Through the pages escrita por mlna


Capítulo 5
Capítulo 5 - The only exception


Notas iniciais do capítulo

CARA, QUE DEMORA! Sério, pessoal, desculpa MESMO. Sei que alguns de vocês deixaram de acompanhar a história, e é culpa minha. Minhas aulas começaram na universidade e, como caloura, não posso dar mole. Além disso, umas outras coisas ruins aconteceram e eu me afastei do fandom, do twitter (@milestiltskin, pode seguir kkkkkk), enfim. Mas tô de volta e pretendo postar com mais frequência.
A música desse capítulo é "The Only Exception - Paramore."
Espero que amem :)



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Talvez, no fundo da minha alma, eu saiba

Que o amor nunca dura

E temos que achar outros caminhos para continuar sozinhos

E manter-se firme

Eu sempre vivi desse jeito

Mantendo uma distância confortável

Até hoje eu me contentava com a solidão

Porque nada disso nunca valeu o risco

Mas, querida, você é a única exceção

______________________________________

Como o bar em que Regina havia ido para tentar consertar toda uma vida distante de qualquer resquício de amor e afeto era apenas uma esquina distante de sua casa, o caminho de volta foi tranquilo e silencioso, apesar de a noite já ter se estabelecido por completo e o barulho das buzinas não desse uma trégua. Como se estivessem ensaiando internamente como seria a próxima cena, nenhuma das duas disse uma palavra no trajeto, e nenhuma das duas percebeu que suas mãos continuaram enlaçadas até que chegaram ao jardim da morena. Quando pararam a alguns metros da varanda, ambas suspiraram e deixaram uma fumaça fria sair de suas gargantas. Elas se olharam e Emma, apenas com os olhos, traçou todo o rosto de Regina, começando pela boca carnuda e convidativa. Subiu para as bochechas, que estavam coradas de ansiedade e medo. E, por fim, os olhos. O medo gritava pela cor castanha das íris de Regina, mas ele gritava para ser libertado. Era visível até para uma pessoa como Emma, que passou por tanta coisa em sua vida quanto Regina, que ela não queria mais sentir medo. Suas mãos se soltaram lentamente. Nenhuma das duas queria sair do calor que emanava da outra, mesmo com o inverno que mostrava para o quê veio.

“Pronta?”

Regina apenas acenou com a cabeça. Mesmo que não estivesse, ela não poderia recuar. Não depois de tudo o que Emma havia feito por ela.

“Aqui vamos nós.” Emma falou entre uma respiração aliviada.

As duas andaram até a porta e pararam antes que alguma delas pudesse abri-la.

“Vá em frente...abre.” A loira ofereceu um sorriso encorajador e recebeu em troca um olhar hesitante.

“Está tudo bem. Vai.” O tom de Emma era baixo e calmo e, antes que percebesse, sua mão já estava repousada sobre a lombar da aniversariante.

Após um suspiro, Regina abriu a porta lentamente e foi olhando para sua própria sala cautelosamente, como se acabasse de entrar na jaula de um leão. Seus olhos estavam bem abertos e em sentinela, aguardando o primeiro movimento da fera – das feras – que estava em seu recinto.

“Mãe! Você voltou!” Henry surgiu do meio das pessoas e foi correndo abraçá-la.

“Oi, Henry. É, acho que sim...” Regina deu a ele um abraço apertado e tímido, seus olhos nunca deixando os dos outros convidados.

“Eu sabia que a Emma ia te achar. Ela é demais, não é?” As duas se olharam e sorriram brevemente.

“Sim, ela é, querido.” Seus olhares permaneceram conectados por mais alguns instantes até que Regina o quebrou. A mulher limpou a garganta antes de começar.

“Boa noite a todos. Bem, eu não sei muito bem como explicar tudo o que acabou de acontecer aqui.” Ela gesticulou à sua volta com os braços. “Eu não estou muito acostumada com festas, amigos, enfim, com alegria.” Um sorriso triste foi oferecido a todos que estavam ali e foi o suficiente para que todos a perdoassem por ter abandonado sua própria festa. “Que comece a festa, então!” Regina encolheu os ombros e sorriu genuinamente, ainda tímida.

Todos comiam e bebiam, gargalhavam e compartilhavam as histórias do trabalho. Mary Margaret contava as últimas fofocas dos famosos – e de outros funcionários da redação –, Ruby tagarelava sobre seu sonho de viajar pelo mundo e até ter um lêmure de estimação e Belle, a colunista da seção de cultura, indicava bons livros para Henry. Em meio a todas aquelas risadas e bons momentos, o olhar de Regina pôde encontrar o de Emma, do outro lado da sala. Ofereceram uma a outra um sorriso de aprovação, alívio, e até encantamento. Foi a loira quem, sem nunca tirar aquele sorriso do rosto, andou na direção da outra jornalista. No caminho, pegou duas cervejas no cooler e entregou uma delas à Regina. “Eu sou uma jornalista séria e um pouco mais refinada!” A morena ergueu as sobrancelhas e ofereceu a Emma um olhar divertido. As duas riram um pouco, ainda que timidamente, mas logo a tal jornalista séria se rendeu à simplicidade de uma cerveja e uma boa companhia. Sim, afinal, Emma Swan conseguia ser uma ótima companhia.

A festa rolou maravilhosamente bem, todos os convidados comeram, beberam, dançaram - um amigo de Ruby, Graham, levou um rádio potente com uma playlist bem variada, para todos os gostos. Emma e Regina ficaram juntas durante a maior parte do tempo, se separando apenas quando Leroy, um funcionário que cuidava da manutenção do andar onde ambas mulheres trabalhavam, exagerava na bebida e vomitava em algum canto, fazendo com que uma das duas fosse lidar com ele e com a sujeira. Henry também se colocava no meio delas de vez em quando, e os três compartilhavam anedotas sobre suas infâncias, os tempos de colégio – Regina, por mais solitária que tivesse sido, guardava alguns episódios bem engraçados ou constrangedores em seu histórico – e de universidade e, segundo elas, o melhor e o pior momento de suas vidas, a redação do The Daily Mirror.

“Eu me lembro que,” Emma começou, em meio a risadas embriagadas “quando cheguei ao meu andar, com a caixa com meus pertences em mãos, eu estava olhando para o lado, procurando a porta contendo meu nome, quando um corpo apressado se chocou contra o meu, tipo assim, POW!, e, quando eu me virei rapidamente para ver quem era e começar a catar minhas folhas, caixas, porta-lápis, enfim, eu dei de cara com...adivinhe, Henry!” A loira manteve um sorriso aberto e cheio de expectativas.

“Minha mãe! Haha! Minha mãe que quase te matou!” O menino tentou dizer por entre suas gargalhadas gostosas.

“A sua mãããe, Henry! Foi essa mulher, essa mulher...” Emma apontava para Regina com as palmas abertas, como se mostrasse a um colecionador uma obra de arte raríssima “ela veio com tudo pra cima de mim, fazendo cair a minha caixa, as minhas canetas, o meu queixo, a minha razão... Henry, Regina Mills esbarrou em mim e acho que nunca consegui me desgrudar dela! Hahahahaha, ai, ai...” A loira bateu a mão na perna ao gargalhar e enxugou uma lágrima que estava prestes a cair enquanto se recompunha.

Regina sentia suas bochechas arderem de vergonha, e ela tentava disfarçar a emoção com um sorriso, mas falhando. Henry olhou para sua mãe, suprimindo uma risada. Quando ela olhou de volta, não resistiram e caíram na gargalhada.

“O quê? O que houve? Estou ridícula? O que eu disse?” Emma arregalou os olhos e sorriu, sem saber realmente do quê estavam rindo.

“Não, Ms. Swan. Você não está ridícula. Você é ridícula. E está bêbada. Quem foi mesmo que te convidou pra essa festa?” Regina piscou para Henry ao dizer a última frase. Como que num sinal verde, a piscadela soou mais como uma permissão para que a campainha tocasse. Embora a música estivesse alta, a aniversariante conseguiu escutá-la. Aquilo de casas grandes e antigas. Caminhou até a porta e, sem mesmo olhar o olho mágico, ela a abriu. Seus lábios partiram. Seu sangue parou de circular. Seus pulmões, de respirarem. Puta que pariu.

“M-Mr. Gold... que surpresa...” Era tudo o que ela conseguia dizer. No menor dos passos, Regina o permitiu entrar em sua casa. Ela deixou o homem que, outrora, abusara dela, adentrar seu lar. “Que linda festa, Regina. Apesar de ter ficado bem triste de não ter recebido o convite, estou vendo que vou me divertir.” Disse com um sorriso sem o mínimo de humor, enquanto tirava seu casaco e o entregava para Regina, como se ela fosse sua empregada ou algo do tipo. A anfitriã sentiu sua bile subir até a garganta, mas se conteve. Em questão de segundos, Regina havia um plano. Ignorando sua prepotência, a morena deu a ele sua simpatia mais plastificada. “Certamente, irá.”

Correndo em passos curtos, Regina foi até onde Mary Margaret, a fotógrafa de celebridades, bebia com uns amigos. “Preciso de você. Agora. Urgente.”

“O que houve?”

“Não posso explicar agora. Só preciso que você tire uma foto de Gold quando eu der o sinal. Entendido?”

“O quê? Mr. Gold está aqui?” Mary começou a olhar em volta, escondendo seu copo desastradamente.

“Sim, ele está, mas não importa. Só preciso de uma foto. Pode fazer isso para mim?” Regina sussurrava em meio a música alta, de modo que só sua funcionária pudesse escutar.

“Senhorita Mills, eu não estou nem com a minha câmera aqui e-“ Mary tentou seu tom mais suave e apologético.

“Use qualquer aparelho. Um celular. Tome.” Regina a entregou seu celular pessoal. “Ms. Blanchard, eu te contratei por um motivo: você é a melhor. Consegue tirar foto até se te derem um pedaço de pedra. Agora vá, se posicione lá do lado de fora, na janela, e aguarde meu sinal, ok?”

“Ma-mas você me disse que sou incompetente e-“ A mulher engasgou.

“Dane-se o que eu disse! Sim, você é meio desajeitada, mas você é muito boa. Agora anda. E não se acostume com elogios. Esse será o último.” Regina balançou as mãos, a enxotando de onde estava, e a observou andar até o ponto combinado.

A jornalista caminhou apressadamente de volta para onde Emma estava e, antes que desse oportunidade para ela falar algo com sua voz bêbada, Regina disparou. “Pegue um copo. RÁPIDO. EMMA!” Emma saiu de seu transe olhando para a bunda de Ruby e seguiu as ordens de Regina. “Você conhece as artimanhas da enganação, não é? Quer dizer, você já foi uma criminosa e coisa e tal.”

“Sim, por quê?” Emma estava chapada demais para se importar com a indelicadeza da pergunta.

“Encha esse copo com água.”

“E agora?”

“Um pouco de vinho, para disfarçar.”

“Regina, o qu-“

“Shhh. Agora é a parte onde você entra. Coloque alguma coisa nessa bebida, sem cheiro, sem gosto, que faça Gold ficar doido. Malucão. Vai.”

“Eu não posso-“

“VAI. Será meu presente de aniversário. Por favor...” E Regina parecia saber fazer a imitação dos olhos de cachorro pidão de Emma como ninguém.

“Tá booommm. Sorte sua que sempre ando com um desses ‘remedinhos’ na bolsa.”

“Yessss.” Regina comemorou, cerrando os punhos e erguendo-os.

Emma retornou menos de trinta segundos depois, com o copo cheio daquela mistura letal.

“Consegue fingir que está sóbria?”

“É claro.”

“Tem certeza?”

“Tenho.”

“Então vá. Dê oi ao nosso querido chefe e o presenteie com um drinque de boas-vindas.”

“Regina, você não acha qu-“

“Emma.”

A loira bufou, mas logo se recompôs e se esforçou ao máximo para manter uma compostura inexistente. Foi bem sucedida, para variar.

“Boa noite, Mr. Gold. Aproveitando a festa?” Sem delongas, Emma lhe ofereceu o copo. Queria sair daquela situação o mais rápido possível.

“A sonoridade me incomoda. Boa comida, entretanto.” E seu chefe lhe ofereceu um sincero sorriso, também para variar. Aceitou a bebida e a cheirou antes de ingeri-la. “Um vinho barato. Regina deve estar passando aperto.” E engoliu. Tudo. De uma vez. O homem estava morrendo de sede, aparentemente. Emma enrolou o cidadão mais um pouco, conversando sobre os problemas da imprensa no século XXI ou algo tão chato quanto, quando pediu licença e zarpou dali. Encontrou-se com Regina no sofá onde estavam antes e Henry voltou a se aconchegar entre elas.

“Eu não quero falar sobre isso. Nunca. Regina, eu serei demitida. Por sua causa. Ótimo.”

“Hey, Swan, relaxa. Ele não vai se lembrar de absolutamente nada. Se dissermos que, depois desse primeiro vinho, ele desandou a beber todo conteúdo bebível dessa residência, o que não será mentira, a sua bundinha estará a salvo. De nada.”

“Qual o propósito disso?”

“Achei que você nunca mais queria falar sobre isso.”

“Ok, ok. Onde estávamos?”

É Henry quem responde, após sair de seus pensamentos sobre do que as duas poderiam estar falando. “Minha mãe te perguntou quem te chamou pra essa festa irada.” Ele diz, com um ar orgulhoso.

“Ah, sim. Olha, eu não me recordo do nome, mas foi um homenzinho muito baixinho, branquinho, de cabelos lisos... que brotou lá onde eu trabalho e, coincidentemente, você também, e que disse ser filho de uma morena linda, carrancuda, mas linda – na verdade, a mais linda do prédio inteiro! Ele simplesmente me chamou pra essa tal ‘Festa de aniversário da Regina Mills’ e eu aceitei. Trouxe alguns acompanhantes, mas nada demais, né?” Emma falou tudo aquilo ininterruptamente, só recuperando seu fôlego no final, soltando uma última risada e terminando enésima sua cerveja num longo gole. Regina e Henry se olharam divertidamente, Henry saiu de perto, rindo, para ir conversar com qualquer convidado que ainda estivesse um pouco sóbrio, deixando as duas mulheres sozinhas.

“Então... linda? E carrancuda? Mas, ainda assim, linda? E a mais linda do prédio?” Regina lançou para a loira, suas sobrancelhas arqueadas e, embora tivesse usado um tom sério, dava para se notar a descontração em sua expressão.

“É... nossa, quem disse isso? Loucura, né?” Emma tentou soar natural, mas seu nervosismo a entregou.

“Olha, senhorita Swan, eu juro que, se você não estivesse bêbada-“

“Você me beijaria?”

“O quê?”

Mas o momento foi interrompido por motivo de força maior. E mais poderosa. Um motivo chamado Mr. Gold O Editor Chefe Do The Daily Mirror Fazendo Strip Tease Em Cima Da Mesa De Sua Funcionária Regina Mills.

A dona da mesa deixou seu queixo cair rapidamente, mas logo se voltou para a janela onde Mary Margaret, sempre muito profissional, até fora de seu horário de expediente, estava à postos, e acenou. Ao perceber o sinal, a fotógrafa capturou cada momento daquela cena ridícula. Os convidados começaram a gritar, torcendo e assoviando em apoio ao chefe. Claro, estavam repudiando dele de uma maneira bêbada. Aquele velho era patético.

Regina se recompôs, assim como todos os convidados, depois que Gold desceu da mesa e foi se servir de mais uma cerveja. Gold bebendo cerveja. Hilário. Trágico. Deplorável. A morena voltou sua atenção para Emma. “Desculpe, o que você est-“

“Se eu não estivesse bêbada – o que não estou, de fato – você me beijaria?”

“Eu ia dizer que acharia que você estava falando sério. Quanto ao ‘mais linda do prédio todo’ e coisa e tal.” Regina retomou lentamente, um pouco desconcertada.

“Ah... sim... SIM, CLARO! Pfffft, que tolice. Tolice? Quem é que diz ‘tolice’ em pleno 2015?” Umas risadas patetas saíram sem intenção, e o semblante de Emma logo passou de bêbada perdida para uma bêbada sociável conforme ela limpou a garganta. “Regina, eu... me descul-“

“Não. Não precisa se desculpar. Não quero que se desculpe. Não hoje, pelo menos. Quero dizer, olhe só pra essa festa!” Após um silêncio esquisito e um longo suspiro, Regina continuou. “Eu sei que você não vai se lembrar disso e é exatamente por isso que vou te falar.” Mais uns instantes de silêncio passearam entre seus olhares, cravados um no outro. “Obrigada. Na verdade, muito obrigada por tudo. É sério, Emma, você é demais. Henry tinha razão quando disse que você é uma super heroína. Você é uma heroína no trabalho, quando escreve sobre os vilões e sobre como eles foram maus. Você é uma heroína quando me desestressa, se é que você me entende...” Ela deixou escapar um risinho pervertido. “E, Swan, você tem sido como uma heroína desde que esbarrei em você naquele dia, quando nossos olhos se encontraram pela primeira vez, quando te avaliei da cabeça aos pés pela primeira vez, percebendo o quão linda você é. Emma, desde aquele dia, eu te avalio da cabeça aos pés, só pra confirmar o quão linda você é, e eu falo de você pro meu filho. Eu te procuro quando estou triste, pra me satisfazer, e, quando acaba, eu quero mais. E mais. Você é minha heroína, minha droga. Céus, eu nunca, nunca falei tanto sobre sentimentos com alguém. Desculpe.”

Emma apenas a olhava, sem expressão, igual a um bêbado olha para o meio fio da calçada de um bar. Após um longo instante, quase eterno, a loira diz, suavemente “Parece que eu sou a exceção à regra, não é mesmo?” E ela sorriu, e fez com que Regina sorrisse, o que fez com que, após anos, a vida das duas estivesse voltando a sorrir também. Seus corpos foram se aproximando lentamente, como quando uma criança testa o magnetismo de dois imãs. Os olhos de Regina percorreram cada parte do rosto de Emma e, quando já sentiam a respiração quente uma da outra e o hálito ébrio da jornalista mais nova, foram interrompidas por uma presença.

“Emma, Regina, interrompo alguma coisa?” Era a voz de Mary Margaret. Regina tentou não soar irritada, mas, como sempre, falhou.

“Não, senhorita Blanchard. O meu... ahn, cordão enganchou na blusa de Emma, mas já consegui tirar.” E a morena ofereceu à fotógrafa seu sorriso mais nervoso.

“Ah, sim... só vim aqui para me despedir de vocês duas.” Regina se levantou. Ela não sabia o que fazer em seguida. “Levarei Ruby para casa, já que seu tanque já está transbordando de álcool”. Ao dizer isso, Ruby balbuciou um ‘Estou beeeem’, mas nenhuma das três deu muita importância. “Enfim, Regina, muito obrigada por nos receber em sua casa. Ela é linda. E Henry é adorável. Feliz aniversário.” Regina acenou com a cabeça, sorrindo legitimamente. Porém, seu sorriso se transformou numa careta de pavor e confusão quando Mary abriu os braços e a envolveu num abraço. Após alguns segundos, apesar de Regina não ter abraçado de volta e ter permanecido estática, ela fechou os olhos e se permitiu desfrutar daquela sensação, a qual, ela podia afirmar, nunca havia tido antes. Quando Mary estava se afastando, parou seu percurso ao pé do ouvido de Regina e sussurrou “Da próxima vez, certifique-se de usar um cordão, pelo menos.” Ao se afastar completamente, sorriu e deu à morena uma piscadela. Ela sabia. A paparazzi então se despediu de Emma, que estava quase tão ou mais bêbada que Ruby, e as duas morenas partiram. Depois delas, mais alguns convidados se despediram, e depois mais outros, todos usando abraços e beijinhos na bochecha como mecanismo. “Estou ficando boa nisso, você não acha?” Regina brincou, se direcionando a Emma. “Você está indo perfeitamente bem, Regi.”

“Regi?”

“Sim. Regi.”

“O que é isso? Algum remédio tarja preta?” Regina disse em meio a gargalhadas. Emma a acompanhou no ato.

“Não, sua boba. É seu apelido.” Ela respondeu, após se despedir do último convidado, Graham, o tal amigo de Ruby. Levou consigo o equipamento de som que nenhuma das duas notou ter sido desplugado e o silêncio ter se estabelecido. Estavam concentradas demais implicando uma com a outra para isso.

“E desde quando você tem permissão para me dar apelidos?” Emma apenas deu de ombros.

“O que aconteceu? Não me diga que agora você entrou na fase chata de bêbada, Swan. Porque, se for, eu-“

“Que fim levou Mr. Gold? Digo, o que fizeram com ele? E o que farão com as fotos?” Emma indagou, já parecendo melhor mentalmente.

“Ah, não se preocupe, August, da revisão, levou ele e Leroy de carro para algum lugar. Amanhã ele estará lá, tenho certeza. E, quanto às fotos, também não há motivo para pânico. Mandei Mary mandá-las a um amigo, editor de nosso jornal concorrente. Com sorte, amanhã aquela face nojenta daquele velho repugnante estampará a capa do The NY Times.”

“NÃÃÃO!” Emma gargalhou alto demais até para um bêbado. “VOCÊ SÓ PODE ESTAR DE SACANAGEM! HAHAHAHAHAHA REGINA, VOCÊ É A MELHOR!” Enxugou uma lágrima que caía na lateral de seu rosto. Num tom de voz normal e terno, ela continuou. “Regina, você é a melhor.” Elas trocaram um olhar inundado de humor, encantamento, fascínio, esperança e, por quê não? Paixão.

“Obrigada por hoje, Emma.” Seu sorriso era realmente humilde e vulnerável. Regina havia deixado Emma entrar. Não apenas em sua casa, mas em sua vida. E, junto com ela, Emma trouxe amigos que Regina nunca imaginaria em ter. E isso tudo era maravilhoso. Era inexplicável para Regina. Só havia um jeito de começar a explicar à Emma Swan tudo o que aquela noite havia representado para ela.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo ;]