Em Algum Lugar Além Da Dor escrita por Vicky


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal...
Primeiro capítulo, então estou um pouco nervosa com o resultado. ..
Espero que gostem
Boa leitura



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Hoje quando eu abri os olhos tive a sensação de que nada mais fazia sentindo. As cores pareciam sem vida, o sol não trazia mais a mesma alegria, já que agora eu sinto que as chuvas me representavam, elas eram como minhas lágrimas frias que desciam pelo meu rosto. Meu coração continuava batendo, mas para mim parecia que aos poucos eu ia morrendo, continuava respirando, porém me sentia sem ar.

Faltava algo nesse momento, talvez o seu abraço me acalmaria. Mas eu não tinha as suas mãos em minha volta, apenas o vazio que agora eu observava e a garantia de estar sozinha.

Meus medos se transformaram em cicatrizes e a certeza de que ela não voltaria me entristecia cada vez mais.

Eu tinha a foto dela, mas não a sua presença. Eu tinha meu pai, mas não o seu apoio e agora nesse momento sabia que nada mais voltaria a ser como era antes, as lembranças me confortava, mas não me deixava feliz.

O lugar...se pelo menos ele existisse, eu a traria de volta, e ela nunca mais sentiria dor.

Balanço minha cabeça com um sorriso irônico. Nunca iria existir, aquilo não era realidade. Como eu pude ser tão ingênua esse tempo todo? Sonhar com um final feliz, nem sempre é o bastante para torna-lo real.

Forço minha mente sobre o que eu precisava fazer antes de ir embora, chegar até o vilarejo onde minha avó morava, demoraria um grande tempo, talvez horas. As minha malas estavam prontas e ao lado da cama que eu não mais deitaria.

Olho ao redor e sinto um aperto no peito, eu nunca esqueceria de nada, para mim já era muito familiar. Eu conheço qualquer mínimo detalhe da casa que eu passei a infância admirando. .As folhas das árvores que caiam na varanda do meu quarto, o barulho da porta que rangia e até mesmo o som da torneira quando caia a água que agora eu sentia enquanto lavava o meu rosto marcado pelas olheiras das noites mau dormidas.

Quando enfim olho no espelho e vejo meu reflexo cansado, nesse momento eu soube que precisava me acostumar. Teria uma nova casa, frequentaria uma outra escola e sentiria pela primeira vez a solidão de não ter pessoas que eu conheça perto de mim, só a minha avó. E o resto seria uma novidade.

Me veio na cabeça que fazia um longo período que eu não saia de casa, e a primeira coisa que tinha em mente antes de ir, seria pegar o diário da minha mãe, como ela mesma disse que eu fizesse. Me sentia agradecida de ter algo importante dela para mim, agora os seus pensamentos seriam meus.

No início não tive coragem e nem segurança para abri-lo, prometi a mim mesma que leria as suas palavras quando saísse daqui.

Sabia que tinha perdido um grande tempo enquanto pensava, contudo eu duvidava que alguém reparasse nesse pequeno atraso que eu havia cometido.

Só me restava partir e deixar tudo isso para trás, meu pai precisava de um bom e longo tempo sozinho, depois da morte da minha mãe, a única forma dele esquecer a tristeza que se acomodava nele, era beber... beber muitas bebidas alcoólicas. Minha avó disse que ele irá se tratar, mas eu sentia que estava sendo rejeitada. Não éramos uma família? Eu não tenho mais certeza...

Limpei a lágrima do rosto e sai do quarto sem fazer barulho, carregava apenas uma mochila e uma mala de mão. Não levaria muita coisa, apenas o suficiente, deixaria algumas lembranças que me magoavam e iria esquecer as que me deixava triste, ou pelo menos ia tentar...

A casa estava silenciosa, ouvia apenas os meus passos na madeira, enquanto eu descia os degraus da escada. Era quase impossível suspeitar que alguém estivesse presente, mas eu tinha avistado a figura do meu pai ao longe, observando a janela. Sorrio por um breve momento, minha mãe costumava observar os pássaros quando não tinha as recorrentes dores no corpo.

-Pai?- o chamo enquanto colocava a mala no chão em frente a porta, o motorista já devia estar do lado de fora- Eu já estou indo... ok?- pergunto com a voz embargada e os olhos ardendo e não fico surpresa quando ele não vem me dar um abraço ou se despedir. Já fazia alguns dias que ele se recusava a falar ou emitir algum som. Apenas me ignorava às vezes, o que me deixava cada vez mais triste.- Um dia...-começo a falar o olhando- eu queria entender o motivo de o senhor...

- Faço isso porque eu te amo katniss- levo um susto quando ouço a sua voz calma antes de terminar a minha. Ele se vira e me encara com o semblante arrependido. Eu me sentia desprevenida e totalmente cansada, era uma conversa que eu estava esperando a dias e que só agora ele teve coragem de dizer alguma palavra.

-Esse é o amor que você diz ter por mim pai?-fecho os olhos com força, e pego a mala que estava ao meu lado-Já não teria sido o suficiente mamãe morrer para quebrar o que resta do meu coração?

-Apenas me perdoe filha- Ele pede e vejo lágrimas descerem pelo seu rosto já velho e enrugado

-Desculpa...-abro a porta e sou surpreendida com o vento gélido que bate brutalmente o meu rosto- Mas não sei se consigo agora...

Saio da casa e ando o mais rápido possível em direção ao carro estacionado. Não estava preparada para um "adeus", pois não sentia que era uma despedida.

Sinto meus pés pesados e o meu coração partido, mas naquele momento nada importava, só a necessidade de estar longe de tudo e de todos.

Não sabia ao certo quanto tempo eu tive até chegar perto do carro, mas vejo o motorista vir até mim e pegar a mala que estava na minha mão. Abro a porta do automóvel preto e me sinto aliviada quando me sento no banco de couro e coloco a mochila que eu carregava nas costas ao meu lado. Percebo que na pressa deixei uma parte da bolsa aberta e que um pequeno objeto de capa dura formado por flores e pássaros estava saindo...Não eram exatamente pássaros...mas sim desenhos de muitos tordos na capa, enquanto apenas um laço vermelho o prendia para não abrir as folhas e revelar os segredos escondidos.

Pego o diário da minha mãe e me vejo virando a primeira página. Meu coração começou a bater rápido quando percebo que os primeiros pensamentos dela eram dedicados a mim, porém não era um texto, frase ou uma história e sim um poema...

Por um segundo as luzes vão te guiar

Numa estrada tão longe

De volta para o seu lar

E as sombras da noite irá te acompanhar

Pois apesar de parecerem pequenas

As estrelas continuaram a brilhar

E quando tudo sumir

E achar que está sozinha

Olhe para o céu

Eu estarei lá

Basta acreditar. ..

Meus olhos ficaram parados na página, lendo e relendo. A sua letra era algo desenhado, com curvas sem erros, elas não poderiam ser menos que perfeitas. Mas não era isso que me incomodava, eram suas palavras.Com os olhos fechados tento evitar todas as lágrimas que insistem molhar meu rosto. De alguma forma isso não me acalmava. Tentei controlar meu coração e a minha respiração. ..mas nada que eu fazia funcionava. Abro rapidamente meus olhos acinzentados quando ouço o motorista da a partida.

- Podemos ir senhorira?-o senhor que usava um terno deu um sorriso tímido enquanto esperava a minha autorização.

-Podemos ir- confirmo e relaxo finalmente os ombros que estavam tensos quando permiti enfim chorar.

Eu acreditarei mamãe...


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo e comentem...eu devo continuar a história?. ..



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