Me encantei no momento que a vi. Nossa que voz! Ela se encaixa perfeitamente na fofura de uma pessoa tímida. Apesar dela não ter me dado boas-vindas, e nem ter suspirado diante de meu olhar fixo, ainda sim continua sendo encantadora. Isso quando cora. O que a faz ficar mais linda do que já é. Preciso de seu nome, endereço e número. Me inclino sobre o ouvido do meu tio Tomás e sussurro uma pergunta:

–Qual é o nome dela?-Aponto na direção da menina.

–Não comece a querer confraternizar com as alunas Dimitri, tenha certeza de que se alguma aluna quiser sair do teatro por motivos pessoais e te mando de volta para a casa de seus pais!

–Eu só quero saber o nome dela.

–Não.

–Por favooooor.

–Ah, Demetria.

–Valeu tioo.

–Não me agradeça. Só não faça uma estupidez. Essa menina tem futuro e eu quero aproveitá-lo junto com ela.

–Ok.

Dado por encerrado as apresentações e sorrir toda vez que Demetria cora quando me pega olhando-a, decido dar uma passeada pelo teatro.

Até agora reparei três coisas: esse teatro é enorme, é muito limpo, e eu esqueci de ver a sala dos figurinos. Sem tempo a perder corro para lá e minha surpresa é palpável quando encontro Demetria e uma morena junto com ela. Elas nem notaram minha presença, mas mesmo assim decido me apresentar.

–Olá meninas.

Tanto a morena quanto Demetria pulam com o suto. A morena sorri, e bem, esse sorriso já diz tudo. Sorrio de volta. "Você eu cuido depois", penso em dizer. Mas quando meus olhos encontram Demetria, meu sorriso se alarga. Está tão linda de macacão amarelo e pantufas azuis! A morena sussurra algo para Demetria e nos deixa a sós.

–Tudo bem, hãm, o que quer?-Me pergunta sem graça.

–Dar um olá, não vê?

–Não, não vejo.

Sorrio sedutoramente e me aproximo dela. Instintivamente recua. Tento de novo e ela recua de novo. Coloca suas mãos na frente do corpo como se aquele gesto fosse me fazer parar. Isso me fez sorrir ainda mais.

–Não vou machucar você lindinha. Só quero...

–Não me chame de lindinha.- Ela resmunga irritada.

–Tudo bem então, Demi, pode ser?-Simplesmente adivinho a abreviação de Demetria.

–Hey, como sabe meu nome?

E antes que eu responda acrescenta:

–Não importa. Não sei quais são suas intenções mas exijo que as deixe de lado. Eu não vou te dar meu número e nem meu endereço. Já basta você saber meu nome.

–Não adianta não falar, eu vou procurar com alguém tudo isso e um pouco mais.

Dessa vez é ela que se aproxima de mim, os olhos selvagens.

–Nem pense em me ligar ou aparecer na minha casa. Senão, senhor Rodriguez, a coisa vai ficar muito feia pro seu lado.

Dito isso, eu agarro seus ombros com os olhos esperançosos.

–Sai comigo?

E ela me devolve a mesma esperança com seus olhos cor de mel. E eu sinto que vai aceitar.

–Não.

Se solta e vai embora. Deus, ela é mais diferente do que eu pensava. Geralmente as meninas gostam de se fazer de difícil, bancando a durona ou algo do tipo. Mas ela não. Ela não se faz de difícil. Ela só não gosta de mim. Eu preciso conquista-la. Pelo menos para mostrar-lhe que sou um cara legal que dá para conviver numa boa. Talvez ela me apresente suas amigas, ou quem sabe rola algo entre nós. Calma Dimitri, você só precisa conquista-la. O resto é fácil depois. Pelo menos espero.