Sins of Our Fathers escrita por Catherine


Capítulo 8
Eddard


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpa pela demora, mas entre trabalhar e estudar, tenho tido pouco tempo para escrever, mesmo assim, irei tentar postar um novo capitulo todas as semanas.
Re-li o capítulo imensas vezes à procura de erros, mas se deixei escapar algum, por favor avisem-me.
Espero que gostem! E não tenham vergonha de comentar.



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A convocatória chegou na hora que precede a alvorada, quando o mundo ainda estava quieto e cinzento. Alyn arrancou-o rudemente dos sonhos com um abanão, e Ned cambaleou para o frio da madrugada, tonto de sono, indo encontrar o seu cavalo selado e o rei já montado. Rhaegar vestia finas luvas pretas e um leve manto de pele negra, aparentemente não incomodado com o frio.

Ser Arthur estava ao seu lado, envolto em peles mais quentes, fitando-o com acrescido desdém após ter recusado assumir Alysanne como sua filha, com a honra e a verdade entaladas em sua garganta. Engoliu em seco, inclinando-se respeitosamente na direção do rei.

– Vossa Graça.

– Lord Stark – a voz do rei estava desprovida de emoções – Devemos partir imediatamente, um mensageiro trouxe noticias de movimentos selvagens, Mance Ryder pretende juntar as tribos – disse – Os vossos vassalos irão encontrar-nos na Muralha como combinado.

Cat não olhou na sua direção quando se despediu, e Sansa, tão igual a senhora sua mãe, desviou os olhos para o chão, apesar de Ned poder ver as lágrimas que se acumulavam no canto de seus olhos azuis. Sua filha mais velha segurava a mão direita de Arya, que permanecia estranhamente calada. Rickon agarrou-se à sua perna chorando e Ned abaixou-se para lhe afagar os cabelos, antes de entregá-lo a Jon, que terminava de se despedir de Robb.

– Cuide de minha família.

O sobrinho assentiu, esboçando um sorriso triste enquanto os via partir de Winterfell cerca de meia hora mais tarde. Após três dias de viagem as terras de cultivo tinham dado lugar à densa floresta, e a estrada do rei transformou-se num lugar solitário. As colinas de sílex tornavam-se ainda mais altas a cada milha, até se transformarem em montanhas pelo quinto dia, gigantes frios e acinzentados, com promontórios irregulares e neve sobre os ombros. Quando o vento soprava do norte, longas plumas de cristais de gelo voavam dos picos mais altos como se fossem estandartes. Com as montanhas a fazer às vezes de muro, a oeste, a estrada desviava-se para nordeste através da floresta, uma mistura de carvalhos com sempre-verdes e sarçasnegras. As noites do grupo eram animadas com os uivos de alcateias distantes, e de outras não tanto assim. Vento Cinzento erguia as orelhas ao ouvir os uivos noturnos, antes de levantar a própria voz em resposta. Era um som arrepiante.

Quinze dias depois, o grupo já tinha crescido. No limite da mata dos lobos juntara-se a eles um irmão negro, um tal Yoren, trazendo consigo um par de jovens camponeses esfarrapados originários dos Dedos.

– Violadores – disse Yoren com uma olhada fria aos rapazes a seu cargo.

Ned reparou que Robb observava Yoren e seus carrancudos companheiros com uma expressão estranha no rosto. O homem tinha um ombro torcido e um cheiro fétido, os cabelos e barba emaranhados, oleosos e cheios de piolhos, o vestuário era velho, remendado e raramente lavado. Os dois jovens recrutas cheiravam ainda pior; e pareciam tão estúpidos como cruéis. Compreendia a aversão do filho, eles em nada tinham em comum com seu irmão Benjen, o único patrulheiro que sua família conhecia.

Na décima oitava noite da viagem, um de seus homens chamou-o à parte, retirou um papel do cinto e entregou-lho. Ned desenrolou-o, agitado, pensando que poderia ser más noticias, mas a mensagem não dizia respeito ao seu filho Bran – Alguém mais sabe sobre isto?

O homem balançou a cabeça – Tive ordens para entregar-lhe a mensagem em mãos.

Queimou-a na fogueira e retirou-se para o abrigo, apagando da mente as palavras do homem que um dia chamou irmão. Promete-me Ned, sussurrou Lyanna em sua mente. Respirou fundo e fechou os olhos. Robert Baratheon preparava-se para cruzar o Mar Estreito, e Ned não sabia o que fazer com essa informação.

Alguns de seus vassalos já se encontravam em Castelo Negro quando o grupo alcançou a Muralha. Reuniram-se naquela mesma noite e nas noites seguintes discutindo possíveis planos, e não pôde deixar de sentir falta da inteligência e astúcia de Benjen, desaparecido algures Para-Lá-Da-Muralha.

– Devíamos partir agora! Antes que eles saibam o que os espera!

A voz de Grande Jon ecoou pelo salão, tão alta que Ned quase esperava que os escudos velhos, pendurados nas paredes e usados ao longo da história da Patrulha da Noite, começassem a tremer. Rickard Karstark e seus dois filhos mais novos juntaram-se a Pequeno Jon, concordando com as palavras de Lord Umber.

Ao seu lado direito, vestido completamente em negro, estava sentado Stannis Baratheon, agora Comandante da Patrulha da Noite. Ned esperava que Stannis fosse uma sombra do que fora um dia, após passar quinze anos na Muralha enquanto seus irmãos prosperavam noutros sítios, mas Stannis provava ser um homem difícil de quebrar.

Ned observou-o cruzar os braços e franzir a testa em desaprovação – Um homem que grita quando pode simplesmente falar, é um homem que age sem pensar – declarou num tom de voz duro – Só porque as suas palavras são ditas em voz alta, não as fazem parecer menos ignorantes, Lord Umber.

Grande Jon, como Ned previu, levantou-se de seu assento. Stannis poderia ser um homem largo e forte, mas perto da poderosa forma de Grande Jon, parecia uma criança – Se fizesse o seu dever em manter os selvagens longe das nossas terras, não estaria aqui a gritar!

– Um Lord que ignora ter o dever de defender as suas terras, é um Lord indigno de mantê-las.

– Seu...!

– Chega – a voz de Rhaegar suou mais alta que as restantes – Estamos à quase duas luas em Castelo Negro e tudo o que fomos capazes de fazer até agora foi lutar entre nós – Ned assentiu, concordando, antes de olhar na direção de Stannis.

– Agradeço-lhe a sua hospitalidade, Senhor Comandante, mas Grande Jon é meu vassalo. Insultá-lo é insultar-me. Os Stark têm sido amigos da Patrulha da Noite, não se esqueça disso.

Stannis apertou a mandíbula e levantou-se, caminhando na direção do mapa que Jory e Theo Wull haviam espalhado sobre outra mesa. Theo já havia ido para a guerra a comando de Ned, ajudando a recuperar Jon da Torre da Alegria. Agora, usava o negro da Patrulha da Noite e Ned estava contente por ainda haver homens como ele.

– Nenhum dos patrulheiros que enviei nas últimas luas regressou – disse – Cegar o nosso avanço é uma estratégia inteligente, mostra sinais de que têm algo a esconder.

– Como sabemos que os homens desaparecidos não se perderam? – perguntou Ser Jorah Mormont – Ou foram vítimas de alguns dos perigos além da Muralha.

– Assim como os Outros! – riu Torrhen Karstark, ganhando uma gargalhada de muitos, mas nenhuma dos irmãos negros. Jeor Mormont estava entre aquelas que desaprovavam a tentativa de humor.

– Todos aqueles homens foram bem treinados. Um grupo perdendo-se poderia até entender, mas um sob o comando do Primeiro Patrulheiro? Não acredito.

– Desertores então? – questionou Willam Dustin – É mais provável que a ideia dos selvagens fazerem desaparecer tantos homens.

– Benjen Stark é um homem de honra, não um desertor – defendeu Jeor, ganhando mais uma vez o respeito de Ned. Ao seu lado o rei soltou um suspiro entediado, movendo os seus olhos índigo pelos homens e avaliando, antes de pararem em Stannis.

Ned sabia que ele desconfiava constantemente do homem. Quando Stannis e sua pequena guarnição os tinham recebido duas luas atrás, os apertos de mão tinham sido curtos e distantes. Rhaegar parecia muito mais ansioso para cumprimentar o Meistre cego ao lado de Stannis, e Ned tinha encontrado um cumprimento caloroso em Jeor Mormont, que apesar da sua idade avançada, parecia tão forte quanto sempre e tinha grande orgulho da nossa posição como mestre-de-armas em Castelo Negro.

As boas vindas que mais lhe doeram vieram do homem que Ned melhor conhecia entre o pequeno grupo. Ethan Glover era um dos melhores homens que já conhecera. Isso fez com que doesse ainda mais, quando, numa tentativa de esmagar a sua mão com o aperto, Ethan tivesse cuspido no chão.

– Não me surpreende vê-lo aqui juntamente com aquele filho da puta – rosnou – A última vez que o vi, Lord Stark, estava ocupado beijando o rabo do dragão.

– Dobrei o joelho para ver justiça feita para meu pai e Brandon.

– Da última vez que conversamos disse exatamente essa porcaria – Ethan sorriu, aproximando-se de modo a que seus narizes quase se tocavam – Uso o negro agora, e posso-lhe dizer o que bem entender Eddard Stark – disse o seu nome com escárnio, antes de continuar – O senhor que ajoelhou, que perdoou o assassino do pai e serve o homem que trouxe a morte aos seus irmãos.

– Fiz o que era certo. Aerys foi o responsável por esses assassinatos – as palavras de Ned pareciam queimar o homem à sua frente.

– Estou grato por Brandon estar morto. Espero que ele descanse na ignorância de que o seu escudeiro tinha mais lealdade para com ele do que sua própria carne e sangue – Ethan virou-lhe as costas, começando a caminhar para longe – Brandon teria morrido por você, Ned. Ele sabia que família era mais importante que qualquer coisa. Aproveite o seu tempo na Muralha, Lord Stak, eu sei que aproveitei.

Essa tinha sido a primeira vez que Ned vira Ethan em quinze anos, e a última que ele veria o Primeiro Patrulheiro antes dele liderar um grupo de homens Para-Lá-Da-Muralha. Duas luas haviam-se passado desde então, e os seus homens estavam agora adicionados à lista de desaparecidos, ou mortos.

As suas palavras, no entanto, pairavam em seu redor.

Principalmente as partes sobre família.

A minha família vem primeiro, sempre veio. Virei-me contra Robert, por Lyanna. Mantive-me leal a Rhaegar, por Jon. Deixei a minha mulher sofrer na dúvida, por uma jovem que nem conheço. Tudo porque ela é família e para não manchar o nome dos mortos.

Era difícil pensar em sua família em Castelo Negro. Tudo o que tinha eram as cartas que Robb trocava com eles, e sempre que lhes tentava escrever, as suas palavras pareciam ocas e inúteis. Os primeiros relatórios de Jon sobre Winterfell tinham aliviado as suas preocupações, embora a noticia de que Roose Bolton se recusava a auxilia-los o incomodasse. Principalmente depois da mensagem de Robert.

Rhaegar saía da biblioteca com Meistre Aemon enquanto cruzava o pátio. Era uma visão estranha, mas caso o rei e o Meistre não estivessem juntos, Ned teria ficado surpreendido. Menos chocante fora saber que o velho cego tinha sido o motivo de Rhaegar viajar para a Muralha em primeiro lugar. Muitos haviam ficado boquiabertos ao ouvir o rei chamar Meistre Aemon de tio quando chegaram, e inclusive Ned não conseguia entender como um Targaryen na Muralha pudesse ser esquecido, pois seu pai nunca lhe falara de um. Tudo o que os dois homens pareciam fazer era conversar e passavam horas e horas todos os dias na torre do Meistre, perdidos entre pergaminhos que Samwell Tarly carregava para trás e para a frente da biblioteca. Arthur Dayne guardava a porta, e permitia somente a Tarly que passasse por ele.

Não estranhava que Stannis permitisse tal coisa, devido ao gesto de Rhaegar aquando da chegada à Muralha. Entre o seu grupo estavam cerca de mil homens do rei. E exceto vinte, todos se tinham voluntariado para vestir o negro a pedido de Rhaegar. Que ele tivesse tudo organizado previamente e nunca lhe tivesse contado, irritou Ned profundamente, embora a oferta fosse bem vinda. Aqueles não eram homens corruptos ou violadores como os dois que Yoren trouxera. Cada um deles era um guerreiro ou cavaleiro que o rei tinha recrutado para este fim. Rhaegar ficara somente com uma pequena guarda pessoal, mas contando com Ser Arthur Dayne entre o grupo, Ned adicionou uma contagem imaginária de dez homens a mais.

– Lord Stark – cumprimentou Rhaegar.

– Vossa Graça – respondeu, voltando-se para o mais idoso – Tive impressão que o Senhor Comandante o procurava, Meistre Aemon.

– Não me devo atrasar em meus deveres então – retrucou, assentindo – Peço desculpas meu rei, mas o Senhor Comandante aguarda-me.

– É claro tio – disse Rhaegar – Ser Arthur irá acompanha-lo.

– Já percorria estes caminhos antes mesmo de você nascer, meu rei, e sem um membro da Guarda Real para me guiar – balançou ligeiramente a cabeça antes que Rhaegar pudesse protestar – Deixe o cavaleiro proteger o futuro do reino, e não o seu passado à muito esquecido. Tenha uma boa noite, Lord Stark.

Observaram o velho homem caminhar na direção da torre de Stannis, sem fraquejar um passo. Ned questionou-se quando tempo de prática teria demorado ao Meistre para aprender todos os caminhos do castelo.

– Corrija-me se estiver errado, Eddard – disse Rhaegar – Tem certeza que esta é uma guerra que podemos ganhar? A maioria das batalhas contra os selvagens foi nas suas terras, não nas deles. Pouco sabemos à cerca desde povo e menos ainda da ameaça que representam para o reino.

– Se os homens marchassem apenas quando a vitória era certa, muitas guerras não teriam sequer sido ganhas. Veja o exemplo de seu antepassado Aegon, o Conquistador.

O rei assentiu – A verdade é que teria maiores duvidas se fosse outro homem que não você a comandar, Lord Stark. Podemos não ser amigos, mas é um dos poucos homens no reino em que tenho total confiança. Se Jon Connington não fosse minha Mão, teria-o nomeado a si para a posição – isso tomou-o de surpresa. Ned olhou para o rei, não tendo certeza se o homem estava a brincar, mas Rhaegar manteve a sua expressão séria – Lyanna louvava-o. Ela dizia que era tanto sábio quanto honrado, cauteloso, mas forte... Qualidades que alguns pensam que me falta – continua – Quando mandei Jon para o Norte, foi na esperança que o tio lhe conferia o melhor de si. Que de alguma forma, entre nós dois, Jon pudesse ser forjado no príncipe que o reino precisa que ele seja.


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