~Pov Meg

Há muito tempo eu estava chorando em frente aquela casa. Disseram que assim que Annia pudesse sair, eles abririam a porta para a pequena, mas até agora nada. Eu estava abraçada a Rony, pois os gritos de meu irmão podiam ser ouvidos por todos nós. Eles estavam me destruindo. Depois de um tempo começamos a ouvir os de Hermione também, e então o silêncio. O mais duro silêncio.

–Rony, será que eles...? –Perguntei e ele me apertou em seus braços.

–Não pense nisso, amor.

Olhei para a porta da casa, e vi uma pequena andando em nossa direção com a cabeça baixa, as roupas sujas de sangue e lágrimas nos olhos. Eu rapidamente soltei meu marido e corri até ela, pegando-a no colo e abraçando. Apertando-a em meus braços agradecendo a Merlin por ela estar viva depois de tudo aquilo.

–Graças a Merlin! –Todos correram até nós, parando ao meu lado a olhando de forma preocupada. -Como você está querida? Eles fizeram alguma coisa com você? –Ela ficou calada e voltou a me abraçar.

–Aconteceu alguma coisa com seus pais? –Harry perguntou se ajoelhando e ficando diante dela, que não respondeu. –De quem é esse sangue?

–Annia, está ouvindo? –Rony perguntou pegando na mãozinha dela. Ela apenas o encarou, os olhos brilhantes pelas lágrimas.

Assim que eu a soltei, ela pegou Blás pela mão, puxando-o em direção a casa, mas ele parou.

–Annia, olha pra mim? –Blás pediu e ela se virou olhando em seus olhos. –Seus pais estão...? –Annia não respondeu de novo, apenas voltou a puxá-lo. –Querida, a casa está trancada, não podemos entrar aí.

Mas Annia não disse nada, apenas foi até a porta, girou a maçaneta e ela se abriu. Todos nós pegamos as nossas varinhas, esperando que os comensais nos atacassem, mas assim que entramos vimos a casa destruída e vários Comensais caídos no chão.

–O que aconteceu aqui? –Gina perguntou olhando o lugar. –Quem fez isso pequena? –Silêncio. –Sua mãe? –Ela balançou a cabeça levemente. –Ela está bem?

Annia virou as costas e saiu andando, ainda puxando o Blás pela mão. A seguimos até os fundos, e ela abriu a porta pra nós. Lá não vimos nada além de Hermione com o braço cortado caída no chão e Draco completamente machucado, caído ao lado dela. Os dois estavam de mãos dadas e com os olhos fechados.

–Meu Merlin! –Gina disse levando a mão á boca, chorando ainda mais.

–Você viu tudo o que aconteceu? –Luna disse pegando Annia no colo, mas a pequena apenas escondeu o rosto nos cabelos da loira, deitando-se em seu ombro. Foi quando começamos a ouvir os seus soluços. –Vou levá-la lá pra fora, isso é demais para uma criança de 5 anos. Se ela disser algo eu aviso. –Ela secou suas lágrimas e saiu carregando minha sobrinha.

–Eles...? –Perguntei, as lágrimas caindo mais e mais. Blás se aproximou para verificar, seus olhos também estavam marejados.

–Não, eles estão vivos, estão respirando. –Todos nós soltamos o ar aliviados.

–Graças a Merlin! –Eu disse abraçando Rony.

–Temos que levar esses comensais pra Azkaban. Aqui não estão todos os fugitivos, mas é um começo. Não temos muito tempo, logo eles irão acordar. –Harry falou. –Blásio, você e Rony podem levar a Mione e o Draco pra casa? –Os dois assentiram. –Eu vou ver quantos são. –Harry saiu voltando alguns minutos depois.

–Algum sinal de Lucius? –Rony perguntou.

–Nenhum, nem dele e nem do Nott.

*-*

Após levar Draco, Mione e Annia até o St. Mungus lhe dando os devidos cuidados e avisar ao trabalho dos dois o que aconteceu nós voltamos para a Mansão. Os dois continuavam desacordados, então os colocamos deitados na cama. A pequena ainda não falava nada, estava em choque com tudo o que aconteceu.

Cinco dias haviam se passado e nenhum dos dois havia acordado, assim como Annia não havia falado nada, apenas ficava quieta encarando os pais no quarto, nem sequer queria comer ou dormir. E mesmo depois de tudo ela ainda não respondia o que havia acontecido. Estávamos revezando, cada dia era um que ficava no quarto de Draco e Hermione com ela. Até as crianças estavam preocupadas.

Hoje era minha vez de ficar. Ela ficou olhando os dois a noite toda, fazendo meus olhos se encherem de lágrimas. Eu não queria que minha baixinha ficasse assim, aquilo me machucava tanto! Quando uma única lágrima minha caiu ela se virou, olhando em meus olhos e em seguida a secou, voltando a olhar para os pais.

–Está com fome? –Perguntei pela manhã e Annia negou. –Mas você tem que comer se não pode ficar doente. Você não quer estar doente quando seus pais acordarem não é? –Ela olhou pra mim e em seguida para os pais, se levantando em seguida e pegando minha mão, me puxando até a cozinha.

Todos nós fomos tomar nosso café da manhã. Eu estava preparando o favorito da pequena, que apenas olhava para os dois lugares que sobravam na mesa.

–Annia, eu peguei isso pra você. –Disse Ronan estendendo-lhe uma rosa amarela que havia pegado no jardim. Ele e os meninos tentavam de tudo para que ela falasse alguma coisa, mas como sempre ela ficou em silêncio, apenas deu um leve sorriso, agradecida.

–Alguma novidade? –Blás perguntou a olhando de forma preocupada e eu neguei, fazendo suspirar cansado.

Foi quando a imagem de uma Hermione cambaleando, com as mãos na cabeça apareceu na cozinha fazendo todos arregalarem os olhos.

–Ai minha cabeça...! –Ela começou a dizer, mas quase bateu na porta ao passar.

–Mione você...?! –Rony falou sorrindo enquanto a olhava.

Annia parecia não acreditar, nem se mexia, mas estava sorrindo como nunca. Havia lágrimas em seus olhos, essas de felicidade. Foi quando Hermione não se aguentou e desmaiou. Harry correu e conseguiu pegá-la a tempo, colocando-a deitada no sofá.

A pequena nem terminou de tomar seu café da manhã, não queria sair do lado da mãe. Ela ficou ali encarando-a enquanto a morena dormia. Ela sorria pela mãe ter acordado, mas ainda continuava calada.

–Não acham que se a Herms acordou o Draco também deve ter acordado? –Perguntou Gina sorrindo.

–Ronan, sobe lá e vê se o tio Draco acordou. –Blás pediu e o garotinho assentiu, subindo as escadas correndo.

~Pov Draco

Ao abrir os olhos a claridade parecia queimar meus olhos. Minha cabeça doía muito, assim como todo o meu corpo. Eu me sentei na cama soltando alguns gemidos e levei minhas mãos à cabeça, me lembrando do que aconteceu. A última coisa que eu vi antes de apagar foi uma varinha apontada em minha direção.

–Tio Draco? –Alguém chamou e quando olhei para a porta lá estava Ronan. Parecia feliz ao me ver com os olhos abertos.

–O que foi? –Perguntei e ele se sentou na cama também.

–Finalmente você acordou! –Ele sorriu e me abraçou, me fazendo sentir algumas dores, mas mesmo assim retribuí. –Está tudo bem?

–Está sim.

–Não se preocupe, a tia Herms e a Annia estão lá na sala. As duas estão bem! E agora que você também está a Annia pode sorrir e falar mais uma vez!

–Quem? –Perguntei. Aquele menino tinha enlouquecido? Do que ele estava falando?

–A tia Hermione e a Annia.

–Quem são essas?

–Sua marida e sua filha.

–Marida? –Perguntei rindo. –Você quis dizer esposa.

–Tanto faz. –Ele deu de ombros.

–Espera aí. –Me levantei rapidamente, ficando um pouco tonto e tendo que me segurar para não cair. –Eu não sou casado e também não tenho filha.

–Então o que é isso na sua mão? –Olhei para minha mão e realmente encontrei ali uma aliança.

–Eu não sei! O seu pai! Chame ele aqui! Rápido Ronan! –Falei desesperado fazendo-o arregalar os olhos.

Ronan saiu do quarto e desceu as escadas rapidamente. Será que é verdade que eu sou casado? Não pode ser. Eu NUNCA me casaria, e muito menos teria filhos. Só pode ser uma brincadeira do Ronan, só isso explicaria. Mas se bem que ele não parecia estar brincando quando falou. Oh meu Merlin, eu me casei?!

~Pov Narradora

Hermione finalmente abriu os olhos. Annia olhava tudo atenta, mas tinha certeza de uma coisa: ela não a reconheceria, assim como seu pai. Sabia o que Lucius tinha feito, e isso deixava a pequena cada vez mais aflita, pois sabia também o que aconteceria se o feitiço fosse feito de forma errada, e isso não era nada bom.

–Mione, você está bem? –Luna perguntou ajudando a amiga a se sentar.

–Estou. –Ela respondeu olhando para todos na sala, mas seu olhar parou na pequena que tinha os cabelos castanhos, a pele um pouco pálida, os olhos grandes e azuis acinzentados brilhando ao vê-la. –Quem é você, linda?

–Ninguém. –Pela primeira vez em cinco dias Annia falara alguma coisa. Alguma coisa que deixou todos ali confusos.

Todos estranharam a pergunta e a resposta recebida. Logo em seguida, Annia saiu correndo da sala, chorando. Não sabia se ficava feliz pelo feitiço ter dado certo e seus pais não terem enlouquecido ou se ficava triste, pois eles não a reconheceriam. Rony seguiu a menina até a biblioteca, onde agora ela se encontrava. Estava sentada no mesmo lugar onde conversara com seu pai há alguns dias.

–O que foi aquilo, Annia? –Ele perguntou preocupado e a menina não respondeu. –Meu anjo, nós precisamos saber o que houve para conseguir ajudar.

–Mamãe e papai não sabem mais de mim, nem deles, é como se eu não existisse e como se eles não se conhecessem!

–Que feitiço Lucius usou nos dois? –A menina abraçou o tio apertando-o enquanto tudo o que havia presenciado passava mais uma vez em sua cabeça.

–Obliviate. –Ela sussurrou com medo.

Assim que pediu Ronan, Alvo e James pra cuidar da pequena, Rony voltou para a sala. Hermione estava comendo e Blásio tinha acabado de subir, a pedido de Draco.

–Descobri o que houve.

–Então fala, por que não estamos entendendo nada. Hermione não se lembra de várias coisas! Como ela pôde perguntar a Annia quem ela era? –Gina disse baixinho cruzando os braços.

–Lucius usou obliviate nos dois. Hermione e Draco não se lembram um do outro, e como consequência não se lembram da Annia.

–Isso não pode estar acontecendo!

–Temos que contar pra eles. A baixinha não vai aguentar se deixarmos isso assim.

–Contar o quê? –Hermione perguntou saindo da cozinha e ninguém respondeu. –Por acaso estão escondendo algo de mim?