Queria estar presente no momento que a Demi visse o buquer que mandei entregar na casa dela. Sorrio imaginado suas bochechas corando. Ah, suas bochechas! Mas meu sorriso logo se desfaz quando lembro daquele cara. Será ele o namorado dela? Se for, será um obstáculo e tanto. Na verdade eu tenho quase certeza de que ele vê problema em tudo, contando comigo.
Na segunda, vou para a escola de manhã e à tarde corro para o teatro. Tiveram uma ideia para a peça e vão escolher hoje quem fará o que. No teatro, após a chegada de todos, iniciamos a votação para o protagonista. Infelizmente eu fiquei em segundo lugar, então me colocaram como substituto. Aceitei numa boa. Na votação para o par do protagonista já foi diferente. A menina que seria escolhida tinha que ter uma voz suficientemente fina, pois os agúdos da personagem eram extremos. Cinco meninas foram postas de frente ao piano, dentre elas, Demi.
Bem, vamos lá.- Tomás disse.
Ele tocou a tecla do piano. Todas acertaram. Tocou uma mais fina. Duas erraram. Opa! Tocou uma mais fina. Acertaram. Tocou uma finíssima. E adivinha só: deu empate entre Demi e a ruiva ao seu lado. Vi Demi corar. Sorri.
Qual das duas se importa de ser a substituta?-Tomás pergunta.
Eu fico como substituta.-Demi falou.
Muito bem.
Ela pediu lisença, foi até a amiga, falou algo com ela e foi em direção ao banheiro. Vi minha oportunidade de ficar a sós com ela. Disfarçadamente, fui até o banheiro. Chegando lá, ouvi resmungos num tom de frustração.
Maldito cabelo! Parece que tem vida própria!
Apoiei-me na porta e dei uma risadinha. Demi pula com o susto e grita.
Está louco?
As vezes sim as vezes não, depende da situação.
Idiota.
Uou.
Você tem uma voz linda, não sei porque preferiu ser a substituta.
Eu sei que Marcos é um furão, não vou arriscar fazer uma peça com você.
Autch.-Sorrio.
Ela revira os olhos e resmunga mais um pouco. Vou até ela e tiro a escova de suas mãos. Ela me fulmina com os olhos. E só tenta tirá-la de minhas mãos.
Droga, o que você quer Dimitri?
Penter o seu cabelo.
Nem ferrando!
Então boa sorte em penteá-los com os dedos.
Ainda furiosa se vira de costas para mim. Eita, foi tão fácil assim? Levanto as sombrancelhas.
Dá para você pentar logo esta merda antes que eu pegue essa escova e dê com ela na sua cabeça?
Ah bom, agora sim.
Penteio com todo o cuidado seus lindos cabelos, em menos de cinco minutos já estava todo penteado. Jogo eles de lado, guardo suas escova em sua bolsa e descanso minhas mãos em seus ombros. Sinto-a ficar tensa.
Hãm, obrigada por pentear o meu cabelo. E até amanhã.
De nada pequena, quando quiser é só chamar.
Ela se vira e começa a sair. Mas então para e me olha.
Você me chamou de que?
Sorrio, lá vamos nós de novo.
De pequena, algum problema?
Sim, meu nome é Demetria, não pequena.
Então pequena, sai comigo?
Nunca.
Nunca é muito tempo.
Ela bufa.
Você vai ficar com raiva de mim só porque te chamei de pequena?
Sim!
Dou uma risadinha.
Imbecil.
Ainda não.
Cheguei bem perto dela tomado por uma vontade que até então eu não sabia que existia. Tomei seu rosto com as mãos e beijei-a. Seus lábios eram quentes e macios, assim como suas bochechas. Ela se afasta e grita.
Está louco?
Sim louco para provar dessa boca linda.
Ela se aproxima e me dá um tapa no rosto. Autch.
Não faça isso de novo, ou eu juro que essa será a primeira de muitas coisas que eu vou bater.
Ainda com a mão no rosto, falo.
É mesmo? Vamos comprovar isso.
Rápido como um raio, agarro-lhe e estampo um beijo apaixonado em sua boca. Ela me empurra e chuta minha perna fortemente. Caio no chão rindo para desfarçar a dor. Ela vai embora pisando duro. Deus, essa garota vai me matar.