Carta a um Ex-Traidor escrita por Denise Liz


Capítulo 1
Confissão - Estou magoada


Notas iniciais do capítulo

Esta fic, é um relato de uma moça traída. É a dor sentimental, vista de uma forma física conjugada com o ponto de vista emocional.



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De: Traída

Para: Traidor

***

"Esta é uma carta destinada a você, Sr. Traidor, e pra todos os Srs.Traidores da minha vida.

Chega de magoar, chega de humilhar, basta!

Deixe-me te dizer uma coisa, deixe-me contar o que sinto, estou lhe dando o privilégio de lhe mostrar a alma de sua vitima.

~~~

Quando era criança sonhava que quando crescesse iria ser solteira. Nunca quis ser feliz ao lado de ninguém, eu chego-me."

Inevitavelmente, apesar da erupção de sensações em que me encontro, sorrio ao lembrar a minha infância, a inocência. Olho através da janela, os meus olhos, quase tão melancólicos quanto eu, refletem o laranja do pôr do sol, e continuo …

"… Mas depois você surgiu, pegou na minha mão delicadamente e me disse que eu não podia ser feliz sem você, me fez ver o surreal. Ingénua abri o meu peito e você penetrou suas garras nas minhas entranhas, arrancando a minha sanidade.

Te confiei o meu templo.

Eu não quero só odiar, eu quero devorar, eu quero matar, destruir, esganar. É essa a minha vontade.

Agora vejo que você não percebeu que mudei todos os meus planos, desisti de todos os meus sonhos por você, você o meu detentor. Deixei de assistir tv pra ficar olhando seu rosto, deixei de sair com os meus amigos pra ficar na sua casa, deixei de dormir pra pensar em você, deixei de ler pra escrever sobre ti, sobre nós, sobre aquilo que eu pensava que era real e eterno.

Me prometeu que ia ser meu, prometeu que nunca me iria fazer sentir mal por me entregar completamente e por lhe ser fiel incondicionalmente...

Me disse que íamos ser felizes até o ultimo dia de nossas vidas, porque estaríamos juntos e que unidos iríamos conquistar um mundo.

Lembra? Pois eu não me esqueci um único segundo!

Eu era você, e pensa que você me era também.

Traiu, me humilhou, me rebaixou… me magoou, me desfez.

Eu vi, eu sei,… e agora à medida que as lágrimas escorem pela minha face dolorosamente contraída… vejo que sempre soube, agora é real e assustador.

Estava debaixo dos meus olhos, mas… o amor que te tenho me vendava completamente… eu não sei porquê, mas ele me fazia levitar numa nuvem, onde o mundo real e tudo o resto não existia… pensava que nós possuíamos no nosso mundo."

Continuo chorando, meu rosto quente, meu nariz entupido, minha voz muda… vejo lágrimas escorrendo para o papel, perco a energia, os movimentos “continua Alice, bota tudo pra fora, você consegue é melhor pra você.” penso, imaginando que, alheia a minha solidão, alguém me conforta. Continuo escrevendo.

"…Mas você dissolveu essa nuvem em milhares de gotas… e eu... cai céu abaixo…

é assustador o poder que você exerce sobre mim, … sinto-me impotente, um mero objeto.

Oiço e sinto o estrondo da colisão...

Colidi bruscamente, no mais profundo solo, e aqui, jaz neste local obscuro, desespero por um ponto de luz.

Olho, não vejo, apenas observo, a escuridão é funda e tenebrosa. Agora sem qualquer venda, sinto-me ainda mais cega.

O medo me assombra, o céu é preto sem estrelas o chão invisivelmente escuro… aterrador …

Eu sinto. Não, eu sofro!

Aqui, sinto meu corpo em carne viva, sinto rios de sangue por todo a sua extensão, sinto dor… dor… mas a que mais me fere é a que vem de cada pedaço de meu coração, partido em milhões de bocados… dissolvidos nos rios que inundam o meu ser.

Eu sou SANGUE, sou CARNE VIVA."

Paro novamente, tento encontrar coragem para desfiar meticulosamente a minha dor... com a mão tremula, tento desenhar um letra... mas sem sucesso, largo a caneta, levo as mãos ao rosto, completamente perdida. Lentamente baixo as mãos e olho novamente para a janela, para o horizonte, será que um dia eu vou magoar assim alguém? Será que um dia todos nós temos que passar por esse mundo? Será que um dia eu serei novamente feliz? Será? Tenho medo de ficar assim para sempre. Me levanto, fecho a cortina da janela e me condeno à escuridão do quarto. Luto contra as emoções, penso, e prossigo.

"Não tive a culpa, não errei, porque tenho que sofrer? Eu nunca lhe falhei.

Não tenho a culpa de ser demasiado perfeccionista, demasiado sonhadora, e demasiado apaixonada por você. Não tenho culpa de ser ingénua e acreditar piamente em cada palavra sua, não tenho culpa de querer ser uma princesa num reino inexistente, não tenho culpa de ser infantil e acreditar que o amor existe. Não tenho culpa!

Eu quero fugir, eu só quero ver, sentir, cheirar, provar, mas… mas apenas o pensamento e a dor persistem.

Correntes prendem meus braços, meus pés, meu pescoço...

Estou acorrentada ao sofrimento.

Sinto lágrimas se evaporando no ardor da raiva do meu corpo, sinto gotículas de sangue emergindo de cada poro. Sinto liquido, vejo vermelho, cheiro sangue.

As horas passam como anos, os dias passam como séculos. Não há dia, não há noite.

Agora vejo, fizeste-me cair bem fundo. "

Respiro fundo, preciso sair da minha realidade por instantes, preciso aliviar a dor por momentos… fecho os olhos com força, sinto lágrimas quentes verterem em meu rosto ferventemente gelado. “Alice, é essa a sua realidade…” penso, mergulhando em mais um mar de tristeza. “Seja forte.” Apenas meu sub consciente não me permite afogar, me ajuda a flutuar, sustenta o que resta da minha alma.

" Sim, esfarrapada neste mundo horrendo, ainda sofro por ti."

***


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Notas finais do capítulo

Até a próxima! Criticas são sempre bem vindas! :)



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