Thomas’ POV

Estava nervoso. A ideia parecia maravilhosa quando pensei sobre na noite anterior, mas agora já não tinha mais tanta certeza disso. Digo, ele era stripper, que atividade ridícula eu fui resolver de preparar? E se ele não gostasse? Ele iria me largar de vez, isso é certo. Eu precisava parar de ouvir a Brenda...

– Tommy? – olhei para onde vinha a voz e encontrei o loiro ali, e sem perceber comecei a analisá-lo de cima a baixo. O garoto usava uma camisa azul de gola com um moletom preto por cima, as calças jeans de sempre e o cabelo estava despenteado. Sorri de lado ao vê-lo ofegante e concluí o motivo antes mesmo dele falar: - acordei atrasado, desculpe. Cheguei muito tarde?

A preocupação em seu rosto só me deixou ainda mais ansioso. Era a programação errada, eu sabia. Devia ter escolhido o cinema ou ir para casa ver filmes. Mas já estava tudo pronto, não podia mudar de ideia agora. Mordi o lábio em confusão, e notei Newt me encarar fixamente. Oh.

– Posso... colocar isso em você? – peguei um lenço do bolso e mostrei-o para o loiro, que sorriu e assentiu. Tapei seus olhos com a venda e sussurrei: - Confia em mim?

Ele se remexeu, um pouco incomodado, mas sorriu, e soltei um baixo suspiro de alívio. Até ali, tudo bem.

– Confio.

Conduzi o garoto por um caminho até chegar ao parque, onde tinha preparado o que iríamos fazer. Olhei para o cenário montado, mordendo o lábio novamente e abaixando a cabeça em desapontamento. Newt gostando ou não, era o que havia. Tirei a venda.

O garoto demorou segundos para se acostumar com a luz novamente, e ao ver o que o esperava, abriu a boca em surpresa.

– Um piquenique?

– Ah deus, eu sabia, era uma péssima ideia, mas eu falei com a Brenda e ela me disse que...

Fui interrompido por seus lábios se chocando nos meus. Me espantei por um segundo antes de acabar retribuindo o beijo. Isso pareceu surpreender o loiro por um segundo, que acabou se afastando. Quando levantei o olhar para ele, seu rosto ainda não mostrava reação, e sorri envergonhado.

– Ah.

– Eu adorei – o loiro sorriu, olhando a toalha estendida e se sentando. Então levantou o olhar para mim, como se pedindo para que eu sentasse ao seu lado. Me rendi e sentei-me com ele.

Newt’s POV

Nada poderia superar aquele dia. Aquele momento. Tommy.

Tudo estava bem organizado e ficamos por lá durante horas. E parecia que, de fato, alguma coisa estava finalmente acontecendo. E então surgiu aquela pergunta.

– Por que estamos fazendo isso? – murmurei, me arrependendo logo em seguida. O rosto do moreno se fechou e ele ficou quieto por um segundo. – Quer saber, esquece, foi uma pergunta sem sentido, eu...

– Não, tudo bem – ele me interrompeu, sorrindo de lado. – Eu conversei com a Brenda ontem, e ela me fez pensar um pouco. A verdade é que não superei a morte de Teresa ainda, e talvez nunca supere. Mas não posso me prender a isso. Preciso seguir em frente. E quero tentar isso com você.

Olhei-o com surpresa novamente. Demorei a absorver a informação e devo ter ficado com cara de idiota por alguns minutos, o que fez o garoto me olhar preocupado. Só então percebi minha situação e balancei a cabeça, sorrindo bobo.

– Aceito completamente.

Ele sorriu, acanhado, e acabei do mesmo jeito também.

Tommy levantou, estendendo a mão para mim, e levantei. Seguimos até seu carro em silêncio, sem soltarmos as mãos, e ficamos do mesmo jeito no caminho para meu apartamento. Quando ele estacionou o carro, nos encaramos um pouco receosos.

– Então... nos vemos amanhã? – ele sorriu.

– É só marcar – devolvi o sorriso, me sentindo como uma adolescente apaixonada. Quando fui descer do carro, ouvi-o me chamar:

– Newt?

Virei a cabeça e ele tomou meus lábios rapidamente, sem que eu notasse. Então pediu passagem com a língua, o que permiti com prazer. Quando nos afastamos, sorrimos juntos e saí do carro.

Subi para o apartamento, ainda entorpecido pelo momento, e mal percebi quando Minho me puxou pelo braço, sentando-me no sofá e começando sua sessão de perguntas logo em seguida.

– Como foi? O que fizeram? Ele te beijou? Até onde vocês foram? – a atitude do asiático apenas me deu mais certeza da situação, e as palavras saíram da minha boca antes que eu pudesse contê-las:

– Ah meu deus. Eu sou uma garotinha apaixonada.

Thomas’ POV

Cheguei à minha casa com a cabeça a mil. Sabia que tinha sido um dia perfeito, e estava satisfeito por saber que Newt tinha gostado, mas tudo parecia ter sido rápido demais. Tinha se passado apenas uma semana, e as coisas não deviam acontecer assim.

Ou talvez devessem.

Quando conheci Teresa, tinha certeza de que estava apaixonado no primeiro dia em que a vi. Talvez não tivesse plena noção disso, mas quando paro para pensar, sei que foi ali que as coisas começaram. E era o mesmo que ocorria agora com o loiro. Sabia que não tinha volta no dia em que o vi n’A Clareira.

Olhei para o lado, na mesa de cabeceira, encontrando uma foto da garota, sorrindo na última festa em que havíamos ido. Peguei o porta-retratos e segurei-o, não sentindo nenhuma dor em vê-la. Sorri.

– Sinto muito por isso, mas acho que posso seguir em frente. Ele é importante – falei para a foto na moldura, que obviamente não esboçou reação. – Vou me cuidar. E sei que ele também vai cuidar de mim.

De algum modo, eu sabia. Se eu tinha dúvidas disso, todas elas haviam sido sanadas naquela tarde. Newt podia ser stripper e ser modelo e um pouco animado demais, mas a pessoa que havia sentado comigo naquela tarde era um garoto gentil, um pouco tímido e muito divertido. Era a pessoa que precisava – que tinha procurado por todo aquele tempo desde a perda de Teresa.

Me levantei, indo até o armário e guardando a fotografia no fundo. Não precisava mais dela, assim como poderia tirar várias das fotos de Teresa que enfeitavam o apartamento. Não que a garota não fosse mais importante – era provável que sempre seria. Mas porque estiveram ali para me lembrar do quanto amava Teresa. Do quanto ainda era ligado a ela mesmo depois do acidente, do quanto não conseguia seguir em frente. Mas agora conseguiria.

Coloquei uma foto que havia tirado naquela tarde ao lado da cama, ainda sem moldura, e sorri ao vê-la. Tinha tirado a foto quando o loiro estava distraído, e peguei-o de perfil observando o parque. A foto era linda, e eu sabia que o motivo dela estar tão bela era ser Newt ali. Deitou a cabeça no travesseiro e colocou as mãos no rosto, frustrado.

– Eu pareço uma garotinha apaixonada.