*leiam as notas iniciais (?)*

Newt’s POV

— Ainda não sei como esse garoto simplesmente apareceu na sua vida e se tornou tudo isso em apenas um mês – Minho resmungou baixinho.

Mal tinha chegado ao apartamento e fui atacado pelos garotos por ter passado a noite fora. O anel preso ao meu pescoço chamou a atenção, e agora Minho estava ocupado reclamando sobre como isso era injusto.

— Para de pegar no pé dele – Alby, que até então estava quieto, sentado no sofá, decidiu intervir a meu favor e lancei-o um olhar agradecido.

Apesar de ter passado a noite na casa de Tommy, nada aconteceu. Fui extremamente natural – a cama era grande e confortável, a euforia de estar enfim junto do garoto não me permitindo pensar em mais nada. Percebi que Thomas também se sentia assim.

Infelizmente, o trabalho ainda me esperava, e o som de Minho e Alby discutindo estava me enlouquecendo.

— E o garoto de ontem, Minho, como ele está? – decidi virar o jogo ao invés de retrucar, o que funcionou. Minho corou levemente e fechou a cara.

O novato de ontem ainda não havia nos sido propriamente apresentado, mas não pareceu gostar do lugar. Provavelmente, não ficaria por muito tempo, ou talvez nem chegasse a começar. Janson gostava muito de demitir quem tinha acabado de chegar.

— Não sei do que está falando.

— Ah, eu vi ele também. E ai, quem é o trolho? – Alby me lançou um olhar cúmplice.

— Vão se ferrar – o asiático murmurou e saiu da sala, dirigindo-se ao quarto. Não consegui segurar a risada e o segui, decidindo trocar de roupa e sair um pouco.

Tommy tinha que trabalhar, ao contrário de mim. Hoje, apenas A Clareira. Então aproveitei a tarde livre e saí para comprar algumas coisas. O moreno havia me surpreendido na noite anterior, então pensei em fazer algo de volta.

Quando voltei, os garotos já estavam prontos e me esperando, então apenas troquei de roupa e seguimos para o bar.

Minho’s POV

Sabia que em algum momento um dos meninos notaria o trolho novo e acabaria me perguntando sobre ele, mas não esperava que fosse tão cedo. Newt estava aprendendo a jogar sujo.

Mal chegamos n’A Clareira e o loiro me lançou um olhar malicioso, acompanhado por Alby, e logo percebi o por quê. Em uma das mesas do fundo estava o novato, aparentando estar impaciente. Grunhi baixo, ouvindo risadas dos dois ao meu lado, e segui para a mesa.

— Não estava te esperando de volta, Fedelho – lancei-lhe um sorriso de lado, vendo seus olhos semicerrarem.

— Estava entediado. E aparentemente não vou ficar aqui e ser seu colega de trabalho. Além disso, meu nome é Aris.

— Fedelho combina com você.

Ele revirou os olhos. O garoto era pequeno, magro e de olhos desconfiados. Apesar disso, havia algo de interessante nele, embora eu não soubesse dizer o que.

— Vai querer alguma coisa? – perguntei enfim, ele me encarando estranhamente e abrindo um sorriso escondido.

— Pode ir. Não vou te prender por hoje.

Dei de ombros e voltei para os fundos, vendo de relance Newt no palco junto a uma das garotas. Quando foi minha vez de subir, consegui notar Aris observando – apesar de sua falha tentativa de disfarçar – e pensei sobre como as coisas estavam começando a ficar interessantes.

Thomas’ POV

Saí de casa correndo, deixando Newt em seu apartamento antes de seguir para o trabalho. Estava atrasado e sabia, com um medo escondido, que Brenda estaria furiosa.

O que eu não esperava era que Jorge estivesse em frente à porta, me esperando. Engoli em seco e segui em frente, ele enfim me notando e abrindo um sorriso.

— Thomas! Um de seus colegas me avisou que você se atrasou com o trânsito. Vamos entrar?

Ele indicou a porta. Suspirei aliviado e entrei na sala, sabendo que o tal colega era Chuck e fazendo uma nota mental para mais tarde agradecê-lo. Outro motivo para Brenda me matar.

Jorge não falou muito. Perguntou sobre o trabalho e sobre Brenda, e imaginei que ele falaria com ela mais tarde; provavelmente, para saber se a decisão dela de me acompanhar ainda continuava. Não falamos sobre nada em especial, mas, quando Jorge saiu, tive certeza de que algo estava para acontecer. Ele não teria aparecido apenas para uma visita casual.

Uma cabeça gorducha apareceu na porta.

— Foi tudo bem? – ri aliviado, apreciando o nervosismo do garoto.

— Salvou minha vida, Chuck. Obrigado.

Ele riu, mas a risada morreu em seus lábios quando Brenda apareceu ao seu lado.

— Você é incrivelmente irresponsável – ela murmurou entre dentes. Escondi o rosto instintivamente, levantando as mãos. E ali estava o sermão que temi a manhã inteira.

— Pode não ser tão hostil, ao menos por enquanto? Teremos o dia todo para isso.

Ela não achou graça. Chegou perto e apontou o dedo, rente ao meu nariz.

— Não me importo com o que você vai fazer com seu novo namorado, mas eu arrisquei meu emprego para vir com você para cá. Não estrague isso.

Ela saiu batendo o pé, e senti uma pontada de culpa. Brenda estava certa, é claro, mas foi a primeira vez que isso aconteceu. Podia ter acontecido, Newt estando comigo ou não.

Chuck se manifestou, lembrando-me de sua presença.

— O que foi isso?

— Furacão Brenda – murmurei, fazendo-o dar risada.

Ele saiu da sala não muito depois disso, e me peguei admirando o pequeno colar que tinha feito, o nome do loiro destacado na argola. Ele não viria hoje, e eu não sabia até que horas ficaria trabalhando para dizer se iria ou não ao bar, então tomei uma decisão.

Mandei uma mensagem para Newt, avisando que não sairíamos hoje. Estávamos de fato passando quase que todo nosso tempo livre juntos, e até algumas horas do trabalho – que fazia nós nos encontrarmos –, e depois dessa manhã, acabei por decidir que o certo a fazer era passar um tempo com Brenda. Me acertar com ela, arrumar as coisas. Além de Chuck, a garota era a única que me ouvia e que eu sabia que podia confiar.

Recebi a mensagem do loiro um pouco depois.

“Não tem problema, mas amanhã você é meu”

Sorri de lado.

“Planos? Estou curioso”

“Segredo.

PS: Acho que Minho achou alguém”

Junto à mensagem estava uma foto anexada de Minho ao lado de um garoto magrelo, o asiático com um de seus sorrisos malicioso e o garoto com um sorriso de canto, tentando não rir. Soltei uma gargalhada e respondi Newt, guardando o celular e pensando no que fazer para me acertar com Brenda.