O Som do Coração escrita por Vlk Moura


Capítulo 28
Parte 2: Capítulo 28 - Você e eu, querida, o que me diz?


Notas iniciais do capítulo

Romeo And Juliet - The Killers



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Assim que desembarquei me senti meio perdida, pedi uma informação com meu inglês nível sobrevivência, encontrei onde eu teria de pegar o ônibus, comprei a passagem e entrei, sentei em meu lugar, estava muito frio eu não tinha muita ideia do que poderia acontecer ali. Coloquei os fones para me enganar que ouviria alguma música, o motorista contou o número de passageiros. Deu a partida, acabei cochilando mesmo tendo me prometido que não o faria.

Acordei várias vezes até chegar onde eu queria. Eu tinha avisado Pietro e ele disse que daria um jeito de me buscar. Eu revia as várias fotos que ele e Marina tinham me enviado das arrumações para a festa. Assim que desembarquei com minhas malas avistei meu primo, com dificuldade puxei a mala até ele que me cumprimentou com um longo abraço, ele estava quentinho e isso era bom. Me ajudou a carregar tudo. O hotel em que estávamos hospedados não era muito longe de onde eu tinha descido e ir a pé só foi complicado pelo frio. Percebendo que eu tremia, meu primo me abraçou o ajudou bastante a me aquecer.

No hotel demorei até achar meu quarto, era o mesmo da Marina. Assim que abri a porta a encontrei experimentando algumas máscaras. Ela me puxou para dentro e me jogou várias das que tinha sobre sua cama, me explicou que todos combinaram de fazer uma festa em estilo veneziano já que no dia seguinte iriamos visitar a tal cidade. 

Fiquei pensando como lá estaria congelante considerando que é cercada por água. 

— Acho que essa roupa será boa para você - ela me entregou um vestido longo de época - E vamos poder usar nossas botas mesmo - ela riu e deu de ombros - Melhor do que sapatos de salto.

— Tenho que concordar - coloquei o vestido na frente do corpo, era em um tom verde esmeralda muito forte e vários detalhes lindos. 

Marina me entregou uma máscara que não era enorme e nem exagerada como as mascaras venezianas, mas era tão marcante quanto. O vestido dela era em um tom creme com costuras muito lindas em dourado, a máscara tinha um enorme nariz como as máscaras usadas na época das pestes. E o cabelo azul contrastava com o claro da roupa e da máscara, eu diria que se a visse a noite sairia correndo com toda a certeza.

Aproveitei a tarde para dormir um pouco. Acordei com Marina me chacoalhando e me falando que estávamos atrasadas, disse que dormiu bastante e esqueceu de colocar o celular para despertar. Sentei na cama e a observei desesperada. Marina me jogou a roupa e correu par ao banheiro, tomou um banho demorado e já saiu se maquiando, apesar de eu não entender a maquiagem já que íamos usar a máscara. Levantei sonolenta, tomei um banho longo, saí arrumando meu cabelo e comecei a passar a maquiagem. Ajudamos uma  a outra a vestir os vestidos, colocamos as máscaras e saímos de braços cruzados, ela me guiava pelo hotel.

Pegamos o elevador, era engraçado conseguir saber quem ia para a festa e quem não ia, todos mascarados andavam perdidos pelo hotel. Descemos ao salão de festa dali. A música parecia já estra tocando, alguns dançavam, outros comiam. Assim que entramos Pietro nos encontrou e nos carregou até a pista, eu não tinha certeza em qual ritmo deveria dançar, mas comecei a imitar os dois que riam enquanto dançavam. Eu não conseguia reconhecer as pessoas. Só era possível diferenciar as meninas dos meninos pelas roupas e mesmo assim algumas meninas estavam de meninos e meninos de menina, o que era engraçado de ver com as máscaras e eles tentando reproduzir o comportamento oposto. Todos pareciam estar se divertindo bastante com a festa. Parei de dançar e fui comer um pouco, eu estava faminta, não tinha comido desde que chegara na Itália. Peguei um pouco de refrigerante e um sanduíche que parecia saboroso. 

Depois de comer voltei a dançar o que devo dizer que não recomendo fazerem isso. Comecei a me sentir mal. Avisei meu primo que eu iria pegar um pouco de ar. O salão tinha algo como uma sacada, alguns casais estavam ali, mas era o único lugar onde eu poderia respirar e me congelar ao mesmo tempo. 

Tentei não encarar os casais, fiquei observando a cidade, era linda a noite, mas era bem baixa, diferente com o que eu estava acostumada, não tinham vários prédios, mil avenidas se cruzando. Um dos locais mais altos era o hotel então era possível ver bastante coisa dali. Alguém encostou do meu lado, olhei a pessoa e a fiquei encarando, o menino estava apoiado na sacada e observava o mesmo ambiente que eu observei minutos antes. Me olhou e sorriu. Forcei a  visão tentando descobrir quem era e assim que me toquei sorri para ele.

— Não está com frio? - ele perguntou com calma.

— Um pouco - eu observei a cidade - E você? - o olhei para observar sua resposta.

— Acho que vou sobreviver - rimos. 

Ficamos um tempo ali até que percebi os casais saírem dali e irem para a pista. Me virei para observar o que acontecia, estavam dançando juntos. Wilke também observou aquilo, logo se colocou a minha frente e esticou a mão me convidando para a dança. Aceitei.

— Ainda bem que os homens que ditam os ritmos - falei - Mas no nosso caso isso será um problema.

— Não se preocupe, sou melhor com danças - eu ri, coloquei a mão em seu ombro e peguei a outra mão. Ele pegou minha cintura, senti um arrepio, eu o olhei. Nunca pensei que ele poderia ficar mais encantador e misterioso, até esse momento, ele guiando nossa dança e mascarado, aquilo parecia uma cena de contos de fadas e para deixar meus pensamentos ainda mais fantasiosos estávamos na Itália, um dos países mais românticos do mundo. Senti minha bochecha corar com esses pensamentos bobos e agradeci a máscara por cobrir parte do meu rosto.

Wilke não tirava os olhos do meu e para mim era impossível desgrudar dos dele. Eu não sabia se a música tinha acabado ou não, mas observei que os outros casais saiam, mas nós ainda estávamos ali e como eu não ouvia a música eu continuaria dançando até que meu guia parasse. Ele parou, mas nós não nos soltamos.

Encarei aquele homem a minha frente, meu amigo de infância que cresceu comigo, nos afastamos, nos unimos novamente e agora tão distante dos lugares onde passamos boa parte da nossa vida, eu estava dançando com ele e estava sentindo algo estranho em meu estômago, acho que são as tais borboletas que todos dizem ou eu apenas estou com muita fome.

— Estou com fome - comentei em meio a nossa dança, ele riu - Vou pegar algo para comer.

— Também estou com muita fome.


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