Capitulo 57 — Uma corridinha e já morre!

Jacob.

Eu sorri ao ouvir a voz de Seth gritando para corrermos mais rápido e que ele logo nos alcançaria. Eu sabia que aquilo iria dar certo. Sempre dá certo quando eu quero faze-lo repensar no que ele fez.

A velha e antiga companheira “Quem é você e o que fez com o meu amigo?”. Nunca falha.

Tentei esconder o meu sorriso enquanto sentia Seth chegando perto de mim e eu apressei um pouquinho mais o meu passo para chegar em Jonathan que ainda estava um pouco mais a frente.

Deixei que Seth emparelhasse comigo e eu fiz algum esforço para não rir quando olhei para a cara dele, que era de visível constrangimento.

— Desculpe e obrigado, cara — Ele falou como se não tivesse correndo ao mesmo tempo que falava — Eu não sei o que deu em mim.

— Não foi nada, garoto.

Eu mordi a minha língua para não dizer mais qualquer bobagem que faria o garoto desanimar. Apenas dei um sorriso encorajador e voltei a correr até alcançarmos Jonathan.

O sol subia lentamente para o céu sem nuvens, céu em um tom laranja claro de um lado e ainda escuro da noite do outro. Eu podia ver logo á frente os barcos e píer que eles tanto falaram aquela semana.

Se antes eu achei engraçada a cena de Jonathan de cara na areia, Jonathan fazendo esforço para manter um ritmo rápido na corrida era no mínimo hilária!

Eu percebi que ele respirava errado, aspirando e expirando pela boca, como se fosse um cachorro com asma. A língua para fora deixava ainda pior a cena.

Claramente já sentia a dor na lateral do corpo, que era por estar respirando errado e ele parecia que começava a mancar por conta da dor na perna que era causada por Anna.

Mas ele foi insistente e continuou a correr, tentando seguir o ritmo meu e de Seth, nem ao menos suávamos enquanto dávamos aquela pequena corridinha. Respirávamos tranquilamente, como se estivéssemos andando normalmente pela reserva em um dia que não caia agua do céu.

A gota d’água para o garoto, foi quando ele tropeçou — ou devo dizer pisou de mal jeito? — e caiu, ficando bem para trás de mim e de Seth em segundos. Seth e eu demos a volta e fomos ver como Jon estava, rindo um pouco do fato de ele não ter se mexido um centímetro do jeito em que caiu no chão e ajuda-lo.

Agachei do lado dele, segurando o riso e perguntando o que aconteceu.

— Eu... Não consigo mais... Meus pulmões estão pegando fogo... O meu braço está doendo... E... E sem falar da droga da minha coxa... Anna está sentindo muita dor — ele falou, as palavras entrecortadas.

Vi Seth ficar rígido ao meu lado.

— Nós temos que chegar rápido — eu digo para ele — Vamos Jon, só faltam mais alguns quilômetros!

— Eu não consigo... Nem dar mais um passo! Quem dera quilômetros! — ele fala com dificuldade, sentando no chão e colocando a cabeça entre os joelhos.

Eu olho preocupado para Seth, me perguntando se ele tinha alguma ideia, mas ele dá de ombros, claramente sabendo o que fazer tanto quanto eu.

Não tínhamos tempo para esperar ele recuperar o folego e mesmo se esperássemos, ele só conseguiria correr por mais um ou dois quilômetros antes de cair no chão como há pouco.

— É melhor vocês... seguirem sem mim... Assim que eu... Eu recuperar o folego... Quem sabe um copo d’água... Eu vou atrás de vocês.

— Não! Não vamos deixar mais ninguém para trás! Vamos levar você nem que eu tenha que te carregar nas costas! — exclama Seth parecendo determinado

— Dois caras correndo mais rápido que o normal em plena avenida... Perto da praia, sendo que um deles carrega outro cara... — Ele fala ironicamente — Não é uma coisa muito normal de se ver, não é?

— É Seth, ia ser estranho — eu concordo querendo acabar logo com aquilo.

Seth parece relutante em aceitar deixa-lo para trás e eu reviro os olhos para aquilo. Não tínhamos mesmo tempo para isso!

— Jonathan, você tem certeza que vai ficar bem? — eu pergunto mais por Seth do que por mim. O garoto balança a cabeça concordando rapidamente.

— Sumam logo daqui. Logo eu vou atrás de vocês — diz Jonathan e eu não espero por mais nada, volto a correr a toda velocidade para o píer, que está mais próximo que nunca.

Aproveito que não há tanto movimento de pessoas e somente carros e corro um pouco mais rapido, sendo acompanhado pelo flanco direito por Seth, que parecia só não me ultrapassar por respeito. O modo como ele corria rápido e ágil me fez lembrar de Leah e pareceu ficar ainda mais intenso quando vi as expressão sérias no rosto dele.

Continuamos a correr em silencio e quando o quase todo o sol já havia saído de trás do horizonte foi que chegamos ao píer.

E era exatamente como Nahuel disse. Estava cheio de barcos de pescas ancorados. Havia alguns tripulantes também, mas eram poucos por ali. Percebi que não tinha quase ninguém no píer onde nós dois nos dirigíamos. O cheiro de peixe era quase insuportável.

Enquanto parávamos de correr e seguíamos agora mais como uma marcha ensaiada e rápida, com nossos passos ecoando juntos na madeira envelhecida, eu percebi que havia não apenas um, mais dois caís de madeira.

O primeiro e o mais próximo era cheio de barcos de pescas ancorados e parecia mais deteriorado. Já o segundo, a madeira era mais conservada e só havia duas lanchas ancoradas. E uma delas eu reconhecia muito bem.

Não dava para ver o píer em si, se havia alguém lá ou não, porque algumas arvores da margem, tampavam a visão inteira do pequeno e segundo píer.

Para poder ver se havia alguém lá tínhamos que ir direto na estrada.

Vi que Seth estava nervoso ao meu lado. O seu coração disparado e batendo tão rápido que quase parecia o barulho de um motor.

Quando estávamos quase chegando, ouvimos um barulho surdo de quando algo caí no chão de madeira flutuante e uma voz feminina conhecida praguejando. Seth me dá um olhar agonizante de presente e eu peço calma com um olhar.

Nos escondemos atrás da arvore que tampa a visão total do píer. Seth quase tem uma síncope ao meu lado quando eu seguro ele para não entrar ali.

O queixo trincado, olhar duro e com as mãos tremendo. Ele sibila para mim tirar as mãos dele.

O que está acontecendo com o Seth? Desde quando ele fica tão agressivo por tão pouco?

Seth apenas dá alguns passos e acaba por parar no começo do píer, de frente para toda a extensão de madeira em cima da agua. E lá estava o motivo do barulho surdo de alguém caindo no chão.

No chão estava uma garota morena, estatelada no chão, parecendo estar inconsciente e logo ao seu lado está a razão de tudo isso ter começado.

A meia-vampira abaixa-se ao lado da garota e enfia a mão no meio das roupas dela, tirando de lá, um objeto pequeno, brilhante e prata.

O rosto de uma Renesmee que eu nunca vi aparece no meu campo de visão, ainda sem perceber nossa presença, e alguma coisa dentro de mim começa a lutar. Hoje, metade de meu coração morreria naquela batalha.

E a verdade sobre minhas palavras para Seth, naquela hora no carro, me atingiu. Só que no meu caso, não era o lobo do bem e do mal que lutava dentro de mim. Era Uma loba e uma meia-vampira.

Só faltava eu escolher quem eu iria alimentar.