Já era domingo a tarde no Limoeiro. O dia estava ensolarado e extremamente quente, embora ainda estivessem em meados de Setembro. O Campinho havia sido tomado por crianças que riam e se esbaldavam, rolando e caindo na grama. Soltavam pipa, jogavam bola e pulavam corda. Do Contra olhava pela janela e até sorria um pouco. Era óbvio que ele nunca fora como aquelas crianças. Pelo menos no jeito como brincavam. Ele sempre foi fiel ao seu modo de brincar extremamente inusitado: A PIPA deveria empiná-lo, A BOLA é quem deveria jogá-lo e A CORDA é quem deveria pulá-lo. Típico pensamento CONTRÁRIO.

Mas o sorriso desapareceu rapidamente do seu rosto: O garoto viu uma menina de vestidinho vermelho e dentes... digamos... proeminentes. E é claro, ele se lembrou daquele pessoa especial, que custava a desaparecer de sua mente!

Fazia exatamente uma semana que eles haviam terminado. Aquilo foi um golpe forte para DC, já que ele sempre acreditou que as diferenças entre eles fosse uma virtude, e não um fardo. Mas não SÓ por isso que o que era doce havia acabado... tinha outra pessoa no meio... um cara... que costumava ser seu amiguinho quando pequeno, mas agora, haviam adquirido uma relação de "amigos-rivais". Do Contra sabia que Mônica o amava, mais ainda amava outra pessoa e isso ajudou no término. O garoto estava tão concentrado naquele assunto que nem percebeu um coelho gigante atravessando sua sala...

– HÁAAA, MAS O QUE É ISSO!!!! – DC disse assustado.

– Desculpa mano, treinamento do domingo – Era Nimbus, com um sorriso divertido no rosto!

–De novo?? Mas será o Benedito?? – Exclamou DC.

–Não é Benedito... É ilusionismo! – Disse Nimbus.

–Benedito é uma express... Ah esquece!" disse DC.

– Hahaha, como você é chato garoto!! Tá muito enfurnado dentro de casa, tem que sair, ir ao cinema, jogar uma bolinha, namorar e... – Nimbus acabou não se ligando no que disse, e tentou se desculpar na hora: – Puxa mano, me desculpa, eu não quis...

– Se desculpar? Com o quê? Você apenas disse para eu sair de casa... – disse DC, obviamente se fazendo de desentendido.

– Você sabe do que eu tô falando, não adianta disfarçar!! – Disse Nimbus. Depois, o garoto tratou de repreender o irmão: – Olha DC, eu sei que você é orgulhoso, eu te conheço muito bem!!! Eu sei que com essa mania de ser diferente você não quer admitir que está magoado! Fala sério, eu sou seu irmão! Você precisa se abrir!"

– VOCÊ é quem está dizendo que eu estou magoado!! Eu já disse caramba! Eu estou bem! Eu não tenho porque querer me abrir com você, que coisa! – e dizendo isso, Do Contra saiu rapidamente sem deixar Nimbus replicar.

– Ah mano... eu sei que você está triste... se você soubesse que pode contar comigo... – Nimbus pensava com seus botões, agora realmente preocupado.

– Ora, mais que audácia! – Do Contra pensava. Mas por um lado, sabia que tinha vacilado com o irmão. eles sempre foram muito próximos, desde pequenos. Costumavam se ajudar sempre, e DC sabia que Nimbus estava realmente preocupado com ele. Mas ele não queria falar sobre a Mônica. Sabia que estava sendo covarde negando seus sentimentos, mas estava ferido. A dentuçinha era realmente importante pro garoto. Quando eram pequenos, ele nem implicava com ela...

– Ai! – Ele ouviu uma voz doce gemer. Havia trombado com a Magali

– Puxa Maga, me desculpe!

– Não tudo bem DC... Vem cá, eu queria mesmo falar com você...

– Magali, se for alguma coisa sobre a Mônica, já vou avisando que...

– Não é nada disso DC! É que eu comprei um teclado novo para nossa banda, porém estou com dificuldades para afinar, porque ele é meio... moderninho demais! Será que você poderia...

– Posso! É claro que posso! Vamos lá??

– Vamos sim!

Então Do Contra foi com a menina, temendo que ela fosse falar alguma coisa sobre a Mônica. Mas ela não falou!! Ele estavam quase chegando na casa da Magali quando eis que surge... Sim! Ela! "Meu Deus!!!" DC pensou, desesperado ao ver a Mônica ao longe, então, como se fosse um idiota, saiu correndo pra dentro da casa da Magali, que saiu correndo atrás dele também.

– DC do céu, mais o que foi isso?? – A menina perguntou, assutada.

– Pensei ter visto o Capitão Feio, sabe como é né hahahaha. – DC tentava enganar.

– Poeira negra, Do Contra... Mas você tem certeza disso?

– É claro, ou então era muito parecido!!

– Hã... tudo bem, vamos lá pra cima, sim? – Magali respondeu, ainda desconfiada.

– Puxa, que máquina!!! – Respondeu Do Contra, babando no teclado.

– É sim hehehe, meu pai deu uma nota nele... mas sabia que estava fazendo um bom investimento...

– É Maneiro pacas! Me dê um minuto com ele, sim?

Do contra conseguiu afinar o teclado, era realmente muito bonito. Comeu os biscoitinhos que a Magali ofereceu (estava com fome!). Mas então, na hora de ir embora, a menina veio com o assunto proibido:

– Olha DC, eu sei o porque você REALMENTE estava correndo.

– Então você também viu o Poeira?? AHÁ, EU SABIA!! – O menino disse, suando frio.

– Nem Poeira, nem capitão, nem Bruxa. Eu vi foi a Mônica!

– Putz... então... ah, que mico!

– Não precisa ficar envergonhado! Eu sei como é terminar um namoro! Eu terminei com o Quim há um tempinho atrás... Bom... rolou um clima com... outra pessoa... mas eu voltei!! Quem sabe vocês dois não voltam e...

– Eu duvido muito... ela parecia muito irritada naquele dia... eu nunca vi a Mônica tão brava comigo... a coisa era séria.

– Mas Do Contra, tá pra nascer relacionamento em que só exista carinho! O casal sempre vai passar por brigas! Isso é fatão... Porque você não vai pra casa descansar um pouco? Amanhã é um novo dia! Você não pode querer superar isso do dia pra noite! Apesar se você ter a lógica contrária, você é humano!

– Tudo bem Magali, acho que você está certa... Aliás, obrigada pelos biscoitos!

– De nada DC! Obrigada pela afinação!

Do Contra pensou, pensou... Ok, ele tinha que concordar com a Magali. Precisa esfriar a cabeça! Passou 7 noites em claro, desde o Domingo passado, o dia em que... bom... vocês sabem! Ele foi pra casa, desejou boa noite a família e deitou-se... Magali tinha razão... Amanhã era outro dia!!!!