Caminhando Entre Os Bordos escrita por Nena Lorac


Capítulo 7
Caçadores - 1/2


Notas iniciais do capítulo

[Caçadores]
"Nós somos os caçadores e nada nos amedronta
Damos mil tiros por dia, matamos feras sem conta..."



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Os passos ritmados das quatro pessoas, totalmente eufóricas, que corriam pela floresta chegava até ser um pouco irritante. Mas isso era de se esperar vindo da situação em que todos estavam. O objetivo era simples: encontrar Ivan e resgatar Matthew. E dentre os quatros, era visível a preocupação de dois indivíduos em especiais.

De um lado, o grande mago da floresta corria, com extrema dificuldade, atrás do trio de caçadores tentando acompanhar o seu ritmo. Mesmo doente, ele prezava pelo bem estar da criatura que ele cuidou desde pequeno ao lado de seu amado Alfred. Já do outro, o líder do trio de caçadores seguia ferozmente as trilhas da floresta em busca de Ivan. Ele realmente tinha se encantado pela doçura do pequeno ser de mechas douradas. Ele sentia que deveria protege-lo.

Após algum tempo andando, sem sucesso, Arthur ia ficando mais preocupado a cada passo que dava. Ele chegou a um ponto de parar e gritar para todos pararem, e ao fazer isso, Gilbert ficou mais irritado. Esse ato repentino de Arthur despertou a fúria de Gilbert, pois ele simplesmente não tinha explicado o por que dele ficar encarando o nada enquanto estava parado.

– O que você está fazendo?? – ele não suportava mais a presença de Arthur – Pretende matar a gente aqui??

– Pare de falar besteiras, Gilbert! – Antonio reprendeu o amigo.

– Não é besteira! Ele já tentou fazer isso uma vez. – ele apontava para a cara de Arthur com tanta raiva que se Antonio não estivesse ao seu lado, era bem provável que Gilbert pegasse a sua arma e atirasse nele – Não consigo confiar nesse sujeito!

– Se ele quisesse nos matar, já teria feito isso. – Antonio tentava fazer o amigo raciocinar um pouco.

– E quem garante que ele não nos matará depois de salvar aquele garoto??

– Vocês querem fazer o favor de calar a boca e olhar para lá? – Arthur apontava para um galho de árvore.

Antonio e Gilbert ficaram quietos por alguns segundos e logo obedeceram àquelas palavras. Quando avistaram o galho que Arthur apontava, puderam perceber uma criatura de cabelos longos e negros que usava uma roupa de tecido natural. E quando perceberam que aquela criatura pulava do galho para o chão, eles se prontificaram a colocar a mão em suas armas.

– Ter o medo que vocês têm por mim não se compara ao medo que eu tenho dele. – Arthur tentava manter uma voz firme, mas era visível sua preocupação.

– Quem é você? – Francis abordou aquele ser.

A criatura apenas se aproximou mais um pouco e mostrou um sapato que estava em suas mãos. Então ele foi andando até se aproximar de Arthur e o abordou com uma voz tranquila.

– Suponho que isso seja da pessoa que estão procurando.

– Sim... É um dos sapatos do Matthew. – Arthur tentava responder sem tentar transparecer o medo.

– Eu sei onde ele está... Me sigam.

Em seguida, Arthur foi o seguindo sem pensar duas vezes, que causou estranhamento total no trio de caçadores. Mas por se sentir ignorado, Francis repetiu a sua pergunta, que foi logo respondida com um sorriso pelo homem de grandes cabelos negros.

– Eu sou Yao, o espírito da floresta.

–-- x ---

Matthew tentava se defender como podia. Ele tentava segurar os braços de Ivan enquanto esperneava por ajuda. Isso fez com que o grande lobo se irritasse e transferisse um grande tapa em seu rosto. Não demorou muito para que a região ficasse vermelha.

– Idiota! Se você continuar se defendendo desse jeito será pior para você! – Ivan segurava com força um dos braços de Matthew. Era bem capaz de ter as marcas daquela grande mão depois que ele solta-se – Apenas obedeça!

– Não! Me largue! Me deixe ir embora! – ele gritava e chorava ao mesmo tempo enquanto proferia aquelas curtas frases de súplica.

– Cale essa boca. – Ivan pegou no pênis de Matthew para fazê-lo ficar em silêncio – Eu só preciso que fique parado e deixe eu te devorar!

– Eu não quero! – Matthew tentava tirar a mão de Ivan que estava segurando, um tanto agressivamente, o seu membro – Para! Isso está doendo!

Ele não aguentava mais aquela situação. E mesmo assim, ele pensava em Arthur e em Alfred. Não queria causar preocupação nem tristeza aos dois. Ele só queria sair daquele lugar, voltar para casa e continuar a viver normalmente.

O pequeno ser ficava se remexendo e lutando com todas as forças que tinha para evitar o pior, mas isso só deixava o grande lobo cada vez mais raivoso e querendo mata-lo. Então, Ivan não hesitou e acabou dando mais um forte tapa na cabeça de Matthew que fez com que ele desmaiasse.

Ivan não ligava mais para nada. Ele só queria estar ao lado de seu adorado espírito. Mas ele sabia que esse seu instinto animal de anseio por dor e sofrimento era algo que não agradaria a muitos. Mas ele não podia fazer muita coisa. Ele era assim!

“Acho que só ele pode controlar esse meu jeito...”

De repente, Ivan ouviu tiros. Tiros dos quais ele já estava acostumado e sabia perfeitamente quem eram. Porém, algo chamou mais sua atenção. Um cheiro. Um cheiro que fazia com que ele se acalmasse e que o transformava totalmente. Ele não pensou duas vezes e largou Matthew para ter certeza absoluta de quem era.

“Ele está aqui... Yao... Você veio me matar?”

–-- x ---

“Finalmente chegamos...”

Yao apontou para uma entrada formada por árvores retorcidas, e disse que se eles corressem, encontrariam Matthew e Ivan. E mesmo tendo um pouco de receio de entrar naquele lugar, Arthur confirmou com a cabeça e se apressou a correr.

Vendo que tinha uma oportunidade de “acertar” as contas com Arthur, Gilbert puxou a sua arma, mirou nele e atirou. Mas foi detido por Yao que conseguiu parar a bala. Isso fez com que Gilbert ficasse mais assustado com aquele estranho ser, e até caiu no chão por causa disso.

– Se você acha que assim iria resolver os seus problemas, está totalmente enganado. – Yao encarava Gilbert com um olhar assustador – Você não sabe o que é magia de verdade se me comparar a ele.

– O q-que é você?? – Gilbert realmente tinha ficado muito assustado.

– Eu já disse. Sou o espírito dessa floresta. Tudo e qualquer magia nela foi por minha causa. Até aquele idiota sobrancelhudo.

– O que você fez com Arthur? – Francis perguntou.

– Eu cuidei dele e transferi um pouco de magia para ele. E a sua tarefa é só evitar que as outras criaturas mágicas saiam daqui. – depois Yao encarou Francis por mais um tempo – Acho que você deveria segui-lo. Ele está doente e não tem como ele recuperar aquele garoto sozinho.

– Eu sei.

– Vá logo. Eu sei que você gosta daquele menino. – Francis ficou vermelho, mas depois saiu em disparada para ajudar Arthur.

Gilbert e Antonio ficaram encarando Yao com um olhar muito assustado, e quando resolveram seguir Francis, Yao bloqueou o caminho deles.

– Por que está fazendo isso? – Antonio perguntou já segurando a sua arma.

– Se mais gente se meter nessa história, pode acabar em tragédia.

– Mas você não é o espírito da floresta?? Por que não faz alguma coisa??

Yao encarou aquele albino que tinha feito a pergunta. Ele parecia que não gostava de seguir a razão, mas era melhor ele explicar de uma forma clara para que ele evitasse fazer qualquer besteira.

– Aquele lobo me ama... e se eu for para lá, é bem provável que ele não se importe com mais nada e queira matar todos já que eu fui até a sua presença... Ele pensa que eu irei repreende-lo por ter capturado aquela criança, então vai mantê-lo vivo até eu aparecer.

– E por que não podemos ir?

Yao sorriu. E isso causou um estranhamento vindo dos dois caçadores que estavam na sua frente. Então ele voltou a encará-los e permaneceu em silêncio. Não podendo fazer nada, os dois se sentaram, frustrados, olhando para Yao e esperando que Francis e Arthur voltassem com Matthew.

–-- x ---

“Não consigo só enxergar a floresta e as coisas que acontecem com ela. Eu também enxergo as emoções e sentimentos de todos e tudo que estão dentro dela. E com certeza eu sigo o caminho dos sentimentos bons e fortes...

Não posso deixar vocês entrarem devido ao fato de não amarem aquele garoto... Porém, Arthur nutre um certo carinho paterno com ele que eu acho lindo... e Francis... bem... ele acaba de descobrir o que é amor à primeira vista.”


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Notas finais do capítulo

Próximo Capítulo (Estrofe/Frase):
[Caçadores]
"Varamos toda floresta, por mares e serranias
Caçamos onça pintada, pacas, tatus e cotias..."

—-- x ---

Perdoem o tempo que eu passei sem postar, mas eu entrei num bloqueio horrendo durante esse período (;-;). Então eu espero que possam entender. E eu também irei viajar dia 10 de março para o Rio de Janeiro para curtir as minhas férias com a família (e me proibiram de levar um notebook), então é bem provável que eu que eu não poste nada durante esse tempo até eu voltar (dia 18 de março eu retorno para Manaus). Mas enfim, eu espero que vocês curtam esse capítulo e que torçam para eu atualizar logo a "Eu Consigo Te Enxergar" porque a situação ainda está meio tensa...



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