Por você escrita por Awesomelisa


Capítulo 1
A noite do terror


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Pálido, temeroso, talvez inconsequente no íntimo. Sirius Black encarava a casa em Godric’s Hollow, que nunca lhe parecera tão sombria, como se contivesse a maior carga de arte das trevas que já lhe fora apresentada. O primeiro passo foi hesitante, mas ele não poderia estar mais certo do que devia fazer. Não era possível. Não iria acabar assim.

Em passos decididos, adentrou a porta visivelmente arrombada e encontrou os sinais da luta. Certo de que encontraria James e Lily sorrindo e correndo em sua direção assim que virasse o corredor, continuou. Eles lhe diriam o perigo que passaram e como conseguiram escapar por um triz mais uma vez. Lhe diriam que foi tolo em acreditar que poderiam realmente ter perecido ao Lorde das Trevas. Com o coração batendo loucamente no peito, virou o dito corredor.

Nada poderia ter-lhe preparado para a dor, o choque, o medo e o ódio de encarar o corpo de James, de olhos fechados, caído e imóvel. Lentamente, seus joelhos cederam e suas mãos encontraram o peito da vítima da terrível Avada Kedavra, apenas para constatar que já não havia mais batimentos. Lágrimas quentes molharam seu rosto e ele se sentiu rígido. Uma força que ele desconhecia o guiou mais adentro da casa, mas não eram suas pernas que se moviam, eram as pernas de outro alguém. Como ele poderia sequer sentir nada? Não sentia mais. Estava inerte, porém caminhava.

Lily se encontrava em igual estado, diante do berço de Harry. O braço pálido caía para longe do corpo e o coração de Sirius murchou como se estivessem estourado um balão.

O que aquela criatura havia feito?

Tomado por um ódio possesso e uma tristeza irreversível, caiu de joelhos, sem impedir as lágrimas que lhe tomassem a face e caíssem silenciosamente pelo chão, molhando o carpete. Fora preciso batalhar, apenas para morrer em vão. Mas sabia que haviam lutado. Haviam resistido. Não se entregaram ao Lorde das Trevas e morreram como heróis.

Mas isso não melhorava nada. Não mudava o fato de que agora, eram reduzidos a corpos vazios. O que mais Voldemort iria lhe tirar? Talvez agora fosse atrás de Lupin. Mas ele não teria nada que lhe interessasse.

Um choro agourento encheu o ambiente. Um choro estridente, vindo do berço. Seus olhos se arregalaram, o coração deu cambalhotas. Levantou-se e caminhou, evitando o corpo de Lily.

Harry chorava e esperneava, um filete de sangue descia pela testa, ocasionado por um ferimento disforme. Parecia mais pálido do que o normal, mas parecia bem.

Estava vivo.

Lentamente, mas desesperadamente, Sirius levou a mão ao rosto do menino. Estava frio. Talvez estivesse com fome. Há quantas horas aquilo teria acontecido?

Uma porta bateu. Sirius entrou em alerta, a varinha em punho. Ninguém iria ferir o garoto. Era um milagre.

A figura maciça de Hagrid surgiu à porta, lágrimas nos olhos. O recém-chegado deu um pulo de susto ao encara Sirius.

- O quê....? - Ele tentou formular com a voz trêmula. Sirius guardou a varinha.

- O menino está vivo. - Sua voz parecia estranhamente diferente. Rouca, profunda, talvez com um alívio vindo após a dor.

- Sei que está. - Hagrid murmurou, contemplando o corpo flácido de Lily. - Dumbledore me pediu para buscá-lo.

- Não! - Gritou Sirius. - Não podem levá-lo. Ele precisa ser protegido! Precisa de aurores, precisa…

- Dumbledore tem um plano. - Cortou Hagrid, incisivamente. Vamos até ele, precisamos…

A voz de Hagrid morreu. Sua barba negra estava extremamente úmida. Sirius olhou Harry, que continuava a chorar e se sacudir. Estava com dor. Tocou novamente seu rosto frio. Precisava levá-lo a um lugar seguro e Dumbledore era seguro. Com dificuldade e relutância, deixou que Hagrid montasse em sua moto e levasse Harry, afirmando que aparataria na rua dos Alfeneiros assim que se despedisse. Hagrid não apresentou objeções e parecia profundamente tocado.

Assim que o som da moto desapareceu, ajoelhou-se ao lado de Lily, apertando a mão fria e flácida de Lily.

- O sacrifício não foi em vão. Ele vai viver. Vai ser feliz, saudável. - Sua voz estava embargada, não sabia se conseguiria terminar, mas sabia que precisava. Devia isto a ela. - Eu vou garantir que nada aconteça a ele. Não vou deixá-lo. Não vou permitir que o firam. Ele crescerá e derrotará Voldemort tal como todos sabemos que ele fará.

Com dificuldade e pesar, deixou sua mão, sabendo que tinha uma promessa a cumprir. Virou o corredor para ver James.

- Pontas… - Ele sussurrou, rouco, triste, as lágrimas lavando-lhe o rosto, tirando um pouco do peso que comprimia seu peito. - Não pude salvá-lo. Cheguei tarde. Mas está feito. O menino sobreviveu. Vocês morreram como heróis. Onde estiverem, estarão bem. Olhe por nós. Eu olharei pelo garoto. Ele será um grande homem, como foi o pai.

Entrementes, passou pela porta com os ombros mais leves, apesar do coração pesar e a garganta estar fechada como se tivesse algo entalado. Com um estalo, desapareceu, para reaparecer na rua dos Alfeneiros, em frente ao número quatro. Ele era esperado.

- Black. - Cumprimentou McGonagall. Sirius fez um aceno e olhou ao redor, onde Hagrid tinha Harry nos braços. Dumbledore sorriu gentilmente.

- Hagrid nos informou. - Ele começou e umedeceu os lábios. Parecendo tomar coragem, sussurrou: - Posso ter uma solução para este impasse.

Sirius arregalou os olhos. Precisava de uma solução. Lentamente, Dumbledore explicou seu plano inicial, mas antes que Sirius protestasse, acrescentou:

- Reconheço que talvez você não suporte se afastar do garoto. Então, talvez haja uma solução. Ao lado da casa de Petúnia Evans, há uma casa à venda. Realizarei novamente o feitiço Fidelius, mas desta vez, eu serei o fiel do segredo. Harry morará com os Dursley, mas poderá ir a sua casa e você o criará.

O silêncio pesou. McGonagall encarava o chão, Hagrid parecia ansioso e Sirius concordou prontamente. Encarou Hagrid, que se aproximava.

- Segure ele um pouco. - Disse, estendendo o bebê.

Envolvido em mantas, até agora Harry não parara de chorar. As mãos de Sirius pararam de tremer e ele segurou o pequeno ser, que sacudia as pernas com força. Lentamente, quase como que por mágica, Harry parou de chorar. Os olhos muito verdes o encaravam como se o reconhecesse e agora, seu corpinho minúsculo esquentava. Hagrid debulhou-se em lágrimas e Sirius sentiu uma sensação quente e maravilhosa espalhada pelo peito. Acomodado nos braços de Sirius, quentes e aconchegantes, os bracinhos envolveram o pescoço de Sirius e a cabeça recostou-se em seu ombro. Harry dormira.

- Eu aceito. - Disse Sirius, com a voz embargada pela emoção. - Vou cuidar de Harry como se fosse meu filho.

No silêncio da noite de terror, fatídica, sangrenta e dolorosa, Sirius Black encontrara uma razão pela qual viver. Com Harry nos braços, poucas coisas lhe importavam mais do que mantê-lo seguro, criá-lo, protegê-lo.

Ao lado dos Dursley, só Dumbledore, McGonagall e Hagrid sabiam, nascia uma família.


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