira. Ontem estavámos ouvindo Michael Jackson, talvez o disco ainda esteja lá.
Bingo.
Ligo o aparelho com a mente, e a música "Billie Jean" começa a tocar.
– Telecinese - falo.
Três maravilhas. Só falta mais uma maravilha simples. This Is It, Baby.
Maggie dança, dança com força, vontade e garra, se joga no chão, ao som de Billie Jean, fazendo uma coreografia que eu mesma vi no clipe.
Sim, eu a estou controlando.
– Concilium - falo, enquanto Maggie dá piruetas pelo ar.
– Já pode parar, Serena - fala Maggie, e paro com a dança antes que ela estraçalhe minha coluna novamente.
– Ai! - falo. Minha coluna dói. Meu sangue arde. Meus cabelos parecem mais descabelados. Minha visão parece mais comprometida.
– O que foi, Serena? - pergunta a Abby de cabelos brancos.
Não consigo falar, Misty me interrompe.
– Uma Suprema é reconhecida por sua saúde perfeita - fala Misty. - Serena está perdendo aos poucos a imortalidade que Lúcifer colocou em você.
– Espera - fala Angie - Então isso quer dizer que ela...
– É a nova Suprema. - Fala Zoe, completando a frase de Angie.
Eu sou. Eu sou a Suprema.
– Eu sou - falo, deixando as palavras sairem de minha boca e deixando as lágrimas escorrerem. Agora posso morrer!
– Você é, Serena - fala Zoe. - Você é nossa Suprema.
Todas fazem uma reverência a mim. Não entendi muito bem porque. Até Angie fez a reverência.
– Não, não, não. - falo - gente, eu sou a Suprema, mas sem frescura, tá?
Todas olham meio espantadas para mim. Não me importo. Não vou deixar que uma palhaçada dessas aconteça. Digo:
– Vamos reformular essa academia.