Um divã para dois escrita por Tulipa


Capítulo 20
Vinte


Notas iniciais do capítulo

Oie ;)
Nem demorei tanto, né?
Esse capítulo ta bom pra todo mundo, pra todos os gostos, tem momento quente e momento fofo.

Ah, uma leitora pediu que eu postasse uma foto de como imagino a Julie, dei um google e "catei" uma garotinha que se assemelhe a minha descrição, lá no final do capítulo colocarei a foto.



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*Tony*




Saio do banho e ela ainda está lá, Pepper saiu do trabalho logo depois da hora do almoço quando ligaram do abrigo e perguntaram se nós iríamos querer passar o feriado de Ação de Graças com a Julie. Nada estava combinado, e o fato de Julie vir fez com que cancelássemos a viagem pra Portland. Esse será o nosso primeiro final de semana com ela, um final de semana prolongado, após um mês de passeios aos domingos.

—Você acha que está mesmo bom?— ela pergunta quando percebe que entrei no quarto.

—Está ótimo, baby, não dá pra reformar um quarto em meio dia.— a abraço por trás e apoio o queixo em sua cabeça, só consigo tal proeza porque ela está descalça, admiro a nova decoração do quarto sabendo que ela fez milagre pra que um dos quartos de hóspedes tivesse a cara acolhedora de quarto de criança.

—Tá vendo, quando eu dizia que nós precisávamos pensar nisso você me dava aquele olhar.

—Que olhar?

—Aquele olhar de reprovação me dizendo pra segurar a minha onda.— ela responde.

—Eu só não queria que você se frustrasse.— eu beijo seu rosto.

Ela se vira pra mim —Eu sabia que ela seria nossa, amor. Soube assim que coloquei os olhos nela.

—E se...?

—Se ela não fosse nossa eu teria que roubá-la.— ela me interrompe com humor —E então nós teríamos que ir morar no México. Ou num país mais longe, talvez no Brasil.

—Seriamos foras da lei?

—É excitante, não é?— ela pergunta.

—Não com uma criança.— respondo —Mas, esquecendo um pouco os seus devaneios, seu instinto maternal que tá uma coisa louca e focando na parte excitante...

—Hummm.— ela envolve os braços no meu pescoço, pisa com os pés sobre os meus e roça seus lábios nos meus, depois cheira o meu pescoço e o beija —Tem alguém muito cheiroso aqui e não sou eu.— Pepper diz —Então, seja lá o que você quiser, antes de qualquer coisa eu preciso de um banho também.

—Quer ajuda pra esfregar as costas?— pergunto com malícia. Sua resposta é um beijo, então ela me solta e deixa o quarto.

A espera pra que ela saia do banho parece uma eternidade, e eu fiquei na nossa suíte sem saber o que fazer e como esperá-la. De roupa ou pelado? Na cama ou sentado na poltrona? Quando percebo estou em pé diante da porta do banheiro com a mão na maçaneta prestes a entrar. Entro e ela está em pé diante do espelho usando nada mais do que um roupão.

—Você demorou.— ela diz ao ver meu reflexo no espelho.

—Não vai dizer que era pra eu ter vindo esfregar as suas costas?

—Não vai dizer que você não percebeu?— ela pergunta ao virar-se, apoia os quadris na pia e sorri, seus cabelos estão presos num coque frouxo no alto da cabeça e seu corpo ainda está úmido —Não tive ajuda e não sei se esfreguei as minhas costas direito.

—Vou averiguar.— falo ao me aproximar, faço sinal com o dedo indicador pra que ela se vire de costas novamente, envolvo seu corpo e chego ao laço do roupão, o afrouxou apenas para conseguir deslizá-lo por seus ombros. Beijo seu pescoço e seu ombro nu —Cheirosa você está.— digo ao correr meu nariz pela curva de seu pescoço inalando seu cheiro doce. Volto a deslizar o roupão por seu corpo e logo os seus seios são expostos e refletidos no espelho diante de nós —Essas costas...— vou beijando a extensão de sua coluna até a base —...Parecem bem limpas.

—Olha direito.— ela diz. Suas costas, assim como seu colo, e outras áreas da parte superior de seu corpo perfeito são cobertas de sardas, características de sua ruivice e eu acho lindo é como uma constelação. Passo a mão por sua barriga, subindo em direção aos seios, seus mamilos entumescem sob meus dedos, faço uma leve pressão, e pela primeira vez ela quebra nosso contato visual através do espelho, seus lábios se entreabrem e ela geme. Abandono um seio e levo a minha mão sob o roupão, instintivamente ela se curva um pouco mais sobre a pia, meus dedos deslizam com facilidade entre suas dobras úmidas, ela está tão molhada, tão pronta. Tão fodidamente quente. Ela move os quadris friccionando seu sexo em minha mão, sua boca está deliciosamente aberta. Sua respiração se acelera quando o meu dedão encontra o ponto mais sensível entre suas pernas e logo a minha mão está muito mais molhado do que segundos atrás. Levo os dois dedos antes dentro dela até a minha boca e os chupo —Qual é o meu gosto?— Pepper pergunta ao me olhar sobre o ombro direito.

—Doce.— respondo e a beijo pra que ela sinta seu gosto. Baixo a minha calça e saio dela, acaricio suas pernas, subindo o roupão exibindo seu bumbum pequeno e redondinho. Ela afasta as pernas e se inclina um pouco mais, a segurando pelos quadris me direciono para dentro dela. Contenho um gemido quando sinto seu corpo me sugar, puxando-me ainda mais pra dentro de si. —Porra, baby, você é tão gostosa.— me empurro um pouco mais. Ela geme. Seus olhos se deslocam pra baixo, como se ela quisesse ver enquanto a penetro, então eu paro, e pelo espelho ela me fita confusa —Olhe pro espelho, quero que você se veja. Quero que você me veja.— eu digo.

A penetro com força e profundidade, sua boca se abre deixando escapar um gemido, seus olhos se fecham e logo se abrem, azuis, intensos. Segurando firmemente em seus quadris eu entro saio de seu corpo a estimulando com um ritmo lento e prazeroso pra nós dois. Gememos em sintonia quando o nosso vai-e-vem se intensifica. Após alguns minutos sinto seu corpo se comprimir ao meu redor, sua respiração fica irregular, e seus espasmos me apertam fazendo com que eu não possa me conter mais, sinto o meu próprio clímax se aproximar e com uma estocada profunda me derramo dentro dela. Nossos olhos se encontram, no espelho e eu mal posso respirar com o coração acelerado. Embora meu instinto seja o de fechar os olhos, eu me obrigo a mantê-los abertos, a permanecerem focados nos dela. Ela não desvia o olhar. Nem por um segundo e ainda sorri. Minha doce Pepper sempre soube revelar a garota sacana que há sob sua aparência séria, quase tímida, e extremamente sexy.

—Hoje é véspera de Ação de Graças, sabe o que isso significa?— ela pergunta quando estamos exaustos, mesmo depois de uma ducha, já em nossa cama.

—Que a pessoa que eu mais amo na minha vida entrou nela há 16 anos.— eu respondo.

—Essa é uma boa resposta.— ela concorda e me beija —Eu também te amo.— ela sussurra, vira-se de costas pra mim se aconchegando ao meu corpo, envolve meu braço ao seu redor e não demora a pegar no sono.



(...)



No dia seguinte acordo sozinho em nossa cama. Apenas em duas situações não percebo quando ela levanta antes de mim: quando estou muito cansado ou muito bêbado. Já que não fico muito bêbado há um tempão, aposto no cansaço. O cheiro que invade o quarto é muito bom e, por um instante, me faz pensar que eu talvez esteja na casa errada. Olho pro relógio no móvel de cabeceira e me dou conta da hora, passa das 10h da manhã. Me levanto e me visto decentemente pra ir até a cozinha.

—Bom dia, dorminhoco.— ela diz ao me ver, Pepper está sentada ao balcão tomando café.

—Bom dia.— eu a beijo —Achei que estava na casa errada.

—Por quê?

—Porque, aquilo.— aponto pro forno —Raramente é usado por você, e quando acontece o cheiro não é tão bom.— ela rola os olhos

—Acordei às 8h com o celular tocando, atendi, e do outro lado estava meu pai super animado com o fato de ter conseguido passagens pra NY, mesmo durante o feriado.— ela avisa.

—Algo me dizia que eles viriam.— eu digo —Mas ainda não entendo o forno ligado.

—Meu pai me tirou da cama e eu perdi o sono, resolvi pesquisar por uma receita de bolo.— ela diz tão naturalmente como se cozinhasse sempre.

—Bolo?

—De chocolate, com direito a cobertura, não é, Jarvis?

Sim, Sra Stark.— ele concorda —Para a cobertura a Sra usará, um copo de leite...

—Ainda não comecei, Jarvis.

Desculpe, achei que fosse pra informar os ingredientes.— ele diz.

—Daqui a pouco.

—Tudo isso é pra agradar a Julie.— concluo, ela assente.

—E pra me desculpar por não ir buscá-la com você. — ela fala.

—Como assim eu vou buscá-la sozinho?!

—Meus pais chegam no mesmo horário que combinamos de ir pegá-la, vamos ter que dividir tarefas, eu achei que você preferiria ir buscá-la do que ir ao aeroporto, mas podemos trocar.

Estacionamento lotado ou a Julie. Aeroporto com um monte de gente chegando pro feriado ou a Julie. Minha sogra ou a Julie.

—Fico com a Julie.— eu falo.

—Ótimo.— ela diz ao tirar seu bolo do forno e o coloca sobre a pia, vai ao armário e pega uma panela pequena, abre a geladeira e paga mais coisas, volta ao armário e depois abre a geladeira de novo. E isso me deixa confuso só de olhar.

—Vou tomar uma ducha.— eu aviso.

—Já vou me arrumar também, só preciso terminar isso.— ela diz e mal eu deixo a cozinha ela começa a falar com Jarvis —Jarvis, agora sim, veja se eu peguei tudo, leite, chocolate,...



(...)



—Você acha que ela vai querer vir comigo sem você?— pergunto ao desembarcarmos de elevador na garagem.

—É claro que vai, até porque alguém la do abrigo já deve ter explicado a situação pra ela, liguei lá enquanto você estava no banho.

—Enquanto eu estava no banho você não estava fazendo calda de bolo?

—Sou multitarefas, meu amor.— ela me beija —Nada de correr, tá?

—Até porque, com o seu carro não tem nem graça.— respondo antes que ela entre em seu outro carro.

—Eu tô falando sério, Tony.— ela diz ao baixar o vidro.

—É pra eu não correr na ida ou na volta?

—Que diferença faz?— ela replica.

—Só pra saber se você está mais preocupada comigo ou com ela.— eu respondo.

—Deixa de ser bobo.— ela fala e dá partida no carro —Até porque se você não chegar lá ela não vem.— ela sorri e arranca antes que eu possa rebater.

Entro no outro carro dela e ao ajeitar o retrovisor olho pro assento especial no banco traseiro e me dou conta de que nunca fui motorista de ninguém. Passa das 11:30h quando entro na sala da diretora do abrigo, como sempre, Julie está sentada a nossa, hoje minha, espera. Pela primeira vez ela vem com bagagem, mas não é uma mala grande. Ela me vê e sorri, mas não sai de seu lugar como sempre acontece quando ela vê a Pepper, caminho até o banco.

—Oi.— eu me sento ao seu lado, e beijo sua cabeça —Tudo bem?

—Hum-rum.— ela afirma.

—Pronta pra conhecer a nossa casa?— ela aquiesce —Quando devemos trazê-la de volta?— pergunto pra diretora.

—Domingo, mesmo horário de sempre.— ela responde enquanto assino o termo de responsabilidade —A sua esposa disse que não precisaríamos mandar nada pra Julie, mas...

—Tudo bem.— digo ao pegar a mala —Vamos, Julie?— ela salta do banco e pega a minha mão livre. Baixo meus olhos na direção dos dela e ela sorri, conquistá-la só não é mais difícil do que foi conquistar a Pepper.

—Tá apertado.— ela reclama.

—Melhor assim?— pergunto ao afrouxar seu cinto, ela assente —Já andou de motorista?

—Não.

—Prazer, Tony Stark, seu motorista.— faço cócegas nela.

Me sento ao banco do motorista, afivelo meu cinto e ponho o carro em movimento. Ligo o som com algo que gosto de ouvir, e pelo retrovisor a vejo tapar seus ouvidos, desligo rádio. O trajeto foi um pouco mais demorado que o costume, culpa do feriado, mas foi silencioso, eu não tinha assunto e, por não ter nada o que fazer, ela acabou dormindo.

—Tony, onde a gente tá?—ela pergunta esfregando os olhos. Curiosamente, Julie despertou no momento em que o carro parou.

—Acabamos de chegar em casa.— digo antes de sair do carro.

Abro a porta de traz e a liberto, ela sai o do carro sozinha enquanto vou ao porta-malas pegar a sua mochila.

—De quem é aquele carro?— ela aponta pro meu Audi E-Tron.

—Meu.

—E aquele?

—Meu.

—Aquele?

—Meu também.

—Você tem um monte de carros, porque?

—Porque eu gosto muito.— respondo.

—Esse é seu também?— ela se refere ao Audi S7 em que viemos.

—Não, esse é da Pepper.

—O seu é mais legal.— ela diz, e eu me controlo pra não dizer "Eu sei".

—Qual deles você gostou mais?

—Aquele.— ela aponta pro Acura NSX vermelho metálico. Julie tem bom gosto. Entramos no elevador e quando ainda faltam alguns andares ela começa a se contorcer.

—O que foi?

—Quero fazer xixi.— ela diz.

—A gente tá chegando, aguenta aí.— passamos por dois andares —Chegamos!— eu a pego no colo assim que o elevador se abre e corro para o lavabo, não sei muito bem o que fazer com ela, então apenas a coloco no chão e saio. —Pronto?— pergunto quando ela sai.

—Hum-rum.— ela murmura —Lavei a mão também.

—Ok.— silêncio, ficamos um diante do outro nos olhando sem ter nenhum interlocutor, Pepper esta fazendo falta.

—Cadê a minha mochila?

—Ficou no elevador.— eu digo —Você quer algo de lá?— ela nega com a cabeça —Quer conhecer a casa?

—A Pepper não tá, né?— faço que não —Ela vai demorar?

—Espero que não.— respondo —Você tá com fome?

—Não.

—Quer ir ao banheiro de novo?

—Não, Tony, obrigada.

—Então, pelo menos, vamos sentar, né?— pergunto ela aquiesce.

—Posso tirar o tênis e sentar no sofá que nem índio?

—Não sei como um índio senta, mas por mim.— dou de ombros e me sento.

Ela senta no sofá normalmente e tira os tênis, então coloca as pernas sobre o sofá cruzando-as uma sobre a outra. —Assim.— ela mostra —Você consegue?

—Não sei, espera aí...

—Tira o tênis!— ela exclama —Não pode tênis em cima do sofá.

Eu tô mesmo levando bronca de uma garotinha de 5 anos?

—Vamos fazer uma coisa melhor do que ficar sentados no sofá feito índios olhando um pra cara do outro?— pergunto.

—O que?— ela se curva na minha direção, apoia os cotovelos nos joelhos e as mãos no rosto.

—Você gosta de assistir tv, qual é o seu programa favorito?

—Não tem uma tv aqui.— ela diz.

—Aqui não, mas na outra tem.— respondo.

—Quantas tem?

—Duas.— digo no automático —Não, três.

—Três salas?!— ela arregala os olhos.

—Essa, onde a gente recebe visitas, outra onde a gente assiste tv e outra onde a gente faz as refeições, às vezes.— respondo.

—Na minha casa tinha uma sala só, e no abrigo tem uma só também, só que é mais grande.

—Maior.— eu a corrijo.

—O que é maior?

—É "maior" que se diz e não "mais grande".— explico —A sala do abrigo é maior do que a da sua casa.

—Mas eu não moro mais lá.

—Eu sei.

—Eu só moro com as outras crianças porque a minha mamãe foi pro céu, sabia?— engulo em seco, porque é antinatural que uma criança desse tamanho encare a morte da única pessoa que ela tinha na vida de maneira tão simples. Por mais que a morte seja seja a única certeza que temos na vida, ela não deveria saber disso ainda.

—Você...— limpo a garganta —...Não me disse o que gosta de assistir.— desconverso.

—Você tem filme de criança?— ela pergunta.

—Acho que sim.— respondo —Temos, Jarvis?

Um grande acervo, Sr, graças a Srta Rhodes.— Jarvis responde, enquanto ela o procura assustada.

—Quem disse isso?

—O Jarvis.

—Onde ele tá?

—Na casa toda.— respondo.

—Como?— ela pergunta, e eu procuro uma maneira simples de explicar.

—Entendeu?— pergunto, ela aquiesce —E qual filme você quer?

—Procurando Nemo.— ela descruza as pernas e salta do sofá.—Vou pôr o tênis.

—Pra quê?

—Pra ir na outra sala.

—Não precisa.— eu falo.

—Mas vai sujar a minha meia.

—O chão está bem limpo.— rebato.

—Mas é melhor colocar, né?— ela senta, porém quando está com apenas um dos tênis a porta do elevador se abre.

—Cadê a minha pequena?!— Pepper pergunta. Julie corre, de meia num pé e tênis desamarrado no outro e eu tenho medo de que ela... Droga!

A manopla de uma das minhas armaduras segura Julie pelo capuz da blusa de moletom que ela está usando e a impede de ir ao chão, outra vez. Mas ela parou a centímetros do chão. Quando a coloco em pé e envio a manopla de volta pro resto da armadura que fica camuflada na prateleira do bar que tenho na sala, não sei quem está com os olhos mais arregalados, Julie ou Pepper.

—Eu voei?— Julie pergunta quebrando o silêncio e a tensão. Acho que ela não entendeu nada do que aconteceu.

—Você acha que voou?

—Eu acho.

—Então você voou.— eu digo pra ela.

—Uau!— ela exclama —Posso fazer de novo, será?

—Acho melhor não.— eu digo esperando que ela não tente voar novamente até domingo à noite.

—Você pode vir me dar um beijo, devagar e sem correr.— Pepper abre os braços pra ela e se ajoelha. No entanto, eu acho que Julie não entendeu muito bem o conceito de “sem correr”.

—Eu tava com saudade.— a pequena diz com os braços envoltos ao pescoço de Pepper e ela não tem forças, e eu acho que, nem coragem de repreendê-la por ter corrido novamente.

—Eu tava com mais saudade.— Pepper rebate.

—Não, eu tava.

—Não, eu...

—As duas estavam e agora não estão mais, não é?— pergunto interrompendo a competição que, apesar de fofa, levaria o dia inteiro. Pepper levanta e Julie pula em seu colo, continuam grudadas.

—O Tony cuidou de você?— ela pergunta, Julie olha pra mim.

—Cuidou.— ela diz —E me levou pra fazer xixi, e ia me levar pra ver desenho.

—E porque vocês dois estão só de meia?

—Porque não pode colocar o tênis em cima do sofá.

—Muito bem.— Suzan diz.

—Quem é ela?— Julie pergunta, acho que a Pepper esqueceria dos seus pais pardos ali se Suzan não tivesse se pronunciado.

—Ela é minha mãe, Suzan.— Pepper diz —E esse é o meu pai, Jonathan. Pai, mãe, essa é a Julie.

—Oi, menina linda.— Jonathan diz.

—Oi.— ela diz monossilábica.

—Como foi a viagem?— eu pergunto.

—Boa.— Jonathan responde —Rápida.

—Só demoramos no desembarque, muita gente malas trocadas, serviço ruim.— Suzan continua.

—Eu poderia ter mandado o avião à Portland.— comento a medida em que eles adentram a sala.

—Onde é Portland?— Julie pergunta.

—É a cidade onde moramos.— Suzan diz.

—É longe?

—Um pouquinho.— Suzan responde.

—A minha mochila!— Julie desce do colo de Pepper e pega a sua mala que está junto das malas dos meus sogros.

—Estava abandonada dentro do elevador.— Pepper comenta —E eu não imagino porque.

—O Tony deixou lá.

—Porque eu estava mais preocupado que você não fizesse xixi na calça dentro do elevador, não é?

—É verdade.

—Vamos guardar essas malas então.— Pepper fala —Mãe, pai, vocês conhecem a casa e ela é de vocês, o quarto está arrumado e vocês sabem onde fica.

—Eu não sei.— Julie comenta.

—O Tony não te mostrou a casa?

—Eu quis mostrar.— me defendo.

—Mas eu não quis, agora quero.— ela diz.

—Então vamos ver a casa.— Pepper fala —Mãe, pai, querem vir?— Suzan aceita, Jonathan não.

—Tony, depois a gente vê o Nemo, tá bom?

—Tudo bem.— eu digo.

—Sue, deixe a mala que eu as levo daqui a pouco.— Jonathan diz para a esposa que concorda e some pelo corredor com Julie e Pepper.

—Você sabe que escapou de uma boa ao salvar a garota de se estatelar no chão, não é?— Jonathan ri, ao finalmente me cumprimentar direito.

—Nem me diga, estou suando frio até agora.

—Então você já sabe qual é a sensação.— Jonathan vai até o bar e se serve de uma dose de uísque.

—Eu acho que você não deveria...

—Por causa do coração?— ele pergunta —Se eu tivesse me privado de tudo o que gosto pra não morrer do coração já teria morrido, filho. Você quer?— hesito —Não se preocupe, elas vão demorar.— aceito.

—Então, você disse algo sobre eu saber a sensação...?— paro de frente pra ele com o balcão do bar entre nós.

—A sensação de ser pai.— ele diz —O instinto de proteção, essa coisa de suar frio, típico. Você vai sentir pra sempre, não importa quantos anos ela tenha.

Ainda não me vejo pai, talvez porque ela não me veja e me chame como tal. Mesmo assim, as coisas já são como Jonathan acaba de dizer. Suar frio por medo que ela se machuque, proteger, cuidar, corrigir, tudo isso faz parte. Julie veio pronta, e cabe a mim ensiná-la a ser filha pra que ela possa me ver como pai.


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Notas finais do capítulo

Bate com a sua imaginação, The Scientist?

Sei que tô devendo respostas pros comentários, mas leio todos, tá?
O tempo tá curto, mas sempre que posso atendo aos pedidos de vcs.
Teremos mais 5 capítulos provavelmente, tá?

Starkisses e até mais
;)



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