Felizes para sempre? escrita por Takeru Takaishi


Capítulo 4
Capítulo IV - Seguir em frente


Notas iniciais do capítulo

OLÁAAAAAAAA! Demorei, né?
Tava com preguiça de postar. E também porque estava esperando alguém comentar os capítulos anteriores. Mas isso não aconteceu.
Snif.

Enfim, eu não poderia deixar de concluir a fanfic. Então vamos para o último capítulo, mesmo que não tenha ninguém lendo (eu acho). Leitores fantasmas???



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A imagem passava tão rápido diante dos olhos de Hikari, como nos filme em que o ciclo do dia inteiro acontece em menos de um minuto. O sol nascendo, pessoas saindo dos prédios, carros fazendo o seu trajeto para os mais diversos lugares através de rodovias movimentadas, o sol se despedindo no horizonte dando lugar a escuridão da noite, e depois, mais uma vez o ciclo recomeça com o raiar do sol. E de novo. E de novo. E de novo (...).

E dentro de seu quarto, Takeru parecia não se importar com a correria do dia a dia. Tudo tinha ficado tão monótono. Ele ainda continuava perturbado com fato de Hikari estar morta. Tudo ainda era muito recente. E mesmo que soubesse que tudo que fizesse não faria diferença, o rapaz olhou pela enésima vez naquela semana o baú com fotografias e recados datados de Hikari.

“Sabe aquele tipo de pessoa que é canalha? Então. Você é esse tipo. E quer saber mais? Adoro canalhas!”

(14/12/13).

“Oi garotão! Não que isso tenha importância agora, mas quero ter um casal. Um lindo casal.”

(27/01/14).

“Ei! Só queria deixar claro que durante todo esse tempo juntos, lembro-me de cada detalhe: Sua cueca vermelha no nosso primeiro beijo, sua meleca voando quando deu aquele espirro no restaurante da esquina... Mentira. Mas ficar com você tem sido maravilhoso. E espero que isso permaneça até o fim. Droga, queria escrever mais e ser cafoninha como esses casais na internet, mas você acabou de entrar no quarto e estragou a surpresa de encontrar esse bilhete na cômoda depois. Ridículo.”

(02/06/14).

E assim que deu lugar às lagrimas, ele não hesitou em fechar o baú e o colocou de volta em baixo da cama.

Não conseguia deixar de lado a ideia de que tudo parecia injusto, afinal, eles tinham um futuro para viver. E esse é o problema em planejar. Você nunca sabe se ele realmente vai acontecer.

Ele pegou o cobertor que os tinha tapado na noite anterior ao ocorrido, e o aninhou junto a si. Ainda possuía o cheiro dela. Não estava sendo nada fácil. Tudo naquele quarto a lembrava. Não que ele quisesse esquecê-la. Isso jamais aconteceria. Mas o fato de lidar com a dor da saudade era algo quase irremediável.

O loiro cursava a faculdade de letras da cidade, e algum dia – prometera pra si mesmo – escreveria um romance contendo Hikari. E isto não seria nem um pouco trabalhoso, já que estiveram juntos cerca de onze anos.

No entanto, antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, decidiu que primeiro deveria parar de olhar para tudo que tinha ficado para trás e seguiria em frente. Naturalmente esse seria o desejo Hikari para ele nesse momento.

***

– Takeru, venha. Vamos na roda gigante. – Chamou Sora, sua cunhada. E sem dar qualquer resposta, a moça de 21 anos o puxou pelo braço e foram em direção ao brinquedo.

A ruiva namorava seu irmão, Yamato, há dois anos e estava fazendo de tudo para que o loiro mais novo desse pelo menos um sorriso naquela noite.

Yamato chegou com os ingressos na mão. O jovem, sem muito ânimo, pegou o seu e seguiu o casal, que embarcou primeiro. Olhou em volta, viu que todos já tinham duplas formadas, e então decidiu que iria sozinho.

Mas antes que pudesse abaixar a grade que o daria total segurança, uma moça de cabelos morenos longos sentou ao seu lado. Sem dizer nada, a garota – que aparentemente parecia ter a mesma idade que ele – apenas sorriu.

Um pouco sem graça, o rapaz decidiu começar uma conversa tranquila.

– Oi.

– Oi. Você estava esperando alguém em especial? Digo, pra dar a volta na roda gigante...

– Não. Tudo bem. Estava mesmo querendo uma companhia.

E lentamente o brinquedo foi ganhando vida, piscando várias luzes coloridas, enquanto o chão abaixo deles foi se distanciando.

– Você é Takeru Takaishi, não é? – a moça perguntou. O loiro assentiu em resposta. – Já ouvi muito sobre você. Você é filho daquela jornalista daqui de Odaíba. Natsuko. Sinto muito pela morte de sua namorada...

– Ah, obrigado. Não se preocupe com isso. – respondeu meio cabisbaixo.

E vendo que ele não se sentira bem com a menção de sua ex, a moça resolveu dar prosseguimento a conversa.

– Desculpa, não quis te deixar assim.

– Sem problemas. Mas não é você. É que... Bem, conviver com tudo isso é muito novo para mim. Ainda estou tentando lidar com esse fato.

A moça deu um sorriso e estendeu a mão.

– Meu nome é Ayumi. Ninguém em especial, na verdade. Mas posso ser uma ótima companhia para voltas em brinquedos no parque de diversões. MENOS NO EVOLUTION, acredite. Minha amiga saiu lavada na última vez.

– Espera – Takeru franziu o cenho – VOCÊ É A GAROTA QUE FEZ CHOVER VÔMITO NO ANO PASSADO?

A menina coçou a garganta e respondeu um pouco nervosa:

– Bem... Não exagere. Eu só tinha comido um saco de pipocas e tomado uma latinha de refrigerante.

– Exagero?! Você saiu carregada.

Shhh, chega de falar de mim, se não vamos perder a melhor parte! – A moça suspirou aliviada por finalmente ter chegado o horário mais legal do evento.

A roda gigante parou depois de ter dado uma volta completa, e os dois jovens tiveram o privilégio de ocuparem o banco que ficou bem no topo.

O loiro tinha ficado tanto tempo dentro de casa naquelas duas semanas que nem mesmo se dera conta de que naquele dia estavam comemorando o Festival de Odaíba, ao contrário do que ele pensava ser apenas um evento qualquer no mês de março.

Em instantes, o céu escuro deu lugar a diversos fogos de artifício que coloriram a paisagem. Lá embaixo, as pessoas gritavam em comemoração por mais um aniversário que a cidade completava.

O garoto olhou para os olhos da jovem que estava ao seu lado, e mesmo com o reflexo das luzes coloridas e ofuscantes pregadas na imensa roda e dos fogos que chamavam a atenção do público, Takeru conseguiu discernir a cor deles. Castanhos. Do mesmo tipo que os de Hikari.

– Todas essas luzes... É tão lindo! – Suspirou ela extasiada pela cena que se processava naquela noite. – O que está olhando?

Ele sorriu. Pensou que talvez a vida estivesse lhe dando mais uma chance de conhecer outra pessoa. Tudo por acaso. Sem data. Sem horário. Apenas coincidências. Ou então o destino.

E lhe ocorreu que deveria mesmo seguir em frente. Dar uma nova chance a vida que ele ainda tinha. De certa forma, tinha grandes motivos para não querer uma nova relação. Mas Hikari estava morta. E ele tinha que aceitar isso.

– Não é nada. – respondeu num sorriso. O primeiro sorriso sincero da noite. Colocou seu braço ao redor dos ombros de Ayumi e voltou sua atenção para o visual mágico que acontecia.

Quando o espetáculo de cores se dissipou, a roda gigante voltou a girar.

– Obrigado pela companhia. – Agradeceu ele.

– Eu disse que era boa nessas coisas.

– Gostaria de saber muito mais sobre você!

Em meio à multidão, o espírito de Hikari espionava Takeru. Viu o loiro saltar com a moça, e sentiu um vazio ao pensar que em um espaço tão curto de tempo, o rapaz já a tinha esquecido e dado lugar a uma nova pessoa.

Viu os dois se abraçarem e aquela estranha sensação continuava a machucando. Ela não entedia o porquê disso. Ela já havia falecido. Por que ainda continuava a perseguir o rapaz, que aparentemente estava conformado? Era esse o destino de todos aqueles que morriam? Ficavam vagando sem rumo até a espera do juízo final, onde todos prestariam contas sobre os seus atos terrenos?

Não. Deveria ter mais alguma coisa.

A imagem do festival tremeluziu, e a vida de Takeru passou diante de seus olhos. O viu sentar em uma escrivaninha, e digitar várias palavras em um computador. O viu ser premiado como o ‘autor preferido do ano‘ e ‘a melhor obra’, alcançado por ter escrito “a garota dos olhos avelã”. Também viu ele se casar e ter uma linda filha, a qual a nomeou Hikari.

Viu que mesmo tendo passado vários acontecimentos, não se esquecera dela em nenhum momento. Ele a amava. Muito.

E por fim, entendeu que amar não era só nutrir um forte sentimento pelo parceiro. Mas também aceitar a felicidade do outro. Ela fechou os olhos, e uma lágrima escorreu dentre suas pálpebras. Nesse instante, sentiu sua aura formigar e a imagem tremeluziu novamente.

***

A jovem acordou no quarto de hospital do sonho. Mas dessa vez não como espírito. Sua cabeça e seus membros doíam, porém isso não a impediu de sentar na cama.

– Devagar filha, você dormiu durante dois dias. Ainda está fraca. Mas graças a Deus está fora de perigo. – afirmou sua mãe com segurança na voz.

Olhou para seu pai e seu irmão ao lado dela, que estavam sorrindo. E perto da janela, vários porta-retratos de seus amigos adornavam a pequena cômoda. E ao fundo, mas não menos importante, um buquê de tulipas.

A mãe de Hikari seguiu a direção dos olhos de Hikari e explicou:

– Você tem ótimos amigos, querida. E o buquê... Foi Takeru quem trouxe. Ele vem aqui há quase toda hora desde o ocorrido. Ele é mesmo muito especial, e com certeza, te ama muito.

A última parte fez a menina corar, mas antes que pudesse fazer menção do nome de seu namorado, ele apareceu na porta sorrindo.

– Bom dia, Bela Adormecida! Fiquei com medo de que eu não fosse o seu príncipe encantado, já que você não acordava com os meus beijos.

A morena riu.

O loiro olhou para os pais de Hikari, como forma de pedir para ficarem a sós. E em segundos, o quarto foi preenchido apenas pelas vozes do jovem casal.

E depois de muitos beijos, TK olhou para os olhos dela e murmurou:

– Fiquei com medo de te perder. Afinal, é com você que eu quero perder a virgindade.

– Seu idiota! – ela exclamou rindo. – Eu quase morri, e você fica pensando em sexo?

– É brincadeira! – respondeu dando um beijo em sua namorada.

– Eu te amo.

Hikari entendeu que nada é por acaso. E mesmo viesse a morrer, saberia que seria feliz aonde quer que estivesse pelo simples fato de ter feito alguém feliz.

Percebeu que tudo não passou apenas de um sonho. E agora fazia sentido.

Tudo tinha sido muito lindo antes do acontecimento. Mas a partir dessa etapa a morena descobriu que o amava de verdade, a ponto de aceitar que nem sempre é possível vivenciar tudo aquilo que se planeja. Mesmo assim, sentia-se feliz. O pouco que já tinham vivido era o bastante para dizer que seria eterno, independente de Takeru encontrar outra pessoa ou não.


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Notas finais do capítulo

Bom, não sei se ficou um final digno. Mas ultimamente tenho estado tãããããão ocupado com a faculdade que não tenho muito tempo pra escrever.
Qualquer erro me avisem (se alguém ler, *lágrimas caindo*).

Queria agradecer a todos que leram e comentaram.
Até ;D



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