Unforeseen escrita por UmaEscritoraAnônima


Capítulo 48
De volta


Notas iniciais do capítulo

Acreditam que eu perdi o capítulo de novo e tive que reescreve-lo? Tenho que ser mais cuidadosa com isso :v
Boa leitura u.u



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Abro os olhos em um pulo, puxando todo ar que consigo.

Vejo as coisas se embaralharem e a tontura cair sobre mim, tento me localizar.

Uma dor forte permanece no meu braço, me viro e me vejo com uma bolsa de soro presa a minha veia, isso nunca doeu tanto.

Um quarto vazio, um quarto meio desarrumado.

Desço os olhos até o restante do meu corpo. Puxo coragem para empurrar esse cobertor.

Levo os dedos e o puxo lentamente. Vejo uma faixa de pano ensanguentada, cubro a boca com a mão com o susto.

Giro o rosto olhando ao redor, deve estar no meio da noite.

Levo meus olhos de novo ao restante do meu corpo. Todo meu quadril permanece enfaixado, até em cima.

Parece que eu durmi uma eternidade. Parece que eu acordei de outro mundo.

A porta se abre lentamente, olho assustada para a pessoa que surge. Vejo apenas um borrão se aproximando. Fecho um pouco os olhos e tento reconhecer a imagem que se aproxima.

–--- Não acredito que você acordou! ---- ouço uma voz dizer

É uma voz feminina, definitivamente. Nego com a cabeça quando sinto mãos me tocando.

–--- Quem é você? ---- digo

–--- Amy sou eu, a Bárbara ---- ouço-a dizer ---- eu sei que vai parecer um choque mas, você sofreu um acidente, e..

A voz se torna uma voz de choro. Eu nem presto mais atenção em suas palavras, a encaro tentando medir suas palavras. Nego com a cabeça sem entender.

–--- E.. você estava em coma a duas semanas ---- ela completa

Ela afasta e enxuga suas próprias lágrimas.

–--- Daryl me pediu para ser o primeiro a ser avisado se você acordasse, só assim para conseguir que ele saia daqui ---- eu olho em seus olhos, Daryl! ---- ele não tirou os olhos de você desde que veio

Eu nego com a cabeça mais uma vez.

Ela junta as sombracelhas, as coisas estão mais claras agora.

O que está acontecendo? Imagina quantas coisas eu perdi! Pessoas podem ter morrido.

–--- Eu posso andar? ---- digo

–--- Temos muitos exames para fazer, não posso te dizer ---- ela explica ---- eu ainda não acredito que você acordou, eu achei que iria demorar um mês! Você é realmente dura na queda, ainda não estou acreditando! Imagina quando o Daryl souber

Nossa, que blá blá blá.

Tenho medo de perguntar se alguém morreu, se sim, quero que o Daryl me fale. Eu não acredito que eu estou 'dormindo' a duas semanas! Isso explica a tontura e a sensação de ter dormido uma vida inteira.

–--- Vai demorar para amanhecer? ---- pergunto

–--- Duas horas

–--- Você vai ficar aqui, né?

–--- Claro

Ela segura minha mão e tenta me mandar um sorriso. Ela é até legal, se não fosse daqui, eu levaria ela com a gente.

Meu braço dói muito, sinto meu corpo pesado, uma fome insaciavél, minha cabeça gira. É uma sensação horrível, sensação de acordar da morte.

Tento forçar um sorriso para ela. Ao amanhecer eu vou ver o Daryl, vou também..

Ouço um barulho vindo do corredor, meus pensamentos fogem. Nós duas encaramos a porta, que abre em um único movimento. Daryl surge na porta com um olhar preocupado, não acreditando no que vê.

Eu meço minhas palavras e penso no que vou dizer.

–--- Oi Daryl ---- tento dizer minha voz falha um pouco, é isso "Oi Daryl" ? Nossa, que consideração da minha parte.

Ele continua parado. Alô?

–--- Pare de me olhar assim Dixon, eu não morri ---- solto ironicamente, até libero um sorriso para ele perceber que estou bem

Bárbara percebeu tudo aquilo e se levantou, dando pequenos passos e cobrindo o rosto.

Ela passou por Daryl e nos deixou sozinhos. Não sei se foi a melhor coisa porque ele parece que viu um fantasma, e eu já estou ficando com medo.

Ele dá pequenos passos em minha direção, eu olho confusa para ele, que se senta na cama ao meu lado.

Eu continuo o encarando, as coisas vão ficando mais claras. Os borrões vão se apagando cada vez mais.

–--- É um sonho? ---- ele diz me encarando

O encaro querendo rir, sem pensar dou um tapa forte em seu braço. O estalo faz um som bem alto.

–--- Isso parece sonho pra você? ---- digo com raiva

–--- Cacete, isso dói ---- ele reclama

–--- Dã, ficar aqui também ---- retribuo

Ele me encara aliviado, sabe que estamos de volta. Nós dois estamos.

–--- Ei, eu estou bem ---- repeti o abraçando timidamente

–--- Me desculpa ---- ele me pediu

–--- Desculpar? O que? ---- disse me afastando

Ele maneia a cabeça de qualquer jeito. Não vai demorar muito para aquela lágrima cair.

–--- Eu estou bem, o inferno não me vence, lembra? ---- digo sorrindo ---- agora, será que eu posso sair daqui?

Ele manda um leve sorriso, eu retribuo. Que momento cut cut, mas isso realmente está doendo.

Bárbara surge magicamente na porta, entrando em silêncio. Nós dois viramos o rosto para encara-la.

O silêncio fica presente no lugar.

–--- Sabe se eu posso sair daqui? ---- perguntei

–--- É provável que não, por mais que você tenha se recuperado, acho que não foi o bastante ---- ela encerra se sentando em um par de cadeiras ao lado

–--- Vou pegar alguma coisa para você comer ---- Daryl diz se levantando

Eu sei o que isso quer dizer. Ele nunca tiraria os olhos de mim, mas aquelas lágrimas estão a ponto de cair e nós dois sabemos disso.

Sinto meu rosto se queimar e pressiono os lábios. O observo sair.

Bárbara me encara como se também entendesse aquilo. Afinal ela pode ter tido uma convivência mais pacífica com ele do que eu esse tempo todo.

Após dez minutos ele finalmente surge na porta com... argh, uma bandeja com coisas estranhas.

Não deixo de observar seu rosto, e como ele deve ter reagido ao sair daqui.

Ele se aproxima e se senta na cama, me estendendo a bandeja.

Pego o garfo e mexo no alimento.

–--- Nem reclame ---- ele diz percebendo meu desconforto

–--- É? Pois eu deveria ---- respondo ---- acabo de acordar e deveria ser recebida com um banquete, não com isso ---- vejo Bárbara sorrir, eu a acompanho, Daryl não resiste e também libera um sorriso

Ninguém resiste as minhas ironias infâmes. Mas, para ser sincera, só disse a verdade.

Me esforço para comer aquela comida enlatada. Se Daryl comeu isso todo o tempo que esteve aqui, merece outro abraço.

Me esforço para mastigar, meu maxilar parece que ficou preso de uma forma louca. É como se eu tivesse mascado muito chiclete, que horrível.

Daryl não tira os olhos de mim, é muita pressão psicológica.

Não vou ter minha rotina normal de volta, pelo visto.

Mas pelo menos.. estou de volta.

Ou quase.


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Notas finais do capítulo

Toda a emoção fica para o próximo, me desculpem :* heuheuheu Beijos *-*



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