Viva la vida escrita por slytherina


Capítulo 10
Envelheço na cidade


Notas iniciais do capítulo

Sam faz 16 anos. Está sozinho e festeja o aniversário em grande estilo: enchendo a cara numa rave.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/590307/chapter/10





Sam via seus pés se movendo desorganizadamente. Alguém o apoiava para não cair no chão. Seu corpo pesava uma tonelada. Era como se seus pés e pernas tivessem virado plumas, enquanto seu corpo tivesse adquirido a consistência de chumbo ou ferro. Ele não deveria ter bebido tanto. Seu rosto pouco a pouco foi se aproximando do chão. Ainda bem que ele ficou de bruços, pois seu estômago resolveu cooperar e expelir todo, ou quase todo o álcool para fora.


Ele permaneceu ali, com a boca cheia de vômito e os olhos abertos admirando as luzes distantes, até tudo mergulhar na escuridão. Alguém o acordou, chacoalhando-o.


– Ei, acorda meu chapa. Vamos, acorda aí. - A insistente voz o irritava.


Resolveu cooperar e abriu os olhos para se levantar. Arrependeu-se na mesma hora. Uma lancinante dor de cabeça foi seu café da manhã. Sentiu tontura e náuseas. Quando seus olhos se acostumaram com a luz, ele pode observar quem era seu interlocutor. Um policial. Sentiu um arrepio na espinha.


– Você está bem, rapaz?


– Sim, Senhor.


– Quer que ligue para seus pais, rapaz?


– Não precisa, Senhor. Eu prefiro não aborrecê-los.


– Entendo, mas você terá que vir conosco.


O policial estendeu a mão para Sam se apoiar e levantar do chão. Ele resolveu cooperar. Já tinha visto muito telejornal pra saber que a polícia atirava em quem não lhe obedecia as ordens.


Sam e mais quatro jovens foram levados até um hospital comunitário, onde passaram por inspeção física. Todos foram liberados pela doutora que se recusou a fazer teste de drogas nos jovens, a despeito da insistência da polícia. Sendo assim, os quatro foram levados para a delegacia, onde esperariam pelos pais.


Os outros garotos eram Randy, Bob, Dallas e Drarry. Sam os havia conhecido no colégio, embora não fossem colegas de aula. Passavam o tempo juntos, pois não se enturmaram nos grupos existentes na panelinha que era o colégio. Por assim dizer criaram seu próprio grupo de estranhos, embora eles mesmos não se vissem assim. Preferiam pensar que eram jovens de atitude.


E uma das atitudes que tiveram foi participar de uma rave pela primeira vez. Sam lamentava agora essa experiência. Tudo conspirara para que fossem àquele lugar. Os pais de seus amigos iriam ficar fora de casa por uma noite inteira, ou quase. Um deles conseguira a licença para dirigir, e um outro andava com um documento falso, que lhe permitia acesso a bebidas alcoólicas.


Aos poucos, um a um de seus colegas foi sendo levado pelos pais. Até sobrar somente ele. Após uma espera de seis horas, o Serviço de bem estar do menor resolveu intervir.


– Sam, onde está seu pai?


– Ele está viajando, Senhora.


– Não há outra pessoa responsável por você na ausência dele?


– Eu já tenho 16 anos, Senhora. Posso muito bem tomar conta de mim sozinho.


– E quanto tempo mais seu pai vai demorar para voltar?


– Uns dois dias. Escute, eu sou responsável, sou um bom aluno, não me meto em encrencas, e a rave foi só uma ideia imbecil que tive. É que ... era meu aniversário, e eu queria comemorar fazendo algo que os adultos fazem. Desculpe-me por isso.


– Você sabe que eu deveria recolhê-lo para uma casa de apoio a jovens problemáticos.


Sam acenou que sim com a cabeça, e deu seu melhor "olhos de cachorrinho triste", que ele pode. Contava com a sorte para fugir dessa encrenca.


– Ok! Me dê o número de seu pai para que possa falar com ele.


Sam forneceu o número do pai e ficou torcendo para que tudo desse certo. No fim, seu pai convenceu a mulher a deixá-lo ir embora para casa.


O carro da polícia o levou para o subúrbio onde seu pai alugara uma casa. Eles esperaram que Sam entrasse em casa e trancasse a porta, para irem embora.


Sam procurou sua cama para deitar, mas teve presença de espírito para checar mensagens no celular antes de dormir. Havia meia dúzia delas, todas de Dean. "Ele vai me matar quando voltar pra casa". Pensou. As mensagens consistiam da mesma frase com o mesmo desenho de um bolo de aniversário: "Feliz aniversário, irmãozinho". As mensagens foram postadas depois da meia noite. Isso equivalia a dizer que Dean esperara o tempo certo para mandá-las. "Ele não me esqueceu". Sam sorriu tocado pelo ato de seu irmão mais velho.


canção: Envelheço na cidade (Ira)

Mais um ano que se passa
Mais um ano sem você
Já não tenho a mesma idade
Envelheço na cidade

Essa vida é jogo rápido
Para mim ou pra você
Mais um ano que se passa
Eu não sei o que fazer

Juventude se abraça
Faz de tudo pra esquecer
Um feliz aniversário
Para mim ou pra você

Feliz aniversário
Envelheço na cidade
Feliz aniversário
Envelheço na cidade

Feliz aniversário
Envelheço na cidade
Feliz aniversário

Meus amigos, minha rua
As garotas da minha rua
Não os sinto, não os tenho
Mais um ano sem você

As garotas desfilando
Os rapazes a beber
Já não tenho a mesma idade
Não pertenço a ninguém

Juventude se abraça
Faz de tudo pra esquecer
Um feliz aniversário
Para mim ou pra você

Feliz aniversário
Envelheço na cidade
Feliz aniversário
Envelheço na cidade

Feliz aniversário
Envelheço na cidade
Feliz aniversário


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Viva la vida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.