O Convidado da Festa escrita por FireboltVioleta


Capítulo 2
Pelas cuecas de Merlim




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RONY

Cheguei em casa já com uma dor de cabeça, que anunciava a gripe desgraçada que ia pegar. Maldito teto encantado do escritório... por que Perkins tinha que fazer chover justo hoje na minha mesa?

Entrei em casa fungando.

– Hermione, cheguei!

– Ah... oi, Rony - ouvi Hermione responder, lá do banheiro do nosso quarto - como foi o trabalho?

– Ainda vou dar um chute na zona sul do Perkins qualquer hora - respondi - e vocês?

– Quer falar mais baixo, seu escandaloso? Rose está dormindo!

– Ah... - ri baixinho, indo em direção ao quarto. Parei na soleira do quarto de Rose, observando nosso lindo bebê dormindo.

Rose era a cara da mãe em quase tudo. O rostinho arredondado, o nariz, o formato do queixo, em tudo lembravam a mãe. Só que a cor dos cabelos e dos olhos eram minhas...

Sorri, pensando no como eu estava tendo uma vida perfeita. Uma família maravilhosa, amigos incríveis, uma esposa fantástica e, agora, uma filha, um pedacinho meu, que viera à pouco tempo completar minha felicidade.

Entrei no quarto, jogando a maleta em cima do criado-mudo, e dando um tapinha de leve no bumbum de Hermione, que estava debruçada na pia do lavatório.

Ela deu um gritinho esganiçado e bateu no meu braço;

– Seu pervertido!

– Sou mesmo - enlacei sua cintura, puxando-a para meus braços. Ela riu antes que eu desferisse um beijo apaixonado em sua boca - está tudo bem por aqui?

– Ah, sim... - Hermione corou.

Ah, não... tudo bem o caramba. O que devia ser agora?

– Tem certeza? - continuei a inquisição - não tem nada que queira me contar?

Hermione arregalou os olhos. Olhava em um cacoete para a porta, como se calculasse o quanto levaria para sair correndo afora dela.

– Hum... talvez... - ela murmurou, tímida como um canário.

Eu só ouvira Hermione falar daquele jeito uma única vez.

Onze meses atrás.

Pelas cuecas de Merlim.

Não, não, não...

Essa não...

– Hermione? - ciciei, já sentindo as pernas bambas.

Hermione ergueu os olhos para mim, do jeito mais angelical e inocente possível. Como se isso fosse me impedir de ter um treco.

– Rony... imagine... hipoteticamente.. que talvez. a gente, ahn, tenha feito algo alguns dias atrás que, supostamente, bom... tenha gerado um subproduto...

"Gerado um subproduto"? Aquilo era Minecraft agora?

A expressão quase me fez rir, mas eu não conseguia mover os músculos do rosto.

– Hipoteticamente... você estaria... - gaguejei - g-grávida?

– Hipoteticamente... sim - Hermione baixou os olhos, mordendo o lábio.

Mas já?

Mais um.

Caramba... Rose só tinha dois meses...

E já ia ter um irmão?

Nem eu podia negar. Aquela foi rápida. Mais rápida que a rapidinha de duas semanas atrás.

Eu não tinha planejado ou esperado isso. Pensava, sim, em ter outro filho... mas não tão cedo. Não agora...

Como íamos arrumar as coisas para outra criança??

Não me importava ter a resposta para essas perguntas. O torpor diminuiu, dando lugar à várias coisas ao mesmo tempo.

Choque. Espanto. Alegria. Amor.

Tudo outra vez, como à onze meses atrás.

Já conseguia imaginar perfeitamente uma pessoinha minúscula se formando no ventre da minha mulher. Um outro bebê, tão lindo quanto sua irmãzinha, que nem tinha ideia de que um irmãozinho chegaria. Uma outra criança, cujo sangue que corria nas microscópicas veias, se misturava com o meu e o de Hermione.

Parecia que, assim como o sofrimento, a felicidade às vezes não conhecia limites.

– Grávida - finalmente consegui falar, olhando fixamente para baixo - grávida... e de novo...- repeti, finalmente dando uma risada boba.

Hermione arriscou um sorriso envergonhado, que eu desmanchei na hora com um beijo.

Abracei-a, sorrindo como um tonto. Hermione beijou minha testa, rindo e chorando ao mesmo tempo.

– Papai de segunda viagem - ela brincou, cravando os olhos nos meus.

– Vou ser pai de novo! - ri, pegando Hermione no colo e girando-a no ar.

– Eita... o que sucede aqui? - ouvi alguém espantado falar do lado de fora do quarto.

Virei, com Hermione ainda em meus braços, para me deparar com a expressão curiosa de Gina na porta.

– Ah, oi, Gina...

Tiago apareceu alguns centímetros abaixo do meu campo de visão, agarrando as pernas da mãe. Alvo - finalmente o focalizei - estava no canguru no colo de Gina, onde parecia dormir.

– Ti O ny! - Tiago veio até nós. Desci Hermione de meu colo, envergonhado, e cumprimentei meus sobrinho.

– Tiago... como está grande!

Gina sorriu, embalando Alvo no colo.

– O que vocês estão aprontando? Ouvi risos enquanto entrava... - Gina deu uma piscadela subjetiva - não estão fazendo um irmãozinho para Rose, estão?

Hermione e eu nos entreolhamos, caindo na risada em seguida.

– Na verdade... - Hermione disse, rindo.

– A encomenda já foi feita - completei, sentindo minhas orelhas esquentarem.

Gina arregalou os olhos para nós. Tiago, alienado à tudo que acontecia, subira no meu colo e lá ficara, mexendo nos botões do colete de auror que eu usava.

– Mas já? - ela riu, espantada.

– Pois é - Hermione estreitou os olhos para mim - culpa desse cara, que não consegue ficar uma noite sem, sabe...

– Dar um trato na esposa? - sugeri, desviando de um tapa indignado de Hermione, dando risada - você não ajudou com aquele conjuntinho "estou-a-fim-de-uma-rapidinha" naquele dia...

– Então a culpa é minha - brincou Gina - eu falei que ele ia adorar, Hermione...

– Adorou até demais... olha isso! - Hermione gesticulou para a barriga, fingindo indignação - fala sério!

Tiago olhou para a barriga de Hermione, observando os gestos da tia. O moleque era tão esperto que somou dois mais dois, descendo do meu colo, botando a mãozinha gorducha no ventre de Hermione e balbuciando.

– Ne né? - ele olhou para nós, curioso.

– É, querido - Gina gargalhou, pegando Tiago pela mão - é um nenê... mais um - ela arregalou os olhos - essa família está é querendo infartar a minha mãe... quantos chás de bebê vocês querem fazer nos próximos cinco anos?

– Somos Weasleys, Gina - pisquei para minha irmã - está no nosso sangue...

– Crescer e multiplicar - bufou Hermione - é uma expressão retórica, tá?

Nós três rimos. Tiago, que parecia não estar entendendo droga nenhuma do que acontecia ali, se sentou no chão do quarto e começou a brincar com o cadarço do meu sapato.

E, mais uma vez, aquilo foi o início de uma experiência fantástica e inesperada. Uma experiência chamada "ser pai pela segunda vez"...


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