~Pov Hermione

–Só um minuto. –Pedi enquanto ajeitava meus cabelos e me sentava de novo, fingindo ler. Peguei minha varinha e abri a porta e Meg, Luna e Gina entraram.

–Mione nós queremos conversar com você. –Fiz sinal pra Meg continuar. –Você e o Draco estão tendo alguma coisa? Quero dizer...

–Achamos que vocês estão ficando, mas não querem contar nada porque vamos falar que vocês estão juntos e também tem a Annia...

–Nós não temos nada. –Respondi olhando para o livro e tentando parecer convincente. –Nos odiamos e provavelmente vamos continuar assim.

–Então por que sempre que você some, ele some também? –Gina disse com a sobrancelha levantada.

–Porque ele é chato e gosta de me encher.

–Aah Mione admite logo que gosta dele! –A ruiva disse rindo enquanto todas ocupavam um lugar em minha cama.

–Eu o odeio! –Falei com a certeza do que ele estaria ouvindo atrás da porta e que revirou os olhos nesse momento.

–Antes do namoro e do casamento você também o odiava.

–Mas agora é diferente. Nós já estamos casados e queremos nos lembrar de tudo, mesmo nos odiando estamos nos esforçando okay? Já está sendo difícil a convivência aqui.

–Posso tentar uma coisa? –Luna pediu e eu assenti. Ela pegou minha mão e tentou puxar minha aliança, mas ela não saiu. Pelo contrário, ela estava mais... Firme e presa?! –Sua aliança diz que você o ama.

–Ela disse o mesmo quando acordei sem me lembrar e eu nem o conhecia.

–Okay Mione, nós entendemos “você o odeia”, mas pensa bem: Se deu certo uma vez porque não pode dar certo de novo? –Meg disse sorrindo.

–E sobre a Annia, ela não ficaria triste se vocês namorassem e não desse certo. Pelo menos vocês tentaram.

–Pense nisso. –Luna falou olhando em meus olhos.

Elas se levantaram e saíram do meu quarto me deixando confusa ali. Eu suspirei passando a mão por meus cabelos, mas logo uma voz me chamando me tirou de meus pensamentos.

–Mamãe? –Eu olhei e ali na porta estava Annia. Ela tinha os olhos cheios de lágrimas e o Senhor Ed nas mãos.

–O que foi meu anjo? –Perguntei preocupada, me levantando e indo até ela, pegando-a no colo.

–Eu posso dormir aqui com você? –Eu beijei seu rosto e a coloquei sentada em minha cama, secando suas lágrimas.

–Claro que pode! Mas por que está chorando?

–Eu estava pensando no que aconteceria se você e o papai não se lembrassem... Vocês não ficariam juntos porque se gostam não é? Fariam isso porque eu pedi.

–Meu amor isso... Nós... Eu gosto do seu pai, mas...

–Não precisa explicar. –Ela disse baixinho, se deitando ali.

–Eu amo você minha pequena. –Murmurei me deitando com ela e acariciando seu cabelo. Ela não disse nada, apenas ficou quietinha até que caiu no sono. –Pode sair...

Draco abriu a porta do banheiro e veio até mim. Ele não disse nada, apenas pegou a pequena no colo e a levou para a cama, e quando voltou ele me beijou, mas eu não correspondi.

–O que foi?

–Nada, eu só não quero mais. –Ele saiu de cima de mim bufando e se deitou ao meu lado.

–Não quer mesmo ou só está assim por causa do que Meg, Gina, Luna e Annia disseram? –Cruzei meus braços e desviei o olhar. –Que droga Hermione!

–Não dá pra não ligar Draco. Sinto muito.

–Tanto faz. –Ele cruzou os braços e começou a olhar para o teto, assim como eu. –Por que cantou aquela música?

–O que? Por que está perguntando isso?

–Annia acha que você cantou pra mim.

–Mas não cantei. Escolhi porque gosto daquela música, ela vicia e também porque a Selena é diva.

–Hum...

–E você?

–Eu o quê?

–Por que escolheu aquela música no dia que nós saímos?

–Esquece isso.

–Só quando você me falar o motivo. –Eu pensava em vários significados para ele ter cantado, mas eu queria ouvi-lo dizer.

–Já disse que um dia, quando eu estiver bêbado o suficiente eu te conto.

–Então é só te dar bebida?

–Detalhe, Granger: eu tenho que estar muito, mas muito bêbado pra isso. –Fiz língua e ele riu, me puxando pra deitar-me em seu peito. O que foi estranho já que há poucos segundos eu havia mandado ele me soltar deixando-o irritado.

–Por que ficamos brigando o tempo todo?

–Porque você é insuportável.

–E você também. –Tudo estava ótimo, perfeito eu diria, mas eu senti uma vontade incontrolável de comer sorvete de creme com pêssego, então eu me levantei rapidamente, assustando-o.

–O que foi agora?

–Preciso ver uma coisa.

–Ver o que? –Ele perguntou, mas eu não respondi, simplesmente desci as escadas rapidamente. –Responda Granger! –Eu o ignorei e cheguei à cozinha, abrindo a porta da geladeira procurando o sorvete.

–Que droga! Acabou o sorvete! –Fechei a porta da geladeira e me sentei de braços cruzados. Eu só queria um sorvete!

–Desceu até aqui correndo só por causa de sorvete? –Ele disse me olhando como se eu fosse louca. –Está com desejo?

–Se desejo significa ficar pensando só em sorvete de creme com pêssego então sim, eu estou com desejo. Mas agora o sorvete acabou. –Bati o pé fazendo birra.

–Ronan comeu o resto hoje à tarde.

–Vou dormir. –Me levantei triste e segui em direção ao quarto, mas ele andou até mim e ficou parado na minha frente com um sorriso.

–Espere aqui, eu vou comprar pra você.

–Sério? –Perguntei com um sorriso enorme.

–Sério. É sorvete de quê mesmo?

–Eu vou com você, só me dá um minuto.

–O quê? Não! Fique aqui deitada, eu vou voltar rápido.

–Aah não! Eu quero ir!

–Vai adiantar se eu insistir pra você ficar?

–Provavelmente não. –Falei rindo.

–Por favor, já está frio e você ainda vai tomar sorvete, deixe que eu trago pra você? –Eu neguei e ele revirou os olhos. –Estou esperando na sala. –Assenti indo beijar sua bochecha, mas ele virou o rosto fazendo-me dar-lhe um selinho.

Em seguida lhe dei um tapa fraco no braço e subi as escadas. Coloquei uma roupa bem quentinha, deixei meus cabelos soltos e passei um batom escuro. Quando voltei para a sala eu o encontrei sentado me esperando.

–Está linda senhora Malfoy.

–Só não vou te bater e nem te xingar porque você pode desistir de me dar sorvete. –Ele riu.

–Sabe que está tarde e podemos não encontrar sorveteria nenhuma aberta não é?

–Sei, mas eu quero tanto o sorvete!

–Então, vamos? –Assenti e ele andou em direção á porta.

–Não vamos aparatar?

–Não, vamos de carro.

–Demora mais.

–Não vou aparatar com você grávida. –Eu revirei os olhos. –Vem? –Assenti e resolvi não discutir.

SORVETE! SORVETE! SORVETE! SORVETE!

Entramos no carro e Draco ligou o som. Estava tocando “Worth It” e eu estava cantando animada. Passamos por três sorveterias e todas estavam fechadas, mas minha vontade de comer sorvete não parecia se importar com isso.

–Vamos voltar Draco, não vamos achar nada aberto hoje. –Choraminguei.

–Vamos ir a mais uma, se estiver fechada nós voltamos okay? –Assenti e ele voltou sua atenção ao trânsito.

Depois de procurar uma sorveteria finalmente achamos. Ela já estava fechando, mas após pedir – ou implorar – nos deixaram comprar sorvetes e sair rápido. Estávamos tomando nossos sorvetes sentados no banco da praça perto do carro enquanto conversávamos.

–Está gostoso? –Ele perguntou comendo sorvete de flocos e eu assenti sorrindo. –Só você mesmo pra me fazer ir atrás de sorvete há essa hora.

–Não me culpe. –Falei rindo. –Diga isso ao nosso filho.

–Okay, eu digo. –O loiro pegou minha mão me fazendo ficar de pé diante dele, que me entregou seu sorvete e segurou minha cintura. –Filho, tudo bem a sua mãe ter desejos, mas da próxima escolha algo mais fácil ou então um horário melhor. Você poderia ter ficado sem sorvete. –Eu gargalhei e ele beijou minha barriga e me soltou para que eu me sentasse de novo. –Meg me perguntou se já escolhemos os nomes... Tem alguma ideia?

–Não e você? –Perguntei comendo mais um pouco. QUE SORVETE BOM!

–Escolhemos depois. –Balancei minha cabeça concordando. –O que você se lembra do seu 6° ano?

–Muito pouco, parece incompleto pra mim, mas tenho uma lembrança de nós dois. E você? Do que se lembra?

–Nada muito agradável.

–Por que “nada muito agradável”?

–Apenas brigas em que Lucius queria te matar e quando me tornei um Comensal da Morte.

–Harry me disse que ele o obrigou. Ele te torturou?

–Não, na verdade eu não me lembro por que me tornei um deles, só me lembro de brigar com ele e depois aparatar. Blás disse que foi por que eles iriam matar você.

–Me desculpa... Eu não queria que ele tivesse feito isso com...

–Tudo bem, mais cedo ou mais tarde iria acontecer mesmo. –Ele respondeu indiferente dando de ombros.

–Não Draco, não está tudo bem! Ele fez isso com você por minha causa e eu sei que essa Marca dói!

–Não dói mais desde o fim da guerra. –Ele olhou pra mim e suspirou triste. –Hermione não precisa ficar assim, está tudo bem, a guerra já acabou e isso aqui não faz diferença nenhuma.

–Faz sim, imagino o que você deve ter sofrido por causa disso.

–Vamos mudar de assunto? –O loiro pediu, mas eu ignorei.

–Dói quando eu toco? –Perguntei levando lentamente minha mão.

–Não. Esquece isso, está tudo bem. –Ele me deu um selinho. -Vamos? Se Annia acordar e nenhum de nós estiver em casa ela pode ficar preocupada.

–É vamos.

Mas quando chegamos não era Annia que nos esperava e sim Blásio, Luna, Harry, Gina, Rony e Meg, todos sorrindo.