Amor escrita por Sverige


Capítulo 1
Uma Carta.




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8 de Fevereiro de 2015.

Para meu grande amigo, Bulgária

Não me lembro de quando aquilo começou, muito menos de quando eu comecei a odiá-la. Hungria havia nascido para ser meu nemesis, então por que havia um sentimento no meio daquele ódio? Eu sempre me perguntara isso e sempre me perguntaria.

Talvez foram os olhos dela, do mais belo tom de esmeralda que eu jamais veria em vida. Os olhos que nunca olhariam para mim da mesma maneira que os meus observavam cada movimento imperceptível seu, de longe. Os olhos que se iluminavam quando viam Áustria ou Prússia, mesmo quando ela jurava odiar este último. Deus, como eu amava aqueles olhos.

Talvez foi a pele dela, da mais macia seda branca. Eu tinha vontade de sentir, beijar cada centímetro dela. Porém, eu sabia que aquilo nunca seria possível. Se eu a tocasse, mesmo que levemente, ela me bateria com aquela maldita frigideira e diria barbaridades para mim, e possivelmente me odiaria mais do que já odeia. Mas é claro que aquilo não me impediria de pensar em como deveria ser, e em quão sortudo Áustria era por ter se casado com ela.

Talvez foi seu sorriso, que mostrava-se como a única razão pela qual eu acordava todas as manhãs. Eu havia o visto pela primeira vez no exato dia que eu a conhecera. Peguei-me imaginando como um menino poderia ter um sorriso tão arrasador para o meu coração infantil, e me perguntei por que tamanha criatura existia em um mundo perdido como este. Me lembro de ter ficado nervoso ao perguntar para as mulheres que conhecia se era normal para um menino sentir o peito doer toda vez que via alguém, e a resposta sempre me agoniava. Eu imaginava que era apenas um amor infantil e passageiro; agora fazem séculos que eu mantenho isso em segredo.

Amor? Pff, a ideia me parece tão ridícula. Eu não amava Hungria; se eu a amasse, não detestaria cada segundo que eu a via com outro. Eu a deixaria ir de bom grado e a amaria até o fim dos meus dias secretamente. Não, eu tinha que ser egoísta o suficiente para brigar com ela por ciúmes que eu me recusava a admitir. Se amor é o nome da doença que tenho, não há cura. Somente o amor dela poderia me curar, ou piorar tudo, e eu sabia que ela não me amava.

Ela era o amor da minha vida, mas eu não era o dela.

Hungria amava Áustria. Amava Prússia. Ela nunca amaria o homem que lhe tirou seu bem mais precioso, o homem que jura odiá-la enquanto na verdade a ama mais do que qualquer coisa na vida. Me arrependo às vezes do que fiz, mas foi preciso. Ela tinha que entender que Transilvânia era a única coisa que eu tinha que me ligava à ela de alguma forma e que eu nunca a abandonaria. Ela era a minha filha, e filha de Hungria também, não poderia deixá-la.

Às vezes me pego pensando na possibilidade de que ela também me amasse. Talvez se o sentimento fosse recíproco, tudo seria diferente. Eu seria... Feliz, ao lado dela. Seriamos uma família, creio eu, e Transilvânia adoraria ver seus “pais” juntos, sem que eles estivessem brigando igual cão e gato. Em meus sonhos, fazemos loucuras juntos, como nos casar um com o outro, e depois nos deitamos na cama e rimos disso tudo, como crianças em um parque de diversões.

Mas é claro que tudo aquilo era, de fato, puro devaneio. Ela nunca havia demonstrado algum tipo de sentimento por mim além de ódio e desgosto. Na verdade, tudo o que eu demonstrava por ela também era ódio e desgosto, então talvez ela só retribuísse o que eu sentia em relação à ela. Porém, demostrar o quanto eu a amava parecia impossível.

Hungria era meu Inferno particular.

E também o meu tão desejado e inalcançável Céu.

Então, aqui termina-se o relato de um homem amargurado, condenado a amar uma mulher que nunca poderá ter. Portanto, meu caro amigo, espero que você me ajude a esquecer dessa dor de alguma forma, mesmo que eu saiba que isso não é meramente possível. Desejo te dizer obrigado por todos esses anos ouvindo meus lamentos; você é a única pessoa que eu confio o suficiente para saber disso. Agora, irei-me embora. Lhe verei em breve, assim espero.

De seu amigo estúpido e terrivelmente apaixonado,

Romênia.


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