Meu domingo foi horrível. Chorei de tanta raiva que fiquei. Nathan me procurou, e naquele instante dei-lhe dois tapas e falei tudo o que queria. Liguei para meu pai. Estava na casa da peguete dele. Vê se pode! Liguei para Camila, mas chamou até cair na caixa postal. Desisti. Fui na cozinha procurar algo para comer quando a campainha tocou. Abro a porta e vejo Dimitri. Ele entra e me abraça. Enterro meu rosto em seu peito e envolvo suas costas com meus braços. Ficamos assim por uns minutos até que eu interrompo o abraço e fecho a porta.

–Vamos ao shopping?

–Não estou a fim de sair Dimitri.

–Poxa, eu estava.

–Ai é particular seu.- Dou uma risadinha e ele me acompanha.- Sério, hoje não rola nada da porta pra fora.

Vou para a cozinha, e abrindo a geladeira, tiro um pote de sorvete do congelador. Humm, flocos!

–Você está deprimida?

–Não.- Parei e captei a mensagem.- Tem um tempão que estou admirando esse sorvete de longe. Mas o fato de eu comê-lo nesse momento não tem nada a ver com Nathan.

–Ah bom. É de que?

–Flocos.

–Hum, delícia!

Sorrio e pego duas colheres na gaveta. Nos encaminhamos para a sala nos jogando sofá como dois preguiçosos, e começamos a comer o sorvete. Na quarta colherada, Dimitri passa sorvete no meu nariz. Suspiro e falo:

–Errou o lugar?

–Errei, desculpe.

Rimos com seu tom e continuamos com o sorvete. Então ele passa sorvete na minha testa. Viro-me bruscamente.

–Está louco?!

–Sim, louco pra te ver bem de novo.

Sorrio. Eu devia estar péssima mesmo. Pego um pouco de sorvete e faço uma linha vertical em seu rosto, soltando uma gargalhada logo em seguida.

–Ah, é assim?

Então começamos a guerra de sorvete. Levanto de repente com o pote de sorvete na mão, sujando Dimitri em toda oportunidade que tinha. De repente ele me agarra por trás, todo sujo de sorvete. Grito. Agora eu estou toda suja também. Tento me soltar mas não consigo. Dimitri me vira e eu fico bem perto do seu rosto sujo de sorvete. Sorrimos. Mas em questão de segundos o clima muda e ficamos tensos. Meus olhos se contraem e eu desejo seus lábios açucarados. Dimitri me prende com seu olhar, então me aperta mais contra si e aproxima sua boca do meu pescoço. Vem me beijando, traçando uma linha até chegar no canto da minha boca. Ele para e me olha. Suplicante, agarro sua nuca e colo meus lábios nos dele. Soube então que aquilo era o ponto final sobre mim e Nathan, e o primeiro parágrafo entre mim e Dimitri. Ele me enlaça enquanto nosso beijo se aprofunda. Sinto que os lábios não são suficientes, então paro. Aquilo não. Agora não. Dimitri me olha, mas não me solta.

–O que foi isso?- Pergunta.

–O que foi o que?

–Isso que acabou de acontecer.

–Nós estávamos nos beijando, só isso.- Abaixei o tom de voz.- E repetiria se pudesse.

–E você pode.- Ele murmurou no mesmo tom.

E lá fui eu, esquecendo-me daquele pequeno detalhe, e aproveitando o momento, pelo menos por um instante.