Exausta.
Tinha sido um dia cheio para Kohaku, como sempre. Muitas entrevistas para realizar, reuniões densas para participar e uma montanha de relatórios para serem entregues sem falta. Uma sexta-feira que não era mais que um dia normal de trabalho, que exigia todo o esforço e não perdoava nenhum deslize. Mesmo sendo uma rotina assim, ela não desgostava. Muitos a chamavam de “workholic”, pois mesmo doente não faltava a algum dia de trabalho.

Faltava menos de três passos para que pudesse entrar na própria casa, então deu leves tapinhas na própria bochecha para esquecer-se do cansaço. Entre o destrancar da porta e o girar da maçaneta, ela respirou fundo e fez com que um sorriso surgisse em seus lábios. Finalmente chegava a hora mais esperada do dia, iria reencontrar com Noah. Poderia dizer a ele o que tinha acontecido no dia, jantar, assistir algum seriado ou até mesmo jogar alguma coisa, e poderiam dormir juntos após um belo banho.

–...cheguei! – Anunciou a própria entrada, animada.

Mas foi a escuridão que deu as “boas-vindas” para ela. Estranhou no começo, e caminhou cautelosamente até a sala, lá encontrou em cima da mesinha central um bilhete que estava escrito: “Não se esqueça de tomar os remédios, Noah”. Assim lembrou-se que o noivo não iria voltar para casa naquele dia, pois tinha viajado à trabalho. Kohaku fez uma careta, era a primeira noite que passaria sozinha, após começar a morar com ele.

Era mais comum ela não voltar para casa do que Noah, então isso dava uma sensação estranha. Para confirmar que estava só, correu até o quarto dos dois e não tinha ninguém. Então voltou para sala e inconscientemente procurou por um dos sapatos dele, pois sempre dava broncas a ele para não deixar os calçados jogados pela casa. Só assim a ficha dela caiu por completo, ele não estava em casa.

No inicio resmungou que era a vez dele preparar a janta e que não era justo, depois fez o que Noah tinha dito naquele bilhete e decidiu preparar algo para comer. Escolheu fazer o macarrão instantâneo, já que tinha preguiça de cozinhar algo mais elaborado e não queria esperar mais de meia hora pelo delivery. Pegou um pacote qualquer e jogou o conteúdo na água fervente, adicionado os temperos depois. Durante esse processo os suspiros eram constantes.

O jantar foi monótono, consistindo com ela assistindo algum programa qualquer na tv e levando pequenas porções do macarrão para boca. No fim, não conseguiu comer por inteiro e jogou o conteúdo no lixo. Não sentia fome alguma e o macarrão estava horrível. Em seguida esparramou-se pelo sofá e fingiu prestar atenção no que o rapaz do noticiário dizia.

Era entediante, caso tivesse lembrado que passaria a noite sozinha teria ficado no escritório até o último momento. Não gostava de admitir, mas depois de muitos anos morando sozinha, sentia-se desconfortável não ter a presença de Noah por perto. Dele enchendo o saco para que fosse descansar na cama, para que esquecesse um pouco do trabalho e até mesmo dos sapatos dele jogados da entrada até o corredor. Kohaku cobriu os próprios olhos, era solitário de mais passar a noite assim. Então desejou adormecer o mais rápido possível e ao abrir os olhos que pudesse encontra-lo, em troca não iria reclamar mais dos calçados jogados... Talvez.