Evolução X - Livro I: Guerra Mundial escrita por Guilherme Nunes


Capítulo 24
O Começo de Uma Nova Era pt. Final


Notas iniciais do capítulo

A guerra acabou. E com o seu fim, uma nova era começou. As espécies que sobreviveram não são as mais fortes, nem as mais inteligentes, e sim aquelas que se adaptaram melhor ás mudanças. A humanidade recebeu uma segunda chance, e sobre as cicatrizes de uma guerra, ela terá que se reerguer e seguir em frente... No caminho para a evolução.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/591111/chapter/24

Dois dias depois...

—É com pesar no coração que estamos aqui reunidos nesse dia de grande luto. É difícil de acreditar que uma pessoa tão alegre e cheia de vida como ele tenha partido assim, de uma hora para outra. Sem nos dar a oportunidade de nos despedir. Mas como todo herói, ele morreu por outros. E como todo amante, ele morreu pelo seu grande amor. Gambit e eu éramos grandes amigos, vivenciamos coisas que ficarão na memória. Assim como seu sorriso, seus olhos e o seu charmoso sotaque francês. Remy me ensinou muitas coisas durante a nossa convivência, me mostrou e me colocou no caminho certo, estando do meu lado quando eu mais precisava e não tinha ninguém com quem contar. E no dia de sua morte, ele me ensinou mais uma coisa, que não há nada mais importante do que as pessoas que você ama. Eu amava Remy, ele era meu amigo, e infelizmente ele partiu sem que eu pudesse dizer isso á ele. Mas de algum modo eu sinto que ele sabia disso, assim como ele sabia que sua amada também o amava e faria o mesmo por ele, não só ela, mas todos nós. Gambit pode ter partido, não está mais fisicamente aqui conosco, mas ele está e sempre estará nos nossos corações.

Ororo termina seu discurso e desce do palanque, abraçando Vampira que se encontrava aos prantos ao lado do caixão de seu amado. A hora chega e Ciclope, Colossus, Warren e Sean erguem o caixão, indo em direção á uma cova ao lado de algumas várias outras lápides em um lugar reservado do jardim da Mansão. O caixão vai sendo colocado lentamente dentro da cova enquanto flores são jogadas por cima e ultimas despedidas são dadas até o primeiro montinho de terra ser jogado, seguido dos demais, até que a cova seja fechada definitivamente. Todos retornam para a Mansão, ficando apenas a sulista, que permanece de pé em frente á lapide de Gambit, secando cada uma de suas lagrimas que escorriam, com um lenço preto.

—Não vai entrar? - ouviu-se por trás dela.
—Oi Professor! - forçou um leve sorriso. —Só estava aqui, perdida nas lembranças.
—Não fique assim, minha querida. - segurou sua mão protegida por uma luva de bordado preta. —Luvas novamente?! - exclamou, fazendo-a reagir. Olhando diretamente em seus olhos e depois para sua mão.
—Meus poderes, eu perdi o controle deles novamente. E desde que fui acertada por aquele raio inibidor, eu não sinto mais as pessoas que eu absorvi. Não as sinto mais em minha mente. - olhou com pesar para suas mãos.
—O choque da morte de Gambit deve ter criado um bloqueio sentimental em sua mente novamente. Terá que treiná-los, à partir do zero.
—Isso não importa muito, já perdi coisas mais importantes... Nada mais importa na minha vida. - forçou as mãos.
—Não diga isso, ele não gostaria de lhe ver nesse estado. - suspirou. —Entenda uma coisa... A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos. Não deixe que esse buraco que se formou no seu coração te consuma por dentro, isso só irá te deixar ainda pior. Ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as perdas para refinar a paciência. Usar as falhas para esculpir a serenidade. Usar a dor para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.

A jovem mulher olha para seu antigo tutor, e o abraça, deixando a dor e a tristeza de lado.

—Vou precisar de alguém para me ensinar novamente. O que acha, tem algum quarto vago para uma velha amiga?
—Você não é só uma amiga, Vampira. Você é uma filha, e as portas do meu Instituto sempre estarão abertas para os meus filhos.
—Obrigada. - deixou uma lagrima contente cair dos olhos.

Instituto Xavier, enquanto isso...

Vittore está sentado no sofá da sala á espera de seu pai. O garoto está meio nervoso, incomodado com os olhares tortos que o perseguia. Suas mãos transpiram, seus pés tremem e um arrepio passa por todo seu corpo toda vez que alguém passava e o xingava.

—O que você está fazendo aqui, seu alienígena desgraçado? - um aluno, acompanhado de um grupinho de amigos põem-se de frente á Vittore, que levanta a cabeça lentamente para encará-los e abaixa novamente, permanecendo em silencio. —Além de feio é surdo? Vamos, me responda. O que você está fazendo aqui?

Ele comprime as mãos e soca o sofá próximo aonde estava sentado, tentando conter a raiva. Um deles empurra ele com sua telecinese, fazendo-o bater contra o sofá que é impulsionando por poucos metros pela força exercida. Ele se levanta e vai até os garotos que riam de sua cara. Forçando sua mão ele prepara para socar um deles, mas alguém o interrompe.

—Não liga não, cara. - alguém pois sua mão sobre seu ombro. —Acho que esses idiotas perderam os bons modos e esqueceram de cumprimentar o filho do Professor.

Os garotos se entreolham e saem de perto.

—Não importa quem é seu pai, se nos encontrarmos de novo, é bom que saiba se defender sozinho. - disse um deles.
—Dementes. - suspirou com um sorriso leve. —Ah, já estava me esquecendo. Meu nome é Kevin Lotths. - estendeu sua mão.
—Vittore. - respondeu meio sem jeito, apertando a mão do loiro as pressas, e logo colocando as mãos dentro do bolso.
—Eu sei, a Anya havia me falado sobre você.
—Oi! - cumprimentou-o simpaticamente.

Ele a responde com um sorriso simpático de lábios fechados, logo olhando para Crist ao lado de Anya que parecia estar viajando, olhando a cada segundo no relógio.

—Essa mal educada aqui do nosso lado é a Crist, ela tá com um pouco de pressa por que vai visitar o namorado no hospital. - cutucou-a.
—O que foi, Anya? Ah... Oi! Vittore, não é?
—Isso. - deu um leve sorriso com o modo atrapalhado que a garota havia falado. —Você disse que vão visitar alguém no hospital. Quem é?
—Jhoan, nosso mascote. - o fez rir novamente. —Pode vir conosco se quiser.
—Não vai dar. - entortou a boca em sinal de desapontamento. —Estou esperando o Prof... Quero dizer... O meu pai para começar as minhas aulas. Mas diga-o que desejo melhoras.
—Tudo bem. Até mais tarde, duende. - socou seu braço de leve, soltando mais um sorriso do garoto. —Senta na fileira perto das janelas que vai dar pra você ver o treino de natação feminino. - sugeriu o loiro já pouco distante, recebendo um tapa de Anya na cabeça.
—Valeu. - continuava a rir enquanto acompanhava-os com os olhos, até ver seu pai e Vampira passar pela porta da frente.

—O-oi Vampira, meus pêsames. - gaguejou. —Eu queria lhe pedir desculpas, por aquela luta que tivemos e também pela morte do seu namorado, já que eu tive uma certa participação na guerra.
—O Professor me contou tudo sobre sua historia. Você não teve culpa de nada, então não tem com o que se desculpar. - fez o sorrir, mesmo não concordando com o que ela havia dito. —Sabe, eu olho pra você e vejo a mim quando vim até o Professor á procura de ajuda. Eu era até então uma vilã e muitos não aceitaram a minha entrada na equipe, mas o seu pai não. Ele confiou em mim e me ajudou quando todos estavam contra. - colocou sua mão sobre o ombro do garoto verde e inclinou para ficar olho no olho com ele. —Não ligue para as pessoas contrárias, se concentre no seu treinamento, tente ficar melhor á cada dia. Esqueça o passado, não deixe que ele te defina. A única pessoa que pode dar a sua forma final é você mesmo. Viver no passado é como dirigir olhando apenas o retrovisor – forma garantida de bater com o carro. É importante olhar o retrovisor de vez em quando – revisitar o passado ocasionalmente – mas o foco deve ser sempre a estrada à sua frente – o momento presente. E se você quer calar essa voz irritante que fica gritando na sua cabeça que tudo é sua culpa. Encontre um modo para provar pra ela, pros outros e especialmente pra você mesmo, que não és um escravo do passado. Assim irá orgulhar quem realmente acredita e se preocupa com você.

O garoto apenas consente com a cabeça, logo dando um forte abraço na mutante que retribui com todo carinho.

—Fez um discurso e tanto, Vampira. Você poderia ser uma ótima conselheira.
—Aprendi com o melhor. -sorriu á ele. —Mas quem sabe, séria um ótimo jeito de ocupar o meu tempo. Aliás, ter dito aquilo para ele meio que retirou um peso sobre as minhas costas também.
—Você está evoluindo, se tornando a pessoa que você me disse há uns anos que queria ser.

Hospital Lennox Hill...

—Iai... Cadê o meu irmão mexicano com a patinha quebrada? - Kevin entra no quarto de hospital de Jhoan, dando-o um susto.
—Kev. - Anya o repreende.
—Tudo bem, Anya. - ria da cena. —Eu já estava me preparando para uma piadinha do Lotths.
—Viu russa? Ele me conhece e me aceita como sou. - agarrou-o sobre a maca, fazendo língua para Anya que ria junto de Crist. —Quer casar comigo, seu lindo?
—Desculpa mano, mas eu já tenho minha pretendente. - olhou para Crist que cora o rosto.
—Uhhh... Dá para sentir o clima no ar. - fingiu tentar pegar algo no nada. —Venha, loira. Vamos deixá-los á sós.

Os dois loiros saem mas deixam o clima humorado para trás, enquanto os dois ainda riam. Crist senta-se ao lado direito da cama de Jhoan e segura a sua mão, olhando em seus olhos. Eles se encaram encantados por um bom tempo, até que o garoto decide quebrar o silencio.

—Senti sua falta.
—Também senti a sua. - sorriu, encarando-o com os olhos que brilhavam ao olhar nos dele.
—Sabe, há dois dias eu estava prestes á lhe dizer algo, mas você me interrompeu e disse que era pra falar só quando retornássemos da missão. Eu estava confiante e preparando a frase durante a missão em Genosha, mas enquanto eu estava caído no chão com o braço decepado e vendo meu sangue derramar, eu...
—Jho, não. - interrompeu-o com os olhos lacrimejados.
—Eu só estava querendo dizer que eu pensei que iria morrer sem lhe dizer o que eu sinto. E agora que eu estou aqui, vivo. Eu quero que você saiba que eu te amo. Amo muito, muito mesmo. Mais do que o Kevin ama lasanha. E olha, isso conta muito. - ambos riram. —Não, mas sério... Meu sentimento por você é muito forte, e eu não posso ficar te enrolando pra sempre, e nem quero. Então... Quer namorar comigo?

A garota coloca as mãos sobre os lábios enquanto as lagrimas que eram seguradas descem pelo seu rosto e passam sobre seu sorriso, enquanto ela solta um gritinho eufórico.

—É claro que eu quero. - o beijou.
—E não é só isso. Eu estava pensando... Essa vida que a gente leva é muito perigosa, corremos risco de vida a todo momento. E eu não sei o que faria se te visse ferida ou... - olhou com pesar em seus olhos. —Não quero nem imaginar. Mas o que eu quero lhe propor é: Vamos abandonar essa vida, sair do Instituto e arranjar um lugar tranquilo pra viver só nos dois. Longe dessa ação constante e adrenalina excessiva. Uma vida... Normal.
—Nossa, agora você me pegou. - pôs-se de pé e se virou de costas á ele. —É uma oferta e tanto, mas ainda estou aprendendo a controlar meus poderes e esse era o meu objetivo desde que vim para os Estados Unidos. - calou-se. —Vamos esperar, eu termino meus estudos, você também. Depois a gente sai e vai viver uma vida tranquila, o que acha?
—Se é o que você quer... - sorriu, recebendo um abraço da namorada.

Do lado de fora do quarto...

Anya e Kevin estão sentadas em um banco hospitalar no meio do corredor. Os dois permanecem em silencio, olhando para os lados. Como se tentassem entrar em um dialogo, mas o assunto fugia.

—Você foi ótima durante a batalha. - disse finalmente algo, parando e se xingando mentalmente pelo o que havia dito. "—Sério?! Seu idiota. Não tem algo mais retardado pra dizer, não? Comenta que acha que ela engordou também."

Anya ri baixo.

—Você não ouviu isso, não é?
—Desculpa, mas seus pensamentos estavam gritando pra mim. - continuou a rir após ver a reação de Kevin, que bate a mão contra a própria testa.
—Que mancada. - comentou já rindo de si mesmo. —Me desculpa por isso, acho que já perdi o jeito de conversar com você.
—Tudo bem... Acho que eu também perdi o jeito. Ainda fico meio nervosa quando estou perto de você. - olhou para ele que se cala, aproximando-se mais dela.
—Aé? - ia beijá-la, até que alguém os interrompe.

—Com licença, é nesse quarto que o Jhoan se encontra? - indagou Darth, segurando uma maleta de ferro na mão direita.
—É sim, porque? - pôs-se de pé, notando o emblema da S.H.I.E.L.D no uniforme do jovem.

—Oi Darth! Entra aqui, cara. - Jhoan gritou do seu quarto.
—Não gostei desse cara. - sussurrou Kevin para Anya.
—Espera. - segurou seu braço com força, impedindo-o de prosseguir. —É sério o que você disse? Eu engordei? - olhou para si mesma, dos pés á cintura.
—Não... Não foi o que eu quis dizer. - arregalou os olhos assustado. —Viu? Perdi completamente o jeito de falar com você. Tô me sentindo como um adolescente inexperiente.
—Kevin, você é um adolescente... Só tem 17 anos, lembra? - arqueou a sobrancelha, logo rindo da expressão sarcástica que o garoto expressou. —E relaxa, ainda podemos ser amigos.

Ela coloca a mão sobre seu braço, fazendo um carinho e dando um leve sorriso que mascara sua verdadeira intenção. Kevin abre a boca para falar algo, mas para ao notar um paciente mutante ferido logo atrás dela, sendo maltratado por uma enfermeira. Seus batimentos aceleram de raiva e seus olhos ascendem, criando uma forte ventania que abre todas as janelas do corredor, assustando a enfermeira que se distancia do paciente mutante.

—Kevin, o que houve?! - segurou forte sua mão, fazendo o garoto sair do transe e se acalmar. —Tudo bem?
—Sim. - acalmou a voz, forçando um sorriso para tranquilizá-la.

—Kev, Anya... Venham, quero que conheçam o Darth, o cara que salvou minha vida.
—Salvou sua vida, é? - indagou Kevin retoricamente, entrando no quarto e olhando de cima á baixo o agente.
—Que isso, cara. Não é pra tanto. - disse meio sem jeito.
—Não é pra tanto? Esse cara doou o sangue dele pra mim quando não havia mais o suficiente no hospital. - olhava pra ele com certa gratidão que incomodava Kevin. —À partir daquele dia, você se tornou meu herói.
—Bom, se você salvou a vida do meu irmão, você tem a minha gratidão também. - apertou a mão do agente. —Mas o que lhe trouxe até aqui?
—Ah... Isso. - colocou a maleta sobre uma mesa ali perto e abriu-a, após passar o código digital na maleta.
—O que é isso?! - indagou Crist olhando para o objeto retirado e logo olhando para seu namorado que compartilhava a duvida.
—É uma prótese inspirado no modelo do braço biônico do agente Bucky Barnes. Essa versão foi feita pelo Stark e tem as mesmas habilidades da versão anterior, mas com alguns extras.
—Que tipo de "extras"? - questionou o mexicano.
—Não quer testar e descobrir?

O agente o ajuda e colocar o braço biônico, ao acoplar em seu corpo, ele coloca e liga um sensor que é implantado em sua espinha. Terminado, ela começa a mexer o braço, com dificuldades no começo, mas o suficiente para fazê-lo se emocionar.

—Obrigado, cara.
—Não tem que me agradecer, tem que agradecer á S.H.I.E.L.D.

—Bom, desculpa gente, mas eu tenho que ir para a Academia de Massachusetts agora. Então, até mais. -despediu-se, saindo do quarto e sendo seguida por Kevin que a para no corredor.
—Podemos conversar depois?
—Claro, acho que vou passar no Instituto hoje ainda para pegar as minhas coisas.
—Você vai voltar para a Academia?
—Eu tenho que retomar os meus estudos. Aliás, eu disse que não ficaria lá por muito tempo. - fez o ficar desapontado. —Desculpa, mas eu tenho que ir. -olhou no relógio em seu pulso e deu um beijo em seu rosto, logo partindo. —Tchau.
—Tchau. - respondeu cabisbaixo.

Academia de Massachusetts, horas depois...

Litthie entorta o pescoço, vendo alguns novatos da academia passarem, em seguida, volta a bater os dedos contra o braço do banco de espera.

—Com medo? –Thitan, seu irmão, senta-se ao seu lado.
—Ah não, não mesmo. –sorri, focando ao nada. Seus olhos encaram o chão e depois os do irmão. —A Emma não está como antes, eu posso sentir isso. E estou, de certa forma, preocupado com ela.
—Calma ai, você pensa mais na Emma que em si mesmo!
—Esqueceu que mentalmente parte dela está em mim? Não tenho culpa se a mente da Emma ama a ela mesma. –faz o irmão sorrir. —Meu lugar é aqui. E o seu?

O maior sorri, arrumando os cabelos e encarando o nada que o irmão antes se distraia.

—Exatamente, eu não sei. Andei observando como tudo isso funciona, esta coisa de equipe e... essas coisas...
—Quer sair pelo mundo? –indaga o telepata. —Tão difícil de falar? Segue em frente. A ultima vez que planejou isso, nos envolvemos com um doutor maluco e fizemos bagunça com os heróis da pesada.
—Conversando entre irmãos? –Meghanny se aproxima com ambas as mãos ocupadas de guloseimas, dando piscadas e beijos para alguns rapazes. —Qual é, quem fez merda?
—Nada não, Megh. –responde o mais velho.

Os três se olham, ambos sorrindo, como se as memórias de ambos fossem reforçadas. É o bastante para entenderem que independentes de suas escolhas, opiniões e posições, continuam a serem irmãos. Os irmãos Yagami.

Anya chega minutos depois. O sol já estava se pondo e algumas estrelas começavam a ficar visíveis no céu. O táxi que a levara para de frente a entrada da mansão que era reformada após o ataque. Ao entrar, ela dá de cara com Emma e Litthie conversando.


—Oi! - cumprimentou-os meio sem jeito, deixando um clima estranho no ar.
—Ehhh... Eu vou deixar vocês duas conversarem á sós. - decidiu sair após receber uma encarada de Emma que praticamente gritava com os olhos para ele sair.
—Você está bem? - perguntou Anya demonstrando preocupação com o seu estado.
—Estou. - sorriu de leve. —Vejo que você também está.
—Sim... Ehhh, ainda estão reformando?! No Instituto eles terminaram hoje de manhã. - procurava assunto menos constrangedor.
—Deve ser porque o estrago foi maior aqui. - enrolava o dedo em suas mechas loiras.
—Eh... Deve ser. - olhava para o chão evitando uma conversa mais sincera.

—Ah... É serio que duas telepatas Ômegas estão com dificuldades em se comunicar? - bufou Celeste, revirando os olhos.
—Vocês são patéticas. - completou Phoebe.

Ambas as loiras riem por um instante e logo param ao se entreolharem.

"—Fiquei preocupada ao te ver naquele estado nas mãos dos Krathos." - finalmente revelou, telepaticamente.
"—E eu senti muito sua falta quando você retornou ao Instituto." - completou a conversa telepaticamente.

As duas se entreolham e finalmente se abraçam.

—Nunca mais fuja de mim, promete?
—Eu prometo... Mãe. - chamou-a pela primeira vez, fazendo Emma soltá-la do abraço para olhar nos seus olhos.
—Repete. - encheu os olhos de lágrimas.
—Eu prometo, mãe. - obedeceu sorrindo contentemente.
—Você não imagina o quanto significa você me chamar assim.
—Claro que eu imagino, é por isso que eu te chamei assim.
—Garota abusada. - deu um leve empurram na russa, que dá um passo para trás para recompor o equilíbrio. —Gostei, tá começando aprender comigo.

—Tá estragando a garota. - disse Sean aproximando por trás de Emma e a beijando.
—Oi amor! - beijou-o novamente.
—"Amor"? Quanto tempo eu fiquei fora? O que eu perdi? - ironizou.
—Pois é, eu e o Sean estamos namorando agora. - abraçou o braço do namorado. —Pensou que só você podia ter seu bofe escândalo? Se toca, garota. Antes mesmo de você nascer eu era a rainha das nights.

—Literalmente falando, né Emma. - Litthie se intrometeu —Aliás, foi assim que ela conheceu seu pai. Mas essa história você já conhece.
—Cala essa sua matraca, peste. - repreendeu o garoto que gargalha com a reação da loira. —Vai caçar alguma fofoca para espalhar, sua bicha invejosa.
—Calma, minha diva. - ria sem parar. —Eu sei que você me ama.
—Eu só amo três coisas na minha vida, querido. Minha filha, meu namorado e eu mesma. Além de linda, rica e poderosa. Eu sou meu próprio diamante. Tem coisa mais perfeito que isso? Deus quando estava distribuindo beleza e elegância ele reservou um lugar só pra mim na área vip.
—Ai... Eu estava com tanta saudade de vocês. - abraçou á todos.

Instituto Xavier...

Ciclope passa pela sala de estar e se depara com Kevin jogado sobre o sofá no meio do escuro, ascendendo e apagando uma bola de fogo em sua mão, enquanto suspirava tão alto que chamara sua atenção.

—Kevin?! - assustou-se. —O que faz aí no escuro?
—Não é o que você está pensando. - saiu do escuro com as mãos ao alto e um sorriso sacana.
—Sei. Vai, desabafa. - disse sentando-se no sofá ao lado do garoto que havia sentado antes, apoiando o braço sobre a perna e segurando o queixo enquanto olhava tristemente para o nada.
—É a Anya... Desde que a gente terminou, ficou um clima estranho entre nós. Não tinha explicação para termos tratado um ao outro tão diferente após o término, ela queria ir junto da Emma e eu a deixei ir e por isso tivemos que nos separar, mas não houve uma briga ou algo do tipo que deixasse uma cicatriz na nossa historia. Mas mesmo assim cada um se sentiu traído, abandonado. Após isso, eu comecei a tratá-la de um modo grosso, idiota. - parou para rir de seus atos. —Mas apesar de tudo eu a amava, e eu sentia o mesmo vindo dela. Dias depois ela descobriu que era filha da Emma e ficou chocada e acabou fugindo. Ela estava de luto pela mãe adotiva e ainda se sentia traída pela Emma. A mistura da tristeza da perda da mãe, com a raiva que estava sentindo da Emma, a levou para o fundo do poço emocional. O que despertou uma ligação psíquica entre nós que nunca havíamos sentido antes. A partir daí nosso relacionamento melhorou á níveis incríveis, mesmo permanecendo como amigos, ainda compartilhávamos um sentimento. Mas o problema é que eu não vejo uma maneira de retornar com ela. Estivemos tão próximos, mas ao mesmo tempo tão distante nesses últimos dias que eu não sei mais se ainda há um amor.
—Nossa... Que história. Daria um livro ou uma fanfiction ótima. - zombou do garoto enquanto desarrumava seu cabelo, passando a mão sobre sua cabeça. —Bom, Kevin. Pelo o que você me disse, vocês precisam de um tempo a sós com ela. Distante dessa vida agitada que vocês tem... Uma viagem cairia bem. Se você disse que a mistura de sentimentos uniu vocês, imagina o que tranquilidade de uma viajem não poderia fazer.
—Uma viajem? É uma boa ideia, mas o Professor não me dá mesada, e acho que minha carteirinha de estudante não serve com passagens de avião.
—Você é hilário. - riu do garoto que falara com uma expressão séria, o que deixou mais engraçado. —E é sortudo também... - parou retirando algo do bolso da calça. —Eu havia comprado essas passagens com destino á Roma para mim e a Jean, mas agora são suas.
—É sério isso? - pegou as passagens com um sorriso de orelha á orelha.
—Sim. Com a morte do Presidente, as eleições que iriam ser no ano que vem foram adiantadas para esse ano. E já que eu vou me candidatar á presidência...
—Vai se candidatar? Sério? - demonstrou surpresa.
—Claro. - soltou uma leve gargalhada. —Acho que precisamos de um dos nossos no poder. Pra quem sabe mudar as condições sociais dos mutantes. Não quero dizer que um presidente mutante irá acabar com o preconceito, muito pelo contrario, mas será um grande passo para um futuro melhor.
—É isso aí, já ganhou o meu voto. - deu dois tapas leves sobre suas costas, logo pondo-se de pé. —Então você acha mesmo que eu tenho que ir falar com ela?
—Tem não, deve. - levantou-se, ficando de frente á ele. —Eu sei que é meio clichê, mas é o melhor concelho que posso lhe dar... Siga o seu coração, ele te colocará no caminho certo. E se você realmente ama a Anya, esse caminho será ao lado dela.

Academia de Massachusetts...

Todos na academia estão em seus quartos. Com a reforma, as aulas foram adiadas e muitos alunos retornaram para a casa de seus pais no tempo livre. Anya se encontra em seu quarto. Deitada sobre sua cama, com fones de ouvido e escutando algumas músicas de sua soundtrack enquanto remexia em lembranças com Kevin que arrancavam sorrisos de sua face. As portas de vidro que dão acesso á sacada do seu quarto estão fechadas, mas não impedindo a luz da enorme lua cheia no céu invadir o quarto e iluminá-lo parcialmente. Durante a pausa de uma música para a outra, a garota ouve estalos no vidro da porta. Levantando e calçando suas pantufas de pelúcia, ela se direciona á sacada do quarto. Ao passar pela porta, ela é atingida na testa por uma pequena pedra, fazendo-a soltar um leve grito.


—Ai meu Deus. - ouviu-se uma voz familiar vinda de uma parte escura do jardim. —Anya, me desculpe.
—Kevin? - reconheceu sua voz pouco antes dele voar até a sacada de seu quarto, agarrando-se na grade. —Eu queria fazer algo romântico, sabe? Jogar pedrinhas na janela. Isso dá certo nos filmes.
—Bobo! - riu dele, pouco antes de abraça-lo. Sentindo seu cheiro e os batimentos acelerados de seu coração. —Tá nervoso!
—Estou. - engoliu em seco, segurando as mãos da garota e olhando em seus olhos.
—Kevin, você está me assustando.
—Eu queria lhe pedir uma coisa. - parou por um segundo para respirar. —Gostaria de viajar comigo?
—Viajar? Como assim, pra onde?
—Roma. - mostrou-a as passagens.
—Itália? - indagou retoricamente com um sorriso feliz ao rosto. —Como conseguiu as passagens?
—Com o Scott. - respondeu. —Depois te explico direito... E então?
—Nossa, você me pegou de surpresa. Eu tenho algumas aulas. Havia prometido a Emma que iria ajudá-la nos compromissos da Academia e...

Ao ouvir as palavras da boca dela, uma tristeza e uma decepção toma conta de seu corpo. Ele se vira de costas para ela e se inclina sobre a cerca da sacada, expirando com pesar.

—Eu entendo. Aliás, o que eu esperava? Que você fosse viajar comigo? - riu de se mesmo. —Bom, eu vou embora, desculpa ter te incomodado.
—Não, espera. - agarrou seu braço. —Eu não disse que não vou, seu apressado. - franziu o cenho um pouco irritada.
—Então você vai? - abriu aquele sorriso apaixonado, mostrando todos os dentes da boca.
—Sim. - sorriu timidamente, formando uma pequena e discreta covinha em sua bochecha corada enquanto ajeitava uma mecha de cabelo por trás da orelha.

O garoto dá um leve salto, estendendo os braços e comemorando alegremente.

—Tenho que te fazer só mais uma pergunta. - ficou sério novamente. —Me responda com sinceridade... Você ainda gosta de mim? Tipo, como antes.

Um sorriso se forma na face da jovem. Seus olhos, que se encontravam com os apaixonados olhos verdes do garoto, brilhavam como as estrelas que rodeavam a lua no céu. Um suspiro leve é dado antes dela abrir a boca para respondê-lo, dando um passo á frente.

—Eu não sou muito boa com palavras. - aproximou-se dele lentamente, ajeitando a gola de sua camisa que desarrumara ao voar até a sacada. —Mas posso respondê-lo de outra forma. - sussurrou em seu ouvido, aproximando de seu rosto e beijando-o.

Não era apenas um beijo, era o encontro de duas almas apaixonadas. O contato de dois corações em sincronia. A prova de um sentimento que ambos duvidavam se sentiam um pelo o outro. O amor que Kevin tanto questionava se ainda pertencia á ele podia ser sentido nos lábios de sua amada.


Duas semanas depois...

Vittore e Jhoan ajudam Kevin descer as escadas com as várias malas do casal. Juntando todas de frente á porta de entrada da mansão, eles se despedem enquanto esperam a sua carona chegar.

—Não acredito que você vai me abandonar, sua vaca. - repetiu Crist pela oitava vez, pela conta de Anya.
—Cris... - abraçou-a. —Pela oitava vez, será só por alguns meses, enquanto as minhas aulas estão paralisadas.
—Mesmo assim, não aguento ficar longe de você. - secou uma lagrima. —De quem eu irei abusar, chamar de vaca e confiar para reclamar do Jhoan?
—Reclamar de quem? - indagou o garoto.
—De ninguém, amor. - abraçou seu braço com um enorme sorriso inocente.
—Ué, você pode continuar falando comigo. Existe telefone, se lembra?
—Não é a mesma coisa. - pegou nas mãos da amiga, apertando cada um de seus dedos enquanto segurava algumas lagrimas. —Aproveita, amiga. Sabe que vou estar aqui te esperando quando voltar, né?
—Ai Crist, claro que sei. - abraçou-a novamente que começara a chorar. —Não precisa se preocupar. Quando menos esperar a gente vai estar deitada sobre a cama comendo um enorme pote de sorvete e contando as novidades uma pra outra, ok?
—Ok... Mas sorvete não, tô de dieta. - consentiu a cabeça como uma menininha, secando as próprias lagrimas.
—Então tá, sem sorvete. - sorriram, dando mais um abraço.

—Itália... Legal. - comentou Jhoan junto de Vittore e Kevin.
—Eh... - completou com o mesmo tom usado pelo amigo.
—Então tá, boa viagem. - disse o mexicano estendendo a mão para o loiro que olha por um segundo, segurando a sua mão e o puxando até um abraço forte.
—Tu vai sentir minha falta, cara? - mudou o tom de voz, deixando o sentimento fluir.
—Claro, cara. - concordou. —Vai esquecer de mim não, hein. Pode ligar e mandar mensagens todos os dias.
—Com toda certeza. - saiu do abraço, virando para Vittore e abraçando-o também.
—Aproveita a viagem. - desejou a ele.
—Valeu, duende. - provocou-o como sempre. —Cuida do meu irmãozinho, tá?

Olhava para o amigo sobre o ombro de Vittore enquanto ainda o abraçava. Com uma lagrima presa nos olhos, proibida de escapar.

—Pode deixar. - sorriu, logo saindo do abraço.
—Volta logo, viu? To loco pra testar meu braço biônico em você. Quero ver quem vai ganhar no braço de ferro agora. - provocou-o dando um leve soco em seu ombro, tombando-o levemente para o lado.
—Eu tenho um pressentimento de que continuará sendo eu. - fez um leve movimento com o dedo, manipulando a prótese de metal do amigo e batendo a sua mão sobre a própria cabeça.
—Assim não vale. - reclamou enquanto esfregava a mão sobre a região que havia se acertado.

—Kevin, Anya... O táxi está á espera.

—Ok. Obrigado, Jean. - agradeceram a ruiva.
—Então é isso... Se sentir saudades, a Itália é logo ali. - apontou para a porta. —É só você abrir um portal e pronto... ROMA.
—Pode deixar, eu vou. - sorriu, fazendo um toque entre os três garotos.

—O Scott não pôde estar aqui para se despedir porque está resolvendo uns assuntos políticos. Mas me pediu para desejá-los uma boa viagem. - contou a ruiva, recebendo os agradecimentos do casal.

—Iam sem se despedir de mim? - indagou Charles aproximando deles.
—Claro que não, Professor. - correu, Anya, até ele e o abraçando. —Vamos sentir a sua falta.
—Também vou sentir saudades de vocês, meus filhos.

Os jovens passam pela entrada da mansão. Kevin termina de guardar as malas no porta-malas do carro e se põe ao lado de Anya que estava de pé ao lado do táxi observando a mansão.

—Tudo bem?
—Sim, é que... Eu estou revivendo essa cena. Só que agora, eu estou partindo ao seu lado. - olhou para ele e o beijou pela ultima vez antes de entrarem no carro e partirem, despedindo-se dos amigos pela janela até perder contato visual com eles. Os jovens seguem a estrada, sumindo ao se distanciarem cada vez mais, adentrando no horizonte.

O cenário muda e damos de cara com um lugar desconhecido. Com mares de lava, fissuras que expelem fogo e criaturas demoníacas de todos os tipos e formas por toda parte. Ao seguir, podemos ver um amontoado de demônios que escutavam atentamente um ser com forma humanoide assentado em um enorme trono diante deles.

—Estivemos aprisionados por milênios.... Encarcerados sem podermos sair e vagar livremente pelas dimensões. Presos aqui, enquanto o nosso reino é cada vez mais destruído pela praga que infecta a Terra desdo o seu inicio. Mas não se desesperancem, ainda temos uma chance, uma saída. Iremos sair dessa contenção, e quando isso acontecer, o mundo deles cairá em caos e trevas. Seus sangues irão se espalhar pelo solo e desinfetar as suas pegadas impuras. Seus corpos mergulharão em nossos mares de lava e os que sobreviverem, serviram de alimento a vós. O mundo deles cairá... E das suas cinzas, o nosso renascerá mais uma vez. - põe-se de pé diante aos seus súditos, sendo clamado por eles.

—Be-las-co... Be-las-co... Be-las-co...

O mago sorri com um olhar maléfico, erguendo sua taça diante sua legião de demônios. Os gritos de sua prisioneira chama sua atenção. Uma jovem loira com algumas características demoníacas, trajada de trapos velhos e rasgados, acorrentada e jogada no chão ao lado de dois enorme cães demoníacos que ameaçam atacá-la após a garota tentar alcançar sua espada espiritual que era retirado dela e levado por súditos do mago. Os gritos da multidão ecoam por toda a dimensão que se comprime dentro de uma pequena pedra redonda e com um tom avermelhado forte, semelhante á sangue. Sendo segurada por Yuri Bolshoi que a observa com fervor.

FIM.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, então é isso. Chegamos ao fim. Queria agradecer a você que acompanhou essa estoria desde o início. Gostaria de me desculpar por talvez conter alguns erros ortográficos, infidelidade em alguns personagens originais e pelo tempo que fiquei sem postar, com motivo já antes explicado. Essa é a minha primeira fanfiction, mas a primeira de muitos, inclusive já estou planejando uma segunda temporada. Obrigado por terem lido e espero que tenham gostado do final, nos vemos na sequencia :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Evolução X - Livro I: Guerra Mundial" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.