Um divã para dois escrita por Tulipa


Capítulo 6
Seis


Notas iniciais do capítulo

Oi, não consegui terminar o capítulo ontem por motivos de Oscar =D

Gente, eu tô tão feliz que vocês estejam curtindo a história e a forma como tudo está sendo contado que vocês não fazem ideia.

Quero agradecer a Srta Potts pela nova recomendação da história, obrigada pelas palavras e pelo carinho ;)



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*Tony*





A nevasca que atinge Nova York desde ontem fez com que as autoridades decretassem estado de atenção. Como resultado as ruas estão vazias, assim como as empresas, mercados, e consultórios. Hoje não teve terapia. Mas tem nós dois, na nossa cama sob as cobertas, Pepper está com a cabeça em meu peito assistindo a um desses filmes que ela ama. Perecemos tão bem. Parecemos tão nós. O Tony e a Pepper de antes. Antes de eu ter que escolher. O Tony e a Pepper do começo que a gente está fazendo força pra trazer de volta. Amanhã? Amanhã não sei, acho que basta a nevasca continuar e não precisaremos mais de terapia.





Sétima Sessão


—E então, Anthony, o que Virginia fez?— o curioso dr dispara assim que sentamos.

—Você não esqueceu da última sessão?— pergunto.

—Não, não esqueci.— ele diz batendo com a caneta em seu caderninho, com as “memórias” de cada sessão.

Pepper me olha, ela sabe que não gosto de lembrar daquela fase, ainda mais quando ele entra na história. Eu odeio falar daquele cara, odeio. Odeio porque ele a afastou por algum tempo, odeio por que houve um tempo em que ele foi o herói dela. O odeio porque naquela época eu achava de verdade que ela o amava.

—Ela conheceu um cara e acabou...— hesito —Se casando com ele.— eu digo.

—Como você reagiu a isso?

—Mal.—respondo.

—Ele começou a beber.— ela diz —Não que ele não bebesse antes, mas ele começou a beber muito.

—Você acha que foi por sua causa, Virginia, pra te esquecer?

—Não, não acho.— ela responde —Foi a situação, fomos surpreendidos por uma avalanche e acontecimentos, digamos, traumáticos, a morte do Edwin foi só o início.

—O que tanto aconteceu? — o dr indaga.





Éramos amigos, bons amigos. Havíamos concordado com isso e tudo estava bem. Eu continuva a ir para a empresa, ela continuava a me assessorar. Eu viajei pra Berlim, sozinho, a Stark estava prestes a fechar um grande negócio com uma empresa alemã, era a nossa primeira incursão internacional em anos, afinal, nós fornecíamos armas apenas para o exército americano. Num desses jantares enfadonhos eu conheci uma mulher, muitos drinques depois nós acordamos na mesma cama. Acho que dormi com ela porque ela me lembrava a Pepper, mais curvilínea e de olhos verdes, mas me lembrava. Sabe como é? Se não tem tu...

De volta aos EUA, uma noite eu estava num bar, em Los Angeles, e como em todas as noites em que saía conheci uma garota e acabei a convidando pra ir até em casa. Eu nunca gostei de dirigir devagar, mas vez ou outra é preciso frear, numa curva no caminho o freio não funcionou, meu carro rolou ribanceira abaixo. Recobrei a consciência no hospital depois de alguns dias.

Finalmente você acordou. reconheci a voz familiar, era o meu melhor amigo.

Não sei como ele sabia que eu estava acordado, a minha cabeça doía muito, assim como minhas costas, e eu mal conseguia abrir os olhos. Mas todos os acontecimentos nebulosos foram clareando na minha cabeça.

A garota... busquei ar ...Como ela está? ele não respondeu Rhodey?!

Um motorista que vinha logo atrás viu o acidente, e chamou socorro. Você não estava no carro quando eles chegaram, acreditam que, por não estar usando cinto você foi arremessado pra fora antes do impacto no fundo do penhasco, mas ela... ele não precisava mais continuar, eu matei aquela garota.

Recebi a visita não tão amistosa da policia, depus sobre tudo o que consegui me lembrar, porém mesmo tendo relatado sobre a falha dos freios não escapei de ser indiciado por homicídio. Foram três semanas me recuperando no hospital, voltei pra casa e fiquei preso a minha cama por mais de um mês. Costelas e fémur fraturados, recuperação lenta. Dormir à noite tornou-se quase impossível se não fosse à base de remédios. Numa manhã eu acordei e me surpreendi ao vê—la dormindo na poltrona ao lado da minha cama. Eu não a via desde antes do acidente.

Pep...?

Tony...? ela logo despertou, bastou chamar uma vez Tudo bem?

Me diz você. falei O que você faz aqui?

Em vez de me responder ela olha no relógio em seu pulso, levanta da poltrona, vai a mesinha pega um comprimido, coloca em minha boca e me dá um gole d'água em seguida.

James me pediu pra ficar com você enquanto ele resolve alguns problemas. ela responde Mas você está bem, esta seguro agora.

Seguro? eu ri Quem está preocupado em proteger um assassino?

Assassino? ela questiona confusa.

Eu sou um assassino, Pep, a minha imprudência matou aquela garota.

Você foi imprudente sim, aliás, odeio a maneira como você dirige, detesto ainda mais quando você bebe e dirige... estou ouvindo direito, ela vai me dar um sermão? Porém, ser arremessado pra fora do carro salvou a sua vida.

Pepper, você pode, por favor, fazer algum sentido?

A perícia foi concluída há alguns dias, a mangueira do fluido de freio foi cortada, seu carro foi sabotado. ela revela.

Depois da revelação da Pepper vivi dias angustiantes, eu já não precisava mais de repouso, e apesar da dor que parecia não me abandonar, comecei a acompanhar de perto as investigações do meu atentado. Quando vi que talvez a policia não fosse tão eficiente tive a ideia de contratar um investigador particular. Rhodey me sugeriu um nome, Bethany Cabe, ele a conhecia há alguns anos e segundo ele, ela era a melhor do ramo. Bolamos um plano mirabolante pra que a investigadora se infiltrasse em todos os lugares frequentados por mim sem despertar suspeitas. Quando eu a conheci, me surpreendi por ela não ser uma completa desconhecida.

Anthony Stark. ela sorriu pra mim Que mundo pequeno.

Pequeno demais. eu disse.

Vocês se conhecem? Rhodey perguntou confuso.

Nós não trocamos muitas palavras, mas estivemos bem íntimos por uma noite, então acordei sozinha num hotel em Berlim. ela riu, talvez ela fosse a primeira mulher a não se incomodar com o meu jeito de ser, talvez esse desprendimento fosse bom para o plano. Eu e Rhodey explicamos tudo e no fim ela me disse Eu aceito.

Bethany vivia em eventos como o que eu a conheci, pra proteger ou conhecer clientes, eu só nunca imaginei me tornar um deles. Eu só não sabia que o meu plano afastaria a Pepper de mim.





—Qual era o plano afinal?— dr Hayden pergunta, hoje ele está especialmente bisbilhoteiro.

—Ele fingiu que ela era namorada dele, quer dizer... Fingir não foi bem o caso, não é?— Pep me olha com reprovação.

—Bethany se apresentava a todos como a filha de um empresário alemão. Nós havíamos nos conhecido num jantar, essa parte era verdade, e nos reencontramos porque ela veio passar um tempo nos EUA.

—Ideia idiota.— ela resmunga.

—Porque ela era uma mulher fisicamente parecida com você invadindo um espaço que, ao seu ver, era seu?— o dr indaga, é claro que a repulsa dela a Bethany sempre foi ciúmes. Pepper não responde, apenas dá de ombros como uma criança contrariada.

—Eu não via necessidade de ela estar na empresa sempre.— ela finalmente diz.

—A princípio ela não sabia que tudo aquilo era um plano meu.— eu digo —E quando contei pra ela as coisas não saíram como eu esperava.





Fiquei alguns dias sem ir à empresa e, como acontecia quando eu permanecia muito tempo longe, Pepper me levou alguns documentos importantes em casa. Quando ela chegou eu estava com Bethany na oficina, trabalhávamos no meu caso com base nos dados da polícia e outras coisas da investigação particular, mas quando Pepper chegou eu logo subi, e a outra ruiva veio no meu encalço.

O que você tem pra mim, Potts? pergunto, ela franze o cenho, mas não retruca.

Alguns documentos que o Sr Stane precisa pra segunda. Sem falta. ela reforça ao se levantar.

Você trabalha bastante pra esse Stane, né? Bethany pergunta.

Eu trabalho pra Stark. Pepper responde Se o meu chefe não vai a empresa eu apenas trago os relatórios pra ele. Foi pra isso que eu fui contratada. estranho o tom em sua resposta Deixe isso claro pra sua amiga, Sr Stark.

Namorada. Bethany corrige.

Sr Stark. Pepper diz seca, antes que eu possa corrigir a Bethany Eu vou solicitar que o mensageiro da empresa venha buscar esses documentos na segunda pela manhã.

Você não vem?

Não, eu não venho. ela responde.

—É o seu trabalho trazer, mas não levar de volta? Bethany provoca.

Quando a Srta estiver assinando Stark depois do seu nome pode me demitir. Enquanto isso não acontece não se meta no meu trabalho. Pepper rebate e dá as costas sem se quer dizer boa noite.

Que tipo de cena foi essa? eu estranho as reações, mais a da Cabe que da Pepper, porque ardida e respondona é algo que ela sempre foi Se você desconfia do Obadiah eu tenho que saber, Cabe, mas deixe-a fora disso, você não tem que atacá—la assim.

Todos na empresa são suspeitos em potencial, Anthony, inclusive ela. Cabe responde.

Ela não, ela e ao Rhodey são as pessoas nas quais eu mais confio.

—É mesmo? ela ironiza Ela não me pareceu saber do seu plano. quando ela diz isso eu me pergunto porque diabos a deixei de fora. Fico com essa pergunta na cabeça até o momento em que Bethany dorme e eu, enfim, consigo sair sozinho.

Quando chego à rua da Pepper paro alguns metros antes, pois a vejo saltando de um carro em frente ao seu prédio, ela entra e o carro arranca, quando o automóvel cruza pelo meu dá pra ver claramente que é um cara. Espero alguns minutos e vou até o prédio dela.

Quem é? Pepper pergunta pelo interfone.

Pizza.

Seja ao menos original, Joel. ela ri, talvez Joel fosse o cara que acabou de deixá—la aqui e eu já o detesto.

Pep, nós precisamos conversar. a chamo pelo apelido pra que ela saiba que sou eu.

Quem é? ela ri novamente.

Quem mais te chama de Pep?!

São mais de três da manhã, Tony, qualquer assunto que você possa ter não é tão importante assim. Pra começar, alguém que há pouco tempo sofreu uma tentativa de assassinato não deveria estar na rua a uma hora dessa. ela diz.

Então me deixa entrar antes que eu seja atingido por uma bala pelas costas. eu replico Talvez na testa, porque eu vou sentar aqui na frente se você não abrir.

Ela não responde, não abre a porta e eu me sento. Depois de alguns minutos ouço o interfone.

Você ainda está aí?

Minha vida está em suas mãos. respondo.

Inferno! ela pragueja e me deixa entrar. Subo três lances de escadas, ela mora no que eu posso chamar de cobertura, afinal, o prédio tem apenas três andares. Quando a porta é aberta reparo tanto nela quanto no local. Seu apartamento é bonito e bem decorado, paredes claras, flores e porta-retratos sobre os móveis. Tudo é delicado, como ela em seu babydoll branco com estrelinhas azuis. Eu às vezes esquecia-me de que ela é só uma menina, e eu jamais a achei tão sexy, não que ela não fosse, em suas roupas de mulher séria e adulta, mas talvez o pijama fosse a minha única chance de vê—la em trajes como esse.

Quem é esse tal Joel?

O que você quer, Tony? ela ignora a minha pergunta.

Se possível, que você vá trabalhar usando isso. aponto pra sua roupa, ela imediatamente cora e corre pelo curto corredor até o seu quarto, imagino. Assim que ouço a porta bater a secretária eletrônica apita.

"Oi, aqui é Virginia Potts, talvez eu não possa atender ou esteja só te evitando, em qualquer caso você sabe o que fazer". eu rio ao ouvir o sinal.

"Oi, doce, é a mamãe, como em todos os anos eu quero ser a primeira a..." não consigo ouvir o resto, porque ela surge como um foguete e silencia a secretária.

—É seu aniversário hoje? pergunto.

Não te interessa.

Claro que interessa.

Por quê? ela apoia as mãos na cintura, Pepper trocou o short do pijama por um short jeans quase tão curto quanto, não ajudou em nada, Potts.

Porque eu gosto de você e se for seu aniversário tenho que te dar um presente. eu falo E então?

—É meu aniversário.

Parabéns, Pep. eu a puxo pra mim, num abraço que ela retribui, Pepper exala um leve cheiro de bebida, dessas bem doces Você vai ter que esperar até amanhã pelo seu presente. eu beijo sua bochecha, pescoço, orelha... Ou não sussurro em seu ouvido.

Para... ela se afasta.

—É meio difícil não pensar em outra coisa com você vestida assim.

Diz logo o que você veio fazer aqui, eu acabei de chegar, nem consegui tomar banho, tô com sono, tem evento amanhã, e como você pode ver, tudo o que eu tenho de limpo e decente está na lavandeira. Aliás, não é o meu pijama que é indecente é você... ela diz exaltada ...Você deixou a sua namorada em casa e veio aqui de madrugada por qual motivo?

Bethany não é minha namorada. eu começo.

Ela esta hospedada na sua casa? concordo Vocês transam? concordo Com frequência?

Defina frequência. coço minha nuca.

Duas, três, vezes por semana, no mínimo. ela diz e eu aquiesço Então é um namoro.

Não é até eu definir assim.

Ela já definiu e você não corrigiu,Tony. ela me acusa Eu até voltei a ser Potts.

Eu não entendi nada do que aconteceu lá em casa, quando me dei conta vocês estavam quase se estapeando num ringue com gel.

Sonho seu. ela caçoa.

Eu contratei a Bethany pra fazer a minha segurança e investigar o atentado contra mim. tento esclarecer Fingir que estamos juntos foi a melhor maneira de inseri-la.

Que conveniente pra você, né, Tony? Pelo visto ela tem feito bem mais, o sexo estava no pacote ou rola um adicional quando acontece? ela pergunta.

Porque, só vai acontecer com a gente se rolar adicional? rebato.

Vá embora agora ou eu vou bater em você. ela me diz entre dentes.

Me desculpa, Pep, eu...

Vá embora, agora, seu babaca!

Pepper...

Agora!!! ela grita e nervosamente passa a mão pelo rosto Vai! ela me empurra Sai da minha casa! a voz dela embarga, tudo o que eu menos queria era que ela chorasse, saio de seu apartamento e vou embora.

Na noite seguinte eu me arrumo pra ir a um evento no qual já havia dito que não iria. Sei que ela estará lá e vou por isso, vou para me desculpar, já que nem o presente que mandei mais cedo ela agradeceu.

Aonde você pensa que vai vestido assim? Bethany pergunta ao me ver de smoking.

A um evento da empresa.

Você disse que não iria. ela replica.

Ninguém espera que eu vá, por isso eu vou.

Me espere meia hora, eu vou com você.

Não precisa. eu falo, desço até a garagem entro em meu carro e saio.

É um evento beneficente desses bem chatos, com a presença de pessoas falsas e insuportáveis que só aparecem pra ganhar crédito na mídia por ajudar causas sociais. Paro no bar antes de me embrenhar pelo salão repleto de mesas, duas doses de uísque me dão coragem pra procurar e enfrentar a minha fera. Mas quando chego à mesa reservada para a empresa a vejo sorridente conversando com um homem, que poderia ser mais velho do que as nossas idades somadas.

Atrapalho? pergunto, ela me olha e revira os olhos, já o cara se pronuncia.

Mas é claro que não, afinal, o seu nome está escrito na mesa. diz o homem. Eu só estava aqui tratando de negócios.

Negócios? arqueio a sobrancelha.

Sou Neil Young, editor-chefe da Single. aceno processando a informação.

Não acho que a fase em que estou valha uma capa de revista. eu digo.

Sempre vale, no entanto não garanto a capa. ele diz Mas um perfil de moda, uma de nossas editoras sugeriu seu nome, você é um dos solteiros mais cobiçados do país e tem um jeito particular de se vestir, além de ser um homem de negócios. ele explica Pense a respeito. Meu cartão está com a sua assistente, aguardo a sua ligação.

Srta Potts, foi um prazer conhecê—la. ele beija a mão dela. Pepper está linda num vestido preto, longo, de ombro único.

O prazer foi meu, Sr Young. ela sorri. E assim que o homem se afasta ela muda completamente.

Me desculpa por ontem? peço ao me sentar Eu não quis ser rude, mas você tem dom de me tirar do sério.

Como sua assistente devo dizer que a matéria na revista pode ser bom pra sua imagem. ela diz impassível Pode te desassociar um pouco da história do acidente, já que você não pode ser absolvido da acusação de homicídio até encontrarem o responsável pelo atentado.

E como minha amiga, o que você me diz? pergunto.

Como sua assistente, eu não vou mais me meter na sua vida e espero que você respeite a mim e a minha vida também. ela diz com frieza.

Vai ser assim daqui pra frente?

Como deveria ter sido desde o início. ela responde sem se quer me olhar nos olhos.

Olha pra mim, Pep?

Eu vim a esse evento hoje porque vo... o Sr disse que não viria, mas já que está aqui, acho que posso ir embora.

Não faz assim, Pep...

Por favor, me deixa ir embora? ela quase suplica.

Pode ir. eu digo e ela sai sem se despedir.





—Você não acha que se sujeitava demais, Virginia? — o dr pergunta pra ela.

—Mas crescer não é se sujeitar, Dr?— ela rebate, e me faz lembrar da conversa que tivemos depois daquela noite —Ou você começou a sua vida profissional fazendo o que queria, trabalhando só no que gostava?

—Não, o começo foi bastante ruim.— o dr dá um sorriso lateral.

—Eu estava tão de saco cheio dele, do meu trabalho e do que eu sentia que quando aos prantos eu retornei a ligação pra minha mãe e ela me disse Volta pra casa, eu pensei dez vezes.

—O que te fez ficar?

—Eu precisava ser racional, dr, precisava ficar num emprego que me pagava muito acima da média salarial porque havia acabado de assinar o contrato de compra do meu apartamento. Eu queria mostrar pros meus pais que eu podia ter as rédeas da minha vida. Mas acima de tudo queria provar pra mim mesma que o que eu estava sentindo não era o que eu achava que era. Então, racionalmente falando, eu fiquei por mim.— ela responde.

—E emocionalmente falando?

—Emocionalmente...— ela hesita e olha pra mim —Emocionalmente eu estava quebrando.

—Só que ironicamente eu a ajudei nessa parte quando o coloquei na vida dela.— respondo.

—Quando você disse que ela conheceu um cara, pela maneira que você falou julguei que você não o conhecesse.— diz o dr.

—Ela só o conheceu por que... de uma maneira infantil eu quis puni-la.— digo impaciente.

—Como assim?— ele pergunta. Será que eu posso bater no meu terapeuta? —Anthony?

—No que essa parte da história influência?— eu me levanto —Falar do ex-marido dela ajuda em quê no nosso casamento?

—Tudo o que ajudou a construir a relação de vocês é valido.— ele argumenta.

—Só que quando o jornalista entra na história não tem mais nós, só tem ele e ela.

—Não é bem assim, Tony.— ela diz quando eu chego à porta.

—Então eu acho que nós não vivemos a mesma história.— falo antes de sair.

Quando entro no elevador ele está subindo e eu nem noto. Na decida quando ele para no andar do consultório e as portas se abrem eu vejo a minha esposa. Minha linda e instável esposa. Eu nunca sei se a sua gangorra está alta ou baixa.

—Porque você é assim, Tony?— ela pergunta ao entrar. Seu tom normal significa que estamos bem?

—Assim como?— eu aperto o botão que mantém o elevador parado onde está.

—Passional.— ela diz mantendo-se de frente pra mim —Você é extremamente passional é isso chega a ser irônico, porque você é você. Nós vivemos sim a mesma história. Ainda estamos vivendo essa história que, se você analisar bem, foi toda roteirizada por você.

—Não preciso ficar lá sentado lembrando o quanto eu fui babaca com você. Se o roteiro é meu, me deixa decidir o final?

—Nós estamos aqui porque você achou que podia decidir e tudo ficaria bem. Será que você não vê que nós ainda não estamos bem?— ela pergunta.

—Tenho pequenas amostras disso todos os dias.

—Por isso precisamos da terapia.— ela conclui —No entanto o dr Hayden disse que você não precisa vir na próxima sessão se não quiser.— ela avisa.

—Ele vai insistir em saber mais sobre seu outro marido?

—Não há outro marido, isso seria bigamia.— ela brinca —Mas sim, ele vai querer saber sobre o meu ex-marido.

A envolvo em meus braços, eu a amo tanto, e me odeio. Por ter sido um babaca, por tê-la afastado e atrasado a nossa história. Poderia ter sido diferente se tivesse acontecido antes. Pela primeira vez me dou conta de que não foi ele quem a afastou de mim. Fui eu. Me odeio por isso.


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Notas finais do capítulo

Acho que agora vocês sabem que não é o Happy o ex-marido, né?
Não me conformo com essa coisa da Pepper com o Happy nem na hq.

Se eu conseguir escrever talvez ainda volte essa semana, tá?

Starkisses ;)



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