Depois daquele dia, sinto-me muito mais leve – e menos cansada – afinal, como Ibuki sabia a verdade sobre mim, eu podia ser eu mesma. Alguns dias, durante a madrugada, nós treinamos no “Quarto Negro”, o simulador. Hoje é um desses dias.

“Toc toc”

Escuto alguém batendo na porta. Ponho-me humana e abro-a, dando de cara com o ex-jogador de basquete.

— Vamos? —ele perguntou oferecendo sua mão.

Segurei-a e vamos para o simulador, passando pela cozinha para pegar algumas coisas que ele havia separado: duas garrafinhas e duas toalhas.

Assim que chegamos ao nosso local de treino, escolhi o da cidade para mantermos o controle da bola. Ele, o do deserto.

Não sei quanto tempo treinei, mas teve um momento que a simulação parou. Vi Munemasa se aproximando.

— Posso treinar com você?

— Claro! — sorri e continuei.

Estava tudo normal, quando, eu acabei tropeçando e caindo. Fiquei sem ação quando vi as vigas aparecerem sobre mim.

— Sumiko! – vi Ibuki vindo em minha direção.

Depois disso, foi tudo muito rápido. Em um impulso, estiquei meus braços e senti ser abraçada, logo, tudo ficou escuro.

Acordei com um par de olhos violeta me encarando. No início, estava tudo embaçado, aos poucos, tornou-se nítido e pude ver seu rosto, parecia aliviado. Minha cabeça latejava.

— Ainda bem que você acordou!

— O... O que aconteceu? — minha voz demorou a sair.

— A “viga” nos atingiu e a simulação parou. Não demorei a acordar, mas você... Fiquei preocupado. — sorriu de leve. Senti meu rosto esquentar. — Agradeço que no final, tudo terminou bem.

Levantou e fez um cafuné em mim. Foi até onde as coisas estavam, pegou uma toalha e colocou-a sobre o pescoço, notei a falta da outra, até perceber que estava ao meu lado.

Com um pouco de dificuldade, levantei, apoiando-me na parede, minha cabeça girava. Assim que melhorou, fui até ele, que me lançou uma garrafinha de água. Segurei com êxito. Bebi com gosto, estava renovando minhas forças, só parei assim que ela secou. Ibuki se aproximou.

— Chega por hoje, não?

Assenti. Juntamos as coisas e, no caminho, deixando-as em seus devidos lugares. Munemasa me acompanhou até meu dormitório. Acenei e ia entrar. Quando ele me puxou. Recebi um beijo na testa, acho que corei, porque ele riu.

— Não me assuste mais daquela forma.

— Desculpe por aquilo.

Sorri e voltei-me para entrar, mas fui puxada novamente e surpreendida por um selinho.

— Boa noite.