Please, Forgive Me. escrita por Time Lady


Capítulo 1
Goodbye, Gallaghers.




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Svetlana já estava de pé e o cheiro forte de café acordou Mickey.

Olhou para o lado. Ian não estava ali. Tentou não se preocupar.

"Calma." Pensou. "Ele só deve ter ido correr com Fiona."

Não tinha como não ficar preocupado. Ian estava cada vez mais estranho. Um dia estava contente, se comportando feito uma borboleta saindo do casulo, no outro, estava mais triste que Mandy quando Lip fora embora.

– Filho da puta. - Sorriu, pensando em como gostava dele. Era mais fácil do que dizer que o amava.

Se Mickey voltasse no tempo, nunca diria que iria se assumir daquele jeito. Não por causa de Ian Gallagher. Malditos Gallaghers! Sempre se metendo onde não devem.

Agora já estava feito. Era um gay assumido, mas ainda era Mickey Milkovich. Tinha travado uma guerra com seu pai que nunca acabaria, e quando ele finalmente saísse da cadeia, teriam uma longa conversa. Uma longa conversa com seus punhos fechados na cara de seu pai.

Svetlana abriu a porta de repente, o assustando um pouco.

– Vai querer café, girassol? - Perguntou ela, com aquele sotaque irritante.

– Girassol? Mas que porra, Svetlana? - Coçando os olhos, passou por ela, indo em direção à cozinha. - Se me chamar de Girassol, ou qualquer coisa parecida, vou mandar de volta aquele bebê que você pariu por onde ele veio.

– Eu obviamente tenho muito medo de você, Violeta.

Encostado na pia, Mickey levou sua caneca de café até os lábios e levantou o dedo médio para Svetlana. Ela deu de ombros e saiu com o filho nos braços.

Ele mal sabia pronunciar o nome do filho. Se sentia um pouco mal com isso, mas não ligava muito. Ele nunca desejou ter um filho, muito menos casar com uma prostituta. Tinha feito um acordo com Svetlana, mas não sabia até quando iria durar. Queria apenas que fosse ele e Ian.

E falando nele...

Assim que Svetlana cruzou a porta, Ian apareceu.

– E aí, soldado. Quer um café? Corre o risco de estar envenenado, dai morreremos nós dois.

Ian riu e se encostou na pia do lado de Mickey. Mickey passou sua caneca para ele, que deu um gole e balançou a cabeça.

– Até que não está tão ruim. Se morrermos, será como Romeu e Julieta.

– Tá me tirando, porra? - Mickey não conseguiu deixar de rir.

– Por que estaria?

– Porque você é bem gay as vezes.

– Olha só quem tá falando!

Mickey tomou o rosto de Ian nas mãos e o beijou com firmeza. Ele cheirava à sol e suor, mas ele não se importou com isso. Ian deixou a caneca de lado, colocando os braços em volta de Mickey.

Ian parou o beijo.

– Que tal um beijo embaixo do chuveiro?

Mickey sorriu.

– Só um beijo?

Ian pensou um pouco.

– Precisamos conversar.

– Já chegamos a esse nível?

– Digamos que vamos avançar o sinal.

– Ok. Um desafio antes.

– Qual?

– Quem chegar pelado no banheiro ganha.

Ian começou a tirar a camisa ali mesmo, enquanto Mickey se livrava das calças. Correram para o banheiro, um atropelando outro, enquanto tiravam suas roupas.

– Que merda de ideia é essa, Ian?

– Não quero morar mais com meus irmãos.

– Você não mora com seus irmãos. Você mora comigo.

– Certo, vou reformular a frase. Não quero morar mais aqui na cidade.

– Tudo bem, mas você não me disse o por que.

– Eu cansei daqui.

– Só "se cansou daqui"?

– E precisa de mais algum motivo pra sair da cidade?

Mickey massageou as têmporas. Dava pra notar que era mais um daqueles ataques de Ian. Ele cansava de algo, jogava fora, descartava, como se não tivesse nenhum valor financeiro ou sentimental.

Pensava que Ian poderia se cansar dele a qualquer momento. E tudo o que fez por ele tinha sido em vão.

– Certo, Ian. Já pensou em quanto tempo demora pra ir pra New York?

– Pensei em tudo. - Ian lhe sorriu, percebendo que Mickey tinha baixado a guarda. - São 5 horas e alguns minutos. Não vai ser tão demorado assim. Podemos voltar pra visitar as vezes.

– Tem dinheiro pra ir?

– Não tenho uma ideia se não posso colocar em prática, Mickey. Juntei o dinheiro que ganhava na boate e é o suficiente pra ir pra New York, arrumar um emprego e ajeitar as coisas.

– E um lugar pra ficar, pensou nisso, Soldado?

Ian pegou uma chave e jogou na mesa, em sua direção.

– Ned me deu seu apartamento.

Mickey pegou a chave.

– Teve que chupar muito esse velho pra conseguir esse apartamento?

Ian ergueu a sobrancelha.

– Quer saber mesmo?

– Não.

– Imaginei.

Ficaram em silêncio por um tempo. Ian voltou a falar, pegando a chave da mão de Mickey.

– Você pode arrumar um carro pra mudança?

– Claro. O que precisamos levar?

– Basicamente, algumas roupas e dinheiro.

– Quando vamos?

– Daqui duas noites.

– O que?

– Não quero me despedir da minha família. Vai ser mais difícil.

Mickey acendeu um cigarro, deu uma tragada e esperou.

– Tudo bem. - Finalmente disse, se levantando da cadeira.

– Onde vai?

– Arrumar um carro pra você.

Ian ficou sozinho. Se encostou na cadeira, relaxando os ombros. Percebeu que Mickey falava como se ele não fosse para New York.

Decidiu não se importar. Mickey algumas vezes agia de uma forma singular.

Foi até a casa dos Gallaghers, ver pela última vez como as coisas estavam.

Escreveu uma pequena carta para Fiona.

"Fiona,

Sei que estou te abandonando pela segunda vez, mas saiba que é por um bem maior. Você sabe muito bem que meu lugar não é aqui. Não nasci pra ficar aqui. Onde quer que eu esteja, saiba que estou bem. Não se preocupe. Obrigada por ter cuidado de mim. Eu te amo.

Ian."

Não poderia deixar de escrever para seus dois irmãos mais novos.

"Debbie e Carl,

Não fiquem tristes porque escrevi a carta de vocês em conjunto. Você são os melhores Gallaghers que existem e quero que vocês me orgulhe com isso. Vocês tem muito o que aprender, e sei que vão sempre se sair bem. Vocês sempre serão meus.

Ian."

Ian encheu o peito de ar e a caneta falhou ao escrever o nome de Lip.

"Lip,

Deus, só eu sei o quanto eu amo você. Você nunca me julgou por eu ser quem eu sou. Você nunca me deixou de lado por causa disso. Saiba que você é o melhor amigo e irmão que alguém pode ter. Tenha paciência com Fiona. Tenha paciência consigo mesmo. Dessa vez, eu vou. Mas não volto. Seja esperto. Seja o melhor. Seja Lip.

Ian."

Estava tão inspirado que escreveu até para Frank.

"Frank Gallagher,

Você não é meu pai mesmo, portanto, vai se foder.

Ian Gallagher. Mas não Gallagher da sua parte. Idiota."

Ao terminar as cartas, Ian as deixou em cima da bancada. Fiona iria encontrá-las assim que acordasse para preparar o café da manhã das crianças.

Os outros dias, Ian iria usar para organizar as coisas. Se despedir em cartas fora a primeira coisa que tinha que fazer.

Deu uma última olhada naquela casa por onde viveu a vida toda e fechou a porta com força. Dessa vez, não voltaria. Não se permitiria voltar.

– Ei. - Lip o chamou. Estava do lado de fora, fumando.

– Ei, Lip.

– Precisa de algo?

Ian engoliu a seco e desceu as escadas. Sem dizer mais nada, abraçou Lip, que deixou o cigarro cair.

– A gente se vê, cara.

Ian despediu-se de Lip. "Talvez venha a vê-lo depois." Pensou consigo mesmo. Não poderia deixar Lip pra sempre. Não Lip.

Quando chegou na casa de Mickey, viu Svetlana com os braços cruzados em frente a porta de seu quarto.

– Faça o favor de tirar seu namoradinho daí de dentro.

– Meu namoradinho, no caso, seu marido.

– Tanto faz, só tire ele desse quarto. Preciso de dinheiro pra comprar coisas para o bebê.

– Que coisas?

– Só preciso de dinheiro, cabeça vermelha.

Ian enfiou a mão dentro do bolso da calça e tirou o que tinha lá dentro e deu para Svetlana. Ela bufou e pegou o dinheiro.

Bateu na porta.

– Ela já se foi. Dei o que ela queria.

Mickey abriu a porta, com o cigarro entre os lábios, indicou para que Ian entrasse e trancou a porta novamente.

– Ela só serve pra pedir dinheiro.

– Ela é sua mulher.

– Eu não pedi pra ela ser minha mulher, merda.

– Tudo certo com o carro? - Ian pegou o cigarro da boca de Mickey.

– Em ordem. Partimos assim que a Svetlana sair.

– O que?

– O que, o que?

– A Svetlana vai com a gente. Ela e o seu filho.

– Por que eu iria querer levar uma prostituta com a gente?

– Mickey, ela é a mãe do seu filho. Tenha um pouco mais de consideração.

– Claro. Não foi você que apanhou e foi obrigado a se casar.

– Eu fui obrigado a assistir vocês dois...

Ian não terminou a frase. Mickey tinha razão. Não tinha motivos pra levar Svetlana.

– Aqui não é uma competição de quem sofreu mais. Nossos pais são uns merdas, mas o seu não liga pro fato de você ser gay. O meu quer me ver morto do que me ver com você.

– Não... Você tem razão.

– Eu tenho? - Assustou-se Mickey.

– Só preciso ficar sozinho, ok? Depois nos falamos.

Ian deixou Mickey ali, esperando alguma resposta.

Mickey por sua vez, não foi atrás dele. Deitou em sua cama e obrigou-se a dormir. Não queria pensar. Não agora. Colocou o travesseiro de Ian do seu lado e o abraçou.

A noite passou tão rápido quanto tinha sido a briga com Ian, na noite anterior. Levantou meio zonzo, o procurando pela cama. Mais uma vez ele não estava lá. Em cima do seu travesseiro, estava um pedaço de papel.

"Mickey,

Pensei por várias horas. Entrei e fiquei vendo você dormir. Tinha certeza que você é a pessoa que eu queria estar. Mas, Mickey... As vezes me sinto preso. Eu preciso ser livre. Não tem nada a ver com você.

Por favor, me desculpe.

Ian."

Ian Gallagher o tinha deixado novamente.


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Notas finais do capítulo

Ei, você! Gostou da fanfic? Que tal deixar um comentário ou uma sugestão por aqui? São todos bem vindos. Logo escreverei mais, prometo. Xx