O cansaço era visível naqueles olhos escuros e caídos. Lá fora o clima não era dos melhores. Um temporal ameaçava vir acompanhado duma ventania sem limites, ao contrário de uma simples brisa de inverno. Essa seria letal, pegando de surpresa os mais desprevenidos.

Isso o lembrava dela.

Seu rosto estava pendendo, com o passar dos dias, para algo cada vez mais triste. A ausência daquela mulher o causava sensações múltiplas que desgostava, como um dependente sem seu amado vício. E ter de suportar isso, manhã após manhã, tarde após tarde, às 6h da manhã, às 2h da tarde, às 4h da madrugada — continuamente por tempo indefinido — não era fácil. Até adquirira uma tendência mais preguiçosa que a normal, por assim dizer. Sentia falta da expressão irritada que ela fazia ao ouvir um dos seus comentários, da determinação ao defender seus valores, ao modo durão se dissolvendo a cada beijo, a cada toque, a cada sensação de vida.

E agora? Como poderia sentir vida, se ela não estava ali?

Apesar de tudo, deixou sua saudade ir com o vento, veloz, furioso, imperativo. Deixou que fosse embora, não fazendo questão de devolução. Tinha a plena certeza de que, em pouco tempo, estaria encarando-a de novo, e desfrutando da companhia maravilhosa e das palavras doces ao retrucar rápido, fosse simples ou não o comentário que a induziria.

Ah, tinha plena convicção de que se reveriam. Afinal, nada tão pequeno assim era capaz de esmagar esse amor — tão forte quanto o vento solitário de Konoha.