Como odiar o amor escrita por TheGhostKing


Capítulo 1
A garota nova


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é mais para apresentação. Os conflitos já chegam...



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Nico se afastou de Percy e desfez o convincente sorriso falso em seus lábios. Conseguia sentir a confusão do amigo ao escutar suas palavras. Afinal, tinha acabado de assumir que já tivera uma queda por ele, ainda terminando a frase com “você é bonito, mas não faz meu tipo”.

Havia mentido. Ainda sentia algo por Percy. Que aliás era bonito e ponto final. Mas não quis bancar o coitadinho, e optou por fazer o que faz melhor: guardar a tristeza. Não se lamentar para tudo e todos, repetindo “oh, minha vida é horrível”. Muitas pessoas achavam que o garoto não tentava esconder a dor, mas ele fazia o contrário, apenas não sentia necessidade em fingir estar contente.

Mas havia mais no que se concentrar. Eles haviam acabado de vencer a guerra pelo qual se prepararam por tanto tempo. Era motivo de comemoração. Nico não deixaria um amor bobo e impossível derrubar a felicidade passageira que ele havia se permitido.

Olhou para trás, ainda andando. Annabeth ria enquanto tentava explicar algo para Percy, que olhava para o chão e para a namorada repetidas vezes, obviamente sem entender uma palavra. Nico esboçou um pequeno sorriso olhando a cena; Percy era um idiota mesmo. E ele o amava.

Trombou com alguém antes que pudesse se concentrar novamente no caminho que seguia, fazendo quem quer que fosse desabar no chão.

– Desculpe – disse o menino, sem dar muita importância ao acontecimento. Olhou para a garota que derrubara. Não conseguia ver o rosto da semideusa, que estava coberto por compridos cabelos castanhos claros. Estendeu a mão – quer ajuda para levantar?

A garota estendeu a mão em direção à de Nico, mas ao invés de segurar, deu um tapa.

– Sei me levantar sozinha.

Ela afastou os cabelos do rosto. Bonitinha, pensou Nico, mas ainda é metida. A garota devia ter mais ou menos catorze anos. Sua pele era bronzeada e lisa, e seus olhos eram de um verde hipnotizante. Um corte na bochecha esquerda, que parecia um corte de lâmina, mostrava que ela já havia lutado.

– Já te vi antes? – perguntou ela, levantando-se e batendo a mão na calça jeans para tirar a terra.

– Eu, pelo menos, nunca te vi antes – respondeu Nico – é nova no acampamento?

– Não cheguei a muito tempo.

– E já lutou em uma batalha?

– Já – ela riu, colocando o cabelo atrás da orelha – surpreso?

– Um pouco – Nico admitiu, mudando o peso de um pé para o outro e fazendo biqinho.

Talvez ela já enfrentasse monstros mesmo antes de vir para cá, pensou o menino, girando o anel de prata no dedo.

– Que legal! É lindo – exclamou a garota, apontando para o anel – Tem algo a ver com seu parente divino? Você é filho de Hades?

– Sou sim. E você?

– Não fui reclamada ainda. Aliás, meu nome é Jill.

– Nico – o garoto não percebeu a mão estendida da menina, e um silêncio constrangedor tomou conta do ambiente. Depois de alguns segundos, ela o quebrou, mas de um jeito não muito menos constrangedor:

– Pode apertar. Eu deixo.

Nico sentiu o rosto corar, e Jill riu, abaixando a mão.

– Gostei de você. Você é esquisito e tudo mais, mas é fofo.

Não sou fofo, pensou, sou assustador. Mas tudo que fez foi corar e murmurar um

“obrigado“ desajeitado. Depois soltou um “ei” ofendido ao perceber a parte do “esquisito”.

Ela riu de novo. Nico gostou de sua risada, do jeito com que ela se mexia ao rir. Parecia uma pequena criança se divertindo. Imaginou como sua própria risada devia soar. Como um leão rouco tentando rugir com pedras e arame farpado entalados na garganta, pensou. Decidiu que evitaria rir durante os primeiros dias de amizade com Jill.

Amizade... Esse pensamento o acertou em cheio.

Balançou a cabeça, tentando focar em outra coisa. Notou um colar delicado no pescoço da garota: uma corrente fina e um pingente de coração, ambos feitos do mesmo material, bronze.

– Belo colar – comentou.

Ela o segurou e sorriu.

– Obrigada.

– Tem algo a ver com seu parente divino? – perguntou, imitando-a.

– Engraçadinho... Talvez tenha. Vai que eu sou filha de Afrodite. Explica o motivo pelo qual você parece tão encantado comigo.

– Oi? – Nico soltou uma nervosa risada envergonhada.

– Calma, é brincadeira. Bom, acho que eu vou indo. A gente se encontra no jantar, eu sento na sua mesa.

– Mas você não é nem filha de Hades.

– Mostre-me suas provas – ela lhe lançou uma piscadela – talvez eu seja.

Tomara que não, Nico se pegou pensando. Depois ficou surpreso: não parecia um pensamento que ele teria.

Jill se virou e começou a caminhar, mas logo se voltou para ele.

– Ah, Nico?

– Sim?

– Nico é um nome bonito.

E ela continuou a andar. Durante alguns segundos, o menino estava sem palavras, mas logo virou-se de costas e seguiu em direção ao seu chalé, com um comentário final para ninguém específico.

– Jill também.


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando! Não se esqueçam de deixar um comentário. Obrigada!