Tudo aconteceu numa tarde normal, eu ainda andava na escola Pokémon e tentava apreender os conceitos e tudo mais, mas, naquele dia, não tínhamos tido uma aula, isso me fez feliz, podia passar o tempo todo olhando meu primo jogando futebol com os amigos… E como era bom quando isso acontecia…

— Hum? Oh! Oi, Clair! – Ele cumprimentou ao me ver e veio direto a mim.

As minha pernas estremeceram, como faziam sempre que ele se aproximava, um arrepio percorria a minha espinha e as minhas mãos soavam, eu já há muito que sabia, eu estava apaixonada por Lance, o meu primo.

— O-oi, Lance! – Gaguejei um pouco descendo a minha face rubra pra o chão.

— Então, vai para casa no tempo em que não temos aula? – Ele perguntou simpático e animado.

— N-não… Não vou fazer nada para casa, mesmo… - Eu respondi um pouco nervosa.

— Bem, então quer vir jogar de esconde-esconde? – Ele perguntou divertido e satisfeito, como se me quisesse perguntar aquilo desde o início.

— Com você? – Estranhei.

— Sim, eu e os rapazes vamos jogar, mas precisamos de mais uma pessoa. – Ele explicou apontado para os dois rapazes com quem jogava à bola.

— Não podem jogar só os três? – Fiz-me difícil, mas ao mesmo tempo, achava aquele pedido estranho.

— Mas queremos jogar a pares, só com três não dá, precisamos de mais um. – Ele explicou, como se tivesse treinado aquela desculpa pouco tempo antes, estava a responder demasiado rápido…

— Ok então… Eu vou… - Eu respondi um pouco envergonhada e com a voz a tremer de emoção.

Ele sorriu, um sorriso meio manhoso e satisfeito, como de quem planeou algo…

— Eu começo a contar com este rapazito aqui, tu e a Clair vão esconder-se. Vale fora da escola! – Um dos rapazes disse puxando o amigo para a parede.

— Ok! Vamos, Clair, vê se me acompanhas. – Ele piscou e me convidou acorrer para fora da escola, eu segui-o.

E assim, saímos a correr para fora da escola, então, eu não podia saber, mas os dois rapazes que estavam a contar, nem chegaram a ir procurar-nos, eu tinha caído na armadilha deles… Enquanto isso, eu e Lance corríamos a toda a velocidade, Lance ia na frente indicando o caminho e eu corria atrás dele, ele guiou-me até um jardim, onde potencialmente nos iriamos esconder, o jardim era vasto e amplo, eu o conhecia, assim de vista, nunca fora para lá… Nunca tivera razão… Aquele não era um local por onde eu costumasse andar… Continuamos a correr sem rumo, eu estava cansada, estafada… As minhas pernas já não aguentavam mais.

— Lance… Eu não consigo correr mais… - Disse com as pernas a fraquejar e a respiração ofegante.

— Me dê a sua mão, eu a ajudo. – Ele se mostrou prestável.

— Ok… - Segurei a sua mão.

Então, a minha mão tocou a dele timidamente, sendo puxada, assim corremos até a um local do jardim que eu desconhecia, era bem ao fundo do horizonte, afastado da estrada, tinha um lago bem no centro e bastantes ervas em seu redor, os normais clichés de uma saída romântica de filme… O que me assustou!

— Que diz, Clair? Seu primo tem bom gosto ou não? – Lance ajeitou o cabelo vaidoso contemplando a paisagem.

— Lance, isto é lindo aqui… Como você encontrou este tesouro? – Eu estava meio impressionada com a beleza do local, a água era cristalina e refletia todos os raios luminosos de Sol, dava para ver os Pokémon que habitavam naquele laguinho, essencialmente Magickarps e Tentacools e, por fim, o contraste das poucas árvores do prado dava ao local o clima mais romântico que eu tinha vivido…

— Bem, uma vez eu estava jogando de esconde-esconde com os rapazes e acabei por vir parar aqui. É um sítio legal, não acha? É bonito, tem espaço… Gosto de vir para aqui de vez em quando. – Lance dizia se espreguiçando com ego de quem tinha encontrado a melhor coisa do mundo.

— Isto é realmente um lugar espantoso… - Eu disse ficando a olhar com uma face parva e rubra para o horizonte sem fim.

Notei que Lance me observava de lado, o seu ar era um pouco superior, algo que eu não estava acostumada a ver, como se ele fosse tomado pelo ego ou algo assim… Seus olhos brilhavam e seu gesto era imponente, eu estava meio assustada, especialmente com a invasão repentina dele.

— Clair, quanto tempo vai demorar para admitir que me ama?- Ele riu colocando suas mãos atrás da cabeça.

— Como é?! – Eu berrei surpresa e supercorada com o que ele dissera.

— Vamos, Clair, você acha que eu trouxe você aqui à toa? Não. Eu sei muito bem que você está gostando de mim, Lance, o seu primo. – Ele riu me provocando.

— Não fique de zoa, Lance, isso é incesto! – Eu resmunguei.

— Entre primos não, minha pri-mi-nha! – Ele riu dizendo o nosso grau de parentesco em silabas lentas.

— Mas isso não é verdade. – Eu desviei a cara fazendo um biquinho, sem notar que eu estava ficando um tomate.

— Sabe, minha querida Clair, um amiguinho meu, assim mais mulherengo, me mostrou um método infalível de saber se uma garota gosta de você ou não. – Ele disse se aproximando de onde eu estava.

— Lance, que vai fazer?! – Murmurei assustada.

Ele prosseguiu ignorando a minha pergunta.

— Um, mais um… - Ele começou colocando uma mão na minha cintura.

Eu estremeci, o seu toque estava em meu corpo, num local mais íntimo, isso me fez esquentar.

— Faz um par… - Colocou a outra mão na cintura.

Um arrepio me correu de cima a baixo. Aquilo estava mesmo acontecendo? A mim?! Impossível… Lance nunca iria olhar pra sua prima desse jeito.

— E agora vou ver se te faço corar. – Foram suas últimas palavras antes de me beijar num profundo beijo nos lábios que me fez delirar.

Meu corpo tremeu, meus braços, por impulso, se colocaram em torno do pescoço dele e, aí, o tempo parou, era penas eu e ele num momento mágico ao pé de um lago… Então, ele se separou de mim, deixando nossas faces rubras.

— Vê? Você ficou corada. Você está gostando de mim. – Ele riu de lado, ainda sem me largar.

Então, eu deixei de resistir, me agarrei bem forte no corpo dele, apoiei a minha cabeça em seu peito e chorei um pouco, sem querer chorar.

— Sim, Lance, é verdade, eu, Clair, estou apaixonada por você… Mas não quero que pense que eu tenho fetiches estranhos por ser meu primo! Eu apenas… Amo seu jeito de ser… Amo do jeito… De querer estar sempre com você… - Eu desabafei.

Lance não disse mais nada, apenas puxou minha cabeça e me pregou um selinho.

— Porque não disse isso mais cedo? – Perguntou com um ar doce e uns olhos incrivelmente fofos.

— Não tinha coragem… - Eu admiti olhando para o lado.

— Não tem mal… Eu também demorei a perceber que gostava de você. – Ele respondeu me pregando outro beijo.

E foi assim, que eu, quando ainda era aluna, descobri o amor da minha vida, pode ser uma história curta e bastante cliché, mas é a minha história, e eu gosto dela do jeito que ela é… Não a mudava por nada…

“Não importa quem você ama, de onde veio ou como é, o que realmente importa, é o jeito que você o ama e como faz para demonstrar isso…”