Please be mine escrita por DowneyEvans


Capítulo 1
Wish I see you again


Notas iniciais do capítulo

Eu espero que gostem! É a primeira coisa relacionada a AHS que escrevo ♥



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Please be mine

Capítulo 1 – Wish I see you again

Zoe mantinha o olhar vidrado. Já haviam se passado 15 minutos desde que Madison e ela retornaram à Academia da Sra. Robichaux Para Moças Excepcionais, e absolutamente nenhuma lembrança daquela noite havia deixado sua mente, sequer por um instante. Eram cenas perturbadoras. Ela se lembrava de tudo com clareza.

***

– Não encontro Madison em lugar algum – disse ela, angustiada.

Kyle torceu os lábios de forma pensativa.

– Vou verificar lá encima

– Eu vou com você

Ele subiu as escadas com passos largos e apressados, Zoe tentou segui-lo de perto, mas havia tantas pessoas paradas no caminho, ela quis saber o que eles achavam divertido em simplesmente ficarem de pé num lugar cheio, abafado e barulhento como aquela festa de fraternidade. Zoe sempre se sentira deslocada em festas, e não gostava de fraternidades.

Kyle colocou a cabeça para dentro do primeiro quarto. Só havia desconhecidos. No segundo, apenas algum casal exibido. Subiu mais um lance de escadas, Zoe aos seus passos, e o clima ficava cada vez mais pesado. Muitas pessoas, muita fumaça, muitas risadas. Ele fechou a cara. Sua expressão ficava cada vez mais dura enquanto se aproximava do aglomerado de estudantes que cercavam a ultima porta do corredor. Zoe não sabia o que estava acontecendo. Ela levou um susto com o grito apavorado que Kyle dera ao adentrar o cômodo.

– Mas que porra é essa! O que estão fazendo?!

Zoe entrou rapidamente em seguida. Então ela viu.

Madison completamente fora de si, drogada e impotente sob um cara que usava a mesma jaqueta que Kyle, o qual fazia sexo à força com a mesma, enquanto ela, meio inconsciente, meio acordada, choramingava. Vários outros caras com a jaqueta de mesmo emblema filmavam a cena de estupro com seus celulares, fazendo de Madison uma piada. Outros esperavam sua vez de violenta-la, e Zoe se viu paralisada diante tudo aquilo. Kyle agiu antes dela, e foi tudo muito rápido.

Zoe viu Kyle socar e xingar o rapaz que a estuprava, e logo percebeu que ele tinha certa autoridade entre os colegas ali, que rapidamente correram para fora do quarto. Kyle continuava gritando coisas enquanto surrava o cara de jeito, mas Zoe não conseguiu prestar atenção no que ele dizia. À essa altura o sujeito já havia saído de cima de Madison e Zoe pôde acudi-la. Ela chorava encolhida, reclamando da dor. Zoe a cobriu com uma coberta, e lhe disse que iria ficar tudo bem, mesmo sabendo que na verdade não ficaria.

– Você ficou louco?? – gritou Kyle mais uma vez ao erguer o colega do chão, que já estava tonto de tanto apanhar – Eu vou ligar para a polícia! Volte para o ônibus!

Ele não precisou repetir duas vezes. O desgraçado saiu tropicando escada abaixo, enquanto o aglomerado de curiosos só aumentava.

– O que vocês estão olhando? Não há nada para ver aqui! – Kyle gritou ao bater a porta. Agora havia apenas os três. Ele se sentou aflito ao lado esquerdo de Madison, Zoe já ocupava o direito. Estava com pressa, mas pegou em sua mão - Você vai ficar bem, ouviu?

Ela nada disse, mas o olhou nos olhos com tristeza.

– Leve ela pra casa, eu sinto muito, mas não posso ajudar vocês, tenho muita, muita merda para limpar – disse ele já de pé – estão de carro?

– Sim, Madison veio dirigindo...

– Ótimo, eu tenho que ir. Sinto muito pela bagunça, de verdade, foi bom te conhecer, Zoe – ele bateu a porta atrás de si, deixando as duas sozinhas. Zoe pôde ver pela janela que seu ônibus já estava para partir, e assim que Madison se recompôs, elas partiram também.

***

– Tem certeza? Eu posso preparar-lhe algo para comer, ou... Quer que eu traga um copo d’água? – Zoe estava preocupada.

– Pela milésima vez, estou bem, não precisa fingir se importar – disse Madison ao bater a porta de seu quarto usando telequinesia, bem no nariz de Zoe – VÁ EMBORA! – ela gritou.

A porta se trancou com um estalo. Zoe entendeu o recado. Não foi preciso mais que isso para que ela desse meia volta e seguisse angustiada para o seu próprio quarto. Ela só não conseguia entender como Madison parecia não ligar nem um pouco para o que havia acabado de acontecer, enquanto para ela, fora algo totalmente horrendo e traumático. Desejava não ter presenciado aquilo. Desejava nunca estar na pele de Madison num caso como aquele. Desejava que pessoas maldosas e nojentas como aqueles violentadores não existissem. E, finalmente, se pegou desejando não ser tão inocente para este mundo.

Também trancara sua porta, ao adentrar o quarto (porém usando suas mãos) e se jogou na cama com exaustão.

Ela ainda não se acostumara com a ideia de possivelmente saber usar bruxaria. Ela nunca se acostumaria.

Tudo parecia tão difícil. Sentia falta de seus pais, de sua casa, dos seus amigos, de sua escola... Não suportava estar nesta escola. Isto nem deveria ser considerado uma escola, sim um manicômio, pensou. Madison era louca, eram todas loucas. E a única coisa que ela queria era se livrar de todo aquele mundo louco, recentemente descoberto por ela, e não ter que lidar com culpa de ter matado o pobre Charlie.

Ah, Charlie...

A memória de seu, agora falecido, namorado a fez estremecer. Cerrou os punhos, mas suas mãos tremeram, e não pôde evitar. Começou a chorar. Ela sentia tanta sua falta! Jamais se perdoaria por tê-lo matado. Jamais se perdoaria por ser uma bruxa. Jamais se perdoaria por ter aquele maldito ‘’poder’’ entre as pernas... Eles se amavam. E agora ele se fora. Por culpa dela.

Não havia chorado tanto desde que saíra de casa. Ou melhor, desde que fora escoltada de casa. Não queria parecer fraca ou boba perto das outras garotas, mas acontece que era exatamente o que parecia agora. Deu sorte de não ter ninguém por perto num momento de fraqueza como este. Não confiava naquelas meninas. Em nenhuma delas. Nem mesmo em Cordelia, a pessoa mais amigável que encontrara ali. Sentia-se sozinha, rodeada de estranhas, as quais agiam por si só. A palavra era essa, ‘’estranhas’’. Ninguém se via como amigas ou uma família naquele lugar, por mais que fosse isso que Delia reforçava. Uma ‘’família’’.

Pensando sobre as garotas, subitamente percebeu que devia estar fazendo barulho de mais. Já era madrugada afinal, e as outras deveriam estar dormindo. Ou a escutando.

Com relutância se recompôs. Forçou-se a levantar, e lentamente caminhou até o banheiro da suíte. Tinha que admitir, a mansão era luxuosa. Apoiou as mãos na larga pia de mármore, e olhou-se no espelho. Sua imagem refletia pura melancolia. Ela não queria refletir melancolia. Não queria estar mais triste. Charlie se fora, e ela teria que conviver com isso. Nunca mais o veria. Nunca mais sentiria o seu toque. O melhor que podia fazer é esquecê-lo, e aceitar o fato de que, nunca mais poderia amar de novo, se não quisesse machucar alguém.

Você vai encontrar um novo amor, a voz de Nan ecoou em sua cabeça.

De repente seu pensamento se voltou para o garoto que conhecera esta noite, e seus olhos tristes vidraram novamente. Mas desta vez surgiu neles um brilho bom.

Kyle.

Zoe sentira outra pontada violenta de culpa por ter sentido uma atração tão forte por um fascista integrante de fraternidade, apenas dias após a morte de seu namorado. Tudo bem, Kyle era um cara legal. Muito legal. Seu sorriso era cativante, e ele era insanamente bonito e charmoso. Seus olhos, ah! Seus olhos... Zoe soube suas intenções com ela no momento em que seus olhares se cruzaram pela primeira vez. Ele parecia mais um bobo daquelas histórias de contos de fadas, daqueles que relatam sentir amor à primeira vista pela bela dama protagonista... Talvez ela estivesse exagerando de mais, mas realmente vira bondade sincera nos escuros olhos de Kyle. Ele era uma boa pessoa. Ela tinha certeza de que ele nunca faria com alguém aquilo que seus repugnantes irmãos de fraternidade fizeram com Madison. Bom, ela esperava que não. O conheceu apenas por uma noite. Nem ela sabia como podia tirar tantas conclusões sobre uma pessoa que mal conhecia, talvez estivesse blefando. De alguma forma, sabia que não estava.

Nem toda beleza e encanto de Kyle conseguiram conquista-la. Não deixaria de amar Charlie por um universitário qualquer. Gostava de pensar que fora por isso que o havia rejeitado, mas a verdade era que não queria mesmo se aproximar. Sabia que uma hora ou outra acabaria por se apaixonar, e ela não queria causar mais morte e dor.

Um namoro requer sexo, afinal. E quando chegasse a hora, ela causaria morte e dor.

Neste momento ela mentalmente se repreendeu. Parecia tão suja em assimilar um relacionamento apenas com a parte sexual da coisa, mas era verdade.

Um sorriso leve se estampou em seu rosto inchado. Lhe parecia que o sono já estava fazendo efeito em seus pensamentos.

Ela finalmente abriu o zíper do vestido preto e colado de Madison. Fazia calor, e o tecido havia grudado um pouco em sua pele por conta do suor. Ela não gostava desse tipo de roupa, era justa e desconfortável. Deixar o vestido escorregar para o chão a fez lembrar o quão deslocada se sentira quando chegaram à festa, e Madison logo a deixara de lado. Ela não era acostumada a esses lugares. A cada olhar que recebia se sentia cada vez mais vulnerável, despida, do mesmo jeito que se encontrava agora. O que não aconteceu com o olhar de Kyle. Com ele, ela se sentiu confiante.

Lavou o rosto e voltou para o quarto, pensando seriamente se vestiria algo para dormir ou simplesmente se deitaria do jeito que estava. Estava tão quente em Nova Orleans. Mas achou ter feito a escolha certa em vestir logo sua camiseta larga e surrada que usava como pijama. Vai que alguém entra de manhã e a encontra totalmente exposta deitada em sua cama. Não pegaria bem para o primeiro dia. E ela também não confiava nas trancas da porta de uma casa repleta de bruxas.

Exposta. Essa palavra a remeteu de volta à Madison e aquela cena terrível. Estremeceu de novo, mas se segurou. Não. Hora de pensar em coisas boas.

Puxou os lençóis e deitou-se. Fechou os olhos e tentou se concentrar em algo bom. Pensou em Kyle.

De verdade, não fora nenhum galanteio do rapaz que a fizera gamar-se nele. A admiração que ela agora sentia, apenas surgiu depois que ele bravamente enfrentou seus irmãos para tirar Madison daquela situação. Talvez nem fosse para acudi-la, e sim para salvar sua fraternidade. Porém Zoe não se importava, ele a salvou. Um pouco tarde de mais, mas salvou. Ela gostaria muito que ele a salvasse do que estava vivenciando agora. Ou talvez estivesse só carente, como forçou-se a pensar.

Ela queria vê-lo de novo. Mas deveria lembrar-se que, acima de tudo, ele é um simpatizante dos estupradores, por mais que tenha se enfurecido com o estupro de Madison, os babacas eram seus irmãos. Deveria lembrar-se também que não podia aproximar-se de mais. Kyle definitivamente era um cara de bom coração, e ela não se perdoaria caso machucasse-o também.

Zoe estava mais relaxada agora, e ela só queria esquecer-se de tudo por uns instantes. Deslizou sua mão levemente pela cintura, ventre e virilha, até chegar a sua umidade. Percorreu os dedos de forma suave por toda sua extensão. Chegando uma hora em que estava suficientemente molhada, agilizou os movimentos, e quanto mais depressa se satisfazia, melhor se sentia. Ela possuía uma arma mortal, e já sabia como poderia usá-la. Poderia vingar Madison matando cada um dos imbecis de uma maneira muito louca. Poderia lhes ser uma estupradora muito mais terrível do que eles jamais foram.

Num momento de devaneio e prazer, pegou-se pensando em Kyle, e não se sentiu mais suja. Precisava vê-lo novamente com urgência. Ela... Queria que pudesse... Ter esta sensação... Com alguém... Novamente... Pelo menos mais uma vez...

Ao terminar, apagou a ultima lâmpada que continuava acesa, a de seu abajur, e deitou-se de bruços, numa posição confortável. Nan lhe dissera mais cedo, que logo iria encontrar um novo amor. Um estranho e inesperado amor... Seria Kyle a quem Nan se referia? Zoe não sabia se queria que fosse.


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Notas finais do capítulo

( ͡° ͜ʖ ͡°) continuo or nah?



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