Era uma noite chuvosa. John entrou no refúgio carregando quatro sacolas cheias de latas de comida e algumas pilhas. Logo se deparou com uma cena que o fez sorrir fracamente. Sua mulher, Cait, cantava e tocava um violão, sentada no chão, de frente pra dois jovens admirados, que observavam atentamente o movimento das mãos habilidosas da Ruiva.

Ele colocou as sacolas no chão silenciosamente, e se sentou ao lado de sua filha, Anna, a abraçando de lado em seguida.

– Oi filha.

– PAI! O SENHOR CHEGOU! - se jogou no mais velho, derrubando-o.

A mãe que antes tocava, parou e sorriu com a cena.

– Sim, sim. - o homem se sentou, colocando-a em seu colo - Trouxe pilha pro seu mp3.

– ÊEE!!! - deu um beijo no rosto de john seguindo para as sacolas - obrigado* pai!

Por mais que Anna já tivesse seus 14 anos, não deixava de agir feito criança na presença do pai. Amava os momentos juntos que tinham. Ela entendia, que todos os dias ao lado do pai, poderiam ser os ultimos... e valorizava cada segundo.

– E você rapaz? - chamou a atenção de Jake– Já aprendeu algo?

– SIM! - o jovem respondeu empolgado. - to tocando até aquela: tananan taranananan. tananan taranananan, tananan... - tentou imitar o som do violão sem sucesso.

– Porque não toca pra eu ver se reconheço?

– Okay!

Caitlin, que até agora não deu uma palavra, estendeu o violão para jake, instruindo-o antes de começar a tocar:

– Não abafe as cordas!

– Certo.

Logo ele começou a tocar o clássico: simple man. Dedilhando perfeitamente os acordes iniciais, acertando também os pequenos solos da musica e alternando muito bem as notas.

– Olha, já ta quase melhor que eu! - Cait elogiu o garoto, que dava um sorriso vergonhoso abaixando a cabeça...

– Valeu.

Anna, estava tão animada com as novas pilhas que correu para o quarto para inaugurar novamente seu mp3 que tinha ficado três longos meses parado, sendo seguida por Jake, que resolveu praticar um pouco mais o violão, deixando os pais a sós na sala.

– Você não parece muito animado pra quem acabou de voltar de uma "colheita" de sucesso. - comentou a cait dando um selinho em seu marido.

– É que... - suspirou, sorrindo tristemente em seguida - não foi um sucesso total sabe...

– O... o que houve amor? - perguntou preocupada com o estado do marido, que se encontrava com a voz embargada.

– Tem esse... - respirou fundo pra controlar as lágrimas e a voz, que já estava falha - mercado. O único ainda fechado. Totalmente. Aquelas portas de ferro baixadas e trancadas. Demorei bastante pra encontra-lo, não iria desistir sem tentar abrir. Dei voltas e voltas, achei umas ferramentas, consegui entrar, mas o barulho todo que eu fiz pra abrir a porta teve uma consequencia...

– Estaladores! - cait exclamou de olhos arregalados e com as mãos na boca.

– Não apenas estaladores. Tudo quanto é infectado que estava por perto foi atrás de mim. O pior, foi que tinham pessoas dentro do super mercado, que me acusaram de ter atraido-os pra seu esconderijo... - fez uma pausa.

– Queriam me fazer de isca. Iam me jogar pro meio daqueles bixos... - suas lágrimas agora caim sem controle - Eu... Eu não queria cait...

Abraçou a esposa chorando compulsivamente

– Eu não queria...

– O que...

– Eu matei eles cait... - interrompeu a provável pergunta de sua esposa - eu matei... pessoas...

– shh... - abraçou apertado o homem abatido que chorava em seu ombro - eles teriam feito o mesmo... veja bem... você não estaria em casa se não fosse por isso.

– eu sei mas... agora eu não tenho muita diferença daqueles canibais...

– CLARO QUE TEM! não diga besteiras. A situação foi completamente diferente! Eles poderiam ter ajudado você e você ajudado eles com os infectados. Mas eles quiseram, escolheram isso.

– Tem mais...

– Diga... - beijou a face do moreno secando as lágrimas de seu rosto.

– Eu... - chorou mais ainda - não... consegui...

– conseguiu o que meu bem? - falou docemente tentando acalma-lo

– Evitar...

– Evitar o que?! - perguntou agora aflita

– Uma mordida... - mostrou o antebraço, que antes estava escondido pela manga longa da sua camisa xadrez.

– John... - ela ficou estatica, sem palavras, desolada.

Ambos choravam. Em silencio, abraçados, num consentimento mútuo do que estava prestes a acontecer. Não precisavam de palavras. Cait sabia. Sabia que estava prestes a perder o homem que amava, seu porto seguro. E John, sabia o que precisava ser feito. Minutos passaram naquele abraço, e o homem logo tratou de se levantar, pronto pra agir.

– Amor.... o que eu digo pra eles?

– Diga que eu... fui atrás de mais suprimentos e... bem, como eu não vou mais voltar...

– Eu sei mas... você acabou de chegar com o nescessário pra 4 meses... fica ao menos até de manhã e diz que esqueceu algo...

John ascentiu um pouco incerto. Então foram pro quarto, onde o pior aconteceu...

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Amanheceu, Jake e Anna acordaram com um grito histérico de caitlin, e logo se dirigiram ao quarto em que se encontrava o casal. Se depararam com uma caitlin tentando afastar seu marido a todo custo, enquanto o mesmo atacava a esposa com todas as suas forças.

– PAI! - Gritou anna e jake ao mesmo tempo.

Anna chorava, sem acreditar no que via. Jake abraçou a mais nova, no momento em que cait, também chorando, pegou uma pistola e atirou na cabeça do homem que um dia fora seu marido.

– John... - sussurrou levando a arma também para a sua cabeça

– NÃO! MÃE! - Anna saiu do abraço de jake, segurando a mão de sua mãe a abraçando forte - Por favor... não me deixe também...

– É... preciso filha, - respondeu chorando... - Cuide dela Jake. - Olhou para o Rapaz que ainda estava estático parado na porta

– Por favor mãe... por favor - tentava tirar a arma da direção da cabeça de sua mãe, mas era mais fraca, então ela agora apenas se agarrava ao pescoço de cait, molhando-o com suas lágrimas.

– Me desculpe - sussurrou cait...

E então... Disparou.

"MÃE" Gritou anna desesperadamente abraçando o corpo inerte da sua progenitora, que agora pesava em seus braços. Repetia a mesma palavra, gritando, entre soluços, "MÃE, MÃE, MÃE..." Estava desolada. Perdida. Sem rumo. Jake, no momento em que se recompôs, chegou perto e retirou-a do cômodo. Por mais que a garota relutasse, se debatesse, forçasse, ela novamente não conseguia medir forças. O garoto de 22 anos conseguiu separa-la do corpo de cait e arrasta-la para o próprio quarto com mais facilidade do que anna desejava.

– Me larga! ME SOLTA!– Ainda se debatia entre os braços de seu amigo - ME DEIXE FICAR COM ELA!

– ELA SE FOI ANNA! - gritou agora jake revelando também suas lágrimas - ela... se foi... precisa aceitar isso.

– Não... - caiu de joelhos... - não aceito... ela não precisava ter...

– Anna, se recomponha! - segurou os ombros da mais nova - Ela foi mordia pelo john! Logo ela se tornaria uma infectada também... não queria te por em risco, entenda!!

A pequena ainda estava chorando, mas agora sua mente processava o acontecido, e aceitava os fatos.

– E agora? - perguntou com a voz chorosa - Não temos ninguém...

– Não se preocupe - abraçou-a novamente, dessa vez foi um abraço quente, reconfortante, que tentava transparecer segurança praquele momento trágico - Tudo vai dar certo. Ainda tenho você. E você ainda tem a mim.

– Eu e você? - murmurou ainda chorosa.

– Sim, eu e você... - beijou o topo da cabeça da mais nova.