“Você ficara bem. Não seria justo lhe fazer esperar um ano só para irmos juntos.”

Minha voz saiu como um sussurro e contive as lagrimas no momento seguinte que as liberei.

“Não me vejo longe de você por tanto tempo.”

Sua voz rouca penetrou meu corpo como um calafrio e tremi em seus braços, rapidamente ele puxou mais o edredom sobre nossos corpos. Agradeci o gesto me colocando ainda mais próxima de seu corpo, o frio que senti não era pelo tempo e sim pela separação, eu estava angustiada e manteria esta sensação para mim mesma, com certeza era mais um ataque de histeria e medo por tê-lo longe.

Estávamos em nossa campina, o clima havia dado uma trégua e hoje não tínhamos chuva. O céu ainda recoberto de pesadas nuvens acinzentadas apenas deixava o clima tão frio quanto o de costume. Uma colcha escura nos servia de proteção para a grama úmida enquanto um grosso edredom nos cobria, eram quatro horas da tarde, mas, por estarmos em meio a floresta já parecia noite e o vento gélido nos impedia de sair do aconchego de nossos corpos unidos sobre a colcha.

Eu nunca reclamaria do tempo em Forks.

Os beijos trocados tinham o sabor amargo da despedida. A um mês sua carta de aceite na Universidade de NY chegou e depois disso tudo se tornou um borrão, sua família iniciou os preparativos para sua mudança, alguns documentos precisariam ser enviados assim como alguns cheques que confirmariam seu interesse. Ele ainda tinha três meses antes de finalmente partir, mas como seu pai tinha negócios na cidade, resolveu antecipar tudo para mostrar ao filho a cidade e suas acomodações na universidade.

Este era nosso último dia juntos antes de algum feriado prolongado. Estávamos em nosso refúgio, um lugar onde ninguém nos perturbaria e sem qualquer resquício de sinal para celular. A cesta de piquenique totalmente vazia era a prova das longas horas que passamos ali nos amando e conversando. O momento de partirmos se aproximava em leves lufadas de vento, seu voo estava marcado para as 20h e logo teríamos que nos separar.

Lentamente passei meus dedos por seu rosto gravando cada curva, o queixo quadrado estava levemente adornado com sua barba rala, subi meus dedos por seus lábios sentindo a macies de sua pele e o calor de sua respiração, o nariz reto me conduzia a seus olhos, os grossos cílios tinham um tom escuro de loiro assim como sua barba e adornavam perfeitamente os olhos verdes claros que me fitavam em adoração.

“Eu te amo.”

O beijo foi leve e repleto de carinho, suas mãos me puxaram mais de encontro a seu corpo e eu apenas relaxei sobre seu peito saboreando cada segundo de nosso último dia juntos...

Eu ainda não sabia o quanto de verdade havia neste meu último pensamento.