Tommy Hutsmith

Eu nunca pensei que eu teria alguma esperança amorosa.

Quero dizer, eu fazia parte de uma banda e tudo, entretanto para as garotas os alvos sempre eram Leon e Dylan, quando elas viam que Leon não estava disposto a ser gentil elas partiam para Rory. Eu sempre fui aquele integrante da banda “baby”, que todo mundo acha legal e fofo, mas ninguém realmente vê como um potencial amoroso.

Isso sempre me machucou – pelo menos no início de nossa carreira – no entanto, depois eu comecei a me acostumar. Acho que depois de um tempo você acaba se tocando que nem tudo é um mar de rosas.

Até Bell aparecer.

Eu nunca tive uma amiga do sexo feminino por muito tempo – tirando Amber, é claro. As meninas geralmente queriam ficar perto de mim por causa de Dylan e Leon o que não adiantava, pois Dylan gostava da Amby e Leon não queria nem olhar na cara delas, o que fazia elas terminarem comigo em menos de uma semana. Leon sempre ficava puto quando ele via as garotas me descartando assim, eu não ligava, elas eram superficiais, mas não deixavam de ser uma companhia, nem todo mundo é capaz de viver sozinho.

Eu sempre fui muito dependente da companhia de pessoas. Meu pai costumava a dizer que era porque eu perdi meu avô muito cedo sendo que nós éramos muito próximos e eu acabei ficando muito solitário, talvez seja por isso, talvez eu nunca saberei.

Contudo, com Bellinha parecia que eu realmente tinha uma companhia. Ela sempre me entendeu e ela me deu esperança de conhecer alguém muito legal que me entenderia, afinal ela conseguiu vencer as barreiras de Leon.

Tipo, Leon! O cara mais grosseiro com o sexo feminino e mais julgador possível devido às suas antigas cicatrizes.

Agora estávamos eu e Annabella tentando encontrar uma aliança boa o bastante para pedir Brenda em casamento.

— Que tal essa? — eu perguntei pela quarta vez.

Annabella fez uma careta e virou-se para olhar outros modelos.

— E essa? — eu perguntei esperançoso.

Bell suspirou e balançou a cabeça negativamente.

— Vamos para outra loja — ela decidiu depois de uns cinco minutos.

Assenti, cansado, e fomos para a terceira joalheria em Londres para achar uma aliança perfeita.

— Grossa demais — ela disse quando vimos um modelo.

— Brilhante demais — ela balançou a cabeça.

— Pedras demais.

Eu bati minha cabeça na parede.

— Desisto, eu nunca vou encontrar uma aliança boa o bastante para Brenda.

Bell suspirou e praticamente me empurrou para fora da loja.

— Para onde estamos indo?

— Você vai ver — foi tudo o que ela disse.

Paramos em frente a uma praça ao ar livre.

— Por que estamos aqui? — eu indaguei.

— Para esfriar a cabeça — ela olhou firmemente para mim. — Se você começar a resmungar sobre alianças isso significa que você está perdendo o foco. Vamos por partes.

Eu esperei ela voltar a falar.

— Brenda não usa anéis, então precisa ser algo pouco chamativo — Bell começou a contar nos dedos o que a aliança precisava ser/ter. — Ou seja, não pode ser grossa nem brilhante demais. Pedras vão deixar o anel muito pesado e pode causar um incômodo. Outra coisa, Brenda prefere dourado a prata, então o outro tem que ser dourado e não branco. Além disso, eu acho que seria legal se você colocasse uma mensagem dentro do anel, sabe? Daria um ar de romântico entretanto pouco...

— Brega?

— É. Mais ou menos isso.

— Certo — eu levantei com tudo, animado de novo. — Vamos procurar.

***

— Já olhamos em cinco lojas, Bell — eu suspirei. — Acho que eu vou olhar na internet alguma e é isso aí.

Annabella revirou os olhos.

— Você me tirou da cama às sete da manhã para achar essa merda de anel. Eu não vou sair daqui até encontrarmos.

E com isso, ela me puxou para a sexta loja.

A sexta loja foi aonde Dylan comprou a aliança de Amber, talvez eu achasse uma boa o bastante também.

Bell começou a olhar as vitrines e a morder o lábio pensando seriamente.

Eu continuei olhando as alianças que estavam penduradas atrás do caixa quando uma me chamou a atenção.

— Essa aqui! Bell, eu encontrei! — eu exclamei no meio da loja.

Bell se assustou com meu súbito grito, mas rapidamente sua expressão mudou e ela sorriu para mim.

— Sim, Tommy, ela é perfeita.

***

Dizer que eu estava nervoso era o entendimento do ano.

— Acalme suas calças, Tommy. Você não pode ficar assim, senão nem o pedido vai conseguir fazer — Jenna revirou os olhos enquanto dizia isso.

— Brenda está vindo! — Amber exclamou animadamente.

Eu pigarreei quando vi Bren entrando na sala.

— Brenda, eu preciso falar com você. A sós.

Todo mundo saiu da sala, mas ao ver a cabeleira loira da Amber, eu percebi que na verdade todos estavam bisbilhotando da cozinha. Revirei os olhos.

Vi que Brenda me olhava com atenção e subitamente minhas mãos começaram a soar.

— Eu casamento saber comigo queria... — eu comecei a gaguejar.

Brenda me olhou confusa.

Suspirei.

— Olha Bren — eu levantei do sofá. — Eu passei esses últimos anos com você e foram os melhores anos da minha vida. Eu nunca pensei que eu acharia alguém como você. Então é com um tanto de nervosismo e ansiedade que eu pergunto: quer casar comigo?

Brenda começou a gritar como uma condenada e Amber saiu da cozinha gritando também.

Bell balançou a cabeça desesperada com a reação da loira.

— Amber! — Dylan gritou. — Volta aqui!

— Alguém quer pizza? — Peter chegou nessa hora na sala carregando uma caixa.

— Eu quero! — Jenna gritou.

Meu pedido de casamento tinha virado um caos.

Suspirei e meu olhar encontrou o de Annabella.

Ela sorriu e deu de ombros. Eu dei risada.

Coloquei a aliança no dedo da Brenda que já estava chorando de alegria e ela me beijou ferozmente quando viu nosso anel.

Era um anel de ouro dourado simples. Tinha um pequeno quartzo rosa – a pedra do amor segundo Bell – em cima da aliança e dentro tinha escrito T&B.

E foi assim que eu pedi Brenda em casamento.

Depois de ter passado por seis lojas, depois de ter enfrentado uma Amber dando um chilique e depois de Peter ter oferecido pizza.

Eu não tinha nada a reclamar.

The End