Viva la vida escrita por slytherina


Capítulo 1
Pro dia nascer feliz


Notas iniciais do capítulo

Sam Winchester sofre com insônia.



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Ele fechou os olhos e tentou pensar em coisas agradáveis, como "A+" na prova de Química. Seu irmão soltando fogos de artifício no dia quatro de julho. Seu pai estacionando o carro em uma região com palmeiras e pomares a perder de vista. Sua melhor amiga na escola matando a mãe Rugaru para salvar sua vida...


Sam abriu os olhos. Ele lembrou do olhar desolado de sua amiga. Mesmo sendo um monstro, aquela era sua mãe. Ela sempre seria uma pessoa especial na vida dos filhos. Ele o sabia por experiência própria. Mesmo não lembrando da própria mãe, Sam ainda guardava com carinho a foto dela, no meio das páginas de seu diário.


Virou-se para o outro lado, na cama. Fechou os olhos novamente. Talvez se pensasse em trigonometria ou em cada artigo da constituição americana, poderia ficar mentalmente cansado e adormecer. Lá longe ele escutou o barulho do motor do Impala. "Dean chegou", pensou com um sorriso no rosto.


Seu irmão sempre saía à noite sozinho, desde que completara 18 anos. Queria usufruir de sua maioridade legal, embora já fizesse coisas de adulto desde os 13 anos, como dirigir, atirar e usar facas em combate. Invariavelmente voltava bêbado ou quando estavam sozinhos em casa, como agora, trazia uma mulher consigo.


Sam não se importava, não mesmo. Ele se virou de bruços e afofou o travesseiro, enquanto dobrava os braços ao redor da cabeça. Ao longe, ouviu risos femininos. "Dean trouxe companhia", pensou algo entediado. Ouviu a porta do quarto de seu irmão, que era contíguo ao seu, abrir. Mais risos. Barulho de objetos sendo derrubados. "Provavelmente o despertador, talvez o abajur", pensou enfastiado.

Sam levantou-se. Foi até sua mochila escolar e tirou o fone de ouvido com o walkman velho, que Dean ganhara de um caçador amigo, e que depois repassara para Sam, quando já podia usar o toca-fitas do Impala. Ele os conectou e colocou uma música qualquer. Algo grudento e lamurioso, com riffs pesados de guitarra, que encobriam os gemidos e gritos de prazer do outro lado da parede de seu quarto.


Deitou-se novamente e tentou focalizar seus pensamentos em algum acontecimento comum do passado. Como daquela vez que tiveram que passar a noite inteira acordados, de cócoras atrás de uns arbustos, enquanto vigiavam uma reunião de adeptos de bruxaria. Seu pai os instruíra a não se envolver, apenas observar e identificar os suspeitos.


Eles passaram a noite alertas, com as pernas formigando, a bunda doída de ficarem sentados, vez por outra, além de acharem todo o ritual da missa negra tremendamente chato. O sol já nascia quando os bruxos foram embora. Somente nessa hora, Sam e Dean puderam se espreguiçar e ativar a circulação das pernas. Estavam doloridos e irritadiços, desejando mais do que nunca uma cama macia para dormirem. Fizeram o relatório para seu pai e nem se incomodaram em fazer o desjejum. Dormiram o dia inteiro. Seu pai só o permitiu, porquê teriam que fazer nova tocaia naquela noite.

Tump, Tump, Tump, Tump...


Sam aumentou o som do walkman.


Reco, Reco, Reco, Reco...


Ele pegou o travesseiro e colocou na própria cabeça, quase sufocando, enquanto apertava com força os plugues de ouvido.


- Yes! Yes! Yes! Yes...


"Putaqueopariu, Dean!" Sam se levantou e resolveu tomar uma atitude. Retirou os fones de ouvido e decidiu bater na parede do quarto,mas algo o impediu. Havia uma pequena fresta logo ali, nunca percebida. Ele sabia que não deveria espiar, afinal seu irmão merecia privacidade. "Bah! Dean Winchester é um exibicionista. A última coisa que ele quer é não ser notado."


Sam posicionou-se bem na fresta e tentou divisar o que acontecia no outro quarto. Algo parecido com filmes pornôs, apenas mais suado, contorcido e sofrido. Seu irmão estava por cima, fazendo força e gemendo, como se estivesse sofrendo, enquanto a garota por baixo se contorcia e falava palavrões. Era algo bem desagradável. Então por que será que o corpo de Sam reagiu com volúpia?


Ele sentiu tontura, náusea e os pés leves, insensíveis. Suas partes baixas subitamente doloridas e quentes. Talvez se ele se tocasse isso passaria. Sim, isso mesmo, era só pra aliviar aquela tensão, para melhorar daquele mal estar momentâneo, porque seu irmão era muito barulhento e não o deixava dormir. Ele não estava fazendo nada errado, apenas tentando acalmar as coisas...


- Dean!


A garota gemeu alto, enquanto se tremia toda, como se recebera um golpe fatal. Na mesma hora, Sam sentiu um choque seguido de torpor. Não conseguiu manter os olhos abertos, e só não caiu ao chão, porque a parede o amparou. Após alguns segundos abriu os olhos e percebeu com horror que seu pijama estava encharcado. Teve que trocar a calça suja por outra limpa, ainda tonto e lânguido. Deitou-se, e cobriu a cabeça com o lençol. O outro quarto também silenciou.


"Amanhã você me paga, Dean. Não vou deixar você dormir...." Bocejou! Sam Winchester finalmente adormeceu. O corpo saciado e feliz.

.

Pro dia nascer feliz (Barão Vermelho)

Todo dia a insônia me convence que o céu faz tudo ficar infinito
E que a solidão é pretensão de quem fica escondido, fazendo fita

Todo dia tem a hora da sessão coruja, só entende quem namora
Agora vam'bora! Estamos meu bem por um triz
pro dia nascer feliz (2x)
O mundo inteiro acordar e a gente dormir
pro dia nascer feliz
Essa é a vida que eu quis
O mundo inteiro acordar e a gente dormir.

Todo dia é dia e tudo em nome do amor
Essa é a vida que eu quis
Procurando vaga, uma hora aqui, outra ali
no vai-e-vem dos teus quadris

Nadando contra a corrente, só pra exercitar
todo o músculo que sente
me dê de presente o teu bis
pro dia nascer feliz (2x)
O mundo inteiro acordar e a gente dormir

Pro dia nascer feliz
Essa é a vida que eu quis
O mundo inteiro acordar e a gente dormir.


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Notas finais do capítulo

Eu não queria voltar a supernatural tão cedo. Isso é culpa da Anne por incluir "Carry on wayward son" na lista de canções.



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