Memórias escrita por march dammes


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Hey there! Primeiro, aviso que essa é minha primeira SuFin já escrita na vida, então, pode estar bem ruim ;w; Mas espero que não. Peço que deixem um review com a opinião de vocês, POR FAVOR, que isso me ajuda muito! Avisem se estiver OOC, e boa leitura x3



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Memórias

Era o dia de folga de Tino Väinämöinen, um professor na escola primária de sua cidade, e Papai Noel do shopping na época de festas. O finlandês de sorriso fácil e olhos castanhos acolhedores lavava os pratos do almoço no fim da tarde, enquanto aguardava que Berwald e Peter voltassem do dia de levar seu filho ao trabalho.

Berwald Oxenstierna era contador em uma grande empresa, e muitos diziam que se dava bem melhor com os números do que com pessoas. Mas isso obviamente não era verdade; afinal, se a situação fosse tão grave assim, ele nunca teria se casado com Tino, a criatura acima dos vinte anos mais adorável e gentil daquele país. Bem, ao menos, era assim que as pessoas o viam, mesmo que o professor pudesse ser rígido – e, diga-se de passagem, bem assustador quando irritado.

Naquela sexta-feira, as crianças da escola em que o finlandês ensinava haviam saído para uma excursão, e sua presença não fora requisitada. Ele pretendia aproveitar o dia de folga para poder descansar, mas quem disse que conseguia? A cada vez que se sentava no sofá da sala e respirava fundo, lembrava-se de algo para fazer, e logo se levantava, indo resolver tudo até os mínimos detalhes, e assim que se sentava de novo, aparecia Hanatamago, a cachorrinha de estimação do casal, arrastando o potinho de comida, ou apontando algo fora do lugar na casa. E lá ia Tino novamente.

E nesse frenesi, ele se esquecera de lavar os pratos do almoço com o marido e o filho adotivo, que haviam saído logo depois e não tinham tido tempo de limpar a louça em que comeram, como fora ensinado naquela casa. Tino gostava de tudo no lugar; e por isso era tão cuidadoso com regras e etiquetas. Principalmente com Peter, que oh, era um caso perdido no que se referia a disciplina – largava as roupas no chão, a toalha molhada em cima da cama, os copos usados sobre a bancada, os brinquedos espalhados pela casa, causando quedas e muitos palavrões da parte do pai sueco.

Enquanto esfregava lentamente uma panela, Tino pensou mais um pouco sobre Peter. Ele havia sido adotado pelo casal homossexual há pelo menos dois anos, e a situação não fora nada comum...

Flashback ON

Era sábado de tarde e Tino lia um livro sobre a Era Viking no sofá da sala de estar quando Berwald chegou de um lugar que ele não quisera revelar. Tino não insistira nem desconfiara – afinal, confiava totalmente em seu marido e em sua lealdade, e não via necessidade em agir como uma esposa desesperada e persegui-lo para descobrir se estava sendo traído. Ah, isso Berwald não faria...mas qual foi a surpresa do finlandês ao ver que seu companheiro não estava sozinho.

...

O sueco sequer titubeara: simplesmente apresentara Peter Kirkland como sendo o novo filho dos dois, que ele acabara de adotar. O menino, de uns dez anos, fizera uma cara desconfiada ao finlandês e fora explorar a casa, enquanto Tino permanecia no mesmo lugar, de pé, estático, o livro no sofá tão aberto quanto sua boca e olhos.

...

Haviam se seguido muitos gritos e sermões, mais da parte de Tino, uma vez que Berwald se limitava a suspirar, olhá-lo taciturnamente e responder aos berros do marido com pouca emoção. Aí, sim, ele havia explicado para o mais novo que há poucos meses ele pensara que os dois viviam muito solitários, e que uma criança melhoraria a relação e aproximaria ainda mais os dois. Ele estivera na fila de espera de um orfanato desde então, e não demorara muito para conseguir, com uma assinatura surrupiada de um Finlândia distraído, adotar o menino Peter.

–Mas SEM o meu consentimento?! –gritava Tino, prestes a chorar com o pânico- Berwald, isso é ILEGAL!!

–Eu q’ria f’zer ‘ma surpresa –o sueco explicou, um brilho de tristeza brilhando no fundo de seus olhos azul-esverdeados. Mas Tino não pareceu notar, pois continuou falando rápido e gesticulando:

–Berwald, isso é coisa séria! Se fosse um animalzinho ou qualquer outra coisa não haveria problemas, mas é uma criança! Uma PESSOA, Berwald! Não temos tanto dinheiro assim, e você sabe, afinal é contador, e sendo assim, tem a certeza de que dinheiro não dá em árvore e no momento nós não estamos em condições financeiras favoráveis para sustentar MAIS UM membro nesta família!

O sueco se limitou a baixar os olhos, como se estivesse arrependido de seus atos quase impulsivos. O finlandês soltou um suspiro dolorido e segurou a cabeça nas mãos, não demorando muito até voltar a falar, mais baixo agora:

–Hanatamago já dá trabalho o bastante. Berwald, o que você estava PENSANDO? –ele virou os olhos para o marido, que erguia a cabeça com notável desapontamento. Ele abriu a boca para justificar-se, mas Tino sinalizou para que se calasse- Quer saber, deixe isso de lado. O que foi feito não tem mais jeito, certo? Teremos que arcar com as consequências de SEUS atos impensados, e criar essa criança da melhor maneira possível. E antes que diga algo mais, NÃO, eu me RECUSO a devolvê-lo ao orfanato agora que abrimos uma possibilidade de vida melhor para ele.

Depois disso, Berwald baixou os olhos novamente e permaneceu calado. Peter desceu as escadas pulando os degraus, e puxou a barra da camisa social de Tino. Quando o finlandês agachou-se, o menino sussurrou a seu ouvido que tinha fome. Seu sotaque era bretão, e agora fora a primeira das poucas vezes que o menino falaria naquele mês. Honestamente, não muitas palavras haviam sido trocadas naquela casa por pelo menos trinta dias – Berwald já não era um homem muito expressivo, Peter ainda se acostumava com sua nova família e Tino se recusava a falar mais que o necessário com o marido. Foram dias difíceis para a relação jamais oscilante dos dois, mas por sorte, após o aniversário de Berwald naquele seis de Junho, tudo voltara a caminhar nos eixos, graças a um jantar apologético preparado por Tino com todo o carinho.

Flashback OFF

O finlandês quase abrira um buraco com a bucha no interior da panela quando voltou ao presente. Enxaguou e colocou o utensílio para secar, enquanto pulava para um prato ainda com um resto de comida – obviamente, arte de Peter. Tino jogou aquilo fora e terminou rapidamente de lavar a louça, optando por secar os pratos e talheres para guarda-los, enquanto as panelas e travessas podiam esperar. Ele caminhou até o armário, pois, e ao guardar os pratos do almoço, percebeu algo fora do lugar.

–Ora, mas o que isso faz aqui...? –ele indagou, pegando o prato de sobremesa de cristal que pertencia à cristaleira, e não ao armário. Cuidadosamente, guardou-o no lugar de origem, enquanto se lembrava de onde ele viera. Lembrava-se de ter sido um presente de seu amigo Eduard, mas o que mais estava relacionado àquele prato de cristal?...

Flashback ON

Dentre todos os presentes que Tino e Berwald haviam ganho naquele dia tão especial, o mais caro de todos havia sido dado pelo jornalista Eduard Von Bock, um estoniano bastante independente e lógico, que compartilhava com Tino o gênio calmo e com Berwald, o talento com números. Bem, e sendo um amigo próximo do finlandês, ele não podia dar nada abaixo do belo conjunto de pratos, píres e xícaras de cristal, que foram, alguns dias depois, guardados com a preciosidade de um tesouro na cristaleira construída pelo próprio sueco. Mas que dia era aquele, que merecia um presente de tão alto porte? Ah, mas não era nada menos que a cerimônia de casamento de Tino e Berwald.

...

O salão não podia estar mais bem-arrumado. Tudo planejado pelo finlandês, que sempre pensava em tudo, e enfeitado com flores brancas que davam um brilho especial à cena. Quase todos na cidade haviam sido convidados – exceto por alguns desagradáveis, que infelizmente, apareceram mesmo assim -, e os padrinhos, mais de um, estavam bem arrumados e ao lado do padre, juntamente com Berwald, maravilhoso em seu terno negro e gravata azul, que combinava com seus olhos marejados de felicidade, contrastando com sua expressão indiferente.

E foi no êxtase da música clássica que todos se viraram nos bancos, quando a porta grande de madeira abriu-se e de lá veio Tino, deslumbrante em seu não vestido, mas terno branco, cuja gravata lilás se destacava. Ele carregava um buquê de linnaeas e lírios, insistência do noivo, e o rosa e branco contrastavam incrivelmente bem. Seu sorriso, no entanto, era o melhor em sua aparência, expressando toda a sua felicidade naquele momento.

Quando deu o braço a Berwald e o mestre de cerimônias começou a falar, o sueco se curvou em sua direção, sussurrando-lhe ao pé da orelha:

–‘Cê ‘tá lindo assim. –isso causou um rubor no rosto do finlandês, que o olhou, e surpreendeu-se diante do sorriso do maior- Mal posso ‘sperar pra te levar pro quarto.

Mais rubor, Tino por pouco não escondeu o rosto no buquê. A cerimônia seguiu até o momento em que o pequeno islandês do grupo de amigos dos dois lhes entregou as alianças de ouro sobre uma almofada branca, e eles trocaram seus votos de amor. E foi no momento em que o padre anunciou que podiam beijar-se que Tino declarou que aquele era o melhor dia de sua vida – o buquê foi jogado no chão e seus braços envolveram o pescoço de Berwald como se ele fosse sua vida, e um beijo cheio de promessas foi trocado. Os convidados foram à loucura com lágrimas, abraços e aplausos, e naquele momento Tino sentiu como se eles estivessem finalmente juntos...pois estavam. Depois de um bom tempo batalhando, eram finalmente um casal oficial.

Flashback OFF

O professor pegou-se sorrindo bobamente para os cristais com aquela lembrança. Ele tocou o rosto quente (deveria estar escarlate!) e afastou aquele embaraçamento todo. Ora, por que se sentia tão pateta com apenas a lembrança de seu casamento? Fora há quatro anos atrás, ele já deveria ter se acostumado com a memória retornando! Mas...não adiantava que brigasse com seu subconsciente. Mesmo depois de anos de união, ainda sorria e corava como uma colegial apaixonada diante de demonstrações (ou simples memórias) de amor da parte do marido. Era impossível evitar.

O finlandês decidiu secar as panelas – ora, já começara a guardar a louça, por que não terminar? –, e voltou para diante da pia, pegando o pano de prato estendido sobre o forno de micro-ondas. Enquanto arrumava tudo ali, lembrou-se de mais alguns momentos seus com Berwald: o momento que se conheceram, no colegial; quando fizeram o clube de artesanato juntos, e Tino percebeu que não tinha o menor jeito pra coisa; quando o sueco ofereceu-se para o ajudar com o dever imposto pelo líder do clube, fazer um vaso para flores e decorá-lo como quiser; quando o máximo que o finlandês conseguiu construir foi algo completamente torto, e o sueco trocou seus vasos quando o líder não estava olhando; quando o mesmo mudou-se para outra cidade, e a única lembrança que Tino tinha dele era o vaso de argila belamente pintado e uma boa nota. Naquela época, o finlandês sentiu sua falta...mais do que imaginava. E não esperava, definitivamente, revê-lo no último ano de sua faculdade de letras, fazendo o curso de programação. Fora marcado um encontro para que o sueco contasse de sua experiência para onde tinha ido, e outros vieram depois disso. Não fora difícil para Berwald declarar-se ao finlandês – na verdade, fora tão direto que o assustara. Tino levara certo tempo até perceber que talvez o sueco fosse de uma importância além do “amigo” para ele, e alguns meses depois de praticamente rejeitar a declaração, admitira que também o amava. E foi aí que começaram a namorar.

Seus amigos todos aceitaram bem, apesar de que o dinamarquês de cabelos arrepiados continuava a implicar com eles de vez em quando, mesmo que apenas por brincadeira. Tino não se importava realmente; e nem Berwald, mesmo que mandasse olhares gelados como sua terra natal na direção do amigo.

O professor despertou novamente de suas lembranças com o clique da porta se abrindo. Ele sorriu enquanto guardava as panelas no armário sobre a pia, e Peter entrou na cozinha feito um furacão.

–Mama, mama, você não sabe o que aconteceu no trabalho do papa! –ele gritava, eufórico, enquanto pulava em volta do pai mais novo. Este deu uma risada e encheu-lhe um copo de água, para que se acalmasse.

–Diga, Peter, o que aconteceu? –perguntou, didático. O costumeiro abraço por trás não o surpreendeu, e ele virou a cabeça para beijar os lábios frios do marido, com um sorriso em seguida.

–‘Noite, esposinha. –Berwald brincou, seus olhos brilhando, embora não desse um sorriso, por menor que fosse.

–Boa noite, maridão. –Tino retrucou, rindo e fazendo um carinho em sua mão, o que o fez soltá-lo. Peter os olhava com uma careta, e tossiu para atrair atenção para si:

Então, como eu dizia, hoje no trabalho do papa eu e ele---

–Guarde a narração pra mais tarde, huh? –pediu o sueco, olhando para o parceiro em seguida- Vo’ contar a novidade pra mama Tino e já ouvimo’ sua ‘stória.

O finlandês interessou-se. Peter concordou e deixou o copo sobre a pia, tirando os sapatos e correndo de meias para a sala, deixando os tênis no corredor. Violou pelo menos meia dúzia das regras de Tino, mas este não se importou em censurá-lo, pois fitava, curioso, os olhos estranhamente eufóricos de Berwald.

–Então –ele cruzou os braços- O que está armando?

–Nada demais –o sueco encolheu os ombros- Só pensei em ir janta’ fora hoje, pra comemora’.

–Comemorar o quê? –Tino alarmou-se. Havia esquecido do aniversário deles?!

–Comemora’... –Berwald se aproximou e acariciou seu rosto, dando um sorriso- Que seu marido foi prom’vido.

O queixo do finlandês caiu. Ele ergueu as sobrancelhas, surpreso, e gaguejou:

–Uma...promoção? E o quanto você...

–‘Inco vez’ mais –Berwald informou, e só faltava dançar- Pelo m’nos.

Tino não conseguiu fazer outra coisa senão abraçar forte seu marido. Oh, como estava orgulhoso! Sabia que ele merecia muito mais do que a merreca que ganhava naquele emprego, que tinha talentos e sempre almejara mais. E agora conseguira! Muitos sonhos seus se tornariam realidade.

–Su-san, isso é ótimo! –ele quase gritou- Finalmente vamos poder comprar um carro e...uma televisão melhor! E talvez até poderemos fazer aquela festa temática de treze anos pro Peter e---ah, Su-san, estou tão orgulhoso de você! –ele o abraçou de novo, mas o sueco o afastou, embora continuasse com um sorriso nos olhos.

–Mas prim’ro –ele disse- V’mos comem’rar. Naqu’le rest’r’nte fr’ncês que ‘cê gosta.

–O mais caro da cidade?! –Tino engasgou- Berwald, deveríamos tomar cuidado com isso, não podemos sair gastando desse jeito, temos que policiar o dinheiro muito bem e...

Ele foi interrompido pelo próprio Berwald, que pousou o indicador sobre seus lábios, calando-os.

–Shh –fez ele, sorrindo pequeno em seguida- Tud’ pra minh’ esposinha.

E ali mesmo, na cozinha, com Tino encostado na pia, eles trocaram um beijo apaixonado e cheio de esperança – esperança de que suas vidas só melhorariam dali pra frente, e que muitas outras lembranças surgiriam – e fossem boas ou ruins, de uma coisa ambos teriam certeza: não se separariam. Nunca.


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Notas finais do capítulo

E foi isso! Curtiram? Comentem, compartilhem, acompanhem, favoritem, enfim, isso tudo me dá uma força do caramba pra continuar com essa coleção de ones. Poooor favor, façam isso pra mim, não dói nada e deixa uma boa escritora muito motivada c:Enfim, espero que tenham gostado! /o/



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