Deh e Dih escrita por Srta Silva


Capítulo 9
O cachorro.


Notas iniciais do capítulo

Sorria, a vida é linda.



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Acordo no sábado mal-humorada. Olho em volta e gemo frustrada. A ''comemoração'' de ontem não me deu nenhum benefício. Camila sabia muito bem como por uma casa de cabeça para baixo. E meu pai ainda ajuda! Esses dois definitivamente não vão mais organizar uma ''comemoração'' juntos. Só por cima do meu cadáver! Posso até ser bagunceira, mas sou no mínimo obcecada por arrumação perto desses dois.

Levanto e tomo um banho. Depois desço para comer algo. Minha nossa! Olha o estado dessa pia! Tudo bem, não vou ficar nervosa. Depois de comer, vou até a sala chamar Camila, que dormia profundamente no sofá. Sacudo-a, que entre resmungos e protestos, acorda. Subo e chamo meu pai, que como Camila, acorda entre resmungos e protestos. Os espero se trocarem e tomar café e então iniciamos a faxina.

Me jogo no sofá exausta. Deus, arrumar a casa é definitivamente horrível. Preciso de um banho. E ainda tenho que ir no teatro. Resmungo sozinha. Camila vai embora e diz que me encontra no teatro. Confirmo e vou me arrumar. Lá de cima, escuto papai ligar o rádio e a voz de Malú preencher o silêncio da casa. Sorrio. É a minha canção favorita. Blanco y Negro. Termino minha arrumação, me despeço do meu pai e vou para o teatro. Paro no meio do caminho quando escuto meu celular tocar. Abro para ver quem me mandou mensagem.

''Passe na casa dos seus tios, e pegue uma pasta com Simona. Um beijo. Papai.''

Mudo meu trajeto e vou em direção à casa dos meus tios. Eles moram numa rua que a pouco tempo apelidaram de ''rua dos cachorros'', pois toda pessoa que vivia naquela rua tinha um ou mais cachorros em casa. Era impressionante a coincidência. Chegando perto da casa de Simona, avisto o Rottweiler dos Moraes que vive fugindo e tocando terror por aí. Parei subitamente rezando para que ele não tivesse me visto, e devagar começo a recuar. Mas ele vira a cabeça e me olha. Congelo me tremendo até a alma de medo. Ele então late e levanta as orelhas. De repente começa a latir assustadoramente e correr na minha direção. Viro-me tomada pelo pânico e começo a refazer meu caminho. Viro uma esquina e por pouco não caio. Vejo então minha oportunidade de salvação. Vi uma casa com um muro alto o suficiente para o Hottweiler não me pegar, e para completar uma árvore que estava ali como uma escada. Ouvi os latidos do Hottweiler aumentarem e parti para a árvore. Subi com dificuldade, mas uma vez lá em cima, atravessei-a e fiquei em cima do muro. O cachorro ficou lá me olhando e latindo enquanto eu arfava.

Me permiti gritar para quem quisesse ouvir por ajuda, sendo que nem eu mesma estava levando aquilo a sério. No mínimo o cachorro se cansaria e sairia dali, e isso contando que os donos só resolveria procura-lo tarde da noite. Quando achei que ficaria ali, criando raízes com a árvore, ouvi alguém gritando. Era uma voz grossa e masculina. O cachorro se permitiu olhar e parou de repente de latir. Vi o senhor Moraes e Dimitri aparecerem no meu campo de visão. O senhor Moraes chamou o cachorro e saiu com ele dali. Dimitri sorriu ao me ver em cima do muro. Senti minhas bochechas ficarem vermelhas.

–Vai ficar rindo de mim ou vai me ajudar a descer?

Eu nem sabia como descer. O modo como eu subi não dava para imitar descendo.

–Pule, eu te pego.

–Você cheirou leite em pó ou o que?- Disparei.

–Pequena...- Ele sussurrou.- Pule logo daí e pare de reclamar.

Ele estendeu os braços.

–Se você me deixar cair...

Pulei. Num momento estava no ar, no outro nos braços de Dimitri. Ele me segurou firmemente junto ao peito e eu arfei sem querer. Então sorriu.

–Da onde você surgiu?

–Os Moraes são amigos do meu pai. Eles pediram minha ajuda para encontrar o cachorro deles, foi quando te ouvimos gritando. Quando você ficou quieta, achamos que sei lá, algo tinha acontecido.

–Entendi.

O silêncio logo se pesou e eu previ que aquilo não ia dar bom. Sai de seus braços e me ajeitei.

–Você vai pro teatro hoje?

–Estava a caminho.

–Bem, se importa de ir na frente? Eu vou passar na casa de uma prima e depois vou para lá.

–Sua prima mora por aqui?

–É, mais ou menos.- Sorri.

–Ok, nos vemos lá.- E antes que eu recuasse, ele beijou minha bochecha e sorriu irônico.- E se aparecer outro cachorro é só gritar, tá?

–Tá seu ridículo, agora vá.- E me peguei sorrindo.

Ele sorriu e partiu. Corri em direção à casa de Simona e toquei a campainha. Me surpreendi ao ser atendida tão rapidamente. Nos cumprimentamos e ela me entregou uma pasta preta.

–Isso aqui é toda aquela papelada de teatros para adultos e blá blá blá. Entregue para Tomás e pronto.

–Ok Simona. Obrigada.

Abracei-a e parti.

Cheguei no teatro já entregando a pasta para Tomás e fui falar com Camila. Ela sorriu e me disse para procurar Dimitri, pois ele queria falar comigo. Mas nem foi necessário, ele mesmo me achou! Fomos para um canto e começamos a conversa. Era sobre a peça. As ideias que o pessoal teve e Tomás pedira para a gente revisar. Estava tudo indo muito bem, até Dimitri soltar uma de suas gracinhas.

–Sabe, estou muito triste.

–Ué, porque?

–Você é a garota mais incrível que já conheci na minha vida e não pode ser minha.

–Está flertando comigo? Porque esse seu papinho de Romeu apaixonado não vai me convencer.

–Você vê? É disso que eu estou falando. Se você fosse qualquer menina, já teria se jogado nos meus braços e sabe se lá o que seriamos agora. É difícil não gostar de você.

–Para Dimitri, você está sendo ridículo. E para de me cantar.

Olhei para o rapaz diante de mim. Tão canalha com as meninas, tão cavalheiro comigo. Penso em Nathan. Tão quieto e fechado. Dimitri era tão aberto com seus sentimentos. Não tinha problema algum em demonstrar o que sente, falar o que pensa e fazer o que lhe der na telha. Nathan, tão controlado, pensando tanto antes de agir. E uma pequena parte de mim pensou em quem realmente meu coração pertencia.


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Notas finais do capítulo

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