Laboratório de Criminalística de New York - P.O.V. Mac Taylor

– É, parece que vai ter sua antiga parceira de volta por um tempo, Mac. - Sinclair dizia, enquanto entrava na minha sala no laboratório. - Stella Bonasera vem para New York. Está investigando um caso e o seu suspeito se mudou para cá.

– Sério? - não contive o sorriso. - Mas quem é o suspeito dela?

– David Holt. - respondeu ele. - Um advogado estranhamente rico. Eu ouvi dizer que as pessoas suspeitam dele ter negócios ilegais no Brasil. Ele é um dos maiores inimigos de Robert Dunbrook. Os dois se odeiam há anos, mas ninguém sabe dizer porque.

Uma semana depois...

– A vítima é Mary Kate Holt, deu entrada na maternidade ontem. Ela é esposa do cara que a Stella está investigando. - dizia Flack enquanto nós dois entrávamos no Metropolitan Hospital Center - Ela estava grávida de sete meses. Umas horas depois do parto, foi esfaqueada, por pouco não morreu. Alguém citou seu nome no interrogatório e ela ficou muito nervosa, querendo falar com você.

– Comigo? - repeti e ele assentiu.

Fomos para a ala de UTI e Flack disse que iria falar com mais enfermeiras. Entrei no quarto devagar. Eu realmente não fazia ideia do que a vítima queria comigo, mas aos poucos que ela virava o rosto para mim, eu soube quem era ela.

– Mac. - ela pronunciou fracamente.

– Kate. Há quanto tempo... - dei alguns passos vagarosos até chegar perto da cama. - Sabe quem fez isto com você? - perguntei e ela negou com a cabeça. - Me disseram que você queria falar comigo.

– Você sabe com quem estou casada, não é? - ela perguntou e eu afirmei com a cabeça. - Mac, ele é perigoso. Ele está metido com gente perigosa... Eu temo pela minha filha, Mary Jane. Se também fosse filha dele, eu ficaria mais tranquila, mas já que não... Eu temo que ele faça algo contra ela, David é louco. - ela fez uma longa pausa. - Em nome de tudo que nós vivemos no passado, eu peço que... Será que pode me prometer que vai cuidar dela? Que vai cuidar para que David jamais faça mal a ela? - ela se alterou e os batimentos cardíacos começaram a subir.

– Calma, Kate. - pedi e ela respirou fundo. - O pessoal da criminalística de New Orleans está investigando o David, se ele sabe disso, não deve ser tão burro de aprontar alguma coisa. Mas eu vou cuidar do bem estar da Mary Jane. Eu prometo.

– Obrigada. - ela disse num sussurro quase inaudível.

Uns dez minutos depois, um médico pediu que eu me retirasse para fazer alguns exames. Um tempo depois, Kate foi levada às pressas para a sala de cirurgia. Uma hemorragia grave. Uma enfermeira veio me avisar que ela não resistiu. Respirei fundo, fechando os olhos.

O celular começou a tocar.

– Taylor

– Oi Mac - disse Flack - Olha, eu consegui localizar a filha da vítima, estou levando ela para a delegacia. Stella está indo pra lá também, quer fazer algumas perguntas. E a vítima?

– Acabou de morrer.

– Que pena. Bom, até mais.

Ele desligou. Decidi ir para a delegacia.

Departamento de Polícia de New York– P.O.V. Mary Jane Wilson

O detetive Flack me trouxe até a delegacia. Ele me contou o que aconteceu com a minha mãe depois que eu a deixei na maternidade. Eu tinha esquecido de levar um documento importante e acabei voltando pra casa. Acabei pegando um trânsito infernal de três horas e quando eu finalmente chego, tenho que ir para a delegacia.

Bom, eu estava numa sala com apenas duas cadeiras(eu estava sentada em uma delas) e uma mesa. Uma detetive de New Orleans chamada Stella Bonasera estava na sala comigo. Ela andava para lá e para cá. Estava esperando alguém.

Um homem de terno entrou na sala e eles apertaram as mãos, sorrindo. Deviam ser amigos, pela forma de como se trataram. O homem veio até a mesa onde eu estava.

– Mary Jane Wilson, eu sou o Detetive Taylor. - ele se apresentou. - Antes de mais nada, eu tenho que lhe comunicar uma coisa. Sua mãe, que estava na UTI... Ela sofreu uma hemorragia grave e... Infelizmente não resistiu.

Quando ele disse, eu senti como se eu fosse uma das torres gêmeas que foram atingidas pelos aviões de um terrorista e tivessem desabado. As lágrimas caíam.

– Não, isso não está acontecendo... - eu disse, passando a mão esquerda na testa. - Ela estava sozinha, não estava?

– Não exatamente. - ele disse e eu o olhei - Eu estava com ela. Explicarei melhor depois.

– Mary Jane, sei que este é um momento difícil, mas preciso que me responda algumas perguntas. - a detetive Bonasera se aproximou, falando de modo gentil e cauteloso.

– Tudo bem. - eu disse, enxugando as lágrimas.

– Seu padrasto está viajando, certo? - ela perguntou e eu afirmei com a cabeça. - Ele tem algum tipo de negócio no exterior, algo... suspeito? Você já ouviu alguma coisa assim?

Quando ela perguntou, duas cenas me vieram à cabeça:

FLASHBACK 1: New Orleans, 2009. Minha mãe e eu estávamos conversando animadamente na cozinha quando David chegou de viagem, jogou uma foto de uma moça em cima da mesa e cravou uma faca na foto, bufando de raiva. Ele disse que ela iria pagar por ter se metido no caminho dele. Mais tarde, descobri que ela era uma policial.

FLASHBACK 2: Boston, 2010. David gritava com alguém no telefone. Dizia que "ele" tinha que pagar o que lhe devia, e caso não tivesse dinheiro, a pessoa com quem ele conversava deveria acabar com a raça "dele".

Relatei os fatos a Taylor e a Bonasera, além de mencionar o quanto ele me odiava e o quanto ele era possessivo em relação a minha mãe.

– Muito bem, Mary Jane, você pode ir. - Taylor disse gentilmente.

– Sentimos muito pela sua mãe. - Bonasera disse e eu dei um sorriso fechado em agradecimento.

P.O.V. Mac Taylor

Mary Jane saiu da sala de interrogatório. Eu me sentei em uma das cadeiras e tentei me acalmar, pois uma raiva imensa me invadiu. David, pela descrição de Mary Jane, fazia de tudo para afasta-la da mãe e quando as duas estavam juntas, fazia questão de atrapalhar.

– Mac. - Stella me chamou, com um tom de voz preocupado.

– Esse cara acabou com a vida das duas, Stell. - eu disse. - Mas eu não vou deixar ele fazer mal a Mary Jane outra vez. Eu vou cumprir a minha promessa.