Naked escrita por Hellscy


Capítulo 3
Encontro? Jamais.


Notas iniciais do capítulo

"O amor é um campo de batalhas"
— De repente 30



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– Eu acho que você está com algo que me pertence.

Ela reconhecia aquela voz. Ah! Como ela reconhecia aquela voz rouca bem sexy.

Só tinha medo de aceitar quem era realmente o dono dela do outro lado da linha usando seu celular.

Permaneceu imóvel por alguns instantes. Assustada. Surpresa. Incrédula.

Aquilo não podia estar acontecendo.

Não. Não. Não.

– Eu não te imagino usando lingerie vermelha - Gray disse tentando chamar a atenção da garota muda. - Parece muito ousado para você. - Em sua casa ele segurava o sutiã da azulada pela alça com um dos dedos. Com um sorriso cafajeste esperava por sua reação, apesar de já ter uma leve ideia de como seria.

Juvia ficou tão vermelha quanto sua calcinha na casa do moreno.

– Seu pervertido boçal. - ela gritou de uma vez e o moreno sorriu sabendo que a atingiu - Você mexeu nas minhas coisas.

– Na verdade estou mexendo - cara de pau – E se você atendeu meu celular é porque mexeu nas minhas também

Ela corou e inconscientemente fitou de novo a boxer preta e as camisinhas que estavam em sua mão.

– Bingo. - depois dela ficar em silêncio novamente, Gray disse como se a tivesse pego com a mão na massa. E realmente pegou - Não vai gastar minhas camisinhas hein.

Em um movimento automático jogou tudo de volta na sacola e fechou o zíper desesperada. O sangue de Juvia ferveu. Ofendida e irada ela esbravejou:

– Seu babaca! Até parece que eu faria algo assim. Acha que sou o que?

– Acho que você não é mais virgem. - filho da puta

– Você nunca vai me deixar esquecer isso não é?!

– Jamais - ela bufou e ele deu uma risada que a arrepiou. - De qualquer forma… eu quero minha sacola com TODAS as minhas coisas de volta. - ela percebeu que ele enfatizou o “todas” se referindo aos códons, mas resolveu ignorar com um revirar de olhos.

– Digo o mesmo. - rebateu séria.

– Ótimo. Onde quer me encontrar?

– Espera. Agora?! Eu não posso sair de casa agora. Sabe que horas são?

– Não. Eu acabei de acordar e descobri que minha sacola foi trocada junto com meu celular e eu quero ela de volta por que não acho que eu fique bem de sutiã - ela corou levemente - Minha única sorte é que eu guardei minha carteira comigo, o que não posso dizer o mesmo de você.

Droga! Se lembrou de que seus documentos estavam com ele. Só não tinha notado o sumiço da carteira por causa dos dez dólares que encontrou no bolso da calça. Por um momento não soube dizer se isso foi sorte ou azar, já que preferia muito mais ter notado a troca mais cedo para que pudesse ter devolvido a sacola mais cedo.

– São oito da noite. Eu não vou sair de casa sozinha às oito da noite. Sabe tudo que pode acontecer comigo há essa hora sozinha na rua? Eu não tenho carro.

Ela pode ouvir um suspiro.

– Tá. E que tal amanha de tarde?

Juvia pensou um pouco, apreensiva sobre aceitar. Porém não tinha muita opção

– Ok. Onde?

– Eu vou estar ocupado amanhã até as três mais ou menos. Tudo bem pra você se for depois desse horário? Eu te mando uma mensagem com o lugar e a hora certa.

– Tudo bem. Eu espero. - não tinha nenhum compromisso, então estava tudo bem.

Eles ficaram em silêncio. Não desconfortável ou tenso, mas estranho. Sem mais ter o que falar, porém ainda assim achando que algo mais deveria ser dito. Mas falar sobre o que? Sobre o quanto uma era doida e o outro boçal? Não. Sem brigas para aquela noite.

– Então até amanha, Juvia.

– Até.

– Boa noite.

Por um instante ela ficou receosa em responder, mas quando abriu a boca para falar ele desligou, deixando uma garota um tanto decepcionada com o celular do moreno ainda no ouvido.

Foi a primeira conversa civilizada que tiveram. Tirando o começo. Algo que eles não tiveram até o momento.

Uma conversa quase normal.

[...]

Juvia foi dormir com a cabeça a mil, pensando em como sua vida dera um giro de 360º em menos de uma semana. Lembrou-se do dia em que saiu desatenta para comprar farinha e acabou com um homem nu em cima de si, puxando-a para longe e tentando lavar seu cabelo. Relembrou cada dialogo que tivera com Gray, principalmente a de quando estavam encharcados dentro da fonte e de quando se encontraram na academia por acaso.

Ele é amigo do Natsu. Como nunca ouvi falar dele?

Relembrou também da situação com o seu fã adoidado. Ainda podia sentir a pressão dos dedos de Gray em sua cintura e da aproximação repentina contra seu corpo na hora em que foi defendê-la, assim como também quase podia sentir ele segurar seu pulso tal como no primeiro dia em que se encontraram.

Maldito hormônios. Pareço até uma adolescente.

Juvia resolveu encerrar esses pensamentos concluindo que era necessidade de quem estava na seca há uns quatro meses.

Sua cabeça começou a imaginar o que mais poderia acontecer e o que realmente iria acontecer dali em diante. Refletiu sobre como seria seu encontro com Gray no dia seguinte e se repreendeu por chamar aquilo de encontro. Eles só iriam destrocar as sacolas. Ela deveria era começar a pensar em como iria rebater todas as ofensas que ele poderia dizer para si.

Passou grande parte da madrugada inventando e reinventando cenários. Criando diálogos e desejando do fundo da alma que Gray seguisse seu script.

Eu provavelmente vou encontrar ele sem camisa de novo, então…

Sempre começava assim. Afinal, era sua única certeza.

Não percebeu que ficou acordada pelo menos até as 4:30 da manhã viajando. Indo de um assunto para o outro e sempre voltando a tentar entender Gray Fullbuster. Talvez de tão cansada por pensar, teve uma noite sem sonhos.

Acordou com o toque do celular as nove da manhã. Cedo de mais para quem praticamente madrugou. Sonolenta, atendeu esquecendo totalmente de que não era seu celular. Nem ao menos notou que seu toque “Rather be” não tocou e sim outro mais convencional e simples.

Algo de que se arrependeria logo, logo.

Sem abrir os olhos, se levantar ou se descobrir resmungou um “alô”.

– Alô?! - a voz era de mulher, voz que nunca ouvira na vida. Entretanto no primeiro momento não reparou no detalhe - Quem fala?

– É a Juvia.

– Bom Juvia... Poderia passar para o meu filho?

Filho? Que filho?.

Em um choque de realidade ela despertou totalmente e com o susto sentou na cama com brusquidão. Olhou para o celular na sua mão que novamente não se pareceu nada com seu Samsung branco e sim o Iphone preto. Visualizou a tela do telefone e leu um “Mãe” em letras grandes;

Se desesperou.

– Alô?! Ainda está ai? - Juvia não poderia ignorar aquela mulher. Não depois de já ter feito a besteira de atender.

Respirou fundo tentando manter a calma.

– É...er...Desculpa Sra. Fullbuster, mas seu filho não se encontra. - Foi o melhor que achou para dizer. A azulada podia sentir aquela mulher arquear as sobrancelhas do outro lado da linha assim como Gray fazia quando ela perguntou “como?” - Gray e eu acabamos trocando nossos celulares em um acidente. Meu nome é Juvia Lockser - se apresentou apropriadamente.

– Acidente? Que acidente? O Gray esta bem?

– Não. Não. - ela não quis dizer aquilo, mas quando tentou concertar sua nova resposta negativa assustou ainda mais a Sra. Fullbuster.

– Não? Como assim não? Onde ele está? Como ele está? - ela gritava desesperada pelo celular e Juvia se batia para deixar de ser idiota.

– Calma Sra. Fullbuster. Desculpa Não foi o que eu quis dizer, me expressei mal. Treinamos na mesma academia e na saída acabamos nos trombando e trocamos nossas sacolas. - a mulher do outro lado suspirou aliviada. - Vamos trocá-las hoje de tarde. Desculpa pelo inconveniente por assusta-la desse jeito. E por atender o celular do seu filho sem permissão.

Ur riu divertida em sua casa.

– Calma, não é pra tanto. Só me assustou um pouco - foi gentil enquanto escutava Juvia se desculpar mais um pouco - Mas se você soubesse quantas garotas já atenderam o celular do meu filho no lugar dele quando ligo de manhã....

– Ah é, é?! - sua voz saiu meio ríspida.

– Uau. Isso foi ciúme? - Não era ciúme, só que o tipo galinha ela dispensava. - Não se preocupe, não é sempre. Uma vez a cada uma ou duas semanas eu acho. - ela corou um pouco, pela mãe do moreno insinuar de forma indireta que ela se preocupava com isso.

– Não é isso. A vida sexual do seu filho pouco me importa. Eu nem conheço ele direito.

– Uau! Se eu fosse o Gray essa teria doido. Ainda mais se você for bonita. – ela se sentiu um tanto constrangida - Já sei. Mande uma foto sua.

Juvia demorou um pouco para processar o pedido.

– O que?

– Usa o celular do meu filho, mande por whatsapp. Vou ficar esperando - e simplesmente desligou deixando Juvia estática ainda processando aquilo.

Só saiu do transe quando ligaram de novo.

Nem precisou levar o celular até a orelha. Ainda estava lá. Apenas precisou deslizar o dedo.

– Rápido - Ur reclamou e desligou então a Lockser finalmente pareceu acordar.

Ajeitou a juba azul um pouco e ajustou a câmera no modo frontal para poder tirar uma selfie. Fez tudo quase que no automático, como se fosse um robô seguindo os comandos da mestra. Tirou a foto e mandou pelo wpp para o contato “mãe”. Depois de mandar que percebeu que não sorriu, tinha uma feição confusa no lugar. Bom, ela ainda estava processando.

Não deu um minuto e ligaram novamente.

– Você é bem bonita mesmo. Tão fofa. E parece ser uma boa garota. Gostei de você. - a Sra Fullbuster parecia bem animada - Ei, já pensou que em vez de apenar destrocar essas sacolas você também amarrar meu filho?

Aquilo foi o cumulo do absurdo. Assustada e corada Juvia não pensou em algo melhor para falar do que:

– Como?

– Casamento. Você parece que seria uma ótima garota para eu chamar de nora. Quer dizer, se tratando daquele sem noção, namoro já estava de bom tamanho.

Ela pensou em mil coisas para responder, mas não teve forças para falar nenhuma delas e antes que tivesse ouviu outra voz feminina pelo celular.

– Mãe, o que está acontecendo? Quem é essa garota na foto que me mandou?

– Linda não é? Podia ser sua cunhada

– Cunhada? Podia? Mas o Lyon já namora.

– Eu não estou falando do Lyon. - teve um minuto de silencio, principalmente da parte de Juvia que não sabia como reagir àquela situação.

– O que? O Gray?! - a voz dela pareceu extremamente surpresa.

– Estou falando com ela agora. Parece que eles trocaram sem querer o celular um do outro, ou algo assim.

– Sério? Poe no viva-voz eu também quero conhecê-la. - parecia uma criança de tão entusiasmada e surpresa - Tem que ser uma garota incrível para ter dobrado o Gray.

– Eles ainda não estão juntos, mas eu tenho o palpite de que é só questão de tempo - respondeu para a filha e voltou para a “nora”

– Nossa - não teve certeza, mas parecia que a garota agora falava com ela - Os palpites da minha mãe costumam estar certos.

Juvia deu um beliscão em seu braço. Aquilo era um sonho não era? De repente estava alucinando e nada disso estaria acontecendo. Ela estaria na verdade acordando quatro dias atrás e se preparando para ainda ir comprar ao mercado.

– Juvia, querida, ainda está ai? - a voz pareceu bem real. A Lockser se prestou a dizer um “ahã” em resposta. - Eu até me esqueci de me apresentar, meu nome é Ur.

– E eu sou a Ultear, Juvia. A irmã mais velha do Gray. Mas me diga aquele pervertido não fez nada com você, não é?

– Na verdade…

Queria explicar que tudo aquilo era um grande mal entendido da parte dela e que na verdade eles mal conseguiam ficar cinco segundos juntos em 2m² de chão sem gritarem um com outro, porém outra pessoa chegou para fazer parte da conversa.

– Hey, com quem estão falando? - pela primeira vez uma voz masculina.

– Pai, estamos falando com a futura namorada do Gray.

– O que? Logo aquele moleque?

– É, olha só. - na casa Fullbuster, Ultear mostrava para o pai a foto de Juvia que recebera da mãe pelo seu celular.

– E ainda linda desse jeito?

– Não é?

– É uma ótima garota também. Tinha que ver ela se desculpando comigo por estar usando o celular do Gray. - Ur relatava ao marido - Juvia, esse é o Silver, pai do Gray.

– Oi Juvia. Espero que o Gray esteja sendo um bom rapaz com você. Caso não pode dizer ao seu sogrão que eu mesmo me encarrego de enterra-lo.

– Exatamente - Ur concordou.

– Apenas aqueles que lhe deram a vida estão capacitados de tira-la - Ultear comentou

Aquilo realmente estava acontecendo? Onde estavam as câmeras para mais um vídeo pro youtube?

– Mas também não precisa se assustar afinal meu filho é um pedaço de mau caminho, não to certa? - se lembrou de todas as vezes que o vira sem camisa, ou seja, todas as vezes que o vira.

– Sim. - respondeu sem pensar - Não. Quer dizer, não. - gritou desesperada, mas era tarde demais. A família do moreno já ria do seu jeito constrangido. Silver disse algo como: “Bom, puxou o pai”

Droga.

– O que vocês estão fazendo? - mais um

– Lyon. Que bom que chegou. Estamos falando com uma possível futura integrante da família - Vocês estão falando. Se não tivessem mais pessoas isso seria um monologo.

– Como? Do que estão falando?

– Olha só. - Mais uma vez Ultear mostrava a foto. - Bonita não é? Parece que ela e o Gray estão de rolo.

– O que? Vocês beberam? Logo o Gray? Me dá isso aqui - Juvia não podia ver, mas Lyon tomou o celular das mãos da irmã de consideração para ver melhor - Estão de brincadeira comigo? Não reconheceram ela? É a garota do vídeo.

– O que? - a família toda gritou.

Juvia corou levemente, mas se sentiu aliviada agora que tudo poderia ser esclarecido.

– Saiam daqui. - ele os empurrou para longe do telefone de Ur - Oi. Juvia, não é?

– Sim. - Céus. Ela temia o que pudesse acontecer agora.

– O Gray me contou sobre você. Antes de qualquer coisa eu gostaria de me desculpar pelas idiotices dele, sobre como cair sobre você, te sequestrar e praticamente criar sua fama na internet.

– Ah. Sem problemas. - estava um tanto encabulada. - Ele já se desculpou. Tá certo, não tão decentemente como você agora, mas se desculpou. Além do mais já passou.

– Mas o negocio do vídeo não. - ela sentiu um bolo na garganta. Se conteve.

– É, mas são só mesmo quinze minutos de fama. Daqui a pouco outra celebridade faz merda, um gordinho cai da bicicleta ou um bebê faz graça e todo mundo esquece. - repetiu as palavras de Lucy do dia anterior. Se fosse Gray ali em vez da família dele era capaz de não ser tão educada.

Ouviu alguns sussurros do outro lado da linha, mas ignorou. Mal sabia que os outros três a elogiavam por sua conduta madura, mal sabiam que estavam um tanto enganados. Ela só sabia ser educada com quem merecia. Era só ver sua relação com Gray para perceber.

– De qualquer jeito eu também te devo desculpas, porque se eu não tivesse empurrado o Gray naquele dia nada disso estaria acontecendo - Então foi isso que aconteceu.

– Não precisa... er...Lyon, não é? Já disse que é passado. - respondeu gentil - E depois, se o idiota do seu irmão não tivesse me puxado, apenas dito “desculpa” e ido embora ai sim que nada disso estaria acontecendo.

Ele riu baixo do comentário, agora nada educado, da azulada.

– A Ur tem razão. Você daria uma ótima futura integrante da família. Se eu já não estivesse apaixonado iria querer te conquistar. - ela corou com o comentário. - Mas eu acho que, realmente, você combina mais com o Gray.

– Eu discordo

– Bom qualquer garota que tenha garra de gritar com o idiota do Gray daquela forma daria uma ótima cunhada.

– Com certeza, apesar de ser meio estranho comentar sobre a intimidade sexual daquele jeito em público, qualquer pessoa que seja corajosa o suficiente para tal merece ser minha nora - Ur comentou. Lyon não tinha desligado o viva-voz.

– Até por que para conviver com aquele moreno cabeça-dura só se tiver pulso firme - Ultear completou.

– E você já sendo bonita desse jeito deve conquista-lo facinho. Aposto que me filho já deve estar babando nesse seu corpã… - antes que terminasse a fala recebeu uma cotovelada nada amorosa da mulher no estomago - Quer dizer, ele já deve estar encantado por essa sua personalidade forte e fofa. Você é uma ótima garota, Juvia

Ela ficou rubra. Não por causa do comentário indecente de Silver, mas por todos aqueles elogios que recebera de forma tão repentina de gente que acabara de conhecer. Gostou deles.

– Agora que já esta aprovada pela família já pode atacar Juvia. - Lyon tomou a palavra - Boa sorte com aquele boçal. - a incentivou. Incentivou para que? Ela não pensava em ter nenhum tipo de relação amorosa com Gray.

Toda a família se despediu dizendo que gostaria de conhecê-la pessoalmente qualquer dia. Juvia deveria ter continuado muda de constrangimento, mas se viu no dever de dizer algo também para aquela família tão divertida. Se despediu com gentileza e disse que também gostaria de conversar com eles em outra oportunidade.

Quando encerrou a ligação jogou-se novamente na cama suspirando de cansaço. Mal dera dez horas da manhã e já começara o dia de forma agitada. Que vida.

Sem o menor clima para voltar a dormir resolveu tomar seu desjejum. Fez um café preto e comeu as últimas torradas com o último resquício de geleia. Precisava fazer compras, urgente.

Depois de escovar os dentes e trocar os pijamas por algo mais confortável resolveu arrumar o apartamento pequeno, que precisava de uma boa limpeza. Também seria uma ótima maneira de passar o tempo antes de se encontrar com o moreno. Abusando um pouco mais, resolveu colocar as músicas de Gray para tocar enquanto fazia as cosias. Sua biblioteca mesclava entre uma boa variedade de rock, desde os clássicos até o mais moderno, além dos diferentes gêneros de rock. Havia também algumas músicas acústicas, além dele parecer se interessar um pouco por rap e música popular moderna.

– Pelo menos tem bom gosto.

Depois de limpar e organizar cada cômodo do apartamento - cada um dos quatro (quarto, banheiro, sala acoplada com a cozinha, diferenciadas apenas por uma pequena ilha, e a varanda pequena.) - desceu as escadarias do prédio para lavar a roupa suja na lavanderia comunitária. Quando terminou tudo viu que faltavam quarenta minutos para o horário que Gray marcara com ela há algumas horas por mensagem.

Tomou um banho rápido e com preguiça de sequer pensar em arrumar o cabelo apenas o amarrou em um rabo de cavalo. Vestiu uma regata com estampa de margaridas de várias cores junto da calça jeans e o allstar querido e surrado.

Não era um encontro. Não tinha porque se arrumar bem.

Posso é acabar molhada de novo.

Passou pela sala pegando a sacola do moreno no sofá, onde guardou o Iphone novamente e conferiu se estava tudo ali. Principalmente aquelas camisinhas que ele insinuou que usaria.

Ao pegar as chaves visualizou seu reflexo no espelho ao lado da porta. Reparou melhor em sua roupa procurando defeitos e ajeitou a franja. Não estava usando maquiagem e imaginou se deveria. Assim que notou o que estava fazendo paralisou. Se repreendeu. Bateu a porta com força afastando qualquer pensamento de querer parecer mais bonita.

Até porque ela nem precisava. Juvia tinha uma beleza natural, era o que suas amigas vivam dizendo para ela. Verdade a qual a garota custava a acreditar.

Demorou dez minutos pro ônibus aparecer e mais quinze para chegar em seu destino. O endereço na verdade era o estacionamento atrás de um prédio comercial que estava fechado por ser domingo. Havia poucos automóveis estacionados e o local estava vazio. Nem sinal do Fullbuster.

Conferiu o relógio e constatou que estava cinco minutos atrasada. Se apoiou em uma moto preta, suspirando. Não queria esperar por muito tempo. Ajeitou a sacola do moreno no ombro que com o movimento bateu de leve na moto, uma suzuki gsx-r1000. O alarme do veiculo simplesmente disparou. Juvia se afastou assustada para logo depois ficar desesperada com aquele som estridente soando em seus ouvidos. Olhou para os lados apressada buscando pelo dono, mas se viu novamente em um lugar deserto.

Várias coisas começaram a passar por usa cabeça, como por exemplo, que poderia ser presa. Sim. Qualquer um poderia passar por ali, por Deus que não fosse primeiro a policia, e concluir que ela tentara roubar uma moto daquelas, mas fracassou.

Ótimo. Nem pra ser ladra eu sirvo.

O som do alarme não a deixava pensar e cogitou que o melhor a se fazer seria sair correndo para se esconder no primeiro buraco que encontrasse.

Entretanto não foi preciso. Logo ouviu cliques e o som parou.

– Não acredito que pensou em roubar minha moto - aquela voz.

Não perdeu tempo em olhar irada para Gray que chegava do outro lado do estacionamento. Perdeu a pose de nervosa assim que viu que ele estava sem roupa. Seu rosto se pintou de vermelho no mesmo instante em que viu a “masculinidade” do Fullbuster de fora pela segunda vez em menos de uma semana.

Diferente da primeira vez que o vira como veio ao mundo, Gray estava todo sujo de tinta. Com algumas palavras escritas pelo corpo, as quais ela não pode entender por estarem meio borradas. Tudo posicionado de forma desastrosa sem nenhum padrão. Porém nem toda tinta do mundo poderia interferir naquela perfeição dos deuses. Os cabelos negros também estavam mais desgrenhados do que o normal. Nada que diminuísse seu charme, chegava até a aumentar.

– Ah. Eu senti falta desse tom de vermelho. - comentou divertido com aquele sorriso sacana que a irritava ainda mais.

Naquele instante Juvia perdeu qualquer timidez

– Cala a boca seu pervertido. Sério. Eu vou te dar roupas no natal. - ele rolou os olhos - Se vista logo. Cadê sua mochila?

– Eu não trouxe mochila dessa vez, já que você ia trazer minhas coisas. - se aproximou de Juvia e ela se afastou. Deu mais um passo em sua direção e ela deu dois para trás. Franziu as sobrancelhas, aproveitou que tinha braços compridos e em um movimento rápido segurou o pulso fino - Eu não vou fazer nada.

– Tem certeza? Não tem alguma praça aqui por perto? - perguntou desconfiada

Ele respirou fundo para não ser rude

– Eu só quero minha sacola - tirou a mesma do ombro da Lockser. - Até parece que eu cometeria o mesmo erro duas vezes. Eu já aprendi a lição. Da próxima vez que eu cair em cima de uma maluca eu vou larga-la no chão em vez de ajudar. - disse mais para si, só que crente de que ela escutava - Sabia que eu evitei ficar perto das calçadas na manifestação de hoje?

– Babaca… - respondeu baixinho, se evitasse uma briga, mais rápido iria para casa.

Levantou o olhar para ele e viu que se preparava para botar a cueca. Envergonhada virou de costas para o moreno. Quando ele percebeu que ela se virara riu achando graça

– Por que se virou? Eu estou VESTINDO as roupas. - comentou sarcástico. Era verdade e ela se repreendeu por ter sido tão besta - E depois… não é como se você já não tivesse visto tudo.

Virou-se novamente incrédula com outra definição de rubro na cara. Que cara de pau com aquele sorriso canalha. Respirou fundo.

Calma Juvia. É isso que ele quer. Te irritar até que arranque todos os fios de seu cabelo. Respira, respira fundo. Bem fundo.

– Também não é como se tivesse muito para ver - sorriu desafiadora cruzando os braços. Gray calçava o ultimo par do Allstar preto que também estava na sacola enquanto a encarava sério.

Porém continuava sem camisa.

Aquele dragão já a estava irritando de tanto que ficava descoberto.

Ele se aproximou sorrateiro continuando com o olhar profundo e frio. Juvia se sentiu acanhada. Aqueles olhos tão pretos eram incrivelmente profundos, a prendendo em uma armadilha sem escapatória. Ficou tão centrada no olhar negro que não percebeu que Gray a cercava, encurralando-a contra a moto, só sentiu que estava presa entre o abdômen nu e o veiculo quando bateu as costas contra o mesmo.

Gray apoiou as mãos no acento de couro se inclinando lentamente sobre ela, Juvia se sentiu em uma cadeia entre aqueles músculos. Estava tão encostada na moto que achou que iria cair com a mesma para trás, então por reflexo segurou um dos braços dele com força e a outra mão apoiou no peitoral. Corou levemente, aquela situação era vergonhosa e ela tinha medo do que ele queria com aquilo.

O Fullbuster chegou um pouco mais perto e repousou o rosto na curva de seu pescoço. Respirou fundo sentindo o cheiro de violetas que ela exalava, tinha que admitir que era bom.

– Se é assim… - sussurrou mais rouco que o normal no ouvido dela, que se arrepiou levemente - Por que você fica toda vermelhinha desse jeito quando me vê?

Foi ai que todos os seus sentidos retornaram e ela notou que tudo não passava de uma brincadeira. Com a consciência recuperada acertou com o bico do pé a canela do infeliz que se afastou pulando em um pé só segurando a canela machucada. Apesar da dor ele não conseguia não deixar de gargalhar da cara de raiva da Lockser.

– Seu boçal, cabeça oca… - e começou a xingá-lo de tudo quanto é nome que conhecia. Gray não conseguia parar de rir.

– Caramba. Você tem um chute forte. Nem imagino a dor que aquele cara deve ter sentido

– Deixa de conversa e me devolve logo a minha sacola para eu poder ir embora.

Vestiu, finalmente, a camisa. Enquanto fazia isso Juvia percebeu rapidamente outra cicatriz do moreno, uma que parecia bem mais séria que a pequena da testa, mas resolveu ignorar por enquanto. Com a mão ainda estendida na direção de Gray recebeu um capacete vermelho.

– O que é isso?

– Sua sacola não esta comigo - ela ia começar a gritar em busca de uma explicação. Ele pode perceber por isso a impediu antes que começasse - Acha que eu levaria sua sacola para uma manifestação onde qualquer um podia pegar sem que eu percebesse? Eu deixei ela com uma amiga. Por isso vamos até lá pegar.

Juvia não soube dizer se ele foi atencioso ou inconsequente.

Suspirou. Não tinha muita opção. Colocou o capacete enquanto Gray, já com o seu devidamente na cabeça, ligava a moto. Sentou atrás do moreno e se amparou nos ombros do mesmo, teve que levar a sacola dele nas costas como se fosse uma mochila. Ele deu a partida e saiu rapidamente do estacionamento.

Entraram no trafego e ela continuava com as mãos apenas em seus ombros afastada o tanto que desse dele. Sorriu maldoso com a ideia que passou por sua cabeça. Quando o sinal abriu ele arrancou a toda velocidade com a moto, Juvia se assustou e agarrou a cintura do motociclista que riu internamente. Ela teve que ficar grudada nele durante toda a viagem, espremendo os seios nas costas largas, Gray gostou daquela sensação, ficou incentivado a ir mais rápido ainda - claro que sempre sem burlar as leis de transito. Juvia segurava o grito sem imaginar o plano do mal do moreno.

Chegaram em pouco minutos no local, mais rápido que de ônibus. Pararam em frente a uma cafeteria que ela conhecia bem, mas pensou ser só brincadeira, que a amiga de Gray apenas morasse por perto e que não tivesse nada haver com aquele. Gray pegou seu capacete e tirou a sacola de suas costas para então entrar justamente no lugar que ela desejou que ele não entrasse.

Fairy Hills.

Ao passarem pela porta o sininho soou denunciando a entrada do casal. Eles sentaram em uma mesa alta, porém pequena com apenas duas banquetas, localizadas no meio do salão. Ela continuava descrente sobre aquela situação.

Tudo se confirmou, terrivelmente, quando a linda ruiva de personalidade forte se aproximou para anotar os pedidos.

– Oi, Gray. Não sabia que você conhecia a Juvia.

Gray se assustou e Juvia faltou chorar.

– Vocês se conhecem? - perguntou ainda perplexo

– Claro, a Juvia já trabalhou aqui algum tempo. Eu conheci ela pela Lucy.

– Oi Erza. Tudo bem? - cumprimentou a amiga um tanto constrangida.

Não esperava que ela e Gray tivessem tantos amigos em comum. Ainda era uma surpresa que não tivessem se conhecido antes. Talvez tudo até tivesse sido mais fácil e nada anormal.

– Juvia, eu vi o vídeo. - Quem não viu?– Estou orgulhosa por você ter sido corajosa o suficiente para declarar aquilo em público. Poucos são capazes. Estou feliz por ter uma amiga como você - a abraçou com uma força desnecessária prendendo a cara da azulada contra os peitos fazendo inveja em muito marmanjo que estava no estabelecimento. Acreditem ou não, Erza estava sendo sincera.

– Erza. Ar. Viver. - a ruiva pareceu entender o recado e a soltou.

– Então a sacola era dela? - perguntou para o moreno que acenou concordando - Depois pega com a Mira. Vão no mesmo de sempre? Café preto com creme a parte e um chá gelado com limão? Para comer pode ser bolo de morango para você Juvia?! Esta uma delicia hoje, pode confiar. E Gray bolo de chocolate amargo, certo? - ela falava muito rápido sem deixar que eles respondessem, no caso, que eles não queriam comer nada apenas a sacola para irem embora. - Já volto com o pedido de vocês. Fiquem a vontade.

E saiu. Ninguém tinha chances com Erza Scarlet, nem para dizer que não iam comer nada.

Depois de vinte segundos de silencio eles falaram ao mesmo tempo:

– Você conhece a Erza?

– Bom sim. - Juvia respondeu primeiro - Como ela disse eu trabalhei aqui por um tempo graças à recomendação da Lucy, então viramos amigas. Na época eu estava juntando dinheiro para terminar de quitar o apartamento que meu pai tinha dado a entrada. Depois com a faculdade eu sai e agora faço um estágio perto de casa. Por sorte estou de férias de lá também - explicou - E você? Como se conhecem?

– Ela treinava na academia. - Juvia pareceu se lembrar desse detalhe - Se me lembro bem, fazia Jiu-jitsu e boxe. O Natsu vivia desafiando ela e acabava me levando junto, antes de percebemos viramos amigos. Mesmo depois dela sair para se focar no curso da facul continuamos a manter contato. Somo praticamente inseparáveis quando estamos juntos. - ele sorriu. Um sorriso singelo sem nada de cafajestice, canalhice ou sacanagem, sarcasmo ou ironia e Juvia pareceu gostar bem mais daquele sorriso simples.

Esse pensamento logo sumiu da sua cabeça e ela continuou o assunto.

– É eu espero isso do Natsu - comentou rindo - Meu último namorado se dizia rival dele, era um ódio puro que eu nunca vi.

– Espera. Você não está falando do Totomaru, está? - ele riu e ela riu junto confirmando - Aquele cara era bem louco, quase todo dia chegava gritando na academia gritando pelo Dragneel. Dava até dor de cabeça.

– Verdade. Acabamos terminando porque ele veio com um papo de que eu devia me afastar do Natsu e da Lucy por causa dessa competição boba dele. Babaca. Até parece que eu vou deixar meus amigos por algo assim.

– Hmm. - Gray se apoiou na mesa cruzando os braços, encarando-a curioso, mas com um sorriso cínico - E foi com ele que a senhorita perdeu sua virgindade?

Ela corou. Por que ele tinha que estragar uma conversa tão boa voltando naquele assunto?

Ainda assim respondeu:

– Não, não foi com ele - deu um sorriso irônico. - Parece que eu só tive um namorado na vida?

– Do jeito que você é tímida, me surpreende já ter tido um.

– Tem muita coisa sobre mim que não sabe Sr. Fullbuster.

E naquele instante, Gray se sentiu tentado a descobrir.

O tempo começou a passar relativamente rápido depois. Erza chegou com os pedidos e eles conversaram sobre várias coisas, a maioria sobre os amigos em comum. Descobriram que era bastante gente. Falaram também sobre hobbies, gostos, desgostos e música, apesar de Juvia já saber os gostos de Gray, mal sabia ela que ele também. Comentaram sobre s faculdade e o curso que faziam. Juvia estudava engenharia ambiental e Gray biologia, encontrando mais algumas coisas em comum com isso. Comentaram também sobre planos para futuro e muitas outras banalidades. Riram e chegaram a incomodar outros clientes recebendo assim broncas de Erza, só receberam uma na verdade, já que não era algo que eles desejassem periodicamente. Só notaram que não perceberam a hora passar quando Juvia se viu com o terceiro copo de chá e Gray no final da garrafinha de água que pediu.

Passaram quase duas horas na companhia um do outro sem gritarem ou discutirem. Um novo recorde.

– Então foi você que pintou o cabelo da Lucy? - Gray gargalhou acompanhando a risada da Lockser

– O que eu podia fazer? Ela tinha ficado um mês de doce me enchendo o saco sobre gostar ou não gostar do Natsu e sobre como ele era tapado demais para fazer alguma coisa. Foram noites sem dormir com ligações e invasões na minha casa. Com sono e estressada, foi a melhor coisa que eu achei para fazer - Depois de pintar o cabelo da Lucy, em uma das invasões, Natsu a questionou o porque daquilo e a loira finalmente teve coragem de dizer que não queria mais sair com ele apenas como amigo e sim algo mais. Nem tão surpreendentemente assim, ele concordou dizendo que queria o mesmo. - Todo mundo saiu feliz - a azulada concluiu.

– O Natsu tem uma foto dos dois de cabelo rosa até hoje. É o papel de parede do celular dele. Ele mostra aquilo pra todo mundo - o moreno comentou - Uma vez estávamos falando sobre ela no supermercado e ele mostrou pro caixa. - riram mais uma vez.

Ao se recuperarem, Gray moveu o braço para expressar o inicio de um novo, mas por obra do desastre, e da mesa pequena, ele bateu contra o copo de chá que jorrou sobre a blusa da garota. Inconscientemente Juvia se levantou afastando-se apenas depois que a merda estava feita, sentiu um calafrio quando as pedras de gelo encostaram em sua barriga, mesmo que sobre a blusa.

– Nossa. Desculpa, Juvia.

Por um momento tudo o que passou com ele nos últimos dois dias voltaram em sua mente.

– Não consegue ficar um dia sem fazer alguma coisa comigo? - disse levemente raivosa.

– Foi sem querer. Até quando vai me fazer ter que ficar pedindo desculpas? – disse levemente raivoso

– Se continuar a me molhar desse jeito, para sempre.

– Que eu me lembre, da primeira vez A GENTE se molhou porque VOCÊ nos derrubou.

– Tenho que te lembrar do por que da gente ter parado naquela fonte?

Uma hora tudo parecia um mar de rosas, agora estava mais para espinhos.

– Você é bipolar por acaso? – Gray perguntou sobre a mudança repentina de humor entre eles.

– Eu que devia perguntar isso pro cara que não sabe se fica ou não fica de roupa – a expressão incrédula dele de “Quê?” mostrava que aquilo não fazia sentido e ela sabia disso, saiu sem querer.

– Já percebeu que você nem tem mais argumentos contra mim? Só fala das minhas roupas, farinha, cabelo, fonte e vídeo.

– Não se preocupe, agora eu tenho “chá” para falar também.

E lá estavam mais uma vez começando uma briga sem sentido.

O recorde durara exatamente: 1 hora, 45 minutos e 17 segundos.

Bem razoável até.

– Gente, acalmem-se - Mirajane se aproximou tocando o ombro dos dois tentando contê-los. Os começos de gritos já começavam a assustar os clientes - Juvia, aqui sua sacola. Se quiser pode se trocar no banheiro.

– Não me façam eu ter que me envolver - Erza apareceu ao lado da colega de trabalho - Porque senão mais do que outro vídeo de brigas de vocês, vai ser também outro vídeo de MIM resolvendo essa situação. - ou seja, ela brigando com eles da maneira Erza.

Ambos arrepiaram, Juvia pegou a sacola e correu para o banheiro trocando a blusa molhada pela que usou na academia no dia anterior. Apesar de suja por causa dos exercícios, ela não tinha muita opção. Quando saiu com a sacola em mãos junto de um sentimento de liberdade, não avistou Gray, o que fez com a sensação apenas aumentasse. Foi em direção ao caixa, mas Mira disse que ele já tinha pago a conta. Mesmo que meio incomodada com aquilo, não respondeu, não tinha como encontra-lo e a conta já estava paga, então se despediu das meninas e saiu já fazendo o trajeto para o ponto de ônibus.

– Onde você vai? - seguindo o som da voz encontrando Gray apoiado na moto preta. Ele lhe ofereceu novamente o capacete vermelho que Juvia pensou em recusar - Vamos logo. Já que você não aceita minhas desculpas o mínimo que eu posso fazer é te dar uma carona. E dessa vez eu não aceito um não como resposta.

Acabou aceitando um pouco contrariada.

Novamente, foi bem mais rápido que de ônibus, mesmo que dessa vez ele não tenha corrido tanto. Porém por instinto, Juvia concluiu que fosse precaução, ela fez o caminho de volta agarrada em sua cintura como na ida para Fairy Hills.

Durante o trajeto apontou o caminho mostrando com o dedo as ruas em que ele deveria virar.

Quando chegaram ao prédio dela apenas Juvia desceu da moto, Gray se prestou apenas a tirar o capacete enquanto ela lhe devolvia o vermelho e sua sacola. A azulada começou a revirar a própria sacola, assim que percebeu que ela estava pegando a carteira disse:

– Não precisa. Como eu derrubei chá em você veja como um pedido de desculpa eu ter pagado a conta. Já que aparentemente você é incapaz de aceitar minhas desculpas verbais - ela ia retrucar, mas sabia que no fundo ele estava certo. Por isso repensou e tirou quinze dólares da carteira

– Você já me pediu desculpas, varias vezes na verdade, me desculpe por ser tão teimosa e não aceitá-las.

Oh. Aquilo até parecia uma oferta de paz.

Ele sorriu.

– Mesmo assim meu orgulho masculino não pode aceitar - quando ela ia rebater aquele comentário machista ele concluiu: - Então... Até nunca mais, Juvia? - e Juvia não soube o que responder.

Não tinham mais nada que os prendesse um ao outro. Com as sacolas com os devidos donos, e mesmo que tivessem amigos em comum e um passado cômico que circulava pela internet não tinha porque se encontrarem mais. Se antes mesmo com as mesmas amizades nunca souberam da existência um do outro, não seria agora que as coisas mudariam. Seria?

Nunca mais?

Pensou que quatro dias atrás era justamente isso que desejaria, mas hoje conversando civilizadamente com o moreno percebeu que Gray era um cara bem legal. Muito mais do que um bocal pervertido que ela pensava que ele fosse.

O encarou depois de pensar e viu que ele a fitava com aquele olhar gélido esperando por uma resposta.

– Até depois Gray. - sorriu. No fundo esperava que não se arrependesse, mas bem mais no fundo tinha a sensação de que não iria.

Depois de sua resposta tudo aconteceu rápido de mais para ela acompanhar. Gray ainda sobre a moto segurou sua nuca e a puxou para um beijo de tirar o fôlego. Juvia cambaleou dois passos para frente antes de agarrar a camisa do moreno. Surpresa não era a palavra certa para descrever o que estava sentido, mas na falta de uma melhor não havia outra para usar.

Instintivamente ela cedeu e retribuiu o sentindo sorrir satisfeito, entre o beijo, pela sua reação. Antes que ficassem sem ar ele os afastou com delicadeza terminando com um selinho rápido. Usando um sorriso sedutor admirou o rosto vermelho com olhos arregalados da garota paralisada e recentemente muda. Antes de dar a partida com a moto ele disse:

– É assim que um encontro deve acabar.


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Notas finais do capítulo

Holi, my panda-chwans!!! =3

Bem rápido não é? Não se acostumem.
Eu estava bem animada para escrever esse cap. E a recomendação linda da Karol Louise me inspirou bastante. (Sério eu tive uma sincope. Pode perguntar para a minha amiga - eu estava na casa dela quando vi - ela faltou me expulsar quando comecei a pular de alegria. Por isso: Muito obrigada, do fundo do meu kokoro.) Eu não esperava receber uma recomendação tão rápido. Fiquei bem surpresa.
Então vei em menos de dois dias o novo cap. A Tia Hell aqui consegui escrever quase que 7.000 palavras em menos de dois dias. Aplausos. E cá estou eu postando enquanto assisto com minha mãe pela terceira vez Big Hero, achando que ela ia chorar rios que nem eu. Doce engano.
Mas peço paciência se o próximo demorar, tô meio empacada no começo e o feriado vai acabar. Estou postando logo justamente porque logo minhas aulas vão recomeçar. Sadstory =c

Sobre o cap: GIGANTE. Eu mesmo me surpreendi pelas 7.000 palavras e pensei em cortar pela metade, mas não. Por que? Porque sou má. Eu tinha que acabar desse jeito para deixar vocês com o gostinho de quero mais. UuU
Mas eu fiquei preocupada sobre o cap ter ficado cansativo. Ficou?
Bom, eu amo um relacionamento tipo cão e gato, onde o casal vive brigando até conhecer o amor. Isso porque eu acho que isso quebra um pouco com o negocio de você se apaixonar só de ver a pessoa pela primeira vez e que tudo será cor de rosa com um pouco de drama. Não. Às vezes vc odeia seu amor verdadeiro e nem sabe. Porém para o amor nascer o ódio tem que acabar e é justamente o inicio disso que o cap propõe.

Novamente agradeço pelo carinho, seus reviews incríveis, quem favoritou e apenas leu. Vocês me incentivam. Amo vocês! ♥
Até a próxima. O que eu espero que não demore tanto.

Bjuks! =*



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