“Tudo em nome do amor

Essa é a vida que eu quis.”

Sísifo de Sagitário era uma pessoa guiada pelo amor. O sentimento tomava conta de sua vida e era o responsável pela enorme devoção que sentia por Atena, a bondosa deusa que jurara defender e manter a lealdade até mesmo depois da morte, como um verdadeiro cavaleiro de ouro. Amava-a com uma intensidade assombrosa, protegera a pequena menina desde sua tenra infância, vivera por ela e gostaria que assim fosse para todo o sempre.

Ser um dos defensores de Atena era o que há muito tempo almejava alcançar e sentia-se abençoado por ocupar tal posto, graças a ele ficara perto da deusa que prometera defender; fizera grandes aliados e companheiros; aproximara-se do sobrinho, Regulus, um menino cheio de vida e energia e assim resgatara-o da solidão, passando a ser seu escudo; e conhecera El Cid, o portador da excalibur e guardião da casa de Capricórnio, seu melhor amigo.

Lembrara-se com perfeição do dia em que encontrara Regulus, o jovem era menor, ainda mais franzino e arisco, como um pequeno gato de rua, todavia seu porte físico desavantajado não o impedira de proteger a Sagrada Armadura de Leão com a garra de uma fera, atacando qualquer um que tentasse roubá-la dele, não foi diferente com o sagitariano.

Ao cogitar que Sísifo era mais um dos ladrões tentou enfrentá-lo, no entanto foi surpreendido pelo abraço das asas douradas, um sorriso morno e a promessa de que já não estava mais sozinho. De fato, aos poucos o vazio que antes sentia fora preenchido pela presença calorosa e sábios ensinamentos do cavaleiro que colocava o bem dos demais acima do próprio.

Com El Cid não fora tão diferente. Apesar de ser rodeado por discípulos que admiravam-no, o reservado capricorniano buscava se isolar o máximo possível, o coração afiado não parecia disposto a dar qualquer abertura para um outro alguém, mas isso não fora suficiente para ameaçar Sísifo, que estava disposto a fazer parte da vida do espanhol e também resgatá-lo da solidão.

O sisudo defensor da décima casa nada pôde fazer para afastar o homem que sem grandes dificuldades conseguira de certa forma iluminá-lo com sua motivação e bondade. Assim, um forte ligação fora estabelecida entre os dois, tornando capricórnio leal a sagitário, o único que o conhecia verdadeiramente.

O guardião da casa de sagitário possuía um coração totalmente oposto ao de seu melhor amigo, sempre benevolente, preocupava-se com a felicidade e o bem dos outros acima de tudo, inclusive dos seus próprios sentimentos, chegando a prejudicar-se por isso, era o dono das bondosas asas que tornaram-se o escudo do mundo, contudo era incapaz de privar-se do próprio sofrimento, como o arrependimento que carregava por separar a jovem Atena de seus amados amigos, apreciava estar próximo da deusa que tanto amava, todavia sabia que ela não era plenamente feliz e isso também o machucava.

Mas não era homem de reclamar, guardava suas dores no fundo do generoso coração e seguia em frente, com o anseio de que poderia lidar com sua angústia sozinho e permanecer cuidando de qualquer um que precisasse de sua ajuda, principalmente daqueles que amava, afinal, essa era a vida que escolhera.