You don’t let me down, when I think of you.

Na visão dele, ela era como um demônio.

Talvez aquela fosse a visão de toda a guilda no passado. Bem, ele não sabia dizer.

As brigas constantes que tinha com Erza, o fato de conseguir quase quebrar a guilda inteira sozinha — e ele tinha certeza que se ela quisesse, quebraria — e até mesmo aquele sorriso amigável que dava aos outros só o faziam ter mais certeza: Mirajane era um demônio.

Isso não mudou com o tempo. Não importava se haviam passado 7, 14 ou 21 anos desde que a conheceu, Mirajane continuava sendo um demônio para ele.

Um estúpido demônio com cara de anjo.

Na época de seus 17 anos, Laxus jamais imaginou que chegaria o momento em que estaria ali, parado em pé, aguardando a única mulher que o segurou verdadeiramente entrar por aquela porta enorme. E se alguém o dissesse que esse dia chegaria, ele provavelmente riria como jamais riu antes.

Suas mãos suavam um pouco com a ansiedade e ele decidiu esfregar uma na outra, tentando falhamente se acalmar.

Encarou Freed, que estava chorando como uma garotinha no banco da frente, e também para Evergreen, que estava na mesma situação que o amigo. Bickslow mantia os braços cruzados com um sorriso no rosto até reparar o olhar de Laxus e fazer o gesto mais inapropriado possível para aquele momento: enfiar o dedo indicador na mão fechada, seguido da sua risada com a língua para fora.

Laxus sabia que aquilo era para tranquilizá-lo, mas não conseguiu não revirar os olhos aquilo.

Olhou para o chão e sua mente começou a ir para o tempo em que a conheceu, quando ele era apenas um adolescente e ela uma pirralha que apareceu na guilda junto com seus irmãos.

A primeira impressão que teve sobre ela foi a de que ela não seria nada fácil.

Ele estava certo.

Mal haviam se passado dois dias desde que a pirralha novata havia aparecido e ela já estava comprando briga com a pirralha ruiva.

É claro que se aquilo continuasse, a guilda seria completamente destruída, mas naquela época ele não se importava nem um pouco. Seu pai havia sido expulso, não tinha porque Laxus se importar com qualquer coisa que acontecesse com a guilda.

E foi em um dia assim que tudo aquilo começou.

O Dragon Slayer acreditava estar sozinho na guilda naquela hora.

Na verdade, ele deveria estar sozinho naquele horário.

Mas foi pego de surpresa quando a albina apareceu atrás do balcão.

— O quê está fazendo aqui? — a maga perguntou um tanto assustada.

— Essa devia ser a minha pergunta.

Ela não respondeu. Apenas saiu de onde estava e caminhou até ficar na frente do loiro.

— Ei, Laxus, você sabia? — ele a encarou. — Quando um demônio se apaixona... relampeia —disse quase como em um sussurro antes de se esticar um pouco e roubar os lábios dele.

Laxus estava com a mente em branco diante a surpresa. Não que nunca tivesse beijado alguém, mas ser beijado era algo completamente novo.

Ao romper o beijo, o Dragon Slayer notou uma certa coloração avermelhada no rosto de Mirajane antes de esta sair correndo.

Ele realmente acreditava que essa seria o último contato que teria com a albina.

Quão enganado estava.

Quando Lisanna supostamente morreu e Mirajane mudou sua aparência e comportamento totalmente, o loiro percebeu que seu interesse pela albina havia aumentado — interesse esse que ele nem mesmo sabia que existia —, porém decidiu não se aproximar.
Só foram de fato ficarem mais próximos após sua volta e durante os grandes jogos mágicos de x791.

Mas apenas há alguns meses que Laxus se decidiu.

Ele estava sentado no bar da guilda com o mestre — e seu avô — ao lado.

— Eu estava pensando… — o loiro se pronunciou enquanto seu avô estava muito ocupado com a bebida.

— Hm?

— Logo, logo eu estarei tão velho quanto você e ainda não deixei herdeiro algum.

— Hm, hm. — Makarov assentia compulsivamente. A ideia de ter um bisneto sempre passava por sua cabeça. Era algo que ele realmente gostaria de ter.

— Então, eu decidi que vou me casar com a Mira.

Makarov assentiu, colocou um pouco de bebida na boca e finalmente quando pensou nas palavras do sobrinho, cospiu tudo.

Aquilo provavelmente deveria ser alguma brincadeira. Como poderia seu neto se casar com a garçonete, maga Satan Soul e uma das maiores modelos da Sorcerer Magazine?

“É impossível.”

Ou pelo menos ele pensava.

E ali estava ele, entrando na igreja de Magnólia com Mirajane em um lindo vestido de noiva ao seu lado, chamando completamente a atenção de Laxus — e de todos os que estavam presentes, claro —.

Caminhavam até o altar na maior das lerdezas, na visão do loiro. Ele estava nervoso, muito nervoso. Não era o seu comum. Laxus nunca havia ficado nervoso e estava estranhando isso completamente.

Ele apenas queria terminar com aquilo tudo logo.

Makarov e Mirajane finalmente alcançaram o altar e Laxus segurou a mão de Mirajane, dando-lhe suporte.

A albina pôde perceber que o loiro estava tremendo e por conta disso, o puxou um pouco para si, depositando um beijinho em sua bochecha.

Isso estranhamente o acalmou.

— “Quando um demônio se apaixona, relampeia”, hm? — falou para si mesmo e riu um baixinho.

— Hun? — Mirajane olhou para seu noivo, tentando entender algo.

Sim. Mirajane era um demônio.

Claro que haviam momentos que ela aparentava ser um anjo.

Mas ela era um demônio.

A sua demônio.