Got A Secret? escrita por teen idle


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

» Basicamente o dia em que Maëve morreu (será que foi spoiler? lol) Enjoy it!
» Moça da foto é a Lily Collins, usada apenas para representar a aparência da personagem. (haverá mais destas nos próximos cinco capítulos para cada personagem principal e só, não haverá mais [dá um trabalho fazer isso])



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Desprezada. Inútil. Traída. Morta.

Já se perguntou como uma pessoa morta deve ter se sentido minutos antes de morrer? Seja a causa uma doença, um assassinato ou um acidente? Em qual sentimento estava tendo, nos pensamentos e memórias que teve... Sem dúvidas, deve ser muito ruim, ver, apesar de ser a única coisa que temos certeza nesse mundo, acontecendo conosco, como se fosse impossível. Como quando pensamos que aquele assalto nunca vai ocorrer; nunca pegaremos aquela doença estranha; que seremos eternos para aqueles que ficam. Seremos mesmos? Em algum momento da história, ninguém vai se lembrar de você. Você será esquecido, reduzido a pó e tudo, tudo que você fez será apagado. Puff. Esta história conta algo como isso. Eu farei eles se lembrarem dela do pior jeito.

— A

[...]

— Eu realmente quero ir a essa festa, Amelia. Entende isto? Quer dizer, é meu último ano. Nunca terei uma oportunidade como isso. Nunca, entendeu? — disse Maëve, gesticulando exageradamente.

— Tudo bem. É só que... Não acho uma boa ideia, tudo bem? Caia na realidade. Somos as impopulares do colégio. Por que aquela garota nos convidaria? É estúpido! — retrucou a outra jovem. — Quer saber? Vá. É o que você quer. Mas eu não vou.

— Tudo bem. Quem sabe eu trago bolinhos para festejarmos juntas? — ela falou e riu, jogando a cabeça para a trás, como uma criança.

Amelia revirou os olhos e por um momento, se permitiu pensar que, talvez, fosse bom para a amiga. Era o último ano dela e ela nunca pode se sentir como um deles. Seria bom ela se sentir uma rainha, poderosa e intocável. Imortal. Nada é eterno, pensou em contradição. Não, ela não podia se permitir a qualquer pensamento pessimista. Era isso e pronto: tudo vinha em um turbilhão de emoções e atos impulsivos. Não podia se dar o luxo de se sentir fraca. Ela olhou para sua amiga e deu um sorriso, por ela.

[...]

Aquela noite prometia muito para todos os presentes. E para Maëve, era quase como uma promessa milagrosa. Ela sentia — iludida, infelizmente — que seria finalmente incluída aos populares: pessoas que ela admirava. A jovem sempre quis a possibilidade de poder se sentir especial e poderosa. No colégio, a única chance de possuir isso era ser um descolado ou um popular. Ambos estavam muitos distantes da jovem, mas ela fez tudo para tentar se sentir naqueles grupos: pintou o cabelo num azul ciano, renovou por completo o guarda roupa, se afastou dos nerds e ainda sim... nada; os seus “ídolos” nem prestavam atenção nela, que corria atrás deles para tentar sentar em sua mesa no refeitório ou simplesmente trocar uma conversa.

Naquela noite, eles finalmente poderiam prestar atenção nela e quem sabe, ela se tornar uma deles?

Maëve olhou-se no espelho. Havia comprado um vestido adequado à situação, uma comemoração repleta de quase adultos. Era algo simples, mas ainda notável. A garota se olhou no grande espelho que havia em seu quarto. Um sorriso surgiu entre seus lábios, que estavam bastante notáveis com o batom roxo. Ela escovou com os dedos as madeixas azuis, jogando-as sobre os ombros, como uma cachoeira. Seu celular tocou e ela leu uma mensagem, que não pareceu deixá-la confortável. Seu sorriso desapareceu rapidamente do rosto. Um suspiro e então uma resposta para a mensagem.

— Vamos? — sua mãe surgiu na porta, segurando as chaves do carro.

— Sim... — Maëve agitou o vestido, os cabelos, estampou um sorriso no rosto e foi com a mãe.

[...]

A casa estava em uma explosão de cores. Havia decorações variadas, muita gente, música alta e cores para todo o lado, explodindo nos céus. As faíscas dos fogos de artifícios que caíam sobre o quintal parecia pedacinhos de hiperatividade, deixando todos expostos a agitação e a loucura inevitável. Assim que a jovem adentrou o ambiente, conseguiu sentir a contaminação da vontade de dançar, conversar, simplesmente viver aquele momento. Era o fim do ensino médio! Eles estavam livres! Vagarosamente, enquanto se misturava a multidão, Maëve pôde reconhecer alguns rostos: o jogador de futebol americano Nicholas, a queen bee Effy, a capitã das líderes de torcida Charlotte, entre outros; aqueles eram os que mais a deixaram nervosa e ansiosa, tudo ao mesmo tempo, afinal, eram meio que os líderes dos populares. Conforme foi andando, reparou que não era a única impopular e deslocada: perto da mesa dos doces, havia o jovem Madden que ela já havia conversado um pouco e ela o considerava um amigo; no entanto, o garoto nem havia reparado nela quando Maëve passou perto, acenando.

Depois de muita conversa — algumas estranhas e outras até interessantes —, pacotes de salgadinhos e muita movimentação, todos foram para os fundos da casa. Havia uma espécie de penhasco ali, que dava em um lago formado por uma cachoeira que existia alguns metros dali. Lá, começaram a fazer mais comida, churrascos gordurosos, hambúrgueres e bebidas, é claro, não faltavam. Eram refrigerantes, cervejas, vodcas e etc. Todos estavam se divertindo e Maëve tentava se incluir nos grupos grandes que festejavam loucamente, mas, apesar de conseguir entrar no círculo, não era correspondida e suas ideias eram desvalorizadas. Aos poucos, começou a questionar a possibilidade do que a amiga havia falado na noite anterior: por que havia tantos impopulares numa festa de populares? Tinha que haver um motivo. Inicialmente, pensou que fosse só uma questão de igualdade — a mente inocente da jovem não poderia imaginar algo estranho naquilo tudo!

Completamente deslocada naquele lugar que definitivamente não fazia parte do que ela admiraria, Maëve se aproximou do penhasco e olhou para o lago lá embaixo. Seria, aproximadamente, uma queda de sete metros, direto na água fria. A luz da lua dava um tom sobrenatural à água, deixando-a escura e luminosa ao mesmo tempo. Maëve adorava isso: admirar coisas que passaram imperceptíveis aos olhos de alguém, mas que aos dela se transformavam em coisas valiosas e grandes.

— Hey, garota! Vai pular? — alguém perguntou atrás da menina.

Ela se virou, se deparando com um jovem obviamente bêbado, com as vestes sujas de molhos pra hambúrguer.

— N-não... só admirando mesmo. — respondeu-lhe rapidamente, tentando passar por ele, mas fora barrada.

— Ah, pode pular, garotinha. Qual é o seu nome?

— Maëve e, me dê licença! — falou, lhe dando um empurrão. Aquela festa não estava prestando mais.

— Ei, pessoal, aqui! A tal de Maëve vai pular do penhasco! — disse, se virando e fazendo uma espécie de oca com as mãos na boca, para o som se sobressair. Logo, todos começaram a se aproximar de Maëve, impedindo-a de sair. O grupo era em torno de dez jovens bêbados e inconsequentes.

Logo, a jovem havia retornado ao penhasco, que tinha seu fim em alguns metros atrás. Todos formaram um círculo ao seu redor, todos motivando um pulo que levaria qualquer um à morte. Ela tentava passar pela multidão, mas era impedida, sendo empurrada. Alguns a xingavam, reconhecendo que ela era uma impopular; outros, continuavam com motivações e alguns poucos, só olhavam, sem dizer nada. Maëve suava frio, o coração batendo ligeiro. O que eles estavam querendo?!, ela pensava. Então, ela escutou algo:

— Vamos ver se é corajosa! Quem sabe se torne uma de nós.

As palavras poderiam ter vindo de qualquer um, mas então ela lembrou-se do porquê estar ali: ser incluída aos populares. Ser um deles.

As palavras, gritos, risadas descontroladas daqueles a sua frente deixavam ela com medo, mas confiante. Ela viu Nicholas, Effy, Charlotte ali, além de Benjamin, Colin e Marie. Era sua oportunidade? Quem sabe se ela pulasse certo, sobrevivesse à queda e bem, tudo mudaria. Era só um ato corajoso. Era isso, não? Maëve se virou e olhou lá para baixo por uma última vez — última vez seria essa porque morreria? —, escutando mais gritos repletos de xingamentos e mais risadas, como se a desmerecessem. E de repente... Um impulso em suas costas, vários arquejos, o vento no rosto.

Toda sua vida passou como um flash. Explosão de sentimentos. Um único choque com a água que, ela pode sentir, era morno e tudo se apagou. Sem mais flash de bons momentos e memórias. Sem mais amigos. Sem mais futuro. Sem mais Maëve.


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Notas finais do capítulo

» Dependendo da recepção de leitores e escritores do Nyah! Fanfiction (com isso conto comentários, favoritos, mensagens privadas etc.), posso postar os cinco próximos capítulos amanhã, queridinhos. ♥