Pray For Love escrita por Lizzie-chan


Capítulo 5
Capítulo 4 - Live and Let Die


Notas iniciais do capítulo

Hoho, lá vamos nós! Acabando de editar o capítulo aqui, postei sem as notas pra não perder o horário kkkkkkk

Boa leitura!
(Título: Viva e deixe morrer)
➢ Dia 8: Live and Let Die - Paul McCarteney



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— Então é aqui que você vive? — perguntou Natsu, olhando ao redor com uma expressão pensativa enquanto Happy já se ocupava mais do que rapidamente em checar o freezer em busca de peixe.

Lucy nem sequer sabia por que havia se perguntado se deveria dizer a eles para se sentirem em casa, afinal, essa era a especialidade dos dois. Em um piscar de olhos, Natsu e Happy estavam instalados no sofá, aproveitando do esplendoroso estofado claro para esticar aquelas costas cansadas de um ano de correria.

Demorou apenas alguns instantes para que os dois caíssem no sono. A maga estelar saiu da cozinha com um copo de água na mão e tão logo alcançou o sofá, começou a ouvir o ronco baixo de Natsu — ah, aquele ronco estúpido que certa vez quase botara fogo em seu antigo apartamento! Sinceramente, Natsu devia aprender a conter seus poderes enquanto dormia. Embora o calor de seu corpo em chamas sempre fosse bem vindo...

Soltando um suspiro, Lucy sorriu, encostando-se ao sofá e deixando seus olhos vagarem para sua janela gradeada. Lá estava Crocus, o local que nunca seria seu lar. Mas agora parecia muito mais com um, com a companhia daqueles dois. Após meses... Lucy não estava mais sozinha.

Depois de mais alguns segundos rindo para si mesma, retornou à cozinha, decidida.

~*~

Duas horas mais tarde, Natsu acordou ao sentir um cheiro peculiar. Ah, seu olfato sempre seria aguçado, de um jeito ou de outro, principalmente para comida.

Sentou-se devagar, passando os dedos pelos olhos inchados de sono. Ao fazê-lo, uma manta azul escorregou por seu abdômen, acumulando-se em dobras sobre seu quadril. O garoto piscou, ainda desorientado, e deixou que seus dedos tocassem o tecido, sentindo a textura macia na pele. Ah, Lucy o havia coberto enquanto dormia.

Lucy...

Levantou do sofá, tomando cuidado para não empurrar Happy da outra ponta. Olhou-o por alguns instantes antes de pegar a manta e acumulá-la ao redor do gato, transformando-o numa bolinha azul.

Quando terminou sua obra-prima, sorrindo para si mesmo, seguiu até a cozinha, seus passos mal ecoando sobre o piso. Ao parar no arco que a separava do restante da sala, torceu a boca lentamente. Lá estava Lucy, colocando carne de panelas em pratos e transferindo tudo alegremente para a pia, provavelmente pretendendo levar à sala de estar a seguir, onde estava a mesa de jantar.

Ela parecia realmente feliz. Seu cabelo — agora mais comprido, ele não pode deixar de notar — balançava para todos os lados com seus movimentos e cantarolava alguma música desconhecida para si mesma.

Por algum motivo, pensar que ela estivera assim contente durante todo o tempo em que estiveram separados o incomodava.

— Luce — chamou, por fim, apoiando-se de lado no arco da cozinha.

A garota soltou uma exclamação surpresa, deixando o prato que segurava — algo com cara de coxa de peru — cair no chão com estrondo. Natsu arregalou os olhos ao ver a porcelana se espatifar para todos os lados, e ficou ainda mais alarmado ao perceber alguns pedaços voando na direção das pernas de Lucy, junto com a comida.

A garota soltou outra exclamação, tropeçando para trás quando os cacos tocaram sua canela, assim como o peru, do qual ainda saía um fino vapor de água.

O rosado mais do que rapidamente atravessou o cômodo, pegando-a nos braços. A mente dela estava tão nublada que nem sequer teve tempo de protestar. Seu interior gritava quente com todas as forças, e tinha quase certeza que aquele peru estúpido deixaria uma queimadura igualmente estúpida.

Natsu atravessou o cômodo, levando-a ao banheiro, cuja porta estava entreaberta. Chutou-a, ignorando o som desagradável que fez ao tocar os ladrilhos da parede do outro lado, e ligou a luz com o cotovelo. A passos largos e desajeitados, aproximou-se da banheira e depositou nela a garota loira.

Assim que afastou um pouco seus corpos, detectou os olhos com lágrimas discretas que Lucy usava para encará-lo confusa. Tentou ignorar a expressão dela, que o fazia sentir coisas estranhas, e se concentrou em abrir a água fria da torneira da banheira. Assim que o fez, esticou as mãos, pegando as pernas da garota e puxando-as para o fluxo de água, permitindo que esta lavasse as queimaduras que já avermelhavam e os cacos do prato, em cortes superficiais, que foram levados junto ao líquido.

Ficaram assim cerca de cinco minutos, Natsu com as mãos em suas pernas e Lucy completamente paralisada, porque realmente, o que poderia dizer? Sua pele ainda estava doendo, a água não estava tendo o efeito anestésico que deveria, e nem estava esterilizando as feridas. Mas as mãos do rosado eram tão quentes... Essas sim eram capazes de curar qualquer dor.

Até a dor de todo aquele ano foi curada, ela pensou. E com isso, abaixou a cabeça, sentindo as lágrimas queimarem em seus olhos.

— Você seguiu o seu coração, né? — perguntou. Percebeu o garoto se mover em sua visão periférica, e a demora para responder obviamente demonstrou que ele não tinha certeza se a havia entendido direito, mas enfim disse:

— Sim. — Sua voz era levemente nostálgica, como se também estivesse se lembrando daquele dia, havia um ano, em que ela o aconselhou com toda a sinceridade que possuía.

Quando um soluço teimoso deixou a garganta da loira, Natsu pareceu se atrapalhar e gaguejou alto, interrompendo o silêncio pensativo que havia tomado do ambiente:

— V-você tá chorando, Lucy?

Ah, sentimentos egoístas e estúpidos!

— Você... Você seguiu o seu coração, Natsu — murmurou, a voz meio esganiçada, e se amaldiçoou novamente por toda aquela situação ridícula. — Você fez o que era certo, mas... Eu me sentia tão sozinha! Não... Não vá embora novamente. Eu sinto sua falta todos os dias, de você e do resto da Fairy Tail... Vocês são a minha única família... — continuou e, ah não, aquele egoísmo que havia lutado durante todo o ano para reprimir e esconder, lá estava ele, tomando um lugar, arrastando-a para fora e se ajeitando confortavelmente...

Estava destruindo tudo.

— Sempre tive tanta inveja desse seu jeito... Desinibido. Se você quer ir embora, você vai, se você quer ficar, você fica. Você vive como quer viver e se tiver que morrer, você morre, pelos seus desejos, pelos seus ideais. A felicidade é tudo o que importa... — Fungou alto. — Eu queria ser desinibida também. Eu queria seguir sem olhar pra trás. Mas... Eu sou só muito egoísta e assustada pra isso...

Durante todo o seu discurso — que, ela deve dizer, foi relativamente comprido, interrompido aqui e ali para fungadas e soluços —, não levantou a cabeça para olhá-lo sequer uma vez. Muitos minutos depois, quando finalmente havia se acalmado, subiu o olhar e sorriu para ele, um sorriso forçado, mas ainda assim um sorriso, o qual foi retribuído por uma expressão séria.

— Vamos jantar?

Mais tarde naquela noite, sem sono devido à longa soneca à tarde, Natsu e Happy entraram no quarto dela para pregar-lhe uma peça — desenhar em seu rosto provavelmente a irritaria, mas também melhoraria seu humor. Com certeza. Pelo menos no conceito deles de melhorar o humor.

Quando Natsu viu o mural em sua parede, de uma ponta à outra, detalhado, feito com afianco, suor e esperanças atropeladas por medos, ele entendeu. Não havia nada de errado em ter ido embora e não havia nada de errado na Fairy Tail ter acabado. O que havia de errado é que assim, Lucy não tinha ninguém.

Ninguém para dizer a ela o sabor da vida vivida a cada dia, sem planos, sem objetivos e sem preocupações. O sabor de simplesmente viver e deixar acontecer, viver e morrer e fazer tudo outra vez sem se preocupar, caso sobrevivesse.

Mas ela... Ela conhecia esse sabor.

Naquela noite, ele se decidiu.

~*~

— P-por que... Tem guardas na minha porta logo ao nascer do sol? — Lucy reclamou. Seus cabelos ainda pingavam de seu banho matutino, e tão logo se aproximara do gradeado da janela, lá estava um bom pelotão e meio de grandalhões mal encarados com armas particularmente afiadas em punho.

E... Por que parecia que eles não pretendiam marchar comportadamente a outro lugar?

— Ah, eles já estão aqui? Que rápido! — começou Natsu, se aproximando dela na janela. — Bem, acho que devemos ser rápidos também, então! — Um sorriso não muito diferente de sua usual risada presunçosa se espalhou de um canto a outro de seu rosto. Os dentes pontiagudos brilharam como presas de dragão e antes que a loira tivesse tempo de protestar, ele a pegou nos braços e os dois (oh, meu Deus!) atravessaram a janela com Happy em seu encalço carregando uma bolsa que ela claramente poderia reconhecer como dela.

O garoto pousou sete metros abaixo com sua delicadeza habitual — ou seja, nenhuma —, tendo a decência de tomar cuidado com as pernas feridas de Lucy, e então começou a correr pela rua como se sua vida dependesse disso — e, hm, de certo ponto de vista, dependia mesmo.

— N-Natsu! O que significa isso? — ela gritou, passando os braços pelo pescoço masculino.

— Você disse que não sabia o que era ser desinibido, Lucy! — ele respondeu meio sem fôlego, o sorriso ainda em seus lábios rosados, os cabelos esvoaçando com o vento. — Não é verdade. Você fez isso quando saiu de casa. Você fez isso quando se juntou a Fairy Tail. Todos os nossos dias foram sem compromisso, sempre felizes. São as lembranças que quero levar comigo pra sempre — terminou, a voz entrecortada entre arfadas generosas.

Lucy o encarou de olhos arregalados, ignorando a dor em seus machucados com os trancos de sua corrida alucinada.

É claro, ele estava certo. Ela fora assim quando era pequena também, quando sua mãe estava viva, e todos os dias eram felizes e sem importância, apenas vividos pelo calor do momento. Quando a felicidade era tão fácil e estava a passos de distância.

E lá estava ela, nos braços da felicidade novamente.

E como no passado, viveria pelo momento, e esperava que fosse ser feliz assim.

Após alguns instantes, respondeu, a voz alegre e confiante, o que aumentou ainda mais o sorriso no rosto do rosado, aquele que dizia claramente "estou empolgado":

— Me coloca no chão, eu posso correr sozinha!


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Notas finais do capítulo

Eaí, o que acharam? Pessoalmente eu gostei bastante desse capítulo :) sinto que poderia ter sido ainda melhor se eu não o tivesse feito nos últimos quarenta minutos kkkkkkkk Mas tudo bem, eu tentei kkkkkk Adoro a música tema dele, e ela realmente tinha muuuito a ver com a cena do mangá, na minha opinião pelo menos. Tudo se encaixou tão perfeitamente, estou super feliz *¬*
Obrigada a todos que estão lendo, comentando, acompanhando, favoritando e whatever! Os leitores fantasmas sempre são bem vindos a se manifestarem também, hein ;D
Até amanhã (ou hoje mais tarde kkkkk)

Beijitinhooooooooooooos

→ Revisado: 12/03. Mais erros? Podem me avisar pelos comentários e por mensagens privadas :)