Era apenas para ser mais uma missão idiota. Uma caça a Hollows, fugitivos do laboratório do Instituto de Pesquisa.

Mayuri ficara mais mal humorado que de costume.

Por causa disto ela mesma se prontificou a buscar as cobaias, que seriam usadas mais tarde em um experimento importante para a Gotei.

As criaturas estavam assustadas, elas exalavam muita reiatsu, o que significava que quase tinham uma placa de eu estou aqui.

Nemu não se preocupou em desembainhar sua Zanpakutou. Aqueles eram espíritos fracos que haviam sofrido muitos danos ao escapar da sela de contensão.

Os três eram iguais. Muito brancos, sem cabelo, com máscaras que lembravam um palhaço muito feio. Tinham dentes amarelados.

O do meio foi o primeiro a avançar, Nemu usara o braço para desviá-lo da rota de ataque.

Sorriu ao vê-lo bater com força contra as rochas.

“Ataques frontais nunca funcionariam”.

Inclinou o corpo um pouco para frente. Havia chegada à encosta de uma montanha rochosa.

Dali já era possível escutar o barulho da corrente de um córrego, que entrecortava toda a região.

Ela estava próxima do limiar entre o décimo distrito e o sexto esquadrão.

Kuchiki Byakuya não era tolerante a danos ao território de sua jurisprudência.

Por isto ela precisava ser prática e eficaz.

Restavam dois, e se havia algo que eles tinham feito muito bem era se esconder.

A shinigami continuou analisando a situação. Todos os fatores pareciam no lugar, mas ainda assim algo não parecia certo.

Foi quando uma voz masculina chamara-lhe a atenção:

_ NEMU CUIDADO! – A garota virou-se, tendo tempo apenas de usar o pé para empurrar o Hollow que mordera com força o seu ombro.

O movimento fez com que ela se desequilibrasse e caísse com tudo no chão, batendo com força a cabeça na pedra, ainda assim teve forças o bastante para chutar a criatura que plainou alguns metros no ar, até bater no chão num baque surdo.

Ela estava com a cabeça latejando. Seu ombro sangrava, e ela estava com as pernas bambas, por ter sido tão descuidada, ao errar um calculo tão simples.

Os Hollows podiam planar no ar. Seu “pai” não lhe disse nada disto. Alegou que eles eram fracos. Mas, Hollows fracos não mordem, com tanta força assim.

Além do mais quando, o ser cravo os dentes em seu ombro foi como se a sua reiatsu estivesse sendo sugada.

“Maldição”. – Nemu ergueu-se arfando, o suor pesava em seu rosto.

Havia mais um por ali. Mas, ela quase se lembrou disto tarde demais, o Hollow literalmente brotara da terra voando em sua direção.

Ela girou o corpo no chão, para escapar de uma investida perigosa.

Com agilidade pegara sua Zanpakutou tudo que precisava era desembainhá-la e cortar aquele incomodo em pedaços, que se danassem as ordens de seu pai, para não causar danos aos seus bichinhos.

Mas, muito antes que seu corpo se movimentasse, a criatura desintegrou-se em pleno ar, deixando para trás um som semelhante a um granido horrendo.

_ Nani? – O queixo dela pendeu para baixo e seus olhos ficaram quase tão grandes como pratos.

_ Você por acaso não ouviu o que eu lhe disse: Cuidado! – A sua frente aparecia o objeto de seus sonhos, nos últimos três anos.

_ Quincy! – Ela balbuciou ainda trêmula e confusa.

_ Hunf! Ishida Uryuu é o meu nome, ou até disto você esqueceu?

_ Eu nunca esqueceria! – A garota deixou as palavras escapar, arrependendo-se logo a seguir ficando corada.

Para sua sorte ou azar, Ishida pareceu não perceber “sua pequena falha”.

_ Acho que Mayuri Taichou não ficara nem um pouco feliz com a destruição de seu brinquedinho. – Ishida falou isto com um sorriso malvado. Era bom, ver aquele picareta se dando mal ao menos uma vez.

_ O que esta fazendo aqui? – Nemu perguntou erguendo-se dolorosamente. – Por acaso estava me seguindo? – Ela perguntou com o coração palpitando de nervoso, ansiedade e frustração.

Se sua atração secreta havia a seguido até ali, ela não deveria oferecer-lhe um vexame total como espetáculo.

Ishida não era o tipo que gostava de mulheres fracas e dependentes.

_ Isto mesmo. – Ishida falou ajeitando os óculos, sendo sua vez de corar.

_ E você não deveria fazer tanto esforço. – Ishida falou agachando-se ao seu lado, observando mais de perto o estrago feito pelo Hollow.

_ Esta ferida vai ser um problema se não for tratada logo. Se quiser eu busco Inoue, ela esta no subsolo do segundo esquadrão, auxiliando no treinamento do Ichigo. – Ishida falou não entendo por que Nemu fez uma expressão de total desagrado, quando ele mencionou o nome de Inoue.

_ Não preciso da ajuda daquela humana. – Dessa vez foi à vez de Ishida fechar a cara. Era irritante ver os shinigamis desprezarem quem não fazia outra coisa a não ser ajudar.

_ Oh, sim do mesmo jeito que não precisou da ajuda do Quincy aqui! – As palavras de Ishida vieram repletas de ironia.

A resposta foi um olhar de pura censura por parte de Nemu.

_ Eu não pedi que me ajudasse. – Ela falou virando o rosto para o outro lado. Estranhando aquela palpitação que tinha dentro de seu peito, aquela sensação de incompletude e irritação.

Naquele momento ela queria soca-lo. Ao mesmo tempo em que queria um pouco mais perto.

_ Er... Acho que quanto a isto a escolha não é sua. – Ele falou um pouco mal humorado aquela garota estava agindo de um jeito muito esquisito. – Eu teria ajudado de qualquer maneira.

_ Você só me ajudou por que me seguiu! – Ela falou com uma ponta de orgulho na voz.

_ E você nem sabe por que eu a segui? – Ishida perguntou em um tom voz, seu hálito batendo em seu queixo, seus olhos penetrando seu interior, lendo cada oscilação de seu corpo.

_ Por que é um enxerido? – Ela falou em um tom de zombaria.

Mas, ele não ligou a puxou para mais perto, ela não teve nem tempo de indagar o que ele estava fazendo, ela notou assim que ele a ergueu em seus braços.

Nemu queria dizer muitas verdades para aquele intrometido, mas estava com muita vergonha, para dizer o que fosse. Além do mais, seu perfume, sua respiração, os batimentos cardíacos tudo estava tão perto... Tão palpável que ela naquele instante só queria estar ao seu lado. Desfrutando sua companhia. De preferencia em silencio. Tudo para memorizar cada detalhe daquele momento que talvez fosse o único.

Contudo, tudo mudou. E não foi preciso muito mais que algumas palavras.

_ Gomensai, Nemu-san. Se eu te segui não é por que sou um enxerido ou coisa do tipo.

Ela fitou bem o semblante do garoto contorcido em insegurança, mas seu olhar era gentil, e o sorriso que ele dera depois, valeria qualquer chilique dado por Mayuri assim que soubesse do fiasco que fora sua missão.

_ Acontece que faço tudo para não perdê-la.

E aquelas palavras... Deram a certeza que aquela talvez não fosse a última vez que ela estaria em seus braços, e enquanto recostava a cabeça em seu ombro ela prometia que da próxima vez ela não estaria tão na defensiva.