Love Me Like You Do escrita por Ane Viz


Capítulo 3
Capítulo dois:


Notas iniciais do capítulo

No capítulo anterior:

Ao notar aquela pessoa girei no calcanhar percebendo um casal sentado num banco e um grupo de pessoas mais afastadas de onde estava, rindo. Permaneci parada por alguns segundos, com medo de estar alucinando, porém tinha de tirar a prova. Talvez tivesse voltado para casa. Minhas mãos suavam frias e as batidas do coração se aceleraram ao me mover.
— Ei, senhor! — gritei correndo em sua direção.
Ele se virou me olhando um pouco assustado e pela primeira vez em tanto tempo tive vontade de sorrir.
— Poderia me emprestar o jornal? — Pedi com o tom mais baixo e suave possível.
Apesar de levemente assustado, o que pude perceber por seus olhos, me estendeu o jornal. Segurei a respiração antes de encarar a parte de cima do jornal que dizia:

17 de fevereiro de 2014

Boa leitura!

P.S: Por favor, leiam as notas finais, pois faço um convite muito especial.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/590342/chapter/3

Capítulo dois:

Now I'm a warrior, now I've got thicker skin

I'm a warrior, I'm stronger than I've ever been

And my armour is made of steel, you can't get in

I'm a warrior

And you can never hurt me again

Em muito tempo finalmente pude me sentir tranquila. Sabia que não estava mais presa ao inferno. Aquilo havia ficado para trás. Uma súbita vontade de correr e gritar tomou conta de mim, contudo não podia fazer isso ou assustaria mais ainda o senhor. Então me contive em abrir um sorriso enorme em meu rosto, uma mistura entre alivio e felicidade, porque havia saído de lá. Até mesmo o ar parecia melhor, mais puro. De repente, respirar se tornou até mesmo mais fácil.

Por um lado me sentia livre, estava cheia de energia... Ainda assim, um medo se apoderava de meu ser. Uma irritante voz em minha cabeça sussurrava que eles não haviam sentido minha falta, não tinham realmente se empenhado em me resgatar. Todas aquelas pessoas de repente, caminhando e falando deixaram-me nervosa, com medo. Não sabendo mais como viver em sociedade. Ignorando os pensamentos ruins, me foquei na praticidade.

Queria fazer tantas coisas que não conseguia descobrir qual deveria ser feita primeiro. Estiquei o braço entregando ao senhor o jornal de volta. No instante em que ele o pegou, me olhou como se estivesse avaliando meu comportamento. Ajeitei os cabelos, tentando parecer como uma pessoa normal. Seria muito irônico caso eu saísse de um inferno, criado por bruxas, para de repente ser jogada em outro, criado por humanos comuns.

— Muito obrigada, senhor. – disse suavemente, minha voz estava um pouco rouca pelo tempo em que passou sem uso. — Não pude comprar o jornal e precisava verificar algo. - Tratei de me explicar. — Sou nova por aqui e precisava procurar emprego. Tenha um ótimo dia.

O senhor me analisou mais uma vez.

— A senhorita pode ir à delegacia ou a prefeitura. Certamente, em um dos lugares poderá se informar melhor.

Assenti.

— É uma ótima ideia. A xerife Forbes deve poder me ajudar.

Ele negou levemente com a cabeça.

— Infelizmente, a nossa xerife morreu recentemente.

Meu coração perdeu uma batida. Caroline. Ela devia precisar de mim. Forcei um último sorriso ao senhor, virei de costas, decidida a ir para casa. Antes de qualquer coisa precisava tomar um bom banho em casa e lavar os cabelos. Caminhei a passos largos pelas ruas movimentadas. Mystic Falls sempre foi uma cidade pacata, porém nestes minutos parecia lotada. Era estranho sentir saudades de pessoas que nem sabia existir. Deixei uma risada baixa escapar por entre meus lábios. Sim, era isso. Pensei feliz. Tive saudades de pessoas em geral. Ergui o rosto vendo minha casa e corri em sua direção.

Subi os degraus apressada e tentei abrir a porta, estava trancada. Franzi o cenho antes de lançar um olhar sobre os ombros querendo me certificar de que ninguém prestava atenção em mim. Ao confirmar que estava tudo bem, dei um passo ao lado, esticando a mão para o vaso de plantas que ficava próximo a porta, atrás dele, havia um fundo falso onde escondíamos uma chave. Peguei-a rapidamente e enfiei na fechadura girando para escutar o conhecido estalo.

Entrei em casa a trancando em seguida. Apoiei as costas na porta dando uma olhada na sala. Havia diversas fotos minhas de criança a adolescente, e o inicio de minha vida adulta. Caminhei até a estante pegando o retrato da minha avó, e o abracei com força. Como queria poder fazer isso outra vez. Uma lágrima escorreu por meu rosto e tratei de secar imediatamente. Agora não tinha tempo para isso. Subi as escadas para o segundo andar entrando no meu quarto.

A sensação de lar bateu com força total, fui ao armário escolhendo uma calça jeans e uma blusa de alça fina vinho e uma sandália branca. Com meus pertences em mão corri para o banheiro e aproveitei os jatos quentes de água batendo contra meu corpo. Relaxei sentindo o aroma do meu shampoo e condicionador de baunilha. Decide por aceitar o conforto de casa, o qual sentira tanta falta. Fechei os olhos, apoiando a testa na parede.

Diversas lembranças invadiram a cabeça, o telefonema de Damon, a possibilidade de reencontrar os amigos. Uma lágrima escorreu pelo rosto, delicadamente a sequei. Procurava entender de onde vinha toda essa tristeza. Estava viva, de volta a época à qual pertencia. Meu coração se apertou, ao lembrar que não haviam depois daquilo tentado me resgatar. A dor de ter sido esquecida despedaçou meu coração. A pele começou a se enrugar e o frio a gelar meu corpo. Suspirei, antes de girar a torneira.

Sai do box me secando e enrolando a toalha na cabeça, coloquei a roupa intima, seguida da calça e vesti a blusa. Estiquei a mão puxando a toalha e meus cabelos curtos foram para todas as direções. Terminei de secá-lo e penteei aos poucos cada mecha dele. Pronta, deixei o banheiro alcançando o celular. Tratei de ligá-lo e não funcionou. Fiz uma pequena careta antes de caçar meus documentos e enfiá-los na bolsa. Com esta questão resolvida deixei a casa.

O sol bateu em minha pele e sorri com a sensação. Viver o dia de eclipse repetidamente havia me feito esquecer a deliciosa sensação de calor vinda dos raios solares. Ajeitei a bolsa em meu ombro, destranquei o carro torcendo para que estivesse com gasolina. Girei a ignição, ouvindo o suave ronco do motor, troquei a marcha acelerando deixando para trás a rua. Manobrava o volante observando as mudanças, não eram muitas.

Avistei a placa do shopping da cidade e me dirige para lá. Entrei no estacionamento e em pouco tempo estava vendo as lojas e a nova moda. Acabei por comprar algumas roupas, um par de botas de cano longo e uma jaqueta de couro preta, sorri ao pensar em Damon. Girei nos calcanhares procurando pela loja de artigos eletrônicos ou uma onde pudesse comprar um celular. Não demorei a conseguir e entrei, escolhi um pequeno e bonito, de cor prateado metálico.

Já com o aparelho funcionando, andei em direção à praça de alimentação, pedi um hambúrguer, batatas fritas, e um copo de coco cola. Sentada à mesa esperando pelo lanche, disquei os números de Caroline, esperando por ser atendida, a cada tum tum, do telefone, meu coração acelerava. O que faria se Care tivesse trocado de número? Mordi o lábio quase desistindo ao escutar a voz da loira.

—Alô?

Ofeguei um minuto.

—Caroline Forbes? — perguntei, receosa.

A respiração da pessoa do outro lado falhou.

—Bon... Bonnie? — Pude sentir a hesitação.

— A primeira e a única, Care. — Respondi, sorrindo.

Ouvi o som de algo cair no chão e se partir.

—Care? Você está aí? Está tudo bem?

— Quem é você? – Gritou irritada a loira. — Não tem graça essa brincadeira, sabia? – Rosnou.

Suspirei, não havia pensado nesta hipótese.

— Quer saber quem é? – Tratei de provocar. — Venha à praça de alimentação do Shopping Mystic Falls e descubra. – Sem esperar resposta, desliguei o aparelho.

Um rapaz veio até a mesa com uma bandeja, dei um pequeno sorriso de agradecimento, e mordi com vontade aquele sanduíche. Tinha perdido a conta das vezes em que desejei comer um desses. O sabor estava maravilhoso, comi o lanche rápido, nem mesmo tinha notado o quão faminta estava. Limpei a boca e peguei o telefone dando uma olhada na hora. Iria esperar mais um pouco. Caso não aparecesse, iria deixar como ficou. Três amigas passaram por mim, cochichando e rindo. A lembrança de quando éramos simples adolescentes invadiu minha mente.

— Ai meu Deus!

Virei o rosto ao escutar a frase, para me deparar com uma Caroline de olhos vermelhos e o rosto cheio de dor. Levantei apressada, mas não me aproximei. Sinceramente, queria abraçá-la, contudo, não podia me sentir apta a isso. Os olhos azuis fizeram uma breve vistoria em mim antes de se jogar em meus braços. Logo, a enlacei de volta, retribuindo o gesto. Afaguei suas costas, demonstrando estar ali.

— Estou aqui, Care.

Escutar minha voz fez com que soltasse mais lágrimas, puxei-a pela mão para sentar ao meu lado. Entreguei o copo para ela pegar um gole. Aceitou silenciosamente, em seguida o colocou na mesa. Sua mão segurou a minha com carinho.

— Senti tanto sua falta, Bon.

Sorri carinhosa, apertando de volta.

— Eu também. – Ergui o rosto para encontrar seus olhos. — Sinto muito por sua mãe. Queria ter estado aqui, para você.

Um sorriso triste surgiu em seu rosto.

— Você está agora.

Concordei de leve. Aquele lugar agora começava a me incomodar, muita gente... Muita. Levantei apressada, olhando para os lados.

— Care, eu vou para casa. – Peguei um papel na bolsa anotando o número. — Meu novo número do celular.

A cada segundo aquela praça de alimentação me dava a sensação de diminuir, não estava mais acostumada. E tinha receio de não conseguir nunca mais viver como uma pessoa normal. Abracei a loira pela última vez e corri apressada para o lado de fora. No instante em que pisei na calçada uma forte chuva assolou a cidade. Meus sentimentos confusos estavam influenciando no tempo. Segui para o carro com a cabeça em um lugar distante, somente me acalmei ao estar do lado de dentro do carro, sozinha.

Dirigi pela estrada e por sorte o trânsito decidiu cooperar, logo cheguei à garagem, estacionei o carro e me tranquei do lado de dentro da casa. Apoiei as costas na madeira fria da porta, deixando o corpo escorregar até o chão. Fechei os olhos puxando e soltando o ar lentamente. Ainda escutava o quanto as pessoas faziam barulho, me encolhi e abracei as pernas. Levaria um tempo até me acostumar. Por sorte não estava sozinha.

O carinho de Care me fez perceber que ainda se importava, e me contou sobre como Matt pesquisou modos de me ajudar. Aquelas simples palavras me fizeram sorrir. Os outros e ele podiam ter desistido, ainda assim, eles continuaram. O celular apitou em meu bolso e o peguei imediatamente. Piscava um envelope, sorri antes de abrir e ler a mensagem da loira.

Tenho uma surpresa.

Te vejo mais tarde.

Beijos,

Care.

Cliquei em responder:

O que está aprontando?

Curiosa,

Bon.

Meus dedos passearam pela tecla pensando na possibilidade de ligar para o Matt, entretanto, não sabia se meu coração aguentaria tanta emoção no mesmo dia. Levantei do chão e me dirigi até a cozinha. O que você faria agora vovó? Indaguei-me silenciosamente.

O que está fazendo vó? — questionei ao sentir um cheirinho gostoso na cozinha depois uma tarde inteira perdida entre lágrimas.

Ela me sorriu e se apoiou ao balcão me chamando com a mão para ficar perto dela.

— O melhor remédio para a tristeza — indicou a chaleira em cima do fogão — com uma taça de chá.

A resposta do que fazia não demorou a encher o ar com um delicioso aroma de chocolate. Joguei os braços em volta dela me escondendo em seu abraço amoroso.

— Sempre há uma escolha, querida. — sussurrou em meio aos meus cabelos.

Andei até a bancada e me preparei para fazer um bolo e uma deliciosa xícara de chá de menta. Por sorte encontrei todos os ingredientes dentro do armário e com a validade boa. Antes de começar o serviço fui até a sala ligando o rádio para dar uma animada. Precisava seguir em frente e uma boa música certamente daria um ritmo legal. Rude boy invadiu a casa com força total.

Come here

Rude boy, boy

Can you get it up

Come here

Rude boy, boy

Is you big enough

Take it, take it

Baby, baby

Take it, take it

Love me

Love me

Movimentei o corpo no ritmo da música voltando para a cozinha enquanto cantava junto com Rihanna. Rebolava conforme batia a massa e mexia em tudo, ao terminar de mexer segurava a colher de pau como o microfone e fazia os movimentos parecidos com o do clipe, jogando o quadril de um lado para o outro sem parar de rebolar. Era bom me sentir livre, sem parar para pensar no que as pessoas falariam. Ainda dançando coloquei o tabuleiro no forno e fechei a porta descendo até o chão e voltando cantando as últimas falas da música.

Take it, take it

Baby, baby

Take it, take it

Love me

Love me

Somente aí notei que tinha plateia, meu rosto de repente ficou vermelho igual ao pimentão quando os olhos azuis de Damon encontraram os meus. Abri e fechei a boca algumas vezes. Um sorriso malicioso brincava em seus lábios. Um arrepio traidor percorreu meu corpo. Sua sobrancelha negra arqueou numa pergunta muda. Respirei fundo, esqueça. Não sinta, não sinta, apenas finja. Cruzei os braços na frente do peito, não sabia se era um instinto de proteção ou se tentava me importa, mentalmente sabia que era a primeira opção.

— Não conhece a campainha não? — Reclamei com a voz subindo alguns decibéis. — Isso é invasão, sabia?

Damon se desencostou da batente da porta, com um sorriso maior ainda em seus lábios, sua voz ganhou um tom mais malicioso do que seu estúpido sorriso ao provocar.

— Invasão, é? — Olhou para mim da cabeça aos pés antes de acrescentar. — Escolha interessante de palavras.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Convite:

Gostaria de convidar a todos os leitores que são do Rio de Janeiro ou a quem visitar a Bienal do Rio que dia 08/09 das 11h às 13h será a sessão de autógrafos do meu livro "Sonho ruim ou pesadelo bom?" no pavilhão verde, na Rua P, estande 20 da Editora Tribo das Letras.

Quem estiver por lá será um grande prazer conhecer.

Muito obrigada pelo carinho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá a todos, primeiro, gostaria de agradecer a Bamon4ever,
Natalia, Babi e Dezinhs. Segundo, aguardo ansiosa a opinião de vocês para tentar sempre melhorar.

Beeeijos mil e até o próximo capítulo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Love Me Like You Do" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.