— Thalia? — Jason indagou, andando rapidamente para perto da irmã. O barulho de uma bexiga estourando invadiu o local, logo após o silvo de um “língua de sogra” murchando devagar. — Está tudo bem?

— Quem são essas pessoas? Por que estão na nossa casa?

— Seus amigos. — Quem se pronunciou foi Piper, tentando acalmar Thalia.

— Quase enfartei! Eu tive um dia péssimo, ok? Tudo o que eu queria era chegar em casa e descansar. Agora, por favor, se retirem.

Todas as bocas se abriram em um “O “perfeito, exceto a de Annabeth. Thalia não gostava de surpresas e, se realmente teve um dia ruim, iria tocar cada um daquela casa sem dó e nem piedade. Alguns jovens murmuraram, criticando a atitude de Thalia.

— Saiam! — Gritou ela para os que a maldiziam, abrindo a porta. — Saiam logo da minha casa. Alguém mais vai falar mal de mim? Se forem, poupem meu tempo e saiam.

E, deixando a porta aberta, correu pelas escadas até o andar superior. Alguns dos jovens lamentaram por terem perdido a festa, outr0os já estavam do lado de fora, xingando a Grace de olhos azuis elétricos de todos os palavrões conhecidos. Annabeth, Percy, Jason, Piper, Rachel, Hazel, Frank, Leo, Calipso, Reyna e Nico foram alguns dos que ficaram.

— E então, Grace, vamos ter uma festa ou não? — Indagou Connor Stoll.

— Preciso conversar com a Thalia, ela não gostou da surpresa. — Jason disse, cansado. — Deem-me um minuto.

— Estou com fome. — Queixou-se o outro Stoll, Travis.

Sem responde à queixa, Jason subiu as escadas. Segundos depois, a voz de Thalia soou aguda e alta por toda a casa.

— EU DISSE QUE NÃO FAÇO QUESTÃO DE FESTA! VÁ A MERDA, IRMÃOZINHO. Todos os presentes se encararam, concordando que ninguém contaria a Jason que conseguiram ouvir sua irmã. Quando o loiro voltou à sala, pedindo desculpas pela festa ter falhado, Annabeth teve uma ideia.

— Jason,posso falar com ela? — Indagou.

— Não acho que ela vá querer...

— Por favor, eu preciso tentar.

Quando ele concordou, ela foi ao quarto da amiga,que estava abarrotado de posters do Green Day e sapatos jogados no chão.

— Ótimo, Jason mandou você aqui. Quem vai ser o próximo? — Resmungou Thalia.

— Bom dia para você também. — Disse Annabeth, tentando ser simpática. Ela conhecia o jeito da amiga, quando estava irritada, era como um vaso de vidro: Deveria ser manuseado com cuidado, caso contrário quebraria e os cacos machucariam quem estivesse ao redor.

Apesar de que Thalia jamais seria um vaso de vidro, estava mais para uma bomba atômica.

— Você também armou essa festa? Se o fez, devo dizer que não é mais minha amiga.

— Não, Thalia, eu não planejei a festa.

— Nesse caso, sua decência ainda não decaiu no meu quesito. Agora,por favor, saia do meu quarto e tire todos da minha casa.

— Seja racional, Thal. Seria falta de educação mandar essas pessoas embora.

— E desde quando eu sou educada? Sinceramente, pouco ligo para o que falarão de mim, desde que eu fique sozinha em casa. E,por favor, tire o Jason da minha frente, não quero se presa por assassinato.

— Thalia...

— É sério! Agora quero que saiam todos da minha casa. Você tem ideia do quanto é difícil ter um dia ruim e uma festa que não desejava?

— Afinal, o que aconteceu de tão ruim no seu dia? — Indagou Annabeth,fitando a calça verde da amiga.

— Não é da sua conta, não é da conta de ninguém. Agora eu quero que saia, estou começando a me irritar com você.

O plano de Annabeth não estava dando certo, então ela decidiu seguir seu plano B: Mexer com os sentimentos e memórias.

— Thalia, lembra-se de seu aniversário de nove anos? Você não queria uma festa, e quando seu pai disse que faria uma mesmo assim, você fugiu de casa.

— Eu não fugi, só peguei um ônibus e fui para sua casa, em Boston.

—Sim, mas isso não vem ao caso. Enfim, quando minha mãe avisou Zeus que você estava em casa, ele foi te buscar. Quando você voltou a NY, teve a festa mesmo assim e, quando ela acabou, você me ligou e disse que foi a melhor festa da sua vida.

— Toda festa com doces e cama elástica seria boa naquela época, Annie.

— Não seria, não. Assim como hoje, você rejeitou a festa e acabou se arrependendo. Que tal se, em nome do passado, você desse uma chance para o dia de hoje? Aquela galera lá embaixo só te deseja alegria, Thal, somos seus amigos.

Thalia suspirou.

— Mencionar o meu aniversário de nove anos é trapacear.

— Nesse caso, chame-me de mestre da trapaça. E, se você não descer, não vai receber meu presente que, modéstia à parte, eu achei sensacional.

Os olhos azuis de Thalia brilharam.

— O que você comprou?

— Se ficar no quarto, nunca saberá. — Annabeth disse, dando de ombros. Levantou-se do chão e caminhou até a porta. — Você vem ou não?

Caminhou lentamente, com um sorriso no rosto. Mentalmente, contou até três, e ao terminar a contagem, ouviu os passos de Thalia.

Annabeth 1 X Mau humor 0.

Quando desceram as escadas, todos os olhares se fixavam em Thalia.

— Como conseguiu arrastá-la para cá? — Jason disse, com a boca escancarada.

— Mágica dos Chase, sempre funciona.

O rapaz sorriu, depois deu um abraço na irmã.

— Que a festa comece! —Travis Stoll gritou, animado.

Os poucos restantes também gritaram e uma música animada começou a tocar. Annabeth apressou-se e ficou ao lado de Percy, que cantava a música com sua voz desafinada.

— Tell me what you want, what you like it’s okay…

— I’m a little curious too. — Annabeth pôs-se a cantar também. — Tell me if it’s wrong, if is right I don’t care. I can keep the secret, can you?

Percy sorriu, animado por sua namorada ter cantado também.

— Got my mind on your body and your body on my mind. Got a taste for the cherry I just need take a bit.

Grover interrompeu o dueto quando chegou gritando:

— Don’t tell your mother, kiss one another, die for each other. We’re coll for the summer!

— Credo, Grover. — Queixou-se Annabeth. — Sua última frase me deixou surda.

O rapaz riu, com sua touca rastafári.

— Como se sua voz fosse digna de ganhar o The Voice.

Percy e o amigo caíram na risada, continuando a fazer piada sobre a voz de Annabeth. A garota fingiu se zangar.

— E quanto a você, Percy? Sua voz parece um cabrito gritando com convulsão.

Percy arregalou os olhos enquanto Grover ria, dando tapas nas costas do amigo para expressar intensidade.

— Cara, vocês tem sérios problemas. Antes que briguem, vou sair daqui.

Antes que um deles pudesse se queixar, Grover saiu rapidamente. Annabeth encarou Percy, com um sorriso no rosto.

— O que foi? — Ele perguntou, também sorrindo. — Ficou apaixonada por minha voz?

— O conjunto voz e uniforme do Aquaman me fez cair aos seus pés. — Ela respondeu, entrelaçando os braços no pescoço de Percy. Agora seus rostos estavam a centímetros de distância e era possível sentir a respiração do outro. Naquele momento, não precisavam de palavras, apenas se beijaram.

Até que alguém acertou uma bolinha de papel na cabeça de Annabeth.

— Ai! — Ela separou-se do namorado, olhando para trás. Deparou-se com Leo Valdez e, para maior surpresa, Nico rindo.

— Como eu disse, nenhum amor resiste à bela bolinha de papel. — Disse o filho de Hefesto. — A sedutora bola de papel.

— Nico está rindo? — Indagou Percy. — Essa festa acabou sedo boa, afinal.

No mesmo instante, o garoto parou de rir. Reyna, que Annabeth não tinha notado antes, lançou uma cara feia à Percy.

— Não precisava parar de rir, Nico.

Nico, que era uma pessoa reservada, levantou-se e disse que iria ao banheiro.

— Boa, Jackson. — Clarisse La Rue disse, brava. — Agora o garoto nunca mais vai se sentir à vontade.

Após dizer isso, deu as costas para o rapaz e saiu batendo os pés.

— Não fiz por mal... — Percy tentou se explicar para os presentes.

— A gente sabe. — Leo o confortou.

Antes que a situação piorasse, Thalia gritou:

— É hora de abrir os presentes!

Todos riram e se reuniram na sala de TV, ansiosos por ver o que tinha nos pacotes.