Robot Boy escrita por Hyper A


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Resolvi escrever essa oneshot ouvindo uma das playlists que fiz pra esses (maravilhosos, lindos, perfeitos, razões do meu viver) personagens. O título foi inspirado na música do Linkin Park (e venhamos e convenhamos, combina bastante com o nosso albino favorito).

Espero que curtam a história da mesma forma que curti escrevê-la. Vou dedicar pra minha queridona Hells Bells, que é o Mello do meu Near, Ryuk do meu Raito, bolo de creme com recheio de morango do meu Lawliet, a dobradora de fogo mais legal que é sempre a #1 que lê minhas coisinhas e nem reclama. (Já que não lanço livros, contente-se com dedicatórias em sites de fanfic. Bjinhos.)

Acho que é isso. Qualquer errinho, me desculpem. E não esqueçam de comentar ou sugerir coisas novas! :D



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Aquela noite estava particularmente mais fria. A neve caía devagar ao lado de fora, maltratando as flores do gramado cheio de vida que as sustentava. Os pijamas impecavelmente brancos estavam estirados em cima da cama, prontos para que seu dono os vestisse assim que saísse do banho. Sozinho no quarto, Nate River vestiu-se rapidamente, como se estivesse sendo observado, mas era apenas o choque térmico de seu corpo retirado de um banho fervente contra o quarto úmido. Não se importou. Assim que vestiu-se, sentiu como o calor de sua pele estivesse se adaptando e conseguindo manter a sua temperatura – finalmente, estava confortável. Era uma noite típica de janeiro na Inglaterra, e justamente nessa época era quando o inverno castigava mais.

Near, como foi chamado, conseguia se lembrar de exatamente dos dias e noites que passara vagando pelas ruas invernais até ser achado pelo diretor da Wammy’s House, o orfanato para crianças superdotadas onde vivia. Foram três semanas onde conseguiu sentir tudo – frio, medo, insegurança, perturbação. Mas nada se comparava com estar em casa, onde seus pais lhe maltratavam por ter características diferentes de uma criança comum – tinha uma doença onde a pigmentação natural de seu corpo era praticamente isenta, lhe rendendo a falta de melanina tanto em sua pele quanto em seu cabelo. O pequeno garoto era um albino e sua família parecia não estar satisfeita com isso.

Ele sabia que era inteligente e que ainda lhes traria muito orgulho, talvez um dia, quando fosse mais velho – mas isso não parecia ser o bastante. Ele sabia, mas como provar? Como conviver com pessoas que se importavam mais com sua aparência do que com o seu bem-estar? E como lidar com isso quando seus próprios pais, as únicas pessoas do mundo que tinham a obrigação de lhe acolher, não tinham amor para dar?

Fugir era a única solução, sempre fora para ele. Já havia desaparecido algumas vezes, mas sempre acabava voltando ou sendo encontrado. Além do mais, para uma criança de seis anos, as únicas memórias que ficam são as dos lugares mais próximos que costuma frequentar – e, no caso de Nate, era apenas a escola e o Parque Central, os locais mais próximos de sua casa, e onde ele saberia como ir e como voltar.

A última vez que fugiu de seus pais abusivos foi no seu aniversário de dez anos, quando não olhou para trás e começou a vagar por lugares que não conhecia. Foi quando parou na frente de uma casa enorme, uma mansão, e observou duas crianças correndo – dois garotos que não pareciam ser muito mais velhos do que ele. Ele sentou-se perto de uma árvore que ficava do outro lado da rua e, escondido, passou a tarde observando aqueles dois – apenas eles estavam lá, de qualquer jeito – que pareciam ser tão amigos, e Nate não se surpreenderia caso fossem irmãos.

Irmão. Essa era ótima palavra – quando Nate River havia fugido de casa, sua mãe descobrira que estava grávida de uma menina. A família torcia para que a futura garotinha, que seria nomeada Natalie, viesse o oposto do irmão mais velho. Quando fugiu, não se importou com aquilo – esperava que a caçula, que seria filha única, realmente fosse a filha dos sonhos para seus pais. Diferentemente deles, Nate torcia para a felicidade de alguém que não fosse apenas dele. Acreditava que o seu desaparecimento iria esfriar a tensão, melhorar os ânimos, dar alguma alegria para eles. Os pais de Nate nem se preocuparam em procura-lo, e nem ele se deu o luxo de querer ser procurado. Parte de si acreditava que os pais sabiam, possivelmente, que uma hora ele ia voltar, e a outra parte sabia que eles não o queriam mais lá, e que era melhor manter distância.

Distância.

Exatamente o que Nate estava mantendo ao observar aqueles dois garotos. Assim que o sol começara a se pôr e o céu tomava uma coloração alaranjada que ele tanto gostava, um homem de terno preto apareceu naquele jardim, gritando pelos dois meninos para que eles voltassem para dentro. Os dois ignoravam, continuavam a correr e se empurrarem pelo gramado verde, até que o senhor os seguiu e os puxou pela mão, colocando-os para dentro da mansão. Após algo que pareciam vinte minutos, os dois meninos abriram a porta a qual haviam entrado e saíram novamente correndo, comemorando a escapatória.

Nate começou a rir baixinho, pela primeira vez em dez anos havia feito aquilo – e a sensação pós-risada era estranha para ele. Por que rira? Eram os meninos? A brincadeira deles? Queria fazer parte disso? Ele não sabia. Mas, por um segundo que fosse, aquela alegria deles o contagiou. Não tinha contato com outras crianças – mesmo na escola, os colegas de classe o excluíam por ser diferente, pelo tom da sua pele, seu cabelo, sua maneira extremamente introvertida. Nate, além de tudo, não tinha tanta iniciativa, então era obrigado a contentar-se com a solidão como consequência.

Aquele lugar era incrivelmente calmo, e a única moradia ali era aquela mansão e seus enormes jardins. Nate imaginou que uma família muito grande e rica morava lá. Havia dois ou três carros estacionados na parte da frente da casa, os quais os dois meninos apontavam como se sonhassem poder dirigir um deles. Nate conseguia, de longe, ouví-los rir e conversar. Seu disfarce naquela árvore do outro lado da rua estava perfeito, ninguém o via, ninguém poderia falar com ele – até que um vento bateu violentamente contra o seu rosto, causando um engasgo desesperado.

Os dois meninos que brincavam no jardim procuraram o autor daquele barulho, e um deles conseguiu ver Nate tentando se esconder novamente para que não o vissem. De costas para os portões daquela mansão, atrás da árvore, conseguia sentir que um deles, um rapazinho de cabelos loiros em corte chanel e roupas escuras, olhava na sua direção e apontava para que o outro, um ruivinho que usava óculos e roupas coloridas, para que prestasse atenção. “Veio de lá!”, Nate conseguiu ouvir o loiro dizer. O albino virou-se de frente para a árvore, sabendo que seu disfarce já era inútil à essa altura, e olhou para eles, apenas virando a cabeça para o lado, mantendo o seu corpo parado, caso precisasse virar-se mais uma vez, se esconder e fugir.

Percebendo que seus olhos foram ao do encontro dos dois meninos no jardim, Nate também notou a presença do mesmo homem de terno voltando e gritando os dois garotos, irritado por eles terem estarem ali mais uma vez quando lhes fora mandado que voltasse para casa. O garoto ruivo correu na direção do homem, puxando sua mão para que se aproximasse do loiro e visse o que eles estavam vendo. O loiro apontou mais uma vez na direção de Nate, que se escondeu na árvore pela incontável vez naquela tarde que já havia dado o seu fim, e então permaneceu imóvel, na esperança de que o homem dissesse às crianças que havia sido apenas um vulto, ou um amigo imaginário deles, como costumavam fazer.

Mas não foi bem isso o que aconteceu.

Nate sentou-se no chão e sentia seu coração palpitando, milhares de batidas por segundo, nervoso com aquela situação e imaginando uma escapada. Mas já era tarde mais – os três já haviam atravessado a rua e o visto ali, sentado no pequeno gramadinho atrás daquelas plantas. Não precisava se esconder mais, não tinha a necessidade. Ele permaneceu imóvel enquanto as duas crianças o olhavam um pouco assustados – mas já estava acostumado com isso, era a reação que arrancava de qualquer um que percebia a sua presença. Nate River levou os joelhos perto ao peito, abraçando-os em seguida, e abaixou a cabeça, como se demonstrasse medo, receio daquelas pessoas. E realmente estava sentindo aquilo.

Atrás dos meninos, vinha o homem que parecia responsável por eles. Ele colocou as duas mãos nos ombros dos garotinhos, pedindo licença, e assim que se aproximou de Nate, o albino encolheu-se ainda mais, já esperando para ouvir alguma bronca ou levar uma surra, como era de costume quando vivia com os pais.

– Qual é o seu nome, criança? – perguntou o homem de terno, arrumando os seus óculos. Nate percebeu o quanto ele já estava mais para um idoso do que para um homem jovem, e percebia também a calma na sua voz e serenidade em seus olhos.

Houve um silêncio desconfortável por algum tempo, mas logo foi quebrado pelo garotinho dono dos cabelos loiros, que ajoelhou-se ao lado do homem, colocando uma mão no ombro de Nate, que se assustou e quase deu um pulo para trás.

– Diga o seu nome! – pediu o menino, sem muita paciência. – Quem é você?

– Mello! – o ruivo foi até o amigo e lhe deu um tapa na mão, e o puxou pela cintura para que “Mello” se levantasse. Nate continuava estático. – Assim você vai assustá-lo mais! – e então lhe chacoalhou. O loiro suspirou, então se afastou um pouco e voltou para as costas do homem, cruzando os braços demonstrando sua insatisfação. – Ei, amigo – o que acalmara o loiro voltou para se aproximar. – Eu sou Matt. E você?

Nate o encarou – seus olhos verdes combinavam perfeitamente com o seu rosto fino e de aparência amigável. Diferentemente do tal Mello, ele parecia ser calmo e ser dono de uma paciência extraordinária, como se houvesse nascido para ouvir as pessoas. Por algum motivo, Nate sentiu aquilo. Resolveu se segurar àquele momento.

– N-Nate – respondeu o albino, a voz trêmula e o desespero nos olhos. – Nate River.

Matt sorriu e estendeu a mão, e assim que Nate o pegou, levantou-se. Matt era um pouco mais alto que ele, aparentemente mais velho que o outro garoto, e os dois não tinham muita semelhança para serem irmãos ou até mesmo da mesma família.

– Nate River – disse o ruivo, alegre como nas horas que brincava com o amigo loiro. – Que nome legal! Agora que você me conhece, este é Roger – apontou para o senhor que se levantara também e lhe acenou amigavelmente com um sorriso – e aquele cara ali é o Mello – apontou para o loiro, que bufou. – Não ligue pra ele. Ele parece ser metido agora, mas... Ele fica muito pior quando você o conhece melhor – e riu. Conseguira arrancar um sorriso do garotinho assustado. Matt sentiu sua mão ser apertada, como um modo do outro dizer que estava mais seguro.

– Por que não entramos – sugeriu Roger, com a mesma calma de antes – e conhecemos um pouco mais o Nate? – Matt sorriu e olhou para o garotinho mais baixo, que tinha os olhos escuros e grandes encarando tudo de cima ainda com algum receio. – Além do mais, não é uma boa hora para ficar do lado de fora. Vamos?

O garotinho de cabelos claríssimos balançou a cabeça para aprovar a ideia, e então eles ultrapassaram os portões da mansão e adentraram o local. Mello ainda parecia um pouco irritadiço, encarando o menino novo como se o examinasse – Nate River não se importou, mas não pôde deixar de não encará-lo também. Matt fazia questão de manter as mãos nele sempre, fosse segurando sua mão, pondo a palma cuidadosamente atrás de sua cabeça ou guiando-o pelos ombros. Nate sentiu-se bem com aquilo, com o carinho e a recepção que recebia daquele garoto.

Assim que chegaram ao salão principal, observaram várias crianças, cada uma dividida em alguns grupos, e outras que preferiam ficar sozinhas fazendo outra coisa, como montando um quebra-cabeças ou lendo alguma coisa. Matt olhou para Nate, depois para Mello e em seguida para os outros, sempre com um sorriso no rosto.

– Vamos – disse Mello, olhando para o ruivo por cima de Nate. – Ele vai começar a fazer perguntas e não vai parar mais.

Se era isso que Mello tinha certeza de que Nate faria, aquela expressão “queimou a língua” seria perfeita pra ele naquela noite que estava se aproximando. Nate River permaneceu em absoluto silêncio quando adentrou em uma porta grande e pesada nomeada “Diretor”. Roger, que era dono daquela sala, pediu para que os dois meninos se retirassem e o deixasse sozinho com o mais novo, também esperando que este começasse a fazer perguntas.

Roger explicou a Nate River onde ele estava. Wammy’s House. Nate explicou, timidamente, sobre sua história e como havia achado o orfanato, alegando estar com medo, dizendo que voltaria para casa mais tarde. O diretor se negou, dizendo que era melhor para ele que ficasse na instituição. Poderia dividir um dormitório com um órfão, fazer amigos, e também receber visitas de casais impossibilitados de gerar filhos e acabar sendo adotado.

Ele também explicou o outro objetivo do orfanato.

Nate não conseguia ver a si mesmo, mas sabia que seus olhos estavam brilhando com aquela novidade.

***

Os únicos na mesa de jantar eram Matt, Mello e Nate. Os dois primeiros eram falantes e risonhos entre si, enquanto o menor permanecia calado. Ainda estava surpreso com o novo mundo que lhe surgira, não sabia se era sorte ou muito azar que o havia levado até lá.

Nate apenas ouvia os dois amigos conversando, mas não tentava se colocar no assunto nem ao menos se por a par da situação. Mas os dois conversavam de um jeito que queriam que o albino respondesse, queriam que ele falasse. Nate apenas assentia, afirmando ou negando com a cabeça.

– O que é, hein? – perguntou Mello, com seu típico tom rude que Nate já havia experimentado na primeira vez que o loiro se pronunciou. Ele parecia mudar um pouco de quando falava com Matt e quando falava com outros. Provavelmente eram muito amigos, e, na cabeça do mais novo, talvez fosse normal sentir ciúmes ou qualquer coisa. Era visível que Mello não tinha tanta intimidade com outro órfão e nem fazia questão de ter, também. Matt parecia o bastante para ele. – Você só fica calado? Ninguém nunca te disse que deve tentar interagir com as pessoas?

– Mello! – Matt, pela incontável vez naquele dia, repreendeu o amigo. – Ninguém nunca te disse que não se deve tratar o seu próximo assim?

– Fala sério – o loiro cruzou os braços na mesa e bufou. – Pelo menos, por causa dele, temos mais paz na hora de jantar. Todo mundo já está no dormitório, e nós vamos ter a janta dos mais velhos.

– Isso não é bom, Mello. – Matt fechou os olhos e colocou uma mão na testa. – Se estamos aqui, provavelmente vamos receber algum conselho, alguma bronca, ou o Roger vai brigar com você por estar sendo maldoso com o Nate desde que ele chegou, e é óbvio que eu vou ter que estar aqui pra te defender, ou pro diretor falar que eu sou o seu cúmplice, e como eu deveria tentar conversar com você pra você se controlar, blá-blá-blá.

– Não é bem isso, Matt – disse Roger, surgindo através do escuro do outro lado da sala. Eles conseguiam ver três sobras diferentes. Primeiro, o diretor, Roger. Em seguida, um outro senhor que vestia-se com um sobretudo e roupas sociais. O outro era...

Ele não estava vestido formalmente como os outros dois. Nate ficou se perguntando se ele era mais um órfão, um dos mais velhos – havia adolescentes lá, também –, mas não era bem o caso. Ele era simplesmente diferente de todos os que circulavam pela instituição.

Na verdade, ao contrário dos outros, esse rapaz não era visto circulando pela Wammy’s House de jeito nenhum.

Nate River levou um susto quando viu Mello sair da mesa imediatamente para abraçar o rapaz que se aproximara deles. Tinha cabelos negros e rebeldes, a pele pálida e um rosto inexpressível com presença de olheiras fundas que lhe davam um olhar mais forte ainda, uma presença igualmente única. A camisa de manga comprida branca e os jeans desbotados o faziam parecer um homem simples, jovial, mas completamente sério. Era o tipo de pessoa que talvez Nate nunca se aproximaria caso estivesse sozinho, que apenas admiraria de longe.

O rapaz, que também era bem alto, mas um pouco curvado, deixou um sorriso rápido escapar em seus lábios ao sentir o loirinho abraçando suas pernas com completa devoção. Nate, mais uma vez, questionou-se a ideia de haver algum parentesco ali. Era estranho para ele pensar o tempo inteiro e cogitar a ideia de família, parecia quase obcecado por aquilo nos últimos dias. Devia ser um trauma que adquirira.

Matt, à frente de Nate, o observou e fez um sinal positivo com a mão esquerda para o menino de cabelos platinados, claramente animado e confortável com aquilo.

– L! – exclamou Mello, com uma segurança e sensibilidade em sua voz que ficava clara a sua admiração pelo rapaz que ele abraçava. – Eu senti sua falta.

“L” abaixou-se, afastando-se um pouco de Mello, e sorriu.

– Vim exatamente para que não sentisse isso – respondeu o rapaz, que em seguida se levantou. Ele passou por Matt e bagunçou um pouco seu cabelo, causando a risada do garoto. Nate ficou observando, um pouco receoso em pensar se o tal L falaria com ele ou não. Não tinha coragem de ser o primeiro a falar. Nem sabia se deveria. – Peço desculpas por deixar vocês esperando. – L continuou. E então Nate River havia lembrado que escutara sobre ele quando estivera com Roger.

Tudo parecia se encaixar perfeitamente agora.

– Você – ele sentou-se ao lado do albino – deve ser o novato. Ouvi de você no caminho pra cá. – Nate pensou em abrir um sorriso, mas seu lado racional não queria parecer uma criança boba. À frente deles, Mello e Matt os fitavam, o primeiro com as mãos no queixo e cotovelos apoiados na mesa, sorrindo com a presença de L. – Nate River, certo?

O mais novo apenas fez que sim com a cabeça.

O jantar foi servido e todos se apresentaram. Eram Watari, Roger e L, os que faziam a trindade do orfanato. Os que coordenavam tudo. O fundador, o diretor e “o objetivo” – se é bem colocado dizer assim –, respectivamente.

– Você vai dar um nome para ele, L? – perguntou Matt, ansioso. – Vai, não vai?

– Estive pensando nisso no caminho para cá – murmurou L, comendo alguns docinhos ao invés do próprio jantar. – Vocês gostam de anagramas?

– Sim! – responderam os dois do outro lado da mesa, Mello e Matt, animados.

– Por que não tentam, então? – o rapaz, que Nate sabia que era um detetive, o melhor do mundo, que vivia escondido e não demonstrava sua verdadeira identidade à ninguém, murmurou. – Não deve ser tão difícil.

Watari e Roger sorriram, retirando-se da mesa e deixando apenas L com os garotos. Não sabiam muito bem se aquilo era algo certo de se fazer, mas sabiam que o detetive trataria as crianças da melhor forma possível, talvez apenas um pouco desajeitado. Não demorou muito para Matt e Mello começarem a pensar e sugerirem anagramas com o nome Nate River, mas não conseguiam nada que fizesse sentido. Até mesmo o detetive, que não parecia ter muito senso de humor, ou não tinha jeito nenhum com crianças, deixava-se rir de algumas coisas.

Mas Nate continuava calado. Ele começou a enrolar uma mechinha de seu cabelo com o dedo, um joelho abraçado a si.

Ele percebeu que L também sentava de uma forma característica. Achou aquilo interessante. Talvez tentou imitá-lo – o detetive não sabia muito bem, mas também gostou daquilo.

– Vocês já parecem tão próximos – comentou Matt, observando a maneira que eles se comportavam na mesa. – Nate até está usando uma camisa branca.

Mello fechou a cara com aquilo. Ele gostava demais de L e sabia que L gostava dele, mas aquele garoto havia chegado agora. Quem ele pensava que era?

Próximo – o loiro murmurou, de braços cruzados. – Near. Nahe. Nate.

– O que você está falando, Mello? – perguntou Matt, intrigado com o amigo ao seu lado, que estava pensativo, determinado a encontrar o tal nome para o garoto novo. – Nahe? – não entendia a origem daquilo.

Nahe significa próximo em alemão – respondeu L, brincando com os papeis de bala em cima da mesa. Jogou uma para cada um. – Mello tem descendência alemã. – Matt ficou com a boca entreaberta, lembrando-se daquele detalhe. – Tem algo em mente, Mello?

– Se pegarmos as primeiras letras de Nate e as últimas de River – explicou o loiro, calmamente –, temos N-A-E-R. Se trocarmos de lugar as duas vogais, temos N-E-A-R. Near. Near significa próximo, perto. Fará sentido com o que o Matt falou.

– Não é a toa que você é o mais inteligente da Wammy’s – sorriu o ruivo, dando um soquinho no ombro do melhor amigo. – Você viu isso, L?

– Eu vi – sorriu o detetive, colocando a mão na nuca. – Impressionante, Mello. O que acha disso, Nate?

O pequeno olhou para o detetive, que tinha uma expressão bondosa no rosto, mas ainda parecia distante. Era estranho pensar o motivo de estar lá seria para substituí-lo um dia.

Near poderia estar próximo à sucessão.

Nate concordou e abriu um sorrisinho para os presentes na mesa.

Mello também sorriu, mas depois pensara no que havia feito – para ele, estava entregando o posto que desejava para o novato. Parecia que Nate River já era o favorito de L. Ele não sabia se culpava a si mesmo ou a Matt por ter feito aquele comentário. Por outro lado, L havia visto o seu talento de perto. Talvez por conta de sua natureza explosiva, intuitiva, a primeira reação de Mello era arrancar um elogio do detetive para si, e não dar qualquer mérito para Near.

Aquilo seria o estopim para anos de discussões, competições, brigas e várias visitas à sala do diretor da instituição.

Mas, no fim, talvez aquilo tudo teria valido à pena.

***

Anos já haviam se passado desde a primeira vez que vira Mello e Matt. Near, sentado na janela, montava um quebra-cabeça enquanto observava a neve ainda caindo do lado de fora. Caso se concentrasse muito bem, conseguia ver as vezes que esteve sentado naquele mesmo lugar, anos atrás, vendo os dois amigos brincando na neve com suas risadas contagiosas. Depois, focando os pensamentos no orfanato, era possível ouvir o barulho dos passos pesados de Mello cruzando o corredor durante a madrugada para comer chocolate, ou pedir chocolate quente para alguém, naquele dia frio. E se pensasse mais ainda, Near conseguia ouvir os “beep” do videogame de Matt.

Por mais que não tivesse desenvolvido com eles uma amizade que eles tinham entre si, Near conseguia observar de longe e sentir-se presente no meio, por mais que não fosse fisicamente. Sempre preferira ficar sozinho, ao contrário dos dois que eram inseparáveis. Mello, obviamente, o via como um rival, e não como um amigo – e ele não hesitaria em machuca-lo ou atingí-lo de alguma forma. Às vezes, Near imaginava aquilo como forma do loiro demonstrar carinho, mas essa ideia se dissipava rapidamente de sua cabeça ao vê-lo com Matt.

Ao contrário do loiro, Matt era realmente paciente e gostava de conversar com todos, mantendo um bom relacionamento com a maioria do orfanato. Além disso, parecia ter um cuidado maior, gostando de demonstrar carinho... Ou simplesmente ignorando qualquer coisa ao seu redor quando resolvia começar a jogar. Era interessante crescer tendo-o por perto. Era bom. Era como se equilibrasse as forças que Near tinha na Wammy’s House.

Ele precisava disso.

Após terminar seu quebra-cabeça, deitou-se na cama. O efeito refrescante do banho ainda estava em sua pele, fazendo-o relaxar. Ficou encarando o teto por alguns minutos, talvez horas, tentando não fazer nada, não pensar em nada, em tudo que havia feito para estar onde estava.

Existe uma fala muito comum entre as pessoas, que diz que quando deitamos a cabeça no travesseiro é quando nossa vida parece passar por nós e todos os nossos arrependimentos, todos os nossos erros, nossas vergonhas, como se tudo isso voltasse. Como se o cérebro dissesse, “ei, você lembra daquele dia que você fez essa coisa ridícula?! Haha! Idiota!” e você pensa, “eu lembro... mas isso já faz dez anos! Isso já faz muito tempo! Cérebro estúpido! Eu sou tão ridículo! Ugh!”.

Algumas pessoas têm pesadelos com seus próprios erros. Com seus arrependimentos. Algumas conseguem adquirir traumas, medos, fobias por conta de seus sonhos. Maldito cérebro. Ele é capaz de nos fazer imaginar tudo. Tudo. Um universo dentro de si mesmo. Qualquer coisa é possível.

Near não sabia quanto tempo aquilo fazia, mas já estava em sono profundo. De repente, tudo voltou à tona – seus pais, sua família, seus problemas, as vezes que fugira e voltava, quando decidiu ir de vez; mas, principalmente, os momentos que Near via nitidamente eram as cenas em que seus pais o xingavam, o batiam, o maltratavam o suficiente para que o garoto nem sequer conseguisse mais reagir àquilo, apenas observava.

A pior coisa de um sonho é quando você não consegue acordar dele.

Near já se sentia sufocado, agarrando os lençóis e suas pálpebras pareciam coladas para que ele não abrisse os olhos.

– Near! – uma voz surgia longe em suas memórias e pesadelos. – Near! Acorde, seu idiota! Acorda! Near!

A voz soava cada vez mais desesperada e mais preocupada. Nate River sentiu duas mãos firmes o chacoalharem, e foi quando abriu os olhos acinzentados, horrorizado com o que sonhara. Os lençóis estavam completamente bagunçados, tanto em cima de si quanto na cama e no chão. Seus pulmões pareciam querer sair pela sua boca, assim como o seu coração, que batia em uma velocidade recorde.

Ao seu lado, a pessoa que o acordara.

– Mello – murmurou ele, a voz ainda trêmula de medo e o rosto pálido assustado. – Mello... Mello...

Não conseguia falar outra coisa, ou pensar em outra palavra, nem mesmo formar qualquer frase. O choque havia sido forte demais.

– Você sabe que horas são, imbecil? – perguntou o loiro, com seu pijama preto, os cabelos sempre no mesmo corte. Mas Mello já era mais velho, assim como Near. Não era mais o garoto de treze anos, e Near não era mais o menininho de dez. Near, aos dezoito, encarava perplexo o Mello de vinte e um. – Se você não sabe, eu te digo: é bem tarde da noite pra você começar a espernear como uma menininha. O que é que você tem?

Near não conseguia responder. Ele apenas continuou em choque.

– Mello, Mello... – continuava a murmurar.

– Você... – o loiro aproximou-se ainda mais, sentando-se de pernas cruzadas ao lado do garoto. – Você está chorando? – sua expressão mudara completamente. O semblante era preocupado, também chocado com aquela cena. Pensava que os gritos eram apenas mais uma maneira do albino tentar chamar a atenção, como imaginava que ele sempre fazia, mas aquilo parecia sério. Near sempre fora calado, mas porque queria estar calado, e não por não conseguir processar uma fala. – Por que você está chorando, Near? O que você tem?

O dono de cabelos platinados ainda não conseguia dizer nada, apenas começou a chorar ainda mais – parecia chorar o que nunca havia chorado na vida. Mello não duvidava que aquilo era impossível. Na verdade, para uma pessoa do tipo de Mihael Keehl, imprevisível, qualquer coisa era alcançável.

Até mesmo os sentimentos de Nate River.

– Ei, ei – o loiro tentou acalentar o mais novo em seus braços. Near o agarrou com força, como se sua vida dependesse daquilo, e chorava ainda mais, soluçando, repetindo o nome do ser que ele considerava seu amigo. “Mello, Mello, Mello...” – Tudo bem, Nate. Eu estou aqui. Fique calmo... – ele sussurrava, e fazia alguns “shhh” para tentar tranquilizá-lo.

Por vezes que imaginava nunca gostar de Nate River, Mello tinha um instinto protetor muito grande. Parecia distante e arrogante à primeira vista, mas talvez, por sempre achar que fosse um problema na vida de qualquer um, não formava laços com ninguém. E, por esse mesmo motivo, ele dava o seu melhor – para que pudesse ser bom para alguém. O altruísmo de Mello poderia ser duvidoso algumas vezes por conta de seu gênio forte, mas não era errôneo. Mihael fazia o que fazia por um motivo, e não por irresponsabilidade.

As provocações à Near, às vezes, poderiam significar, da maneira de interpretação dele, que ele queria mostrar ao menino que, além de poder estar páreo ao mais novo em termos de inteligência, também queria dizer que Near poderia fazer melhor, superando-se. Era a meta de Mello, e ele acreditava ser o do garoto, também. Ambos, pelo menos, superavam seu passado.

Mello sempre sonhara em ser L, alcançar L, conseguir exercer seu trabalho com a competência que um sucessor deve ter – e ser o melhor, mais uma vez. Ser o melhor para todos, pondo-se, às vezes, em segundo plano. Isso era um tanto quanto cômico – ou trágico, olhando por outro ângulo – que Mello, que sempre estava em segundo lugar e perdia para Near, se colocava em segundo para o bem-estar dele. De Near.

Sempre foi assim.

Sempre seria.

Tendo em mente que Near não daria – não conseguiria – dar explicações sobre seu colapso enquanto estava dormindo, e vendo que ele não o soltaria tão cedo, o rapaz mais velho apenas suspirou e colocou uma mão entre os cabelos do albino, acariciando-o e puxando-o mais para perto de seu peito, abaixando a cabeça e dizendo palavras do tipo “vai ficar tudo bem”, “relaxe, eu estou aqui” e “não precisa ficar assim, já passou”. Por um momento, um que fosse, talvez Mello tenha se visto como o homem de vinte e um anos cuidando do Near de dez, quando o conheceu – aquela criança assustada, os olhos inocentes repleto de lágrimas, uma alma abandonada no mundo.

Near passou seus braços pelo pescoço de Mello e o abraçou forte novamente, parando de chorar. Agora, conseguia falar outras coisas além do nome do amigo.

– Me desculpe, Mello – pediu Nate, quase num tom desesperado, prestes a chorar de novo. – Me desculpe... Não foi a minha intenção fazê-lo sentir como sempre se sentiu perto de mim. Eu não... Me desculpe, por favor.

Mello conseguia sentir as lágrimas voltarem a escorrer. Ele afastou Near dele, fazendo o garoto ficar à sua frente novamente. Colocou suas mãos em seus ombros, como na primeira vez que se viram.

– Nada é culpa sua, Nate River – respondeu Mello, calmamente. – Tudo o que aconteceu, as coisas que viu, as situações em que esteve... Não é culpa sua. Às vezes, nós somos colocados em labirintos assim pela vida, mas não é nossa culpa. É uma prova de força.

– Me desculpe – o garoto não parava de murmurar isso. E então respirou fundo. – Eu sei o quanto você almejava L, e eu estraguei isso quando cheguei aqui. Eu nunca quis isso. Eu só queria ficar olhando você e o Matt.

– Ei! – Mello sorriu, colocando um dedo no queixo de Near para levantar sua face. – Se você não tivesse aparecido, não estivesse por perto... Quem nós iríamos nomear Near? – e então se deu o prazer de rir. – Nós competíamos por motivos contrários, Nate. Eu queria ser L, a pessoa. Você queria ser o detetive. O cargo que víamos era para detetive, e não para uma pessoa legal.

– Você é uma boa pessoa, Mihael – o garoto insistia em dizer, apelando. Talvez fosse a primeira vez que dissesse aquilo tudo. Mello não parecia impressionado, mas não estava comemorando uma vitória, também. – Você é melhor do que eu nisso. Eu sempre fui tão... indiferente. E lá estava você, cuidando de quem estivesse por perto. Você tem um coração enorme, enquanto eu...

– Você também tem um coração, rapaz. – Mello apertou seus ombros de leve, sorrindo. – Você só o coloca em uma direção diferente da minha. E isso não é ruim. Se fôssemos iguais... Já pensou como nossas brigas seriam piores?

Near conseguiu sorrir com aquele comentário.

– Às vezes, eu penso em ser igual a você, Mello.

– Ah, não fale isso. Vá por mim. Não é tão legal quanto parece. Claro, você pararia de usar esses pijamas aí o dia inteiro e seria mais estiloso... Mas, sabe? Isso demanda muito trabalho pra essa sua cabecinha de vento.

Mello colocou o dedo indicador na testa de Near e o empurrou levemente. Os dois começaram a rir, mas Near não reagiu, como era de costume quando Mello resolvia começara a implicar com ele.

O silêncio pairou por uns momentos entre eles. A penumbra naquele quarto parecia deixa-los mais confortáveis. Mello estava deitado de forma não muito boa para ele na beira da cama, enquanto Near tinha as pernas cruzadas sentado no meio da mesma. Eles pareciam não saber o que fazer a partir dali. Estavam bem cansados, tanto Mello por ter levantado no meio da noite, quanto Near pela exaustão que seus pesadelos lhe trouxeram depois que acordou.

Mello, então, levantou-se sem dar satisfações e deixou Near um pouco preocupado se voltaria ou não. Algum tempo se passou, e o albino sentiu-se levemente frustrado por aquilo. Assim que abaixou a cabeça, achando que choraria de novo, o loiro de cabelo chanel ultrapassou a porta do dormitório mais uma vez, fechando-a devagar e andando na ponta dos pés para que o piso de madeira não fizesse barulho. Assim que chegou perto da cama, deitou-se novamente, e levantou a mão que segurava uma barra de chocolate, em tom de vitória, como se fosse a melhor decisão que ele havia feito naquela noite. Near não pôde deixar de rir.

– Eu te prometo dar um pedaço – disse o mais velho, deitado e mordendo o seu doce preferido –, mas somente se não chorar de novo. Não adianta inchar essas bochechas e marejar esses olhos mais uma vez. Estamos combinados?

O garoto de pijamas brancos apenas balançou a cabeça fazendo que sim, e então deitou-se ao lado de Mello. Passaram horas conversando, rindo, falando de suas experiências que haviam adquirido enquanto tentavam ser L e como o orfanato mudara suas perspectivas. Near contava sobre seus casos mais difíceis enquanto Mello dizia com muito orgulho como era bom portar uma arma e ser bom em tiros. Falaram de seu passado, também, algo que nunca fizeram, e Near duvidava que Mello não dividia aquilo até mesmo com Matt, que era seu melhor amigo há tanto tempo. Mihael Keehl era a pessoa mais reclusa do mundo quando se tratava desse tipo de assunto.

Em algum ponto, Near acabou quebrando sua promessa de não chorar de novo, mas tudo que Mello fez foi segurar o amigo-não-tão-rival em um abraço enquanto estavam deitados, e voltar a fazer como na primeira vez que o acordou de seu pesadelo. Houve um momento de silêncio, e foi quando eles finalmente caíram no sono juntos.

Nate River nunca havia se sentido tão amado e cuidado quanto naquela noite que Mello o havia ajudado a enfrentar seus demônios dentro de sua cabeça.

Quando amanheceu, Near se encontrou sozinho dentro do quarto, a cama arrumada, diferente do que imaginava que estaria. O abajur também estava apagado, diferente de quando dormira.

Ou era assim que ele imaginava.

Near tinha dezoito anos, já havia assumido o posto como sucessor de L.. L, pessoa cuja identidade realmente nunca havia sido revelada e nem seria, pois já havia sido morto cinco anos atrás.

Mello, a última pessoa do mundo que demonstraria fraqueza a Near, também havia deixado a vida... E já fazia algum tempo. Near havia resolvido o Caso Kira, finalizando o trabalho de L, e parte daquele plano envolvia a morte de seu rival que também era seu amigo. Mello morrera por ele; para que o plano desse certo, para que Nate River não morresse. Matt também, uma vez que se juntara ao amigo de infância.

Near havia tido um sonho dentro de um sonho – aquilo soava estranho, mas era exatamente o que tinha acontecido. Havia dormido completamente bem, acordara relativamente satisfeito com o seu descanso, exceto pela falta que seus únicos amigos faziam, pela única pessoa que poderia entendê-lo nesse mundo, e o seu ídolo.

Tudo ao redor de Nate River havia sido dizimado.

A pior coisa é não ter controle sobre seu cérebro.

Mas a melhor coisa é quando o cérebro resolve ser legal com você.

De todas as pessoas as quais Near poderia pedir para acalmá-lo em um momento daqueles, um surto, dentre os vários que davam a vida para protege-lo, o subconsciente lhe trouxera o menos – e melhor – esperado. Mello. Se aquele garoto achava que não era bom em nada, ou era pior do que alguém em determinada coisa, Near poderia dizer que ele era o melhor para ele mesmo, nem chegava a ser para uma situação. Pensar em Mello, mesmo que lhe trouxesse dor, lhe dava alegria. A mesma alegria que sentira quando o avistara brincando com Matt no jardim principal do orfanato.

Era um dilema que Nate River viveria pelo resto da vida, um fardo que teria para sempre – o detetive, a pessoa que mais admirava; Mello, que, entre tapas e disputas, era o seu melhor amigo; e Matt, que sempre fora a pessoa mais agradável do mundo para ele.

Certas coisas nunca mudam.

Near tinha certeza de que seus sentimentos por essas três pessoas seriam exatamente como descreviam a sua personalidade e seu rosto: estáticos, a mesma coisa o tempo inteiro.

De maneira alguma Mello, Matt e L sairiam da sua memória.

Era por eles que Near estava onde estava.

Honraria isso até o fim de sua existência.


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