Sabem aqueles dias de Verão quentes em que não temos nada para fazer? Bem, foi num desses dias em que nossa querida Sapphire estava em casa com a ventoinha ligada a ventilar o espaço, ela estava deitada na cama olhando o teto cheia de calor, estava demasiado calor sequer para pensar em fazer qualquer coisa, quanto mais fazer qualquer coisa. Então, o celular tocou, era o toque das mensagens, quem seria? Então, leu o que dizia no ecrã.

“Ruby (coraçãozinho) ”

Ela logo avermelhou, Ruby lhe tinha escrito? Não era muito normal ele se lembrar que ela existe, normalmente ele só sai com Wally… Porque ele havia de se lembrar de lhe escrever num dia daqueles? Então decidiu ler a mensagem.

“Oi, Sapphire, queria perguntar, por acaso você não queria vir tomar um piquenique comigo hoje?”

Ela avermelhou mais. Um piquenique? Porque Ruby a estaria convidando para um piquenique?! Não podia ser… Era bom demais isso acontecer com ela… Então decidiu responder.

“Porque me está convidando? O Wally está doentinho, é?”

Ela tinha noção que fora um pouco rude, mas não se importou muito, ela geralmente era assim com o rapaz.

“Se não quiser então deixa para lá!”

Alguns nervos se apoderaram da menor ao ler a resposta. Ela queria ir com ele! Só que tinha vergonha de o dizer… Será que se respondesse seria tarde demais?

“Não, não! Podemos ir sim! Onde é que nos encontramos?”

Sapphire apressou-se a responder, com um pequeno pressentimento que ele ficara chateado.

“Eu vou aí ter, espera um bocado.”

Esta foi a última mensagem trocada pelos dois, Ruby morava mesmo do lado de Sapphire, então não valia a pena ela responder um simples “ok” ele chegaria na sua casa mais cedo que isso, então a garota se desfez do pijama e vestiu sua roupa normal de sair, mas daquela vez se preocupou em colocar um pouco de maquiagem, nada que fosse extremamente chamativo, mas realçou os seus olhos, ela não sabe bem porquê, talvez para chamar a atenção de Ruby, mas não sabia.

– Ei, Sapphire! Ruby está aqui na porta, vem buscar-te para passear! – A mãe de Sapphire a chamou.

– Estou indo! – Sapphire pegou sua maleta e desceu as escadas até à porta, se despediu da sua mãe e seguiu com Ruby.

– Oi, Sapphire, tudo bem com você? – Ruby perguntou sorrindo.

– Sim, e com você? – Ela sorriu de volta.

Ambos seguiram falando, mesmo sendo vizinhos eles raramente se viam, Sapphire passava o tempo todo metida em casa e Ruby sempre saindo com Wally por aí, ainda era um mistério como eles estavam juntos naquele dia.

– Onde você tenciona ir comer? – Sapphire perguntou ao amigo se vendo envolvida na floresta que rodeava sua vila.

– É uma surpresa, minha cara Sapphire. – Ruby riu, deixando a pequena mais intrigada.

– Conta logo! – Sapphire ficou impaciente.

– Nop! Heheh. – Ruby ria enquanto segurava o cesto de piquenique ao ombro. – Espere e verá.

– Hum… Ok… - Sapphire se viu vencida.

Ambos foram caminhando mais fundo na floresta, felizmente era bem de dia, assim o caminho não era escuro e podia-se ver muito bem por onde andavam. Sapphire olhava pelo canto do olho para Ruby, ele era tão lindo… O modo dele de segurar no cesto aos olhos de Sapphire o deixava tão sexy… Ela só ainda não achava piada nenhuma ao facto de estar um calor desgraçado e ele ainda insistir em usar aquele gorro! Aff! Só de olhar lhe causava calor!

– Está gostando da vista, Sapphire? – Ruby notou que ela o mirava.

– Hum? Do que está falando? – Ela tentou disfarçar, nem ela sabe como sua voz não saiu tremida, pois seu coração estava aos saltos.

– Eu sei que você estava olhando para mim. – Ruby respondeu com um sorriso com ego.

– Convencido, eu estava era vendo que você transportando assim o cesto ainda o deixa cair! – Sapphire arranjou uma desculpa na hora, sendo agressiva, como sempre era nas ocasiões em que Ruby a apanhava o mirando.

– Ahah, diga o que quiser, mas olhe, chegámos. – Ruby anunciou pousando o cesto do lado de um riacho.

Com o diálogo, Sapphire nem reparou que tinham chegado a uma zona aberta, era uma zona quase sem árvores, apenas com essas em redor, tinha muita grama verde no chão e o riacho tinha a água bem cristalina e fresca. Parecia um ótimo lugar para passar um quente dia de Verão.

– Bem, vamos comer? – Ruby perguntou estendendo a toalha no chão.

– Hum? Sim, sim, claro! – Sapphire confirmou após contemplar todo o esplendor maravilhoso daquele local.

Ambos prepararam a toalha de piquenique juntos, estenderam a toalha, se sentaram em cima dela e começaram a comer as sandes que a mãe de Ruby tinha preparado para os dois. Não havia nada de muito pesado naquelas sandes, apenas umas bagas de oran e alface, uma digestão não muito pesada. Durante o almoço ambos bateram um papo bem agradável, o que permitiu a Sapphire saber que Ruby a tinha convidado porque tinha saudades de quando eles passavam tardes só os dois, sendo que não convidou Wally daquela vez. A refeição passou bem, sendo que ambos estavam satisfeitos.

– Que bela refeição… - Ruby disse se esticando para trás.

– Sua mãe sabe fazer boas sandes. – Sapphire referiu.

– As suas eram melhores. – Ruby lembrou dos tempos em que ambos brincavam quando eram jovens.

Sapphire sorriu de lado e abraçou os joelhos. Ela gostava de cozinhar para Ruby, especialmente quando ele gostava tanto do que ela fazia. Olhou de novo para Ruby, esse mantinha os olhos fechados e um sorriso no rosto, ele era tão bonito… E os raios de Sol incidiam direto na pele dele, o fazendo brilhar, Sapphire nem notou que estava olhando descaradamente para seu amigo.

– Está gostando da vista? – Ruby voltou a perguntar, mas mantinha os olhos fechados.

– Hum?! C-como… Como você sabe…? – Sapphire ficou envergonhada por ter sido pega.

– Eu consigo sentir seu olhar sobre mim. – Ruby sorriu um pouco convencido.

Sapphire se sentiu constrangida por ter sido apanhada, então passou a contemplar a água.

– Ei, eu não disse que não gostava que você me mirasse. – Ruby lembrou a outra, abrindo um olho e olhando para ela. – Pode ficar olhando se quiser.

Sapphire avermelhou, porque ele fazia aquilo com ela? Ela não tinha coragem de o olhar, não naquele momento… Ainda estava envergonhada por ter sido pega há pouco.

– Bem, se não me vai ficar olhando, então eu me vou divertir. – Ruby disse se levantando e se dirigindo à sua mochila que colocara do lado do cesto.

– Que vai fazer? – Sapphire o questionou intrigada.

Ruby não respondeu, apenas pegou no protetor que tinha na mala e retirou a camisa para o espalhar no corpo. Sapphire ficou envergonhada ao ver o colega em tronco nu, sendo que seu rosto esquentou bastante.

– Eu vou nadar, mas primeiro tenho de espalhar isto. Também vem, Sapphire? – Ruby perguntou espalhando creme no seu corpo.

– Eu até ia, mas não trouxe roupa de banho… - Sapphire respondeu voltando a repousar sua cabeça em seus joelhos.

– Que isso não seja um problema, eu também não. – Ruby riu enquanto retirava o cinto e de descalçava. – Você pode ir em trajes menores.

Sapphire quase teve um derrame nasal ao pensar nisso. Como assim? Estar de trajes menores do lado de Ruby?! Oh, isso é que não!

– Está com vergonha de quê, Sapphire? Nós já tomamos banho juntos, não foi? E aí estávamos pelados. Então, qual é o problema? – Ruby perguntou se ajoelhando na frente da menor.

– Bem, isso é verdade… - Sapphire se lembrou do tempo em que eram crianças.

– Então vá, vem nadar comigo, assim é mais divertido. – Ruby puxou a mão da outra a ajudando a se levantar.

Sapphire se levantou com mais confiança, tirou sua t-shirt e seu cinto, como também se descalçou, e deixou para trás também seu lenço. Observou Ruby tirar seu gorro, e ainda estava lá… Aquela feia cicatriz que estava lá por sua causa… Sapphire sempre se culpava por ele a ter, então, involuntariamente, ela se dirigiu para perto de Ruby com um ar de compaixão e tristeza.

– Hum? Que se passou, Sapphire? – Ele estranhou o comportamento da menor.

– Sua cicatriz… Ainda cá está… - Sapphire constatou tocando o lugar do rosto marcado pela tal. – Me desculpe…

– Ei, não se incomode mais com isso. Já foi há muito tempo. – Ruby sossegou a menor.

– Mas fui eu que a provoquei… Eu fiz com que sua face ficasse marcada para sempre! – Sapphire se lamentava.

– Sim, mas não tem mal mesmo, pois sempre que eu me vejo ao espelho e vejo esta marca, eu lembro de você. – Ruby tranquilizou a menor.

– Oh… Ruby… - Sapphire sorriu ao abraçar o corpo do maior que a abraçou de volta.

– Não tem mal, Sapphire, não tem mal nenhum… Mas quer ir nadar ou não? – Ruby perguntou já num tom de desafio.

– Claro! – Sapphire disse saindo dos braços dele e se atirando para a água, Ruby foi atrás.

Então passaram a tarde toda brincando na água e nadando amigavelmente, até que ao fim do dia, as suas mãos se tocaram por baixo de água, e inconscientemente, se agarraram.

– Sabe, Sapphire, eu tinha saudades de estar com você. – Ruby declarou.

– Eu também tinha saudades de estar com você. – Sapphire retorquiu.

E assim, ambos os corpos se aproximaram, como se ambos escondessem o desejo de proximidade dentro de si e seus lábios se juntaram como há muito desejaram, não precisaram de momento romântico ou de clima, a sua cumplicidade já lhes permitia fazer isso, pois para eles, eles já eram namorados mesmo antes de o ser, eles eram namorados desde que se lembravam, só não o sabiam.

– Está gostando da vista? – Ruby insistia na pergunta.

– Muito. – Desta vez Sapphire respondeu.

– Eu também gosto da que tenho. – Ruby esclareceu antes de beijar a pequena no pescoço, fazendo a outra estremecer.

Sapphire o puxou para mais um beijo e ali ficaram, o Sol se ia pondo e os raios laranja se misturavam com o riacho, mas eles nem se importavam com o facto de estar a ficar tarde e eles terem de voltar, eles queriam estar ali, um com o outro, juntos e se beijando, tendo as peles em contacto. Ruby largou então a mão de Sapphire e colocou a sua na cintura da menor provocante.

Sapphire entendeu o que ele queria, sendo que o puxou para um beijo debaixo de água, onde estavam completamente dependentes do ar do outro e também lhe fez a vontade… Qual era a vontade de Ruby? A sua grande vontade era amá-la com certeza, mas também tinha um outro grande desejo que deixo ao critério de cada um…

“A amizade é algo que precisa de ser trabalhado, mas se for resistente, pode durar eternamente.”